Terror nos céus da Europa

putinMais um episódio de interceptação de aeronave militar russa no “espaço de interesse” do Reino Unido… Gostei da maneira como a reportagem tratou do assunto!

Venho acompanhando com interesse o aumento da tensão entre as potências ocidentais e a Rússia… Putin brinca com o Ocidente. De fato, ele testa os limites dos líderes europeus que, passados mais de trezentos anos desde que Pedro, o Grande, mostrou a Rússia para o Ocidente, ainda não entendem como os russos realmente pensam e agem (à exceção de Frau Merkel… Frau Merkel conhece os russos… e conhece bem). Assim, um clima de pânico ronda Paris e Londres quando o urso mostra os dentes…

estonia_indepMais a Leste, países como a Polônia têm todas as razões para ficar apreensivos. Os poloneses conhecem o peso da bota russa há séculos, e sempre lembram que a II Guerra Mundial (cujo término ocorreu há recentes 70 anos) começou com a invasão do território polonês por alemães… e russos (!), enquanto franceses e britânicos seguiam sua política do apaziguamento. Outro detalhe importante: em 1945, a Polônia foi “libertada” do jugo alemão e passou para a tutela dos soviéticos (que não tinham muita simpatia por poloneses), amargando quatro décadas de comunismo (leia-se retrocesso, autoritarismo e opressão). Hoje, os poloneses vivem em um dos mais prósperos países da Europa, com uma economia pujante e liberal, com aversão total e absoluta contra qualquer discurso que mencione o regime comunista que lhes foi imposto pelos russos, e com grande receio da Rússia (versão tricolor da boa e velha União Soviética). Enfim, os poloneses sabem o quanto a corda pode apertar no pescoço pela providência divina os ter colocado tão perto dos russos. Mais preocupados que os poloneses, só os cidadãos de Estônia, Letônia e Lituânia…

No caso dos Estados Bálticos, a apreensão também se justifica plenamente… Afinal, até a I Guerra Mundial eles eram parte do Império Russo, alcançaram a independência ao final do conflito (assim como os poloneses), mas já em 1940, desencadeada a II Guerra Mundial, foram invadidos e ocupados pelos soviéticos, tiveram seu território incorporado à União Soviética durante cinco décadas, e foram os primeiros a se separar do gigante comunista quando ele começou a desfalecer, em 1991. Convém lembrar que Moscou nunca engoliu essa emancipação…

Estonia-T_KELAM_21-www-384x248Já estive na Estônia (terra maravilhosa!). Naquele belo país 1,3 milhão de habitantes, pode-se notar em cada esquina o receio que os estonianos têm de uma invasão russa. Por isso se apressaram em aderir à OTAN e à União Européia – e mostraram-se uma Economia eficiente e um povo disposto a inserir-se entre as nações prósperas do Ocidente democrático. Esperam contar com a proteção de Bruxelas e de Washington. Ademais, já foram vítimas de ataques cibernéticos, que Putin jura que não vieram do Leste. Por via das dúvidas, o Centro de Defesa Cibernética da OTAN foi estabelecido na Estônia. Pretendo retornar à Estônia. E prefiro retornar a um país livre…

Voltando ao Urso frio… Muitas peças ainda devem ser mexidas nesse tabuleiro… Os ocidentais têm que estar atentos às manobras russas e buscar conhecer como joga Putin… Sim, porque Putin não é bobo e tem alguma coisa em mente com relação ao Ocidente (gosto de Putin; Putin é KGB). Fundamental estudar o tabuleiro e buscar se antecipar aos movimentos de Moscou… O jogo passa longe de ser fácil, mas tem que ser jogado. E, para desespero dos ocidentais, é sempre bom lembrar que os russos são, tradicionalmente, grandes enxadristas. 

Polonia comunismo

Novo incidente com bombardeiros russos reflete temor europeu com avanço de Moscou

BBC-Brasil, 19FEV2015
Bombardeiros russos em foto de 11 de fevereiro (AFP)Bombardeiros russos (semelhantes aos vistos acima) foram escortados para longe de ‘área de interesse’ do Reino Unido

Dois bombardeiros russos foram avistados na quarta-feira perto da costa oeste da Inglaterra, levando a Força Aérea britânica a interceptá-los e escoltá-los – em mais um desdobramento das preocupações europeias com os avanços russos.

Os bombardeiros não entraram no espaço aéreo britânico, apenas no que o Reino Unido chama de sua “área de interesse”. Episódio semelhante ocorreu no mês passado.

Analistas veem o caso como uma demonstração de força ou até mesmo como uma provocação por parte de Moscou, com intenção política – já que a Rússia saberia que o episódio ganharia repercussão.

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O mais inesperado do mais esperado

mauerAconteceu há exatos 25 anos, mas parece que foi ontem. Naquela noite fria de 9 novembro de 1989, a Alemanha estava dividida, e Berlim era a capital da República Democrática Alemã (RDA), a Alemanha Oriental, baluarte do comunismo fundado em 1949 e país mais desenvolvido do bloco soviético depois da própria União Soviética. A RDA era governada por um regime tão autoritário que os jovens de nem conseguem conceber. Uma ditadura sustentada no terror e na repressão, na qual os cidadãos eram apenas peças da estrutura do Estado, exatamente como os tijolos que compunham o extenso muro que cercava Berlim Ocidental, enclave de resistência capitalista no coração da Alemanha comunista.

