Os Oficiais e o Bolchevismo

Aqueles que me conhecem, sabem que uma das minhas áreas de estudo é a Rússia, inclusive no período soviético. Há tempos estudo os acontecimentos de 1917 e dos anos seguintes. Faço isso para tentar entender como um regime tão nefasto, comandado por criminosos da pior espécie, conseguiu subjugar todo um povo e, no maior país em extensão territorial do globo, estabeleceu um Estado autoritário que perdurou por mais de sete décadas, matou milhões de seres humanos, espalhou terror por todo o planeta e apresentou à história um experimento real e efetivo de totalitarismo de esquerda.

Pois bem, estava pensando na guerra civil russa, ocorrida há cerca de cem anos (1917-1923). Naquele sangrento conflito, muitos oficiais czaristas aderiram ao Exército Vermelho, idealizado por Trotsky, e contribuíram para a vitória dos bolcheviques. Sim, oficiais que até pouco tempo faziam parte do maior exército da Europa, muitos oriundos de uma longa tradição de lealdade a valores antagônicos aos defendidos pelos comunistas, passaram a lutar nas fileiras bolcheviques.

E por que os oficiais czaristas aderiram à causa de Lênin e dos bolcheviques e lutaram pelo Exército Vermelho? São três as razões, basicamente:

1) Simpatia pela causa, pois havia comunistas entre a oficialidade (uma minoria, é verdade, mas havia). Afinal, essa abjeta ideologia conquistou adeptos em diferentes grupos sociais e em todas as partes, particularmente entre os jovens filhos das elites (com os homens de farda não poderia ser diferente).

2) Covardia e resignação. O medo foi uma razão também, já os bolcheviques se mostraram fortes e obstinados. Lutaram bem e, à medida que os anos passavam, ganhavam mais força e adesões. Os czaristas, por outro lado, estavam em sua maioria desorganizados, divididos e entregues à sua própria sorte. Assim, ao verem qual dos lados estava vencendo, temerosos com o amanhã, frustrados com a inação do restante do mundo (depois de um tempo, a comunidade internacional, como sempre acontece, distanciou-se do conflito, aguardando o vencedor para retomar as boas relações) ou resignados (afinal, “o comunismo não deveria ser tão ruim assim, né?”), certos oficiais czaristas “saltaram” para o lado vermelho, por mais desonrosa que fosse a atitude…

3) Interesses particulares, pois achavam que seria melhor estar ao lado dos novos senhores e que iriam se beneficiar com isso – o que realmente aconteceu para alguns, que galgaram rapidamente posições mais elevadas sobre os cadáveres de seus antigos camaradas. Adesismo para autopreservação, portanto. Isso, associado, à covardia e à perfídia, foi fatal para o desfecho da guerra em prol da Revolução…

Aqueles oficiais não estavam ali para defender seu antigo czar, ou o mesmo o Governo Provisório (que se formara após a abdicação de Nicolau II) e, muito menos, para proteger o povo russo (de fato, o povo em si, não tinha muito o que fazer diante dos grupos organizados em sovietes e do governo central todo-poderoso, comandado pelos criminosos vermelhos). Aqueles oficiais mostraram-se subservientes a um novo regime que tanto mal causaria a milhões de seres humanos e a toda uma nação em nome dos “ideais revolucionários”.

Lembro que os oficiais que aderiram aos bolcheviques traíram não só o czar, mas seu país, e, em última instância, sua própria gente. Desonraram os juramentos que haviam feito, e submeteram-se vergonhosamente ao novo regime… Lutaram, inclusive, contra antigos comandantes e contra companheiros de caserna, irmãos de armas. Sua conduta passaria para a História como símbolo da vergonha e da traição e, passados cem anos, essa mácula permanece.

Em tempo: vale lembrar que a maioria absoluta desses oficiais acabou executada por Stálin nos expurgos de 1937/1938.

O que me interessa no estudo da História não é o fato de que “conhecendo o passado, evita-se que os mesmos erros sejam cometidos”. A verdade é que, mesmo com a experiência histórica, é comum se ver os mesmos erros cometidos em outras partes do globo, mas em situações semelhantes.

Entretanto, se o estudo da História não evita a repetição dos erros, serve para entender melhor o presente e as condutas dos homens. E isso é fundamental em qualquer análise de situação. Ao fim e ao cabo, a História cobrará o preço da inação, da covardia e da desonra…

Rússia, o Indomável Urso – Minicurso Online

Esta é a última semana para se inscrever com desconto no nosso primeiro minicurso online do ano, Rússia, o Indomável Urso.
Serão dois encontros, dias 7 e 14 de fevereiro, nos quais faremos um passeio pela Rússia, sua história e cultura, conhecermos mais de seu povo, e entenderemos alguns de seus imperativos geográficos e de seus interesses geopolíticos.
O curso está bem interessante, e é aberto a estudantes, professores, profissionais das mais diferentes áreas (com destaque para Relações Internacionais, História, Geografia, Segurança e Inteligência) e a todos aqueles que desejem conhecer um pouco mais sobre esse país fascinante!
Em tempo, repito, esta é a última semana para se inscrever com desconto!
E temos preços especiais para profissionais das áreas de Segurança e Inteligência, Forças Armadas e para as instituições parceiras (como o IDESF e a ESG).
Para nosso formulário de inscrição, clique aqui.
Vai ser uma experiência única!
Até lá!
Abraço!

Minicursos de 2022

Olá!
Nossos minicursos de 2022 começam em fevereiro!
E, para marcar o início do ano, já anuncio nossos dois primeiros cursos!

1) Rússia, o Indomável Urso

Será em fevereiro, dias 7 e 14, às 20h.
Inscrições em informações aqui.

2) A Fundação do Brasil – Módulo I: O Processo de Independência

Em março, dias 7 e 14, às 20h
Inscrições e informações aqui.

