Uso efetivo da força

Protestos aumentam na Turquia, com centenas de pessoas nas ruas exigindo uma ação mais efetiva de Ancara. E o Estado Islâmico aumenta seu domínio no norte da Síria e no Iraque e chega às fronteiras na OTAN.

Continuo achando que a alternativa efetiva é o uso convencional da força contra os monstros do ISIS. Bombardeios não são suficientes. Precisamos do uso clássico da infantaria, da cavalaria e da artilharia na região. Só que no ocidente ninguém quer isso e a palavra-chave na OTAN parece ser inação. Enquanto isso, o Estado Islâmico só se fortalece.

At least 31 killed in Turkey protests

Demonstrators hold a banner as as they are sprayed by a water cannon during clashes with riot police outside of the Middle Eastern Technical University (METU) in Ankara on Oct. 9. (AFp)

At least 31 people have been killed and 360 others wounded in four days of violent protests in Turkey by Kurdish demonstrators angry at the government’s lack of action to save the Syrian town of Kobane from a jihadist militant takeover, the interior minister said Friday.

Continuar lendo

A Turquia, o Estado Islâmico e a reação do Ocidente

califadoMeu amigo Marcus Reis perguntou-me ontem o porquê da aparente inação da Turquia diante do Estado Islâmico, que aos poucos se aproxima da fronteira turca. Sobre o assunto, importante lembrar que a população que está massacrando pelo Estado Islâmico no norte da Síria é curda. A questão curda é, há muito tempo, um espinho no sapato do governo de Ancara (ou Angorá, como já se disse em outros tempos).

Ademais, uma ação turca em defesa dos curdos sírios poderia de alguma forma beneficiar o PKK, considerado grupo terrorista por Ancara. Isso traria problemas internos para os turcos e complicaria a relação com a comunidade curda na Turquia. Bom lembrar, finalmente, que a Turquia é membro da OTAN. Se o ISIS (sigla em inglês para o Estado Islâmico do Iraque e do Levante) entrar em território turco, será um membro da OTAN atacado… aí a coisa fica mais feia…

20141006084702218rtsMinha opinião a respeito de como lidar com o Estado Islâmico já foi apresentada aqui em Frumentarius: para resolver o problema, a alternativa seria o emprego de força militar clássica, ou seja, tropas da OTAN (forças convencionais) em grande quantidade mobilizadas para entrar na área sobre controle do ISIS e ir varrendo aquele nefasto grupo dali. Seria algo que só encontraria precedentes nas operações militares de 70 anos atrás.

size_590_jihadistas-raqaClaro que ninguém no Ocidente está mais disposto a recorrer à guerra tradicional. “Isso é coisa do passado, inaceitável para os padrões do século XXI!”, dirão alguns (interessante que as barbaridades cometidas pelo ISIS não colocariam aquela população vivendo em outras eras). Sendo assim, a coisa só tende a piorar e não vislumbro solução breve para o inferno na terra causado pelo Estado Islâmico – sim, porque há gente, de todas as idades, homens e mulheres, sendo torturada, violentada, massacrada, enfim, morrendo nas mãos desses monstros que querem o califado mundial.

Não acredito, portanto, na efetividade de bombardeios estratégicos contra o ISIS. E também acho que fornecer armas para os curdos para “deixá-los se defender por si mesmos” só vai servir para plantar a semente de um novo Afeganistão daqui a alguns anos (como sempre tem acontecido nas guerras periféricas). Mas, repito, ninguém quer realmente se preocupar com as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico…

Militant Islamist fighters parade on military vehicles along the streets of northern Raqqa province

NATO promises to protect Turkey against ISIS threat

Published time: October 06, 2014 16:30 Get short URL 
Patriot missile batteries are pictured at their positions near the city of Kahramanmaras, Turkey (Reuters / Rainer Jensen)

NATO will not abandon Turkey if it is attacked by Islamic State fighters which are closing in on the member state’s border from Syria, the alliance’s secretary-general, Jens Stoltenberg, said.

“Turkey should know that NATO will be there if there is any spillover, any attacks on Turkey as a consequence of the violence we see in Syria,” Stoltenberg said, as quoted by Reuters. Continuar lendo

Síria X Turquia

Para se começar a entender a real dimensão da crise, convém lembrar que a Turquia tem o apoio da OTAN (o país é membro da aliança desde 1952), enquanto a Síria encontra-se na esfera de influência russa e é apoiada pelos iranianos. Ou seja, nada é simples por ali…

Turkey warns Syria more strikes would be fatal mistake

Reuters, 05OUT2012 – 4:39pm EDT

ISTANBUL (Reuters) – Turkey’s prime minister said on Friday his country did not want war but warned Syria not to make a “fatal mistake” by testing its resolve, and its army retaliated for a third day running after more mortar rounds from Syria landed on its soil.

