Os Oficiais e o Bolchevismo

Aqueles que me conhecem, sabem que uma das minhas áreas de estudo é a Rússia, inclusive no período soviético. Há tempos estudo os acontecimentos de 1917 e dos anos seguintes. Faço isso para tentar entender como um regime tão nefasto, comandado por criminosos da pior espécie, conseguiu subjugar todo um povo e, no maior país em extensão territorial do globo, estabeleceu um Estado autoritário que perdurou por mais de sete décadas, matou milhões de seres humanos, espalhou terror por todo o planeta e apresentou à história um experimento real e efetivo de totalitarismo de esquerda.

Pois bem, estava pensando na guerra civil russa, ocorrida há cerca de cem anos (1917-1923). Naquele sangrento conflito, muitos oficiais czaristas aderiram ao Exército Vermelho, idealizado por Trotsky, e contribuíram para a vitória dos bolcheviques. Sim, oficiais que até pouco tempo faziam parte do maior exército da Europa, muitos oriundos de uma longa tradição de lealdade a valores antagônicos aos defendidos pelos comunistas, passaram a lutar nas fileiras bolcheviques.

E por que os oficiais czaristas aderiram à causa de Lênin e dos bolcheviques e lutaram pelo Exército Vermelho? São três as razões, basicamente:

1) Simpatia pela causa, pois havia comunistas entre a oficialidade (uma minoria, é verdade, mas havia). Afinal, essa abjeta ideologia conquistou adeptos em diferentes grupos sociais e em todas as partes, particularmente entre os jovens filhos das elites (com os homens de farda não poderia ser diferente).

2) Covardia e resignação. O medo foi uma razão também, já os bolcheviques se mostraram fortes e obstinados. Lutaram bem e, à medida que os anos passavam, ganhavam mais força e adesões. Os czaristas, por outro lado, estavam em sua maioria desorganizados, divididos e entregues à sua própria sorte. Assim, ao verem qual dos lados estava vencendo, temerosos com o amanhã, frustrados com a inação do restante do mundo (depois de um tempo, a comunidade internacional, como sempre acontece, distanciou-se do conflito, aguardando o vencedor para retomar as boas relações) ou resignados (afinal, “o comunismo não deveria ser tão ruim assim, né?”), certos oficiais czaristas “saltaram” para o lado vermelho, por mais desonrosa que fosse a atitude…

3) Interesses particulares, pois achavam que seria melhor estar ao lado dos novos senhores e que iriam se beneficiar com isso – o que realmente aconteceu para alguns, que galgaram rapidamente posições mais elevadas sobre os cadáveres de seus antigos camaradas. Adesismo para autopreservação, portanto. Isso, associado, à covardia e à perfídia, foi fatal para o desfecho da guerra em prol da Revolução…

Aqueles oficiais não estavam ali para defender seu antigo czar, ou o mesmo o Governo Provisório (que se formara após a abdicação de Nicolau II) e, muito menos, para proteger o povo russo (de fato, o povo em si, não tinha muito o que fazer diante dos grupos organizados em sovietes e do governo central todo-poderoso, comandado pelos criminosos vermelhos). Aqueles oficiais mostraram-se subservientes a um novo regime que tanto mal causaria a milhões de seres humanos e a toda uma nação em nome dos “ideais revolucionários”.

Lembro que os oficiais que aderiram aos bolcheviques traíram não só o czar, mas seu país, e, em última instância, sua própria gente. Desonraram os juramentos que haviam feito, e submeteram-se vergonhosamente ao novo regime… Lutaram, inclusive, contra antigos comandantes e contra companheiros de caserna, irmãos de armas. Sua conduta passaria para a História como símbolo da vergonha e da traição e, passados cem anos, essa mácula permanece.

Em tempo: vale lembrar que a maioria absoluta desses oficiais acabou executada por Stálin nos expurgos de 1937/1938.

O que me interessa no estudo da História não é o fato de que “conhecendo o passado, evita-se que os mesmos erros sejam cometidos”. A verdade é que, mesmo com a experiência histórica, é comum se ver os mesmos erros cometidos em outras partes do globo, mas em situações semelhantes.

Entretanto, se o estudo da História não evita a repetição dos erros, serve para entender melhor o presente e as condutas dos homens. E isso é fundamental em qualquer análise de situação. Ao fim e ao cabo, a História cobrará o preço da inação, da covardia e da desonra…

Guerra Fria (1945-1991): Um Mundo Dividido

Olá! Ainda temos algumas vagas para nosso minicurso online
“Guerra Fria (1945-1991): Um Mundo Dividido”, que ocorrerá nos dias 14, 21 e 28/09, às 20h, ao vivo pela internet!