Será uma ótima oprtunidade para conversarmos sobre esses temas tão fascinantes!
Descontos para “veteranos” dos minicursos, para alunos de instituições parceiras, militares, profissionais de segurança e inteligência e para quem se inscrever nos dois cursos!
Vagas limitadas!

Aguardo você e agradeço pela divulgação!
Abraço!

Joanisval
https://linktr.ee/joanisval

De volta com o “Dia do Livro”

Atendendo ao clamor dos meus 16 (dezesseis) leitores, retorno aos poucos a publicar em Frumentarius. Volto, inclusive, com o “Dia do Livro” (as terças em que sempre indico livros dos mais distintos temas – sem receber “jabás” das editoras ou dos autores). Observo que já tenho feito, no meu perfil público no Instagram, cometários sobre quase quarenta livros. Farei isso aqui também para os meus leitores que não acessam o aplicativo (mas, se voce quiser acessar o meu perfil no Instagram, e me seguir por lá, agradeço muito!).

Para (re)começar, destaco que no último dia 17, relembramos a trágica morte do Czar Nicolau II e sua família (e seu médico, e dois criados), brutalmente assassinados pelos bolcheviques dos Urais, a mando do canalha Vladimir Ilyich Ulianov, que passou para a história com a alcunha de Lênin. Assim, para relembrar aquela família vítima do terror comunista, publicarei, nos próximos dias, indicações, com comentários, de livros sobre a Rússia e sobre os Romanov, e também acerca da União Soviética.

O primeiro livro que gostaria de indicar é “Os Romanov – o fim da Dinastia“, de Robert Massie.  A obra, resultante de pesquisa aprofundada, narra não só os derradeiros dias do último Czar da Rússia, mas também todo o processo pelo qual os corpos da família foram encontrados, exumados e analisados, oito décadas depois da carnificina.

Respostas são dadas, por exemplo, ao destino de Alexei e da princesa Anastácia… Teriam eles escapado? Seria a lenda de Anastácia verdadeira? Como a ciência respondeu a essa pergunta, contando com a ajuda até da família real britânica?

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O massacre dos Romanov foi um dos mais tristes episódios do século XX, e que, simbolicamente, marcou o início do massacre de milhões de seres humanos, sob o pretexto da luta de classes.

Sempre me interessei pelos Romanov. Sempre repudiei o bolchevismo e a forma como os canalhas a mando de Lênin trataram aquela família.

Com Nicolau II e seus descendentes, morria uma parte da Rússia. O destino do Czar seria compartilhado por muita gente da nobreza, da aristocracia, da burguesia, do campesinato e de quaisquer grupos que fossem considerados “inimigos de classe”.
A tragédia familiar tornou-se nacional e depois alcançou os mais distantes rincões do planeta. Que nunca mais isso volte a acontecer.

A Grande Guerra Patriótica

Às vésperas do Dia da Vitória (08/05 aqui no Ocidente, ou 09/05 para os russos e alguns povos das ex-URSS), o mundo celebrará o fim da II Guerra Mundial na Europa de maneira muito distinta daquela das últimas sete décadas. Afinal, eventos públicos estão cancelados ou proibidos pela maior parte do planeta. Eu mesmo pretendia comemorar os 75 anos do fim da Guerra em Londres, celebrando a derrota do nazifascismo na terra de Sua Majestade. Graças a outra coroa (o vírus), fiquei por aqui, em casa… – tudo bem! Será uma história bem diferente para contar para as próximas gerações.

Em comemoração ao Dia da Vitória, tenho feito alguns vídeos com recomendações de livros, que publico em meu canal do YouTube (youtube.com/joanisvalbsb). Quem se interessar pelo tema, por favor vá lá, faça-me uma visita e curta os vídeos! Agradeço muito se puder também se inscrever no canal.

Além dos livros, semana passada gravei uma “live”, intitulada “A Grande Guerra Patriótica: a URSS na II Guerra Mundial”. Foi uma conversa muito interessante (em português) com minha professora de russo, Yulia Mikheeva! Falamos da importância do conflito para os russos, de episódios da guerra e de situações inusitadas. Também respondemos a algumas questões dos participantes. Quem perdeu, perdeu! –  brincadeira, quem perdeu pode acessar o vídeo em nosso canal do Youtube. Vale a pena conferir.

A “live” deu tão certo que pediram mais! Então, hoje, 06/05 (quarta-feira), às 19h, teremos outra live para tratar de batalhas e pessoas na Grande Guerra Patriótica. Quem quiser participar é só procurar o perfil @yucursosdeidiomas no Instagram e entrar na conversa! Começaremos respondendo a algumas perguntas feitas na semana passada!

Então é isso! Nesta época de pandemia, vale conversar um pouco sobre outros temas! Espero meus 16 (dezesseis) leitores daqui a pouco. Abraço!

E, para conhecer nosso canal no Youtube, clique aqui!

Who was defeated in the Great Patriotic war? | The Vineyard of the ...

 

O Metrô de Moscou

20171105_212917Pense em um imenso palácio subterrâneo. Salas das mais distintas temáticas, com obras de artes que fazem o visitante, por mais rápido que por elas passe, surpreender-se com a beleza ali retrada – e com a história e a cultura de um povo! Mosaicos, pinturas, vitrais. Tudo isso pelo preço de um bilhete de metrô!

Continuando nossa Operação Outubro Vermelho, a publicação de hoje se refere ao metrô de Moscou. Sim, isso mesmo que você leu! A capital russa dispõe de um sistema de transporte subterrâno de 346 quilômetros de extensão, distribuído por 12 linhas e 206 estações. Por ele circulam dez milhões de pessoas diariamente.

E o que tem o metrô de Moscou de tão especial para merecer uma publicação? Chamado de “Palácio Subterrâno” por Stálin, o metrô da capital, cuja construção foi iniciada na década de 1930, deveria levar arte ao povo que por ali circulava. Daí que cada estação teria uma temática própria, sendo preenchida por mosaicos, pinturas e até estátuas que despertassem no homem soviético a percepção do belo e o amor ao regime.