In a belligerent speech to a crowd in Istanbul, Turkish Prime Minister Tayyip Erdogan warned Syrian President Bashar al-Assad that Turkey would not shy away from war if provoked. Continuar lendo

A “Primavera Turca”, um século antes

Esta quem me mandou foi minha amiga Carmen Lícia, que passa o semestre nas maravilhosas terras francesas! Nesses tempos de Levante no mundo árabe, tem-se um artigo interessante sobre as mudanças na Turquia no início do século passado sob o movimento dos “jovens turcos”. Bom lembrar que o tenentismo no Brasil foi influenciado pelas idéias daqueles militares da Grande Porta.

Printemps arabe : modèle turc ou cauchemar politique ?

lundi 13 février 2012, par Henri Lacour
Tags : Politique

Une étude de François Georgeon éclaire sur les racines oubliées de la révolution jeunes-Turcs de 1908

En écho aux bouleversements actuels du monde arabe, François Georgeon, membre du laboratoire d’études turques et ottomanes (EHESS) revient sur la révolution Jeunes Turcs de 1908 dans l’Empire ottoman à travers son livreL’ivresse de la liberté. Cette révolution constitua en effet la première expérience révolutionnaire moderne et inédite contre l’autocratie au Moyen-Orient. Les révoltes arabes d’aujourd’hui doivent-elle s’en inspirer ? Continuar lendo

Inteligência turca alerta sobre ataques a alvos estadunidenses na Turquia

Segundo o Haaretz, os iranianos estariam patrocinando células terroristas para promover ataques a alvos estadunidenses na Turquia, teria informado a inteligencia turca. Difícil é dizer o grau de confiabilidade dessa informação. Seria uma resposta de Teerã ao assassinato do cientista na semana passada?

Sei não, mas se a coisa continuar desse jeito (lembremos que ainda estamos em janeiro), pode ser que 2012 não acabe sem uma guerra no Oriente Médio. Isso não será bom nem para os EUA, nem para Israel e tampouco para o Irã… Não será bom para ninguém…

Haaretz – 17.01.12 – By Avi Issacharoff

Report: Iran planning attacks on U.S. targets in Turkey

According to Turkish Zaman daily, a cell of the Quds Unit of Iran’s Revolutionary Guard is planning to attack U.S. embassy in Ankara. Continuar lendo

França, Turquia e genocídio

É Natal! É Natal! Nesse clima de comunhão entre os povos, o Primeiro-Ministro turco declarou que os franceses cometeram genocídio na guerra da Argélia. Trata-se de resposta à aprovação, pelo Parlamento francês, de uma lei que reconhece o genocídio armênio cometido pelos turcos em 1915-1916. E esse é só um movimento da escaramurça diplomática entre Paris e Ankara (ou Angorá, na forma tradicional).

É certo que a ocupação e a guerra de independência da Argélia produziram grande quantidade de mortos entre os nativos. Ninguém discorda da violência com que os franceses trataram a população argelina, sobretudo quando perceberam que perderiam seu território do outro lado do Mediterrâneo. As táticas de contrainsurgência e técnicas de tortura dos franceses serviram de modelo para muitas ditaduras em diversas partes do globo, inclusive por aqui ao sul do Equador.

Entretanto, o que os turcos fizeram com os armenos foi o primeiro dos trágicos genocídos que marcariam nefastamente o século XX, incluindo o holocausto judeu e o extermínio dos ciganos na II Guerra Mundial, e os massacres de Ruanda e da Ex-Yugoslávia no final do milênio.

Uma parte significativa da população armena do planeta, que vivia sob o Império Otomano, foi sumariamente massacrada: homens, mulheres e crianças, idosos e bebês de colo. As atrocidades cometidas pelos turcos contra os armenos são quase que inecreditáveis, mas realmente aconteceram… infelizmente aconteceram… ali se começou a conceber a idéia de “crime contra a humanidade”…

Para um link armeno (em inglês) sobre o genocídio, clique aqui. E para a página do Armenian National Institute, clique aqui.

Quase um século depois, a França reconhece que houve um genocídio armeno. Foi tarde, muito tarde…

Em tempo: o Brasil até hoje não recenheceu o genocídio armeno.

BBC News – 23 December 2011 

Turkey accuses France of genocide in colonial Algeria

The Turkish prime minister has accused France of committing genocide during its colonial occupation of Algeria. Continuar lendo