Cooperação Sino-Russa e a Paz Mundial

china-russiaGosto do bom humor dos russos, sobretudo da maneira como eles falam ao mundo! A notícia de hoje do Sputnik News que resolvi compartilhar me fez lembrar aquelas clássicas do Pravda ou do Izvestia da época da Guerra Fria: “China: cooperação naval com Rússia contribui para estabilidade mundial”. O mais interessante é que a manchete reproduz a declaração oficial de Pequim sobre a aproximação entre o Urso e o Dragão!

Há razões para se ficar atento a essa aproximação entre chineses e russos? Bom, eu ficaria de olho, sobretudo porque se trata de cooperação na área militar e em um momento que Moscou vê antagonistas em Washington e Bruxelas e que Pequim se incomoda com Tóquio estabelecer a possibilidade de emprego de suas forças armadas fora do território japonês. Chineses e russos se aproximaram há 65 anos e essa relação gerou incômodos para o Ocidente. Foi preciso alguém brilhante como Kissinger para descosturar essa aliança (além da conjuntura da época). Não sei se temos um Kissinger hoje. Não sei se os ocidentais sabem lidar com os russos e com Putin em particular (salvo por Frau Merkel… Frau Merkel sabe… gosto de Frau Merkel!). E a China… bem, a China é sempre muito complexa…

2014111908561510513A OTAN deve colocar as barbas de molho? Sempre. Putin, acuado pelo embargo ocidental, pressionado pela crise econômica (com desvalorização significativa do do rublo), e com situações tensas com países vizinhos, pode tentar manobras que seriam impensáveis para os analistas internacionais do lado de cá, que raciocinam sob a perspectiva de quem vive e se forma no regime democrático. Quanto aos chineses… os chineses estão lá, jogando o seu jogo e com a experiência milenar de lidar com os bárbaros.

O que estou tentando assinalar é a preocupação que se deve ter no Ocidente se ocorrer realmente uma aproximação entre russos e chineses no campo militar. Uma coisa é certa: a paz mundial não será garantida pela aproximação entre russos e chineses, mas pela maneira como esses lidam com sua próprias idiossincrasias e com os interesses dos ocidentais. Tenho receio de toda “aproximação para garantia da paz mundial” nos termos apresentados por russos e chineses. Até porque a paz mundial é tão frágil quanto uma casca de ovo…

Segue a matéria da Sputnik News. 

China: cooperação naval com Rússia contribui para estabilidade mundial

“A cooperação naval entre Rússia e China é uma contribuição para paz e a estabilidade na região e no mundo inteiro”, disse um representante do ministério da Defesa chinês à agência Sputnik.

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Terror nos céus da Europa

putinMais um episódio de interceptação de aeronave militar russa no “espaço de interesse” do Reino Unido… Gostei da maneira como a reportagem tratou do assunto!

Venho acompanhando com interesse o aumento da tensão entre as potências ocidentais e a Rússia… Putin brinca com o Ocidente. De fato, ele testa os limites dos líderes europeus que, passados mais de trezentos anos desde que Pedro, o Grande, mostrou a Rússia para o Ocidente, ainda não entendem como os russos realmente pensam e agem (à exceção de Frau Merkel… Frau Merkel conhece os russos… e conhece bem). Assim, um clima de pânico ronda Paris e Londres quando o urso mostra os dentes…

estonia_indepMais a Leste, países como a Polônia têm todas as razões para ficar apreensivos. Os poloneses conhecem o peso da bota russa há séculos, e sempre lembram que a II Guerra Mundial (cujo término ocorreu há recentes 70 anos) começou com a invasão do território polonês por alemães… e russos (!), enquanto franceses e britânicos seguiam sua política do apaziguamento. Outro detalhe importante: em 1945, a Polônia foi “libertada” do jugo alemão e passou para a tutela dos soviéticos (que não tinham muita simpatia por poloneses), amargando quatro décadas de comunismo (leia-se retrocesso, autoritarismo e opressão). Hoje, os poloneses vivem em um dos mais prósperos países da Europa, com uma economia pujante e liberal, com aversão total e absoluta contra qualquer discurso que mencione o regime comunista que lhes foi imposto pelos russos, e com grande receio da Rússia (versão tricolor da boa e velha União Soviética). Enfim, os poloneses sabem o quanto a corda pode apertar no pescoço pela providência divina os ter colocado tão perto dos russos. Mais preocupados que os poloneses, só os cidadãos de Estônia, Letônia e Lituânia…

No caso dos Estados Bálticos, a apreensão também se justifica plenamente… Afinal, até a I Guerra Mundial eles eram parte do Império Russo, alcançaram a independência ao final do conflito (assim como os poloneses), mas já em 1940, desencadeada a II Guerra Mundial, foram invadidos e ocupados pelos soviéticos, tiveram seu território incorporado à União Soviética durante cinco décadas, e foram os primeiros a se separar do gigante comunista quando ele começou a desfalecer, em 1991. Convém lembrar que Moscou nunca engoliu essa emancipação…