No curso, faremos um passeio por cinco décadas em que o mundo esteve polarizado e à beira de um conflito nuclear. Vamos conversar sobre acontecimentos que até hoje influenciam as nossas vidas, a forma como vemos o mundo, e os caminhos tomados por diversas nações.

O curso está imperdível!

E você ainda pode se inscrever com desconto até 05/09! Temos descontos também para militares, profissionais das áreas de segurança e inteligência e membros de instituições parceiras!

Aproveite a oportunidade!

Abraço!

Para informações e inscrições, clique aqui.

Contatos: Beatriz (WhatsApp: 61 99170-5635), minicursosonlinesec@gmail.com.

A Fundação do Brasil: o Processo de Independência

Olá!
Falta menos de uma semana para nosso minicurso online

A FUNDAÇÃO DO BRASIL: O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

que ocorrerá nos dias 7 e 14 de março, às 20h!

Ainda dá tempo de se inscrever, clicando aqui.

No curso, faremos um delicioso e inusitado passeio pela História do Brasil!
Conversaremos sobre nosso passado, desde antes do descobrimento até os acontecimentos que culminaram na Independência, em 1822!
Também discutiremos sobre as origens e a formação do povo brasileiro e sobre os elementos de nossa brasilidade!
Será uma abordagem bem distinta daquelas com as quais você está acostumado, com uma relfexão sobre nosso presente e mesmo sobre os próximos anos!

Então, vamos falar sobre Brasil? Será uma oportunidade única, com um grupo seleto!

Aguardo você!
Abraço!

Agradeço pela divulgação de nosso minicurso!
Consulte sobre os descontos!

Rússia, o Indomável Urso – Minicurso Online

Esta é a última semana para se inscrever com desconto no nosso primeiro minicurso online do ano, Rússia, o Indomável Urso.
Serão dois encontros, dias 7 e 14 de fevereiro, nos quais faremos um passeio pela Rússia, sua história e cultura, conhecermos mais de seu povo, e entenderemos alguns de seus imperativos geográficos e de seus interesses geopolíticos.
O curso está bem interessante, e é aberto a estudantes, professores, profissionais das mais diferentes áreas (com destaque para Relações Internacionais, História, Geografia, Segurança e Inteligência) e a todos aqueles que desejem conhecer um pouco mais sobre esse país fascinante!
Em tempo, repito, esta é a última semana para se inscrever com desconto!
E temos preços especiais para profissionais das áreas de Segurança e Inteligência, Forças Armadas e para as instituições parceiras (como o IDESF e a ESG).
Para nosso formulário de inscrição, clique aqui.
Vai ser uma experiência única!
Até lá!
Abraço!

Jamais Esquecer! Conversando sobre o Holocausto

Olá! Já está disponível, no meu canal no YouTube, a live de ontrem sobre o campo de concetração de Auschwitz.
Ali comento um pouco sobre o sistema de campos de concentração da Alemanha nazista, sobre os campos de extermínio e sobre o maior deles, Auschwitz, onde morreram mais de um milhão de seres humanos.
E, como foi pelo YouTube, consegui passar slides e mostrar algumas fotos que tirei quando estive lá. Também dou algumas orientações para quem queira visitar o Memorial do Campo de Concentração.

Veja a live, inscreva-se no canal e me ajude a divulgá-lo comentando e compartilhando!
Em tempo, esse terrível período deve ser sempre lembrado, para que não sejam repetidas aquelas atrocidades. Esse foi o objetivo da live!

Minicursos de 2022

Olá!
Nossos minicursos de 2022 começam em fevereiro!
E, para marcar o início do ano, já anuncio nossos dois primeiros cursos!

1) Rússia, o Indomável Urso

Será em fevereiro, dias 7 e 14, às 20h.
Inscrições em informações aqui.

2) A Fundação do Brasil – Módulo I: O Processo de Independência

Em março, dias 7 e 14, às 20h
Inscrições e informações aqui.

Será uma ótima oprtunidade para conversarmos sobre esses temas tão fascinantes!
Descontos para “veteranos” dos minicursos, para alunos de instituições parceiras, militares, profissionais de segurança e inteligência e para quem se inscrever nos dois cursos!
Vagas limitadas!

Aguardo você e agradeço pela divulgação!
Abraço!

Joanisval
https://linktr.ee/joanisval

A Guerra que Mudou o Mundo

Olá, pessoal!

É com imensa satisfação que informo que já estão abertas as inscrições para nosso novo Minicurso Online!