Vale muito a pena conhecer o metrô de Moscou, passear por suas estações! Faz-se mesmo um mergulho no tempo e, muitas vezes, andando por elas a gente pensa que está de volta à União Soviética.

Em nosso canal do Youtube (www.youtube.com/joanisvalbsb) fiz um vídeo mostrando um pouco do Metrô de Moscou. Vá lá conferir, curta o vídeo e se inscreva no canal. Para acessá-lo diretamente, clique aqui.

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Artilharia e Cultura (Operação Outubro Vermelho)

Ainda sem os demais integrantes do grupo, Adriana, Gustavo e eu seguimos a explorar a bela São Petersburgo. Aquele seria um dia cheio e muito andaríamos, daí a importância de começar nossa jornada com um lauto café da manhã – obrigado, Pai, pelo excelente desjejum no restaurante do hotel!

Já de posse de nossos bilhetes de metrô, fomos explorar a cidade de Pedro. A circulação é simples, e se torna mais fácil quando se tem um smartphone com internet. E seguimos a apreciar os monumentos e belos edifícios da antiga capital, e a andar pelas ruas que contavam muitas histórias, enquanto ríamos, tirávamos belas fotos e imaginávamos quanta gente interessante não teria feito aqueles caminhos pelos quais passávamos!

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São Petersburgo, repito, tem inúmeras atrações, de suntuosos monumentos a grandes museus, representando diferentes épocas da história da Rússia, seja o tempo dos czares, sejam os nefastos anos do comunismo. Naturalmente, como não somos turistas comuns, elegemos um museu que é imperdível para quem se interessa por assuntos militares e pela história das guerras: o Museu Militar e Histórico de Artilharia, Engenharia Militar e Tropas de Comunicação – Военно-исторический музей артиллерии, инженерных войск и войск связи (esse é o nome completo do lugar) ou, simplesmente, Museu da Artilharia de São Petersburgo!

Fundado por Pedro I, o Grande, em 1703 já como um Arsenal (depósito de armas), o museu se localiza em uma antiga fundição, no centro histórico da cidade (no número 7, em Aleksandrovsky Park), separado da Fortaleza de São Pedro e São Paulo por um canal. As estações de metrô mais próximas são as de Gorkovskaya e Sportivnaya. Desça em qualquer delas e aproveite uns dez minutos de caminhada!

Quando o visitante chega ao museu, já se depara, logo de cara, com o jardim, no qual estão dezenas de blindados, lançadores de mísseis, canhões de distintos calibres e uma diversidade de veículos militares. Isso é só o prenúncio dos 850.000 objetos que estão ali expostos, em diversas coleções, nas 13 salas que abrangem uma área de 17 mil metros quadrados. Gustavo logo fez amizade com um soldado russo e lá fomos nós tirar foto numa peça (ou canhão, para os leigos) – a propósito, meu amigo paulista tem uma grande capacidade de socialização, o que nos ajudava muito com os locais!

Entre as exposições, você encontrará armas de fogo e brancas, petrechos, munição, os mais distintos equipamentos militares e de engenharia de diversas épocas, material de comunicações, bandeiras, uniformes, pinturas e mapas, condecorações e peças que contam a história da artilharia entre os séculos XIV e XXI (inclusive com uma sala dedicada aos arsenais soviéticos e à Guerra Fria). Quando lá estivemos, havia uma exposição especial sobre os eventos de outro de 1917, com muitas fotos de época – e foi possível perceber como estava frio por ocasião do golpe bolchevique e das semanas que se seguiram ao fim do Governo Provisório (nem de longe uma temperatura tão agradável quanto a que vivenciamos cem anos depois).

Prepare-se para passar algumas horas ali dentro, imerso naquele parque de diversões dos apreciadores da engenhosidade militar e do talento humano para forjar armas! Dos canhões de Pedro I aos troféus conquistados de turcos, franceses e alemães ao longo de mais de 200 anos, passando pelos lançadores de foguete Katiusha, usados durante a II Guerra Mundial (os famosos órgãos de Stálin), tenho certeza de que você esquecerá do tempo no Museu da Artilharia. Há ainda uma exposição muito bacana sobre um certo Mikhail Kalashnikov, criador do fuzil mais famoso da história, o AK-47. E, antes de ir embora, lembre-se de dar um pulo na “lojinha” (não vai se arrepender)!

Passamos os três momentos agradabilíssimos no Museu da Artilharia, lugar imperdível da Capital do Norte. Terminamos o dia voltando a pé para o hotel, pelo centro histórico, aproveitando uma noite bonita e a temperatura de 3º (três graus) por sobre as pontes que cruzam os canais daquela cidade fascinante, fruto do sonho de um homem que quis levar a Rússia ao Ocidente! 

Em tempo: quanto é a entrada para o Museu? A inteira era de 400 rublos (uns 25 reais no câmbio de agosto de 2019). Vale muito a pena!

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Operação Outubro Vermelho – Preparativos

Fundamental antes de qualquer viagem é a preparação. No caso de um destino como a Rússia, essa preparação adquire mais relevância, sobretudo porque, no meu caso, chegaria alguns dias antes e partiria depois que a excursão acabasse – ou seja, estaria entregue a minha própria sorte…

A preparação envolve conhecer um pouco sobre o destino, tanto no que concerne ao país que será visitado, como às cidades e, ainda, ao povo e à cultura local. Nesse sentido, começo usualmente por mapas (da Rússia, de São Petersburgo e de Moscou). Gosto de mapas e atlas e ali identifico onde ficarei e assinalo para onde quero ir, tendo feito uma pesquisa prévia sobre os lugares, horário de funcionamento, custo da entrada e, sempre bom lembrar, distâncias entre eles e meios de deslocamento. (Claro que você pode deixar isso tudo para sua agência de viagens, mas confesso que gosto muito de fazer isso por minha conta – é bem mais divertido, e você já começa a aprender com a viagem antes mesmo de sair de casa!)