Foram quarenta anos de ditadura que inesperadamente começaram a ruir naquele ano de 1989. Com as reformas produzidas por Gorbatchev na União Soviética, o controle da Superpotência sobre seus Estados satélites do Leste Europeu foi se esvaindo e o verão daquele ano testemunhou a abertura e o fim do comunismo nos países do bloco: Polônia, Hungria, Tchecoslováquia… E os ventos de mudança chegavam à RDA.

0,,17747092_303,00Nas semanas que antecederam o dia 9 de novembro, o que se viu foram protestos e passeatas de milhares de pessoas pelas cidades da Alemanha Oriental, com as pessoas desafiando o regime e clamando por mudanças. A partir do verão, outros milhares de alemães orientais atravessavam as fronteiras com os países comunistas que se abriam, para tentar escapar para o mundo livre. As pressões sobre o governo comunista cresciam assustadoramente: ninguém aguentava mais a experiência do “socialismo real” na terra de Goethe.

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Então, o inesperado aconteceu:  ao vivo na TV estatal, Günter Schabowsk, dava uma entrevista falando sobre o processo de abertura das fronteiras que o governo decidira que iria acontecer. E, perguntado de surpresa pelo entrevistador sobre quando isso aconteceria, Schabowsk, sob tensão, titubeou um pouco e disse, “Isso vale, pelo que sei…a partir de agora, impreterivelmente!” (queria de fato dizer que seria o mais brevemente possível).  Foi só o que precisavam ouvir milhares de alemães dos dois lados do muro que acorreram para aquela parede inglória clamando para que as fronteiras fossem liberadas… E o resto foi história. Os guardas de fronteira não conseguiram conter a multidão. Logo o muro estava cercado e marretas o punham abaixo. Emociono-me quando lembro dessa cena. O muro da infâmia, que separava um povo, e no qual muitos pereceram tentando escapar para a liberdade, simplesmente, ruiu, de forma rápida e inesperada. Em menos de um ano, a Alemanha estaria unificada e a RDA seria história. A liberdade triunfava.

queda-do-muro-de-berlimQueria registrar hoje essa lembrança que me é tão marcante. Parabéns aos alemães por essa grande conquista! E que nunca mais possamos testemunhar o retorno do comunismo ao Ocidente!

Seguem imagens muito marcantes daquela noite de 9 de novembro, com o relato dos jornalistas que testemunharam aquele acontecimento.

E um documentário sobre o Muro:

Frau Merkel e a Rússia

Matéria interessante sobre o papel de Frau Merkel na crise ucraniana. A Chanceler está à frente da principal potência européia, sabe ser prudente e firme e conhece bem os russos – melhor que qualquer outro líder ocidental. De toda maneira, está à frente da Alemanha, que há cem anos tem uma relação um pouco conturbada com a Rússia…

File photo shows German Chancellor Merkel and Russian President Putin listening to their national anthems before talks at Chancellery in Berlin

SPIEGEL ONLINE
03/04/2014 12:56 PM

Crimean Crisis – All Eyes on Merkel

By  and Gregor Peter Schmitz

As the conflict with Russia over Crimea intensifies, Germany is playing a central role in communications with Russian President Vladimir Putin. But the international community has doubts that Chancellor Angela Merkel can pull it off.

Germany had only recently announced the end of its era of restraint. German President Joachim Gauck, Defense Minister Ursula von der Leyen of the Christian Democrats and Foreign Minister Frank-Walter Steinmeier of the Social Democrats have all argued that it’s time for Germany to play a greater role in the world.

Steinmeier couldn’t have expected that he would need to follow-through on his push for an “aggressive foreign policy” so quickly. But the dramatic escalation in Crimea needs quick answers and it has become a focus of Chancellor Angela Merkel’s government in Berlin.

“Europe is, without a doubt, in its most serious crisis since the fall of the Berlin Wall,” Steinmeier said on Monday. “Twenty-five years after the end of the conflict between the blocs, there’s a new, real danger that Europe will split once again.” Continuar lendo

Parcerias Alemanha-Coréia do Norte

Como sempre estou atento ao pequeno grande país ao norte da Península Coreana, resolvi reproduzir aqui o texto da mensagem enviada pelo Supremo Líder da Coréia do Norte (Bob Filho) à Chanceler Angela Merkel dando-lhe os parabéns pelo novo mandato que se inicia. De acordo com a Nota, Pyongyang sinaliza o interesse em estreitar os laços com Berlim, e vislumbra-se uma promissora cooperação entre as duas Potências.A Europa está salva!

Segue o texto da nota…

kim-jong-un-sacred-war

December 20. 2013 Juche 102

Congratulations to German Chancellor

Pyongyang, December 20 (KCNA) — DPRK Premier Pak Pong Ju sent a congratulatory message to Angela Merkel on Wednesday on her reassumption of