Estonia-T_KELAM_21-www-384x248Já estive na Estônia (terra maravilhosa!). Naquele belo país 1,3 milhão de habitantes, pode-se notar em cada esquina o receio que os estonianos têm de uma invasão russa. Por isso se apressaram em aderir à OTAN e à União Européia – e mostraram-se uma Economia eficiente e um povo disposto a inserir-se entre as nações prósperas do Ocidente democrático. Esperam contar com a proteção de Bruxelas e de Washington. Ademais, já foram vítimas de ataques cibernéticos, que Putin jura que não vieram do Leste. Por via das dúvidas, o Centro de Defesa Cibernética da OTAN foi estabelecido na Estônia. Pretendo retornar à Estônia. E prefiro retornar a um país livre…

Voltando ao Urso frio… Muitas peças ainda devem ser mexidas nesse tabuleiro… Os ocidentais têm que estar atentos às manobras russas e buscar conhecer como joga Putin… Sim, porque Putin não é bobo e tem alguma coisa em mente com relação ao Ocidente (gosto de Putin; Putin é KGB). Fundamental estudar o tabuleiro e buscar se antecipar aos movimentos de Moscou… O jogo passa longe de ser fácil, mas tem que ser jogado. E, para desespero dos ocidentais, é sempre bom lembrar que os russos são, tradicionalmente, grandes enxadristas. 

Polonia comunismo

Novo incidente com bombardeiros russos reflete temor europeu com avanço de Moscou

BBC-Brasil, 19FEV2015
Bombardeiros russos em foto de 11 de fevereiro (AFP)Bombardeiros russos (semelhantes aos vistos acima) foram escortados para longe de ‘área de interesse’ do Reino Unido

Dois bombardeiros russos foram avistados na quarta-feira perto da costa oeste da Inglaterra, levando a Força Aérea britânica a interceptá-los e escoltá-los – em mais um desdobramento das preocupações europeias com os avanços russos.

Os bombardeiros não entraram no espaço aéreo britânico, apenas no que o Reino Unido chama de sua “área de interesse”. Episódio semelhante ocorreu no mês passado.

Analistas veem o caso como uma demonstração de força ou até mesmo como uma provocação por parte de Moscou, com intenção política – já que a Rússia saberia que o episódio ganharia repercussão.

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Uso efetivo da força

Protestos aumentam na Turquia, com centenas de pessoas nas ruas exigindo uma ação mais efetiva de Ancara. E o Estado Islâmico aumenta seu domínio no norte da Síria e no Iraque e chega às fronteiras na OTAN.

Continuo achando que a alternativa efetiva é o uso convencional da força contra os monstros do ISIS. Bombardeios não são suficientes. Precisamos do uso clássico da infantaria, da cavalaria e da artilharia na região. Só que no ocidente ninguém quer isso e a palavra-chave na OTAN parece ser inação. Enquanto isso, o Estado Islâmico só se fortalece.

At least 31 killed in Turkey protests

Demonstrators hold a banner as as they are sprayed by a water cannon during clashes with riot police outside of the Middle Eastern Technical University (METU) in Ankara on Oct. 9. (AFp)

At least 31 people have been killed and 360 others wounded in four days of violent protests in Turkey by Kurdish demonstrators angry at the government’s lack of action to save the Syrian town of Kobane from a jihadist militant takeover, the interior minister said Friday.

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A Turquia, o Estado Islâmico e a reação do Ocidente

califadoMeu amigo Marcus Reis perguntou-me ontem o porquê da aparente inação da Turquia diante do Estado Islâmico, que aos poucos se aproxima da fronteira turca. Sobre o assunto, importante lembrar que a população que está massacrando pelo Estado Islâmico no norte da Síria é curda. A questão curda é, há muito tempo, um espinho no sapato do governo de Ancara (ou Angorá, como já se disse em outros tempos).

Ademais, uma ação turca em defesa dos curdos sírios poderia de alguma forma beneficiar o PKK, considerado grupo terrorista por Ancara. Isso traria problemas internos para os turcos e complicaria a relação com a comunidade curda na Turquia. Bom lembrar, finalmente, que a Turquia é membro da OTAN. Se o ISIS (sigla em inglês para o Estado Islâmico do Iraque e do Levante) entrar em território turco, será um membro da OTAN atacado… aí a coisa fica mais feia…

20141006084702218rtsMinha opinião a respeito de como lidar com o Estado Islâmico já foi apresentada aqui em Frumentarius: para resolver o problema, a alternativa seria o emprego de força militar clássica, ou seja, tropas da OTAN (forças convencionais) em grande quantidade mobilizadas para entrar na área sobre controle do ISIS e ir varrendo aquele nefasto grupo dali. Seria algo que só encontraria precedentes nas operações militares de 70 anos atrás.

size_590_jihadistas-raqaClaro que ninguém no Ocidente está mais disposto a recorrer à guerra tradicional. “Isso é coisa do passado, inaceitável para os padrões do século XXI!”, dirão alguns (interessante que as barbaridades cometidas pelo ISIS não colocariam aquela população vivendo em outras eras). Sendo assim, a coisa só tende a piorar e não vislumbro solução breve para o inferno na terra causado pelo Estado Islâmico – sim, porque há gente, de todas as idades, homens e mulheres, sendo torturada, violentada, massacrada, enfim, morrendo nas mãos desses monstros que querem o califado mundial.