A Guerra que mudou o Mundo: Conversando sobre a I Guerra Mundial“.
Será nos dias 14 e 21 de junho (segundas-feiras), às 20:00.
Aberto a todos que se interessem por História, guerras, Relações Internacionais e que queiram entender um pouco mais sobre o mundo atual, resultado direto do conflito de 1914-1918.

Inscrições e informações em www.linktr.ee/joanisval!

Aguardo vocês! Convidem os amigos!
Abraço!

Minicurso História da Espionagem

Meus caríssimos leitores, vocês pediram e será feito!

É com satisfação que informo que estão abertas as inscrições para o nosso novo minicurso online de 2021: “História da Espionagem, Parte I: da Antiguidade à I Guerra Mundial”, que será nos dias 5 e 12 de abril, das 20:00 às 22:00, completamente online!

Em dois encontros, trataremos da História da Inteligência, dos faraós (de fato, antes disso) até a Grande Guerra (1914-1918). Conversaremos sobre a organização e o funcionamento de serviços secretos nos últimos três mil anos, e sobre a importância do recurso aos espiões, na guerra e na paz. O curso destina-se a todos os interessados em assuntos de Inteligência, Segurança e História, e não tem pré-requisito.

Para se inscrever, clique aqui!

Então, inscreva-se, divulgue e convite os amigos! Descontos para ex-alunos dos minicursos, militares e para profissionais de segurança e inteligência.

Até lá!

Natal, Natal…

Tenho publicado pouco aqui. As novas configurações do WordPress para edição ficaram péssimas para mim. Entretanto, como é véspera de Natal, escrevo para desejar a todos, em especial aos meus 16 (dezesseis) leitores, um Natal pleno de paz, harmonia e felicidade! E que 2021 seja um ano de prosperidade, muita saúde e grandes realizações!

Aproveito para lembrar que, há 106 anos, os conflitos nas trincheiras da frente oriental na I Guerra Mundial foram suspensos, de maneira inacreditável e imprevisível, quando os soldados, dos dois lados da terra de ninguém, resolveram simplesmente parar de lutar e saíram para celebrar o Natal e se confraternizar naquela data tão importante para a Cristandade. Nenhum tiro foi disparado. Ninguém morreu naqueles dias por uma ação do inimigo. Homens de exércitos distintos e adversários cantaram músicas de Natal, compartilharam a ração, mostraram fotos de seus familares uns aos outros e até jogaram futebol onde, até algum tempo antes, caíam bombas do inimigo! Vale muito conhecer sobre a trégua de Natal de 1914!

Quase trinta anos depois, no frio das ravinas de Stalingrado, sob fogo dos ataques soviéticos, um oficial alemão, com um pedaço de carvão produziu um belo e marcante quadro no verso de um velho mapa capturado do inimigo: a “Madonna de Stalingrado”. Esse quadro marcou muito os mais de 1 milhão de alemães que estavam naquelas terríveis condições, cercados pelo inimigo, longe de casa e de suas famílias, e esperando o pior…

Não conheço outra efémeride que consiga despertar tantos sentimentos tão positivos em um significativo número de pessoas e em situações das mais inusitadas! O aniversário de Nosso Senhor Jesus Cristo é a data máxima da Cristandade, a data do nascimento do Grande Reparador! Talvez seja difícil aos que não são cristãos entender isso, mas eis a magia da Religião do Amor! Calam-se as armas, cessa a luta, para que seja celebrado o nascimento do Cristo!

Boas Festas!

Em tempo: a live da semana que faço pelo meu perfil do Instagram (@joanisvalgoncalves) foi sobre guerra no inverno. Ali trato um pouco do Natal de 1914 e da Madonna de Stalingrado. Está disponível, assim como todas as outras lives, em nosso canal no YouTube (joanisvalbsb): www.youtube.com/joanisvalbsb. Vá lá, confira, curta, inscreva-se no canal e agradeço imensamente se puder divulgar compartilhando os vídeos!

O Patriarca

Se ele tivesse vivido nos Estados Unidos, já teria sido tema de minissérie, filme épico e até seriado com várias temporadas. José Bonifácio de Andrada e Silva foi um sujeito extraordinário, e uma das figuras mais marcantes de sua época. Cientista, estadista, soldado, poeta, nascido em Santos, em 1763, Bonifácio veio de uma família portuguesa abastada, estudou na Europa e, no Velho Mundo, tornou-se funcionário renomado do Estado, cientista reconhecido internacionalmente e professor na respeitada Universidade de Coimbra (que criou uma cátedra em Metalurgia para ele).