A Rússia é o maior país do mundo em extensão territorial (são 17 milhões de km2, ocupando dois continentes), com uma população de 142 milhões de seres humanos de diferentes etnias (além dos russos, que constituem 81% da população, há ainda cerca de 160 grupos étnicos), que falam aproximadamente 100 línguas de distintos ramos (do abaza, com seu alfabeto de 71 letras – das quais apenas 6 vogais -, ao idioma falado pelo povo esquimó de Tchukotka – com singelas 63 formas verbais). Felizmente (?), o russo é a língua franca (dedicarei um post aqui à “barreira do idioma”).

IMG_20171113_211806_116jpg.0A terra dos russos tem uma história interessantíssima, desde os primeiros eslavos que ali se estabeleceram no século IX até a Era Putin (gosto de Putin; Putin é KGB), passando pelos 300 anos de autocracia dos Romanov (meus 16 leitores sabem da minha estima pelos Romanov) e pelas sete décadas de regime soviético, iniciado a partir da nefasta Revolução Bolchevique de 1917… Ademais, a Rússia é uma potência econômica (sim, gostem ou não, o país está no time de elite das Economias do planeta), nuclear (preserva o poder militar que herdou da URSS e o usa com sabedoria), e espacial (essa parte é importante para entender alguns de nossos posts futuros)…

Eu poderia dedicar várias páginas aqui a falar da Rússia… Entretanto, acabaria fugindo do tema desta publicação específica (se você quiser saber mais, pesquise, oras!). Mas o que cabe destacar é que eu estava ansioso e temeroso de desembarcar naquelas terras! Afinal, o mais próximo que havia ido a Leste havia sido a Estônia (que merecerá vários posts na categoria de viagens, por certo!), e já quando esse pequeno país do Báltico estava na União Européia e na OTAN. Como seria a chegada? E no aeroporto? Será que teria um receptivo para me transportar (junto com Adriana e Gustavo) ao hotel? E a hospedagem, como seria? (Localização de hotel é essencial, assim como condições mínimas de estadia.) Felizmente, essa logística inicial ficou por conta da Tchayka, missão cumprida com louvor!

Visto: para o brasileiro que vá a turismo à Rússia, não é mais necessário visto (agradeçam a Putin). Antigamente, nos tempos soviéticos, dizem que se precisava de um convite de alguém ou de alguma instituição para se solicitar o visto – naturalmente, isso era uma forma de o Estado controlar os estrangeiros que entrariam em seu território (e, só por curiosidade, o órgão responsável pelo controle de fronteiras era… o KGB! O serviço de inteligência teria chegado a possuir 400 mil homens cuidando das fronteiras soviéticas). Atualmente, repito, não lhe será necessário o visto – que exigirão de norte-americanos e europeus em geral, hehehe.

E o idioma? Teremos um post específico a respeito. Gosto de chegar a um lugar onde consiga me defender minimamente na língua local, mas o mundo é muito grande e a diversidade linguística torna isso impossível. Como disse, não morrerei de fome em russo, sei pedir desconto (скидка, ensinou-me Olga, minha professora de russo) e consigo pegar informação e comprar bilhetes de metrô, o que me deixa em vantagem quando naqueles lados. Mas se você não fala russo, não entre em pânico! Dou-lhe três opções: 1) fale inglês ou espanhol e entregue o diálogo ao Grande Arquiteto do Universo que ele lhe ajuda!; 2) Gestos – certamente, se você já jogou imagem e ação, vai se virar bem; 3) confie na agência de viagens especializada e deixe com eles a tarefa de se comunicar por você (recomendo alternativa 3, sobretudo se você for para lugares que estejam fora dos destinos turísticos clássicos) – gosto dessa terceira opção se não conhecer bem a língua, a cultura e o povo do lugar aonde pretendo ir.

20171031_193711.jpgAinda sobre o idioma, lembrei de uma quarta possibilidade de comunicação! Tenho um amigo de Minas Gerais (falam português lá também, adoro Minas!), que é muito comunicativo, e que me disse que, algumas vezes, inclusive na Rússia, em que não conseguiu falar o inglês, resolveu falar mesmo em português com os nativos! E, nas palavras dele, a coisa funcionava e ele conseguia se fazer entender (nunca tentei isso, mas se você quiser arriscar…)! E essa história me fez lembrar de outro amigo, que viajou certa feita com a esposa e a sogra para Paris e a genitora de sua esposa se perdeu… Após muito procurar, ele ouviu uma senhora no meio da rua, falando alto e pausadamente (e com o inconfundível sotaque pernambucano) aos transeuntes: “Es-tou per-DI-DA! Sou bra-si-lei-ra e es-tou per-DI-DA! Al-guém me a-ju-DE!” O fato é que ela conseguiu ser encontrada e ganhou nota dez em efetividade!

Melhor época do ano para ir à Rússia? Todo mundo vai dizer que é no verão (ou em maio, ou em setembro) … Deve ser mesmo, mas eu queria ir em novembro, para sentir como seria o clima do país no mês do golpe bolchevique que acontecera cem anos antes. Aí você me pergunta: não seria outubro? Até 1918, os russos adotavam o Calendário Juliano, enquanto nós aqui no Ocidente já estávamos, desde 1582, sob o Calendário Gregoriano, havendo uma diferença atualmente de 13 dias entre ambos. Assim, o levante bolchevique, ocorrido em outubro de 1917 para os russos, deu-se, no nosso calendário, em novembro. De toda maneira, o clima estaria bem frio para meus padrões tupiniquins…

Com que roupa eu vou? Sendo férias, roupas confortáveis. Costumo me programar para levar uma muda por dia, mais duas mudas extras e algumas peças caso vá sair para algum restaurante mais arrumado à noite ou coisa parecida. No caso de camisetas, vale lembrar que você pode levar um pouco menos, adquirir algumas no local onde estiver e já sair vestido nelas (o que lhe garantirá mais espaço na mala). Outro detalhe importante: quando para destinos frios, você necessitará de um ou dois casacos simples (tipo pulôver), que ficarão sob o casacão de inverno (esse é meu coringa!) – e saiba que passará a viagem toda com esse casacão (mande às favas quem quiser acusá-lo de repetir a roupa – você está de férias, no frio, e tem que ser prático). Duas calças: uma mais arrumada e aquela superprática com um monte de bolsos! E, para o frio russo, cachecol, gorro, luvas e malha interna (mão na roda!). No máximo dois pares de calçados (eu gosto de usar uma bota que me acompanha em diferentes ambientes). Os limites de peso de mala das companhias aéreas não ultrapassam uma peça de 23 kg, então seja comedido (e deixe espaço para as “goiabas” que comprará na viagem). E se for pegar trem, a coisa é mais restrita, com a ressalva de que será você mesmo quem carregará a mala para dentro e fora do vagão…

Ainda sobre as malas, lembre-se de tirar uma foto de sua bagagem antes de despachá-la (e de guardar com muito carinho o comprovante). Também recomendo fazer uma etiqueta para colocar dentro, com informações sobre seus voos, endereços do primeiro destino e de casa, e informações de contato. Coloque, repito, dentro da mala, sobre as roupas (eu faço assim). A ideia é mitigar o risco de extravio e, caso isso aconteça, ajudar a companhia aérea a lhe devolver a bagagem…

Dinheiro e câmbio: difícil encontrar rublos no Brasil, então você vai trocá-los lá. Evite trocar muito dinheiro no aeroporto, pois a taxa de câmbio é bem desfavorável em qualquer aeroporto da Via Láctea. Em São Petersburgo e em Moscou há bancos por todo lado (cheguei ao hotel, fui fazer o reconhecimento do ambiente operacional – procedimento padrão, e vi que havia muitos bancos e casas de câmbio, podendo escolher a melhor cotação). Não preciso dizer para você não trocar dinheiro na rua com estranhos, né? Nos hotéis costumam trocar, mas você sofrerá com o câmbio.

Comunicações: sem comunicação (leia, internet) você estará em situação bastante desfavorável. A boa notícia, quem me deu foi a Olga (a mesma que me ensinou, entre outras coisas, a pedir desconto), é que internet na Rússia é barata e você pode comprar um cartão telefônico pré-pago que lhe será tremendamente útil. Fiquei surpreso com o baixo custo da internet (muito inferior à Europa e aos EUA). E, melhor de tudo, a internet funcionava que era uma beleza! Depois, pensando a respeito, entendi a importância de se ter um setor espacial desenvolvido como o russo. Isso afeta diretamente o custo das comunicações do dia-a-dia. Fica a dica para um melhor aproveitamento do Centro de Lançamento de Alcântara (CTA) e para investimentos maciços no programa espacial brasileiro!

Passaporte em dia, mapas em mãos, com locais de interesse assinalados, dinheiro no bolso, seguro de viagem feito (faço sempre com a Cleide e a equipe da Adria Viagens – também não estou recebendo jabá deles não, mas há muitos anos trabalho com esse pessoal muito profissional aqui em Brasília e que acabou se tornando amigo – recomendo!), mala arrumada, história na cabeça, coração acelerado, expressões no idioma local memorizadas, entusiasmo de conhecer o novo, um outro mundo, a Terra dos Romanov! Sentia-me como César ao cruzar o Rubicão: logo eu cruzaria ao Atlântico e chegaria a um dos países mais fascinantes em que já estive! E vamos à Rússia!

Saí de Brasília para a conexão em Guarulhos, onde encontraria Gustavo e Adriana. Depois seria Londres e aí Lening…, São Petersburgo! Estávamos prontos para chegar em mais uma aventura, na Operação Outubro Vermelho!

Na próxima quinta, contarei um pouco sobre São Petersburgo, a cidade fundada por Pedro, o Grande, e capital da Rússia entre 1712 e 1918! Até lá!

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Operação Outubro Vermelho – A decisão de avançar!

Sempre quis conhecer a Rússia (grande novidade para quem é um apaixonado pelas relações internacionais!). Afinal, o maior país do mundo, história, cultura, caleidoscópio de povos fascinantes… Uma potência nuclear e uma nação que viveu incomensuráveis transformações em cem anos… Além disso, oportunidade para treinar meu russo (comecei a estudar o idioma nos anos 1990, na Embaixada da Federação da Rússia em Brasília, apesar de ter esquecido tudo), e, para completar, terra de Putin (gosto de Putin; Putin é KGB). Assim, se havia um país que estava na minha lista de destinos, esse seria a Rússia.

20171102_152829Minha ideia de visitar a Rússia ganhara força em 2015, por ocasião dos 70 anos do final da Segunda Guerra Mundial (ou, como dizem os russos, da “Grande Guerra Patriótica”). Havia preparado todo um planejamento para estar em Moscou em 9 de maio, data da assinatura da rendição incondicional alemã, em Berlim, 1945 (haviam assinado a rendição em 7 de maio, em Reims, França, mas sem a presença soviética, e então Stálin fez uma singela interferência para que outro documento fosse firmado para ter efeito a partir das 23:00 de 08/05, na Capital do Reich, e já 09/05 em Moscou). Meu objetivo, portanto, era vivenciar o clima de Moscou durante os festejos do Dia da Vitória. Iria também a São Petersburgo (Leningrado), a Kursk (onde se deu a maior batalha de tanques da história), e a Volgagrado (a antiga Stalingrado)…

Por razões alheias à minha vontade, essa primeira incursão em solo soviét…, digo, russo, foi abortada – meu 8 de maio de 2015 foi em Brasília, participando de uma cerimônia de última hora no Palácio do Planalto, e na qual a impressão que se tinha é que a então presidente da república estava tremendamente desconfortável com o evento… Mas a vontade de viajar para o país dos Romanov só aumentava, e eu já tinha feito contato com o Sérgio Delduque, da Tchayka (já falei dele por aqui), e tinha a expectativa de organizar uma viagem à terra de Tolstoi num futuro próximo…

Passou um ano, acabou o (des)governo Dilma (amém!), um segundo ano, e, em 2017, recebi um e-mail de Sérgio informando que eles estavam a organizar uma excursão especial à Rússia, por ocasião do centenário da (famigerada) revolução de outubro de 1917 (o “famigerada” é por minha conta, pois Sérgio, profissional elegante e isento que é, nunca usaria esse termo – mas, como a história é minha, eu conto como quiser, né?). O momento seria interessantíssimo, pois o país vivia um clima de revisão do passado soviético, preparava-se para as eleições presidenciais do ano seguinte (que fariam com que Putin se tornasse o governante com mais tempo no poder desde os czares) e, de quebra, vivia a fase preparatória para a Copa do Mundo de Futebol de 2018! Essa eu não perderia!

20171106_193039Foi questão de alguns dias para acertar tudo com a Tchayka… A única reticência é que eu iria em um grupo (o que para mim é estranho, pois costumo viajar sozinho), com pessoas completamente desconhecidas. Que tipo de gente se interessaria em ir à Rússia por ocasião do centenário da (nefasta) Revolução Bolchevique? Será que eu, conservador na política, liberal na economia, monarquista convicto, acabaria muito destoante do grupo? Resolvi então consultar alguns amigos para ver se alguém se interessava – aqui de Brasília, o silêncio foi absoluto.

Se o pessoal de Brasília não pôde me acompanhar, quão grata não foi a surpresa quando um casal amigo de Santos resolveu me acompanhar nessa empreitada! Gustavo e Adriana são dois queridos amigos que fiz quando viajamos juntos para a Normandia, em junho de 2014 (certamente serão dedicados vários posts aqui à viagem à Normandia, mas o que ficou de mais marcante daquele passeio foram os amigos que fiz, um grupo fantástico e singular, com quem convivo até hoje!). E, conforme veremos nas publicações seguintes, esses dois companheiros de viagem foram responsáveis por vários momentos inesquecíveis naquele fascinante país – certamente não teria sido a mesma coisa sem eles!

Muito bem! Passagem comprada, pacote ajustado com alguns dias a mais em São Petersburgo (antes do grupo chegar) e em Moscou (depois que acabasse a programação proposta pela Tchayka), inclusive com a companhia de Adriana e Gustavo, agora era começar os meus preparativos… Sim, porque, para ir para a Rússia, ainda mais pela primeira vez, eu teria que me preparar! Nó próximo post, tratarei desses preparativos…

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Revenons à nos moutons

« De par le diable, vous bavez !
Eh ! Ne savez-vous revenir
Au sujet, sans entretenir
La cour de telle baveries ?
Sus, revenons à ces moutons !
Qu’en fut-il ?
»

La Farce de Maître Pathelin, 1485

 

Eu poderia apresentar a meus 8 (oito) leitores muitas desculpas por esses dez meses sem publicação em Frumentarius… Poderia dizer que o tempo se tornou escasso para escrever, que as atribuições do dia-a-dia me impediam de fazer os comentários com a regularidade que desejava… Poderia também dizer que a inspiração estava pouca (não estava), que os posts em minha página do Facebook eram suficientes (por falar nisso, já curtiu minha página no Facebook? – veja a lateral esquerda superior desta tela)… Mas tudo isso seria apenas e tão somente desculpa…

Portanto, em vez das escusas pelo tempo sem publicar, informo simplesmente que estou saindo (de maneira lenta, gradual e progressiva) dessa fase de recolhimento e logo teremos novos posts sobre “um pouco de tudo” de uma forma mais regular… Isso deve acontecer a partir de julho! Vejam que retomaremos a regularidade em julho, com ao menos três posts comentados por semana. Durante junho faremos apenas um “esquenta”!

Há muita coisa sobre o que refletir no mundo em constante transformação! Enquanto Frumentarius estava adormecido, o terrorismo se tornou um tema mais presente no imaginário dos europeus em razão dos ataques de Paris e Bruxelas. Tema mais presente e erroneamente associado às massas de refugiados que chegam à Europa fugindo de sua terra natal em busca de uma vida de paz… Obviamente, vamos comentar sobre isso e tentar remover véus sobre o mito dos “refugiados terroristas”.

Não é possível falar de terrorismo sem uma referência ao Estado Islâmico, que se tornou muito forte nos últimos dois anos (apesar das derrotas recentes para as forças de Assad – continuo achando que ruim com ele, muito pior sem ele – e da intervenção russa – ok, os ocidentais também fizeram intervenções importantes na Síria… fizeram???), chocando o mundo com barbaridades que deixariam roteiristas de Hollywood no chinelo… O ISIS trata-se realmente de organização que merece constante atenção dos serviços de segurança e inteligência pelo mundo…

Outro conflito que continuou foi o da Ucrânia, apesar das poucas atenções àquele lado do mundo… Afinal, aquilo é zona de influência russa, sendo temerário que os ocidentais queiram interferir naquelas terras. Diga-se de passagem, o Urso tem aumentado sua capacidade de atemorizar os países ocidentais… Impossivel falar de Rússia sem referência expressa a Puti… Putin continua lá, mandando como nunca. Gosto de Putin… Putin é KGB…

Eleições nos EUA também são tema corriqueiro! Nunca pensei que fosse torcer por um candidato do Partido Democrata, mas com o Pato Donald Trump sendo o ungido do Partido Republicano, chego à conclusão que passa da hora dos EUA terem Hillary Clinton na cadeira presidencial – Sanders nem com reza brava, por favor!

Tema que meus leitores sabem que muito me agrada é a atuação de Bob Filho no seu aterrorizante parque de diversões! O rato tem rugido, e isso gera instabilidade no Continente Asiático. Em tempo: recentemente ele foi confirmado como Líder Supremo da Coréia da Norte – mas como não fazê-lo com o sujeito que inventou o Ipad? 

E o Brasil? Bom, o Brasil merecerá muitos posts! O melhor foi o ocaso de Madame et caterva, pois o País não aguentava mais o desgoverno… Tenho esperança que nosso novo Presidente (volto a usar o “P”maiúsculo)! Di-lo-ei  (Ahá!) que lhe desejo muito êxito ao promover as mudanças que farão com que o Pais se recupere política, econômica e moralmente (afinal, precisamos recuperar valores morais acima de tudo!)… A equipe econômica é ótima, a equipe de governo também. O Presidente é homem inteligente e lúcido e conhece o Congresso, o que é fundamental neste modelo presidencialista fracassado – sim, porque continuo monarquista e tratarei disso também! 

Essas são apenas algumas palavras iniciais. Espero que possamos interagir mais, meus queridos leitores, e continuar conversando sobre “um pouco de tudo”! Avante!

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Canhões de Agosto

xadrezComo disse, devo publicar periodicamente uma vez por semana aqui em Frumentarius. E a última semana (a primeira de agosto) foi marcada por algumas efemérides importantes. A primeira delas, no dia 1º de agosto, marca a data em que a Alemanha declarou guerra à Rússia, em 1914, dando início à I Guerra Mundial para os alemães. Esse era um movimento importante no jogo de xadrez da política européia, e vinha na sequência da declaração de guerra do Império Austro-Húngaro à Sérvia (28 de julho), com o bombardeio de Belgrado (no dia seguinte), e a mobilização das tropas russas para socorrer seu aliado eslavo do sul (também no dia 29/07). Com a mobilização russa, a Alemanha apresentou um ultimato a São Petersburgo para que a suspendesse. Diante da recusa do Czar, no dia 1º de agosto, veio a declaração de guerra. Abria-se a frente oriental para os germânicos.

explosao-canhao-belgicaMas os alemães esperavam não ter que combater em dois fronts. Para isso, tinham que neutralizar a França antes que os russos conseguissem efetivamente entrar no conflito. Em 2 de agosto, as tropas do Kaiser entraram em Luxemburgo, e Berlim, em cumprimento ao Plano Schlieffen, solicitou ao Rei da Bélgica (então um país neutro) que autorizasse os alemães a atravessar aquele reino para atacar o território francês. A resposta do soberano belga foi “eu governo uma nação, não uma estrada”. Os alemães, então, invadiram e atravessaram a Bélgica no dia 4 de agosto. No dia anterior, Berlim declarara guerra a Paris.

trenche_wwi (1)Diante da invasão da Bélgica, a Grã-Bretanha, então garante da neutralidade belga, viu-se obrigada a declarar guerra à Alemanha (04/08). Em uma semana, os sinos silenciaram. Seriam substituídos pelos canhões de agosto, que continuariam a troar por longos e penosos quatro anos, com dezenas de milhões de mortos, destruição de campos e cidades, dor, desespero, morte… e o fim de uma era.

A memória daqueles canhões de agosto deve sempre permanecer viva nos corações e mentes dos homens. A carnificina ali começada jamais poderá ser esquecida, sob pena de ser repetida. Afinal, a estupidez humana é infinita.

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Qual o problema da Grã-Bretanha com a Rússia?!?!?!

Encontrei este artigo na versão em inglês do Pravda (tradicionalmente isento, absolutamente imparcial, hehehe). Achei divertido. Não farei maiores comentários…

PS: Para os mais jovens, o Pravda (Пра́вда) foi o principal jornal da União Soviética e um órgão oficial de notícias do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética entre 1918 e 1991. O jornal ainda existe e está em circulação na Rússia, mas ficou mais conhecido nos países ocidentais por seus pronunciamentos durante o período da Guerra Fria (ou seja, pronunciamentos oficiais do Partido Comunista). Hoje, a versão online nada tem a ver com a versão impressa, mas ambos trazem a percepção peculiar do bom e velho Pravda soviético.

O outro grande jornal soviético era o Izvestia (Известия), que também existe ainda hoje, e pertence a estatal russa de notícias. Nos tempos da Guerra Fria, fora da União Soviética, e sobretudo entre as esquerdas da América Latina, exemplares desses jornais eram artigos de luxo para os militantes que sonhavam com a vitória proletária (sei…), e quem tinha um se destacava como bom revolucionário (apesar de, geralmente, não entender uma palavra de russo).

Pravda em russo significa verdade, e Izvestia notícia. Havia inúmeras piadas à época soviética com esses dois diários. Em uma delas, dizia-se que o Pravda nunca trazia notícias e que no Izvestia não havia verdade… 

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Why does Britain have a problem with Russia?

Pravda.ru – 19.02.2015 13:13
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In recent days, the hyperbole has risen to hysteria level with senior members of the British government outdoing each other to make the most infantile, irresponsible, insolent and insulting remarks against Russia and its President, Vladimir Putin. What is Britain’s problem with Russia, the country that shed rivers of blood to free Europe from Fascism?

Only last week, Britain’s Foreign Secretary Philip Hammond was insinuating that Britain might get involved in Ukraine because he would not allow Ukraine’s military forces to collapse, while his boss, Prime Minister Cameron, rudely referred to Russia’s President as “Putin”. Today, we have the Defense Secretary Michael Fallon warning that Russia might use military force against its neighbors, while the British Bullshit Corporation and Lies on Sky ratchet up the anti-Russia hype calling its President a despot, calling Russia’s government “desperate” and insinuating that Moscow might suddenly send the tanks rolling across the frontiers.

Two questions: Is the British public really so gullible that it will swallow that nonsense, or are the purveyors of lies as truth yet again a decade or so behind the times? The answer to the first question is no and the answer to the second is yes.

Everybody knows that Russia and Britain (and France and the USA, among others, including Serbia) stood together just over half a century ago to defeat the worst scourge Europe has seen since the days of Genghis Khan – Adolf Hitler’s Nazi Third Reich. It was a war in which Russia, as part of the Union of Soviet Socialist Republics, lost over 26 million souls freeing Europe from tyranny, racism, homophobia, intolerance and Fascism. Around ninety per cent of  the Wehrmacht losses were incurred on the Eastern Front. Continuar lendo

Terror nos céus da Europa

putinMais um episódio de interceptação de aeronave militar russa no “espaço de interesse” do Reino Unido… Gostei da maneira como a reportagem tratou do assunto!

Venho acompanhando com interesse o aumento da tensão entre as potências ocidentais e a Rússia… Putin brinca com o Ocidente. De fato, ele testa os limites dos líderes europeus que, passados mais de trezentos anos desde que Pedro, o Grande, mostrou a Rússia para o Ocidente, ainda não entendem como os russos realmente pensam e agem (à exceção de Frau Merkel… Frau Merkel conhece os russos… e conhece bem). Assim, um clima de pânico ronda Paris e Londres quando o urso mostra os dentes…

estonia_indepMais a Leste, países como a Polônia têm todas as razões para ficar apreensivos. Os poloneses conhecem o peso da bota russa há séculos, e sempre lembram que a II Guerra Mundial (cujo término ocorreu há recentes 70 anos) começou com a invasão do território polonês por alemães… e russos (!), enquanto franceses e britânicos seguiam sua política do apaziguamento. Outro detalhe importante: em 1945, a Polônia foi “libertada” do jugo alemão e passou para a tutela dos soviéticos (que não tinham muita simpatia por poloneses), amargando quatro décadas de comunismo (leia-se retrocesso, autoritarismo e opressão). Hoje, os poloneses vivem em um dos mais prósperos países da Europa, com uma economia pujante e liberal, com aversão total e absoluta contra qualquer discurso que mencione o regime comunista que lhes foi imposto pelos russos, e com grande receio da Rússia (versão tricolor da boa e velha União Soviética). Enfim, os poloneses sabem o quanto a corda pode apertar no pescoço pela providência divina os ter colocado tão perto dos russos. Mais preocupados que os poloneses, só os cidadãos de Estônia, Letônia e Lituânia…

No caso dos Estados Bálticos, a apreensão também se justifica plenamente… Afinal, até a I Guerra Mundial eles eram parte do Império Russo, alcançaram a independência ao final do conflito (assim como os poloneses), mas já em 1940, desencadeada a II Guerra Mundial, foram invadidos e ocupados pelos soviéticos, tiveram seu território incorporado à União Soviética durante cinco décadas, e foram os primeiros a se separar do gigante comunista quando ele começou a desfalecer, em 1991. Convém lembrar que Moscou nunca engoliu essa emancipação…

Estonia-T_KELAM_21-www-384x248Já estive na Estônia (terra maravilhosa!). Naquele belo país 1,3 milhão de habitantes, pode-se notar em cada esquina o receio que os estonianos têm de uma invasão russa. Por isso se apressaram em aderir à OTAN e à União Européia – e mostraram-se uma Economia eficiente e um povo disposto a inserir-se entre as nações prósperas do Ocidente democrático. Esperam contar com a proteção de Bruxelas e de Washington. Ademais, já foram vítimas de ataques cibernéticos, que Putin jura que não vieram do Leste. Por via das dúvidas, o Centro de Defesa Cibernética da OTAN foi estabelecido na Estônia. Pretendo retornar à Estônia. E prefiro retornar a um país livre…

Voltando ao Urso frio… Muitas peças ainda devem ser mexidas nesse tabuleiro… Os ocidentais têm que estar atentos às manobras russas e buscar conhecer como joga Putin… Sim, porque Putin não é bobo e tem alguma coisa em mente com relação ao Ocidente (gosto de Putin; Putin é KGB). Fundamental estudar o tabuleiro e buscar se antecipar aos movimentos de Moscou… O jogo passa longe de ser fácil, mas tem que ser jogado. E, para desespero dos ocidentais, é sempre bom lembrar que os russos são, tradicionalmente, grandes enxadristas. 

Polonia comunismo

Novo incidente com bombardeiros russos reflete temor europeu com avanço de Moscou

BBC-Brasil, 19FEV2015
Bombardeiros russos em foto de 11 de fevereiro (AFP)Bombardeiros russos (semelhantes aos vistos acima) foram escortados para longe de ‘área de interesse’ do Reino Unido

Dois bombardeiros russos foram avistados na quarta-feira perto da costa oeste da Inglaterra, levando a Força Aérea britânica a interceptá-los e escoltá-los – em mais um desdobramento das preocupações europeias com os avanços russos.

Os bombardeiros não entraram no espaço aéreo britânico, apenas no que o Reino Unido chama de sua “área de interesse”. Episódio semelhante ocorreu no mês passado.

Analistas veem o caso como uma demonstração de força ou até mesmo como uma provocação por parte de Moscou, com intenção política – já que a Rússia saberia que o episódio ganharia repercussão.

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O Dragão e o Urso

dragão-chinesOs ocidentais podem até prosseguir nessas sanções contra a Rússia. Entretanto, parece que têm sido ineficazes, tendo como único êxito irritar o urso. E, para piorar a situação do Ocidente neste embate, as pressões contra os russos fazem com que Moscou busque novos parceiros ou redimensione os parceiros tradicionais, como a própria China. E Pequim está de braços abertos, pronta para receber seu parceiro eslavo. Com o dragão e o urso cada vez mais próximos, a águia que se cuide…

RIA Novosti

China Condemns Unilateral Sanctions Against Russia – Envoy

13:52 30/04/2014

China strongly opposes unilateral sanctions against Russia, Beijing’s ambassador to Moscow told reporters Wednesday, adding that US and EU sanctions would not resolve the crisis in Ukraine.

 MOSCOW, April 30 (RIA Novosti) – China strongly opposes unilateral sanctions against Russia, Beijing’s ambassador to Moscow told reporters Wednesday, adding that US and EU sanctions would not resolve the crisis in Ukraine. Continuar lendo