Não acredito, portanto, na efetividade de bombardeios estratégicos contra o ISIS. E também acho que fornecer armas para os curdos para “deixá-los se defender por si mesmos” só vai servir para plantar a semente de um novo Afeganistão daqui a alguns anos (como sempre tem acontecido nas guerras periféricas). Mas, repito, ninguém quer realmente se preocupar com as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico…

Militant Islamist fighters parade on military vehicles along the streets of northern Raqqa province

NATO promises to protect Turkey against ISIS threat

Published time: October 06, 2014 16:30 Get short URL 
Patriot missile batteries are pictured at their positions near the city of Kahramanmaras, Turkey (Reuters / Rainer Jensen)

NATO will not abandon Turkey if it is attacked by Islamic State fighters which are closing in on the member state’s border from Syria, the alliance’s secretary-general, Jens Stoltenberg, said.

“Turkey should know that NATO will be there if there is any spillover, any attacks on Turkey as a consequence of the violence we see in Syria,” Stoltenberg said, as quoted by Reuters. Continuar lendo

65 anos da OTAN

nato-symbolParticipação nossa no Direito Sem Fronteiras sobre os 65 anos da OTAN. Com o fim da Guerra Fria, a organização teve que repensar seu papel. Ganharia uma sobrevida em razão desde o conflito do Afeganistão e novos contornos com os acontecimentos deste ano relacionados à segurança da Europa e do restante do mundo.

OTAN: agora tudo se resolve! (só que não)

nato_summit_2014_fightersAlguém na OTAN descobriu que a organização é uma aliança militar! Pois é, na cúpula realizada no País de Gales (com direito a show de aviõezinhos sobrevoando palanque e soltando fumaça colorida – quero ver fazer isso nos céus da Estônia, da Polônia ou próximo a Kaliningrado), os líderes decidiram pelo envio de uma “força de ação rápida” para garantir a defesa e a integridade territorial dos países-membros do Leste Europeu contra uma agressão externa (leia-se, da Rússia).

Há quem comemore essa atitude da Aliança Atlântica como um “ato de força que conterá o expansionismo de Moscou” e restabelecerá as boas relações no continente. Afinal, é a OTAN, né? Quem ousar se meter com ela terá uma resposta de 28 nações, com um potencial bélico significativo. Ok, só que não consigo acreditar nessa disposição de endurecer com a Rússia – será que Putin acredita? Será que os próprios líderes da OTAN acreditam?

A iniciativa aprovada hoje mais parece uma tentativa de se dissimular a incapacidade de ação. Entendi dois recados aí. O primeiro, para os países do Leste, particularmente os estados bálticos e a Polônia (sempre a Polônia), é uma mensagem para acalmar os nervos daquela gente (afinal, os líderes dali devem estar à base de Rivotril com o risco de “intervenção humanitária” russa): “Não se preocupem! Estamos juntos! Não vão atacar vocês porque sabem que estão sob nosso guarda-chuva! Acalmem-se!” – só que os poloneses já ouviram isso antes, há exatos 75 anos… e estonianos, letões e lituanos sabem o que são quatro décadas de ocupação russa.

Putin-em-desfile-militar-size-598O segundo recado foi para a Rússia: “A OTAN garantirá a defesa e integridade de seus países-membros! Temos garras (apesar de garras com unhas pintadas há algum tempo)! Não mexa conosco!” Só que o outro lado disso é que… a Ucrânia não é membro da OTAN. Portanto, para meio entendedor, fica claro que a Organização não vai dar passos mais largos do que esses contra o Urso. Seria temerário fazer alguma coisa mais incisiva…

Haveria um terceiro recado, este para a Ucrânia: “Vejam bem, a coisa não está boa para vocês. Damos apoio total a seu pleito… exceto apoio militar. Não esperem que encaremos a Rússia para defender russos (tá, ucranianos… mas vocês não são todos soviéticos?!?!?). E tratem logo de negociar a paz e aceitar os termos de Moscou. Tudo vai ficar bem!”.

nato_summit_2014Enfim, a incapacidade da OTAN para gerenciar essa crise me faz lembrar a habilidade da Liga das Nações nos momentos tensos dos anos 1930. E vai acabar com o mesmo destino: virar uma organização só para sustentar sua própria burocracia e com pouca ou nenhuma influência real no mundo. Não dá para desaparecer como o Pacto de Varsóvia. Será portanto, um morto-vivo errante pela política mundial…

É assim que vejo a crise da Ucrânia. Não há líderes ocidentais que tenham coragem de (juntos ou isoladamente) encarar Putin e conter suas pretensões… a não ser, claro, Frau Merkel. Aprendam com essa mulher. Ela é durona e uma boa interlocutora junto aos russos (que conhece bem). Gosto de Frau Merkel. Mas também gosto de Putin. Putin é KGB.