Sim, o naturalista José Bonifácio é um cientista de escol da Época dos Luzes. Em suas pesquisas, descobriu quatro minerais (quatro!), incluindo a petalita, que mais tarde permitiria a descoberta do elemento lítio, e a andradita, batizada em sua homenagem. Dedicou-se à mineralogia, percorrendo a Europa, em projeto financiado pela Coroa portuguesa, para adquirir, “por meio de viagens literárias e explorações filosóficas, os conhecimentos mais perfeitos de mineralogia e mais partes da filosofia e história natural”. Conheceu grandes homens das Ciências, como Lavoisier, Chaptal e Jussieu.

O brilhantismo como cientista só seria superado por seu talento como homem de Estado. Estava em Paris nos primeiros anos da famigerada Revolução Francesa (e viu que aquilo não era bom). De volta a Portugal, continuou no serviço público, ocupando cargos importantes no Reino. E quando seu país foi invadido pelas forças de Napoleão, alistou-se no Exército, e criou o Corpo de Voluntários Acadêmicos para combater os franceses.

Em 1819 retornou ao Brasil, e logo se tornou próximo do Príncipe Dom Pedro. Seria seu mais fiel conselheiro, e, nessa condição, um dos artífices da Independência. Era amigo próximo também da Princesa e futura Imperatriz Leopoldina, que via nele uma figura paterna e, ao mesmo tempo, um intelectual de alto nível com quem a Arquiduquesa da Ástria, ela própria um mulher de grande inteligência e conhecimento, podia conversar em pé de igualdade. Era dele uma das cartas que chegaram a Pedro no 7 de setembro de 1822, recomendando o rompimento dos laços com Portugal (ainda que Bonifácio, a princípio, não fosse simpatizante dessa separação).

No Brasil independente, foi importante Ministro do Império, ocupando a Pasta do Interior e dos Negócios Estrangeiros. Com isso, contribuiu sobremaneira para a construção no novo Estado que surgia.

De fato, devemos muito a José Bonifácio o projeto nação que se estabeleceu por ocasião da independência. Da concepção de “império” a aspectos essenciais da nacionalidade, e, ainda, da organização do Estado, tudo isso teve a participação daquele que se tornaria o Patrono de nossa Independência.

Foi constituinte em 1823, e sua atuação naquela Assembleia acabou levando-o a entrar em atrito com o Imperador. Assim, com a dissolução do corpo constituinte, Bonifácio cairia em desgraça junto a Dom Pedro, e seria exilado na França, entre 1823 e 1829.

De tão valoroso que era, José Bonifácio viria a reatar com o Imperador. E o vínculo dos dois mostrou-se tão efetivo que, ao abdicar em 1831, Dom Pedro escolheu Bonifácio para ser o tutor de seu filho e herdeiro, o menino que o monarca deixava como tesouro mais precioso aos brasileiros ao partir para o exílio. Assim, Dom Pedro II teria em Bonifácio uma referência paterna. Com a Regência Trina Permanente, foi destituído de seu cargo de tutor do futuro Imperador e acusado de conspirar pelo retorno de Dom Pedro I. Terminaria seus dias afastado da vida pública, vindo a falecer na Ilha de Paquetá, em 1838.

O Patriarca da Independência, primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, foi um homem livre e de bons costumes, uma referência de integridade, coragem e zelo pela coisa pública. Seu apreço pelo Brasil e sua preocupação em tornar o País uma grande nação deveriam ser de todos conhecidos, e sua memória reverenciada. Oxalá tivéssemos mais homens públicos como José Bonifácio!

Aproveito para deixar a indicação de mais um livro, rico opúsculo da Professora Therezinha de Castro, que escreve sobre José Bonifácio e a unidade nacional. Aprendi muito com essa obra, não só sobre o Patriarca, mas sobre o Brasil em seus primeiros anos.

“O pomo está maduro, colhei-o já.”

Na semana em que se celebra a Independência, minha homenagem hoje é para Sua Majestade Imperial Dona Leopoldina de Habsburgo, a primeira mulher a Governar o Brasil.

Figura histórica excepcional, Leopoldina, filha da mais nobre Casa Imperial da Europa, deixou ainda muito jovem sua terra natal, e veio corajosamente para o Brasil, em virtude do casamento com o herdeiro do Trono de Portugal. Trouxe com ela conhecimentos e tradições do Velho Mundo, por meio dos cientistas e sábios que a acompanharam. Sim, era uma amante da Ciência, com destaque para a Botânica e a Mineralogia. Logo ficou fascinada por estas terras tropicais e por seu povo.

Muito à frente de seu tempo, a austríaca Leopoldina amava o Brasil, e atuou muito por nossa emancipação. Tínhamos nela a grande advogada da causa independentista!  Sem aquela bela Princesa, a história deste País seria bem diferente.

Mulher extremamente erudita, forte, inteligente e determinada, sem nunca perder a amabilidade e a doçura, foi ela quem presidiu a sessão do Conselho de Estado, de 02.09.1822, em que se discutiu o que deveria ser feito diante das cartas que haviam chegado de Lisboa, as quais, de fato, tinham por objetivo fazer com o Brasil voltasse à condição de colônia.

Frente às afrontas portuguesas à autonomia do Reino do Brasil, a seu povo e a seus governantes, a solução encontrada pelo Conselho foi o inevitável: aconselhar Sua Alteza Real, o Príncipe Dom Pedro, a romper com Portugal e proclamar a independência! Chegava-se a essa decisão sob forte influência do sábio José Bonifácio, e, claro, da Regente Leopoldina (segundo os registros, estava ela muito preocupada com os destinos do Brasil, e igualmente entusiasmada com o momento que chegara).

Lavrou-se então uma Ata, datada de 02.09.1822, a qual deveria ser imediatamente encaminhada ao Príncipe (que estava em viagem a São Paulo), aconselhando o rompimento com Portugal. O documento foi assinado por Leopoldina, nossa Regente, e enviado a Dom Pedro, junto com as correspondências portuguesas e cartas de Bonifácio e da Princesa. Iriam encontrar Sua Alteza às margens do Ipiranga, no dia 07.09.1922.

A Carta de Leopoldina a Pedro é, indiscutivelmente, um dos documentos fundacionais da nação brasileira. Deveria ser lida nas escolas, conhecida de toda gente. Sem perder o caráter de uma correspondência de uma amável esposa a seu marido, ela também revela quão estadista era Leopoldina, quão consciente estava da situação a que se chegara, e o quão lúcido e relevante era o conselho que dava a Dom Pedro, sempre pensando no melhor para o Brasil. Transcrevo-a aqui:

“Pedro, o Brasil está como um vulcão. Até no paço há revolucionários. Até oficiais das tropas são revolucionários. As Cortes Portuguesas ordenam vossa partida imediata, ameaçam-vos e humilham-vos. O Conselho de Estado aconselha-vos para ficar. Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças, se partirmos agora para Lisboa. Sabemos bem o que tem sofrido nossos pais. O rei e a rainha de Portugal não são mais reis, não governam mais, são governados pelo despotismo das Cortes que perseguem e humilham os soberanos a quem devem respeito. Chamberlain vos contará tudo o que sucede em Lisboa. O Brasil será em vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com o vosso apoio ou sem o vosso apoio ele fará a sua separação. O pomo está maduro, colhei-o já, senão apodrece. Ainda é tempo de ouvirdes o conselho de um sábio que conheceu todas as cortes da Europa, que, além de vosso ministro fiel, é o maior de vossos amigos. Ouvi o conselho de vosso ministro, se não quiserdes ouvir o de vossa amiga. Pedro, o momento é o mais importante de vossa vida. Já dissestes aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois. Tereis o apoio do Brasil inteiro e, contra a vontade do povo brasileiro, os soldados portugueses que aqui estão nada podem fazer. Leopoldina”.

Essas palavras revelam bastante sobre aquela que pode ser considerada a mãe de nossa independência. Externalizam seu amor pelo Brasil e a grandeza de suas intenções.

Muito ainda precisa ser resgatado da memória de Dona Leopoldina. Muito ainda precisa ser conhecido de nossa História. Nos 200 anos da Independência que se aproximam, precisamos olhar para trás e prestar a devida reverência àqueles homens e mulheres que tanto fizeram por esta terra e por seu povo.

Viva Leopoldina de Habsburgo, Arquiduquesa da Áustria, Imperatriz do Brasil!

Soldados, Sacerdotes e Maçons – Live pelo Instagram

No próximo domingo, 06/09, às 17:00, faremos mais uma live através de nosso perfil público no Instagram (@joanisvalgoncalves), intitulada “Soldados, Sacerdotes e Maçons: Fatos e Mitos da Independência do Brasil“. O tema é em comemoração à semana da pátria.

Assim, conversaremos sobre episódios interessantes de nossa História por ocasião do processo de independência, como a participação da Maçonaria, a condição de Reino do Brasil (e não de colônia), as demandas de Portugal e o papel fundamental da Princesa Leopoldina de Habsburgo, nossa futura Imperatriz, naquele momento fundacional da nação brasileira.

Reitero que a live será feita pelo Instagram e ficará disponível no IGTV do Perfil. Também a disponibilizaremos em nosso canal no YouTube (joanisvalbsb). Conhecem nosso canal no Youtube? Pois serão ali muito bem-vindos! Peço que se inscrevam no canal, curtam os vídeos, compartilhem com os amigos e me ajudem a divilgá-lo. Quando chegarmos a mil inscritos em nosso canal no YouTube, faremos algumas promoções e sorteios de livros.

Aguardo vocês lá! Por favor, agradeço pela divulgação. Para nosso perfil no Instagram, clique aqui. E para nosso canal no YouTube, clique aqui.

Nosso Primeiro Imperador

Continuo a indicar livros por aqui e pelo meu perfil do Instagram. E aproveitando a semana da pátria, minha recomendação de hoje é uma excelente biografia de nosso primeiro Imperador: “Dom Pedro, a história não contada”, de Paulo Rezzutti.

Com um texto claro e leve, Rezzutti conta a vida daquele que é, indubitavelmente, um dos grandes homens de nossa História. E derruba muitas inverdades sobre Sua Majestade, concebidas por seus detratores, alimentadas pelo regime republicano e que encontraram campo fértil na ignorância de um povo que pouco conhece de seu passado e nenhum valor atribui a seus verdadeiros heróis.

Dom Pedro I do Brasil (Dom Pedro IV, de Portugal) é uma figura fascinante. Nascido na Europa, criado na América, amava o Brasil acima de tudo, lutou por nossa emancipação, condenou a escravidão (foram dele e de José Bonifácio os primeiros escritos por aqui a criticar a perversa prática), mostrou-se liberal diante de um mundo absolutista. Governou este País com o pulso firme que era necessário para estabelecer esta jovem nação, e essa firmeza produziu grandes inimigos, que acabaram por obrigar o monarca a abdicar e deixar a terra e a gente que amava.

De toda maneira, ao partir, Dom Pedro I aqui nos deixou seu maior tesouro: aquele garotinho, órfão de mãe, que se tornaria o maior estadista de nossa História. E, com isso, demonstrava mais uma vez o quanto seu coração (que hoje está no Porto), era brasileiro. Sim, porque Dom Pedro e sua esposa austríaca, Dona Leopoldina de Habsburgo, eram mais brasileiros que a absoluta maioria dos governantes que os sucederam no período republicano.

Ele próprio, Pedro I, foi um grande estadista (nos limites dos poucos anos de experiência que consegiu reunir). Apesar de muito jovem, proclamou nossa independência, organizou e uniu vários “Brasis” em um único Estado, outorgou-nos a Constituição mais legítima e duradoura. Impetuoso, galanteador, obstinado, seu legado entendeu-se pelas gerações seguintes. E tudo isso alcançado em pouco mais de três décadas de vida!

Tenho muita admiração por Dom Pedro I, e o livro de Rezzuti contribuiu para que ela aumentasse mais ainda. Precisamos conhecer mais sobre nosso primeiro monarca, cujo título que mais amou foi o de “Defensor Perpétuo do Brasil”.

“Por que invadir a Polônia?” já no YouTube

Informo que nossa live do domingo passado (30/08) já está disponível em nosso canal no YouTube (joanisvalbsb). Para acessá-la, clique aqui.

Conhece nosso canal? É só entrar no YouTube e digitar joanisvalbsb (ou clicar aqui). Muito me ajudará se você acessar o canal, curti-lo e se inscrever nele. E, claro, se divulgar também! Agradeço encarecidamente! Abraço!

Esquecer jamais!

A data de hoje é marcada por dois episódios, separados por exatos 196 anos, os quais deveriam estar na memória de todos os brasileiros (infelizmente não estão). Enquanto o primeiro constitui um momento de glória de nossa história, o outro, mais recente, revela o nosso total desprezo pelo passado e o quanto ainda precisamos evoluir para chegarmos a um nível mínimo de civilização.

02.09.1822. No Palácio de São Cristóvão, a Princesa Regente do Reino do Brasil, Dona Leopoldina de Habsburgo, reúne o Conselho de Estado para deliberar sobre cartas que haviam chegado alguns dias antes de Lisboa. Aquelas missivas determinavam o retorno imediato do Príncipe Regente, Dom Pedro de Bragança, a Portugal, a dissolução do Reino como ente autônomo, e a prisão daqueles que eram próximos ao Regente e defendiam a causa emancipatória brasileira, com destaque para José Bonifácio de Andrada e Silva, Ministro do Reino. Com isso, tornar-se-ia, de fato, o Brasil uma colônia, e o povo que aqui vivia seria subjugado pela vontade das Cortes portuguesas.

Reunido o Conselho, chega-se a única solução possível: lavra-se uma Ata, assinada com grande satisfação pela Princesa, em que se recomenda ao Príncipe, que estava em viagem a São Paulo, o rompimento definitivo dos laços com Portugal: o Brasil deveria se tornar independente, assim o aconselhavam os ministros, endossados pela Regente.

Produzida a Ata, esta é enviada, juntamente com os documentos de Lisboa e cartas da Princesa e de Bonifácio, ao jovem Pedro. As referidas cartas podem ser resumidas em uma única mensagem: “chegou a hora, proclame a independência do Brasil!”.

Alguns dias depois, em 07.09.1822, às margens do Riacho do Ipiranga, ao receber as correspondências, decide Dom Pedro dar o brado de emancipação: “Independência ou morte!” – e o Brasil entrava em uma nova fase.

Sem qualquer dúvida, aquela reunião do Conselho de Estado, presidida por Leopoldina, a primeira mulher a governar este País, foi decisiva. Ali foram gestadas a Ata e as cartas que levaram à nossa independência. Foi ali, portanto, que começou, alguns dias antes, o 7 de setembro.

02.09.2018. Transcorridos exatos 196 anos daquele glorioso episódio, a História do Brasil seria marcada por um evento funesto: no mesmo Palácio onde Leopoldina e o Conselho haviam feito o movimento inicial de nossa emancipação, um incêndio criminoso (porque não se pode dizer outra coisa daquele acontecimento) destruiu o edifício histórico e pôs fim a um acervo de valor incalculável. Com o incêndio do Museu Nacional, desaparecia uma parcela importantíssima de nosso passado, mas também de nosso presente, apagando-se, ademais, o futuro de todo um povo.

Naquele triste domingo, há dois anos, chorei. E chorei copiosamente. Chorei pela forma como tratamos nosso patrimônio histórico e cultural. Chorei pelo descaso com a coisa pública e com nossa História. Chorei pelo desprezo e pela ignorância para com aqueles que nos antecederam e labutaram para (tentar) construir uma nação. Chorei pela impunidade que ainda permanece. Chorei porque ali mostramos ao mundo que somos um povo que não merece a independência conquistada.

Hoje continuo de luto. Luto pelo Brasil e pelo nosso atraso com nação, como povo e como civilização. E deixo aqui meu registro de que os episódios ocorridos ali na Quinta da Boa Vista, entre tantos outros, não devem jamais ser esquecidos.

Quando foram abertas as portas do Inferno…

Já se passaram 81 anos, mas aqueles acontecimentos de 01.09.1939 ainda despertam o interesse de muita gente…

Não é para menos: nas primeiras horas daquele dia quente de verão, os poloneses viram-se diante de dezenas de milhares de soldados, da maior máquina de guerra da História, penetrando as fronteiras de seu país. Começaria um inferno que duraria muitos anos… Começava a II Guerra Mundial.

Por mais aguerridos que fossem os bravos combatentes poloneses, resistir era impossível. E situação agravou-se 17 dias depois, quando os soviéticos atacaram pelo Leste.

Transcorridos 36 dias, a Polônia capitulava. O país desapareceria, sendo partilhado entre as duas potências totalitárias. Anos de terror adviriam, terror contra os poloneses e contra as minorias que ali viviam há séculos em paz (os judeus, por exemplo, 10% da população).

E quando acabasse a guerra, em 1945, seriam mais quatro décadas de dominação soviética… Para desespero de milhões de seres humanos!

Aqueles acontecimentos influenciaram muito mais que a vida dos poloneses. Aqueles acontecimentos dariam início a grandes mudanças para toda a humanidade. E é por isso que, mesmo depois de 81 anos, não podem ser esquecidos…

Neste 01.09, informo que nossa live, realizada no dia 30.08, já está disponível em nosso canal do YouTube (joanisvalbsb). Vá lá, confira e se inscreva no canal! Agradeço também pela divulgação.

Por que invadir a Polônia?

Próximo domingo, 30/08, às 17h, faremos mais uma live em nosso perfil público do Instagram (@joanisvalgoncalves). O tema será a invasão da Polônia e o início da Segunda Guerra Mundial. Estão todos convidados e agradeço pela divulgação. Até lá!

Canhões de Agosto e a Invasão da Polônia…

Alguns dos meus 16 (dezesseis) leitores ficaram chateados porque perderam nossa primeira live no Instagram, que foi sobre o mês de agosto nas duas guerras mundiais. A boa notícia é que vocês não precisam ficar tristes! Consegui disponibilizar a conversa de domingo passado em nosso canal do youtube, que vocês já conhecem!

Então, para acessar a live sobre os Canhões de Agosto, basta clicar aqui. Por favor, inscreva-se no canal e muito me ajuda se também divulgar!

E como notícia boa não vem sozinha (sou um eterno otimista!), já divulgo aqui que teremos mais uma live, no próximo domingo, 30/08, às 17:00 (estou pensando em adotar esse bat-horário e essa bat-data para as lives, que acham?)! O tema será… “Por que invadir a Polônia? Como começar uma guerra mundial…”.

Então, não fique triste como o pessoal aqui da foto! Vá ao canal, veja a live e se inscreva! Ah! E divulgue, por gentileza! Abraço!

O mês do cachorro louco nas duas Guerras Mundiais

Próximo domingo, às 17:00, pelo meu perfil público no Instagram, farei uma live para conversar um pouco sobre o mês de agosto nas duas guerras mundiais.
A escolha de 23/08 não foi aleatória. Comentarei a esse respeito na live.
Espero os amigos por lá. Curtam o perfil e nosso canal no youtube também!
Vamos ver se funciona esse negócio…

Em tempo: para acessar meu perfil público no Instagram (https://www.instagram.com/joanisvalgoncalves/), você tambem pode clicar na foto desta publicação.

Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros…

Neste 17.08.2020, são comemorados os 75 anos do lançamento de “A Revolução dos Bichos” (Animal Farm), obra magistral de George Orwell.

O livro dispensaria qualquer apresentação, mas vale fazer alguns comentários, sobretudo para aqueles das novas gerações que, porventura, nunca tenham ouvido falar desse libelo contra o totalitarismo.

Em “A Revolução dos Bichos”, Orwell narra como ideias revolucionárias são difundidas entre os animais de uma granja, que acabam se unindo para “derrubar” o proprietário, expulsá-lo e transformar a quinta em uma “república”, governada pelos bichos sublevados. Na nova comunidade, normas e princípios são estabelecidos para que seus membros vivam na mais absoluta igualdade… Afinal, “o Homem é o nosso verdadeiro e único inimigo. Retire-se da cena o Homem e a causa principal da fome e da sobrecarga de trabalho desaparecerá para sempre”. Ou também “basta que nos livremos do Homem para que o produto de nosso trabalho seja só nosso”. E, ainda, “o que quer que ande sobre duas pernas é inimigo, o que quer que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo”.

O lema mais marcante é “todos os animais são iguais”. Só que, como já seria de se esperar, logo a realidade cobra seu preço, e um determinado grupo de animais da granja, os porcos, usam sua inteligência para chegar ao poder e subjugar os demais. Estabelecem um aparato repressor, controlar a produção (que acaba sendo comercializada com o inimigo humano), e seguem constantemente a manipular a narrativa sobre a derrubada proprietário e senhor do lugar, o estabelecimento da granja dos bichos e as normas originais… Em algum tempo, as regras mudam subrepticiamente… Os porcos conseguem uma série de privilégios, execuções de opositores do regime ocorrem, e a sociedade dos bichos é dividida em classes… Assim, “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”. O desfecho é fascinante!

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Escrito como uma denúncia contra o que Orwell entendia como “a deturpação do socialismo”, “A Revolução dos Bichos” é uma brilhante analogia à União Soviética, da tomada do poder pelos bolcheviques ao terror stalinista (inclusive com o controle das mentes da população, os expurgos e a alteração da História). Note-se que, quando é lançado o livro, o mundo vivia o término imediato da II Guerra Mundial, o território europeu encontrava-se sob ocupação por 7 milhões de soldados do Exército Vermelho e o facínora Joseph Stálin estava no auge de seu poder. O Estado proletário dos sonhos de Orwell e de tantos outros socialistas não passava de uma utopia, e totalitarismo aterrorizava milhões de seres humanos sob o signo da foice e do martelo.

Não por acaso, “A Revolução dos Bichos” ficou proibida em todo o bloco socialista. Ainda hoje, o livro permanece na ilegalidade (no todo ou em parte) em alguns países. O autor ali é exitoso ao mostrar como as ideias comunistas não passam de ilusões e que, independentemente de qual seja a sociedade, haverá sempre dominadores e dominados.

A lição de “A Revolução dos Bichos” permanece, assim, atualíssima. Em uma época da pós-verdade, da ditadura do politicamente correto, e da manipulação da narrativa, a história de como os porcos, liderados pelo cachaço Napoleão (a representação do próprio Stálin), tornaram-se os senhores da granja e piores que o opressor humano, deveria servir de alerta aos milhões que bravejam contra o sistema que não compreendem e contra a ordem estabelecida, onde uma adolescente manipulada vira ícone do discurso por mudança, e é usada, com êxito, para formar a opinião de milhões de tolos iludidos…