Otan aprova presença militar contínua no Leste Europeu

Deutsche Welle, 05/09/2014 – Link permanente http://dw.de/p/1D7mQ

Diante da atual ameaça representada pela Rússia, líderes acertam criação de nova força de reação rápida e manutenção de tropas nos países orientais da aliança.

Os líderes da Otan aprovaram nesta sexta-feira (05/09), durante cúpula no País de Gales, a criação de chamada força de reação rápida e a manutenção de uma presença contínua no Leste Europeu, onde alguns países-membros estão preocupados com os movimentos russos na Ucrânia. A nova “ponta de lança”, como também é chamada a força de reação rápida, deverá ser formada por milhares de soldados, prontos para entrar em ação em poucos dias.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou que a nova unidade enviará uma mensagem clara para potenciais agressores, como a Rússia. “Se você pensar em atacar um aliado, estará de frente com toda a aliança”, declarou ele durante o encerrameno do encontro de dois dias.

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A crise da Ucrânia e o gás para a Europa

gas_ucraniaHá muito não se vive um momento tão tenso na Europa. Os líderes europeus parecem ter esquecido como lidar com a Rússia. E também esqueceram que, há cerca de setenta anos, havia 7 milhões de soldados soviéticos em território europeu.

Ok, muita coisa mudou. Porém, a Ucrânia continua zona de influência russa, goste-se disso ou não. E Moscou não vai aceitar resignado que Kiev migre para a esfera de Bruxelas (nem na União Europeia e muito menos na OTAN). Quando a corda apertar, a pergunta que se vai fazer é “quantas divisões tem Durão Barroso?”. Outra questão possível é: quanto de gás tem a Europa?

Sim, muita coisa mudou desde que as hordas bolcheviques marcharam sobre a Europa. A própria Europa mudou. Os anseios europeus mudaram. A Rússia, porém, não mudou muito. A Rússia será sempre a Rússia. E o inverno está chegando…

Segue artigo interessante da RIA NOVOSTI (percepção russa, portanto), sobre a crise relacionada à aproximação da Ucrânia com a União Européia.

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RIA Novosti

The EU and Russia Policy: Happily Forgotten Lies

21:47 02/09/2014

MOSCOW, September 2 (RIA Novosti) – Some of the world’s worst criminals claimed that they committed their crimes in a fit of forgetfulness or oblivion, without actually realizing they were doing something wrong. Khodorkovsky for example complained to the German magazine Der Spiegel that he “sometimes suffers from memory holes.”

But of all the powerful people in the world, the EU commissioners are probably the most forgetful. When scanning their statements on Ukraine, one gets an impression of dealing with individuals who forget not only their own words but even of locations where they happen to be or to have been. Here are some examples. Continuar lendo

Sobre a crise na Ucrânia

Em continuidade àquela idéia de colocarmos vídeos em Frumentarius com reflexões sobre um pouco de tudo, seguem algumas breves considerações sobre a crise da Ucrânia. Creio que meus alunos de Relações Internacionais e de Direito Internacional possam se interessar. Abraço!

A crise da Crimeia sob uma perspectiva russa…

Alexander ChekalinExcelente artigo da Der Spiegel sobre a maneira como o Kremlin percebe a situação da Crimeia. Recomendo a leitura, sobretudo a meus alunos de Relações Internacionais. Muito interessante o fato de, como assinala o texto, a popularidade de Putin ter saltado de 67% à época dos jogos de Sochi para cerca de 80% hoje. Isso significa o apoio que o governante tem da população, que o vê como um líder forte e obstinado (exatamente do que os russos gostam…). Note-se, ainda, que até Gorbachev, prêmio Nobel da Paz, e último dirigente da União Soviética, fala em defesa de uma Crimeia na Federação da Rússia.

As perguntas centrais do artigo também merecem reflexão: a “reunificação”  da Crimeia é apenas mais um movimento contrário à redução da Rússia à condição de potência regional, em uma tentativa de recuperar a influência da época soviética, ou se trata do começo de uma série de “reconquistas” de um país que há séculos se vê como a potência hegemônica da Europa Oriental? Seria Putin um neoimperialista ou um líder que, colocado contra a parede pelas pressões domésticas e pelos desafios externos, mostra-se decidido em proteger os interesses de segurança nacional de seu país?

RUSSIA-UKRAINE-POLITICS-CRISIS-KREMLINOutra questão interessante se refere à percepção estratégica para a Defesa da Rússia diante da OTAN. O artigo assinala com propriedade que, nos tempos da União Soviética, a distância entre Moscou e as linhas da OTAN era de 1.800 km. Caso a Ucrânia ingresse da Aliança Atlântica (como desejam os EUA), essa distância se reduzirá a 500 km, e a Rússia perderia a “profundidade estratégica” tão relevante e que a protegeu das invasões de Napoleão e Hitler… Sete décadas após o fim da II Guerra Mundial, essa preocupação se mantém presente no imaginário daquele povo e na doutrina militar russa. Nesse sentido, continuo achando que o ingresso da Ucrânia na OTAN seria não só humilhante, mas inaceitável para Kremlin (e com razão, se considerarmos a perspectiva russa).

Destaco, por oportuno, a parte do artigo que se refere às possibilidades russas diante da crise e das restrições que lhe são feitas pelos ocidentais. No que concerne à Ucrânia, Putin tem o tempo e as populações russas naquele país a seu favor. Afinal, apesar das reticências do governo de Kiev, o país ainda é muito dependente de seu irmão-maior eslavo, e a minoria russa na Ucrânia é expressiva. Em termos de potências ocidentais, parecem que estas têm mais a perder do que a Rússia em uma queda de braço com Moscou. A economia européia depende mais da energia russa que os russos do comércio com a Europa. 

Finalmente, em se tratando de oportunidades, restrições ocidentais à Rússia podem fazer com que o maior país do mundo se volte para a Ásia, com novas parcerias com a China e a Índia (ambos que necessitarão, cada vez mais, de energia e matéria-prima que os russos têm de sobra). Nesse contexto, oportunidades podem surgir também para países mais afastados, como o Brasil. A falta de posicionamento do governo brasileiro nesta crise pode ser, em última instância, positiva para os interesses econômicos e geopolíticos do Brasil – desde que saiamos, alguma hora, da inércia.

Continuo acreditando que a anexação da Crimeia pela Rússia é fato consumado. Muito difícil reverter essa situação. O jogo, porém, não acabou. Ainda há muitas peças neste tabuleiro, e nenhum dos reis está nem de longe em xeque. Enquanto acompanhamos os movimentos, aproveito para lembrar que os russos são conhecidos por sua habilidade no xadrez…

People pass a mural showing a map of Crimea in Russian national colours on a street in Moscow

SPIEGEL ONLINE
03/25/2014 06:10 PM

‘Dear to Our Hearts’ – The Crimean Crisis from the Kremlin’s Perspective

By Matthias Schepp

The EU and US have come down hard on Russia for its annexation of the Crimean Peninsula. But from the perspective of the Kremlin, it is the West that has painted Putin into a corner. And the Russian president will do what it takes to free himself.

Last September, Vladimir Putin invited Russia experts from around the world to a conference, held halfway between Moscow and St. Petersburg. At the gathering, the Russian president delivered a passionate address. “We will never forget that Russia’s present-day statehood has its roots in Kiev. It was the cradle of the future, greater Russian nation,” Putin said. He added that Russians and Ukrainians have a “shared mentality, shared history and a shared culture. In this sense we are one people.”

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Crimeia: agora a coisa está russa!

putin_acordo5-640x427Nesta sexta, um decreto de Vladimir Putin confirmou o ingresso da Crimeia na Federação da Rússia. As pessoas têm-me perguntando a respeito. Algumas reflexões, portanto:

1) Difícil dizer se Putin tem uma “grande estratégia” para a região, para o entorno soviét…, digo, russo, ou mesmo para uma política externa retrô, que reviva os tempos da Guerra Fria. Mas, o que posso dizer é que, indiscutivelmente, Putin e Levrov não são bobos ou ingênuos nesse jogo, e não agem movidos por emoções ou achismos. Sabem que estão em um jogo, um grande jogo, e calculam seus movimentos…

2) Com o referendo de 16 de março, do qual participaram 1,2 milhão de eleitores (de um total de 1,5 milhão aptos a votar), 96,8% dos votantes decidiram pela incorporação à Rússia. Apesar da presença de tropas russas disfarçadas de russas e das críticas ocidentais, parece pouco crível que o povo da Crimeia não quisesse essa opção. Afinal, 58% dos habitantes são russos, a região sempre pertenceu à Rússia e é área de interesse estratégico do Kremlin. Vejo aí uma iniciativa brilhante de Moscou, pois o valioso princípio da autodeterminação dos povos, tão caro dos ocidentais, imperou nas urnas. O que pode ser dito contra 96,8% de eleitores? Valeria a pena afrontar os russos por algo que a população da península decidiu?

manchetes-russia-ucrania-crimeia-g73) A Crimeia volta, portanto, à Rússia, onde sempre esteve e de onde nunca deveria ter sido tirada (o que ocorreu por uma decisão de Krushev, em 1954). E, em que pesem os protestos de Kiev, parece fato consumado. Afinal, já foi dada a ordem para as tropas ucranianas deixarem o território da Crimeia e os ocidentais, apesar dos protestos, não ousaram movimentos mais firmes.

4) Moscou ganha a Crimeia, mas perde a Ucrânia. Nesse sentido, Kiev deve migrar para a esfera de influência da União Européia. Resta saber se os russos vão deixar isso acontecer, pois pareceria uma derrota da política externa de Putin.

crimeia russia5) Diante da reação tísica do Governo Obama, e da resposta firme de Moscou, parece que essa jogada foi vencida pelo Kremlin. Daí para imaginar um abalo mais profundo nas relações entre russos e estadunidenses, creio que isso não ocorrerá… As forças agregadoras são maiores.

6) As tropas da OTAN já estão em alerta na Polônia e nos Países Bálticos. Tudo indica que os russos pararão na Crimeia (ao menos por enquanto). De toda maneira, se fosse da OTAN estaria com as barbas de molho…  E não me surpreenderia se Moscou começasse a reorganizar um novo Pacto de Varsóvia (o que faria tremer todo mundo a Oeste do Dnieper – menos os bielorrussos, que serão sempre aliados dos russos).

Continuamos atentos aos desdobramentos nas terras eslavas… Ainda não acabou…

crimeia russia2

RIA Novosti

Putin Signs Final Crimea Reunification Decree

17:37 21/03/2014

Russian president Vladimir Putin signed a decree Friday on the ratification of the treaty providing for the reunification of the Crimean Peninsula with Russia.

MOSCOW, March 21 (RIA Novosti) – Russian President Vladimir Putin signed a decree Friday on the ratification of the treaty providing for the reunification of the Crimean Peninsula with Russia.

The treaty had been already ratified by both houses of the Russian parliament. Continuar lendo

Amigos, amigos, negócios…

Reportagem da Spiegel sobre “indisposições” no seio da OTAN, algumas delas associadas à conduta dos EUA com relação a seus aliados… Recomendo a leitura, sobretudo a meus alunos de Relações Internacionais que ainda achem que o mundo é feito de flores..

Daqui a pouco Putin propõe uma aliança no estilo Pacto de Varsóvia para atrair os povos do Leste (claro que com todos sabendo quem manda e quem pode o quê)…

Belgium NATO Ukraine

SPIEGEL ONLINE
03/06/2014 04:48 PM

Whither NATO? Difficulties in the Trans-Atlantic Relationship

An Op-Ed by Secretary William Cohen and General James Jones

Revelations about NSA spying and an unequal sharing of military burdens has cast a recent shadow over the trans-Atlantic relationship. But NATO remains just as important as ever. It is time for all alliance members to recognize that fact.

During the course of more than three decades, in our public service and private capacities, we have regularly attended the Munich Security Conference, formerly known as Wehrkunde.

The Conference initially consisted of a small group of military experts from the United States, Canada and Western Europe who discussed issues involving the threat posed by the former Soviet Union. Today, the Conference includes representatives from the business, diplomatic and military communities from all of Europe, Russia and Asia who examine the new threats posed by terrorists, religious extremists, nuclear proliferation, cyber warfare and organized crime.

Although the US delegation to the Conference included 15 members of Congress and a joint appearance by Secretary of State John Kerry and Secretary of Defense Chuck Hagel we detected the “brooding omnipresence” of a discontent for the United States that contained a whiff of anti-Americanism.

This dark overhang is due in part to Edward Snowden’s revelations about NSA’s collection activities, but it is coupled with a perception that the United States is withdrawing its interest from vast areas of the globe, including Europe, a feeling partly fueled by the “Pivot Towards Asia” declaration announced in Washington. While nothing could be further from the truth, perceptions can become reality when not effectively rebuffed by evidence to the contrary. There also seems to be a little too much enthusiasm to link this perception with the increasingly popular notion of a general “American decline”, something we have heard about in every decade since 1945. Continuar lendo

O Espião que não sabia amar

Mais sobre a história de espiões em que a arte imita a vida! E, como em todas as boas histórias do gênero, há muito mais nos bastoditores do que pode supor nossa vã filosofia… Só não gostei porque Petraeus era meu candidato para suceder Obama…

Sobre John Allen, vale destacar os problemas e situações arrisacadas aos quais os EUA ficaram expostos devido ao romance do general. Love is in the air!

A mulher que explodiu a CIA

Quem é a ex-aluna de Harvard que derrubou o chefe da agência de espionagem, num caso de sexo, poder e traição que abalou uma das instituições mais prestigiadas dos EUA

Mariana Queiroz Barboza – ISTOÉ

SEDUTORA
Paula Broadwell se envolveu com o chefe da CIA enquanto escrevia sua biografia

Agência de espionagem mais conhecida do planeta, a CIA foi criada para realizar serviços secretos de inteligência. Uma das atribuições principais de seus agentes é obter informações sem ter suas identidades reveladas. Seria de se imaginar, portanto, que seus funcionários fossem capazes de executar as tarefas mais arriscadas sem deixar rastros ou despertar suspeitas. Por uma dessas ironias improváveis, o número 1 da CIA nos Estados Unidos, o general David Petraeus, 60 anos, não conseguiu manter em sigilo uma atividade perigosíssima para os padrões americanos – um caso extraconjugal. Conforme descobriu, por acaso, uma investigação do FBI que havia sido desencadeada para apurar denúncia de perseguição virtual, Petraeus, que é casado, teve um romance com sua biógrafa, uma morena de 40 anos chamada Paula Broadwell, também casada. A revelação causou constrangimentos e resultou no encerramento precoce da carreira militar de Petraeus, obrigado a renunciar ao cargo de chefe da CIA sob o argumento de que o adultério poderia ser encarado como um problema para a segurança nacional. Temia-se que as aventuras do general tivessem potencial para submetê-lo a chantagens ou abrir brechas para a violação de informações secretas. Continuar lendo

Mais sobre a Guerra no Ártico

Aproveitando que se aproxima o Verão em Pindorama, segue mais uma notícia recente sobre a situação da segurança no Pólo Norte, publicada no website do Conselho do Atlântico (leia-se, OTAN).

Sobre o assunto, meu amogo Jefferson Dalmoro bem lembrou da questão do petróleo que começa a ser explorado na região. Há cerca de um ano, publiquei algo aqui e Frumentarius sobre a inicitiva russa de fincar uma bandeira (isso, uma bandeira) nas profundezas do Ártico. A coisa segue esquentando…

Nordic countries to share warplanes

Jorge Benitez | November 09, 2012
Pooling of military resources seen as a way to cut costs while maintaining operational capabilities

From Copenhagen Post:  Following an agreement between Denmark, Norway, Sweden, Finland and Iceland, which was signed by the defence minister, Nick Hækkerup(Socialdemokraterne), the five countries will in the future operate a joint fleet of military transport planes. However, there are no concrete plans at present to do the same with fighter jets. Continuar lendo

Guerra no Ártico

Notícia interessante sobre os interesses no Pólo Norte. Os russos deslocaram recentemente duas brigadas para o Ártico, enquanto os ocidentais têm aumentado as manobras (os países nórdicos celebraram uma aliança para fortalecer a cooperação regional, diga-se de passagem)… A Dinamarca criou há pouco seu Comando para a região. Quando se fala em Dinamara, estar-se-ia falando em OTAN?

É… pelo visto as coisas parecem que podem esquentar por lá…

NATO, Russia stage Arctic war games

Jorge Benitez | April 25, 2012
The Arctic may hold up to a quarter of the Earth's undiscovered oil and gas

From Ilya Kramnik, the Voice of Russia:  In March, NATO wrapped up its Cold Response maneuvers on the stretch from Sweden to Canada, with 16,300 troops engaged in this unprecedented military exercise. The war game was only clouded by a crash, when a Norwegian C-130J plane rammed into the western slope of the Swedish mountain, Kebnekaise, killing five servicemen. Continuar lendo

Síria X Turquia

Para se começar a entender a real dimensão da crise, convém lembrar que a Turquia tem o apoio da OTAN (o país é membro da aliança desde 1952), enquanto a Síria encontra-se na esfera de influência russa e é apoiada pelos iranianos. Ou seja, nada é simples por ali…

Turkey warns Syria more strikes would be fatal mistake

Reuters, 05OUT2012 – 4:39pm EDT

ISTANBUL (Reuters) – Turkey’s prime minister said on Friday his country did not want war but warned Syria not to make a “fatal mistake” by testing its resolve, and its army retaliated for a third day running after more mortar rounds from Syria landed on its soil.

In a belligerent speech to a crowd in Istanbul, Turkish Prime Minister Tayyip Erdogan warned Syrian President Bashar al-Assad that Turkey would not shy away from war if provoked. Continuar lendo

Medo…

Aproveitando a ocasião da posse de Vladimir Putin como novo (não tão novo) Presidente da Rússia, segue notícia do último dia 3 de maio, sobre a resposta da Rússia ao escudo antimísseis da OTAN… Recomendo efusivamente a leitura da matéria! Preocupou-me a mensagem inicial, de que o Urso não descarta a hipótese de ação preventiva contra os ocidentais… realmente, a coisa parece cada vez mais com os tempos da Guerra Fria!

Russia Does Not Rule Out Preemptive Missile Defense Strike

14:28 03/05/2012

Russia does not exclude preemptive use of weapons against [NATO] missile defense systems in Europe but only as a last resort, the Russian General Staff said on Thursday at a missile defense conference in Moscow. Continuar lendo

Defendendo-se do Urso… ou provocando o bicho!

Renova-se o acordo de cooperação em segurança entre Polônia e Geórgia… “Qual importância disso?”, perguntaria um dos meus 16 leitores mais desavisado… É aí que eu lembro que Geórgia e Polônia têm muito em comum em relação ao grande vizinho, a Rússia! Afinal, os dois países já estiveram sob ocupação russo-soviética, tendo mesmo sido parte daquele império, passaram por processos de emancipação, entraram em guerra com os russos e já tiveram parte de seu território tomado por Moscou. Ambos percebem o Urso, portanto, como ameaça – poderia ser diferente?

Acrescente-se mais dois elementos ao caso: enquanto a Geórgia é a maior resistência aos interesses de Moscou no Cáucaso, tendo-se envolvido em uma guerra recente contra os russos, a Polônia vê os eslavos do leste com tremenda desconfiança e, destaque-se, é membro da OTAN (ou seja, uma agressão à Polônia é uma agressão à Aliança Atlântica). Varsóvia está, portanto, sob o guarda-chuva de Bruxelas. Tibilisi já solicitou o ingresso na OTAn e conta com apoio explícito dos EUA (era mais na época do Bush…).

Assim, sempre há o risco da cooperação entre Polônia e Geórgia incomodar o Urso… E o Urso reaje mordendo… O problema é que se morder a águia polonesa, pode ferir outras águias…

Em tempo: só para lembrar, o fundador da Tcheka (a primeira polícia secreta da URSS, antecessora do KGB), Dzerjinsky, era polonês… E a Geórgia brindou a Rússia soviética com seu filho mais ilustre: um certo Josef Stálin…

Georgia, Poland Sign New Security Cooperation Deal

04:21 27/04/2012

Georgia and Poland have renewed bilateral cooperation plan in the field of security, which takes into account new global and regional threats and challenges.

The previous cooperation agreement expired at the end of 2011. Continuar lendo

Uma visão russa da Líbia e do Levante

Excelente entrevista com o velho Primakov, que continua lúcido. Não é à toa que o homem foi Ministro das Relações Exteriores e chefe da Inteligência Externa da Rússia. Gostei, particularmente, da análise sobre o perfil de Kadafi e do imbróglio em que o Ocidente está se metendo. Recomendo a leitura.

SPIEGEL ONLINE
07/26/2011 05:52 PM
 

Interview with Former Russian Prime Minister – ‘What Will Happen After Gadhafi?’

By Matthias Schepp and Bernhard Zand
 

In an interview with SPIEGEL, 81-year-old former Russian Prime Minister, Foreign Minister and chief of foreign intelligence Yevgeny Primakov discusses the situation in Libya and Russia’s concerns about an “explosive trend” in NATO operations. Continuar lendo

Kadafi vai processar a OTAN em “tribunais internacionais”

É isso aí! Kadafi dará o troco na OTAN com a mesma moeda! Vai processar a aliança militar em “tribunais internacionais”(quais tribunais?)!!!

Tirei a hilariante notícia do site da agência russa de notícias que, por sua vez, extraiu da Reuters. Claro que é muito mais divertido ler isso em um site russo, com destaque e tudo!

Dá-lhe, Muamar!

RIA Novosti

Libya says it intends to persecute NATO in international courts

http://en.rian.ru/world/20110628/164879369.html
04:12 28/06/2011
 
Libya intends to persecute NATO in international courts for the Western military alliance’s attempts to physically eliminate country’s leader Muammar Gaddafi and members of his family, the Libyan Justice Ministry said in a statement. Continuar lendo

Muamar ainda está lá, e quer continuar…

Pois é, não é que o Muamar continua lá?!? Eu disse, eu disse que ele ia demorar a cair (só para me contradizerem, é capaz do Cauby de Trípoli ser derrubado amanhã mesmo! Mas, de toda maneira, resistiu bem, não?!)! E opior é que a OTAN ainda não conseguiu apresentar ao mundo alguém com autoridade suficiente para ocupar o lugar do Paulo Beti da Líbia! Quem é o principal líder rebelde? Quem ficará no lugar de Kadafi? O que sei é que ele é, definitivamente, teimoso… E não deixará o poder facilmente…

Gaddafi revives offer of vote to end Libya conflict

Photo
Reuters, 26JUN2011 – 1:39pm EDT
By Nick Carey

TRIPOLI (Reuters) – The Libyan government on Sunday renewed its offer to hold a vote on whether Muammar Gaddafi should stay in power, a proposal unlikely to interest his opponents but which could widen differences inside NATO. Continuar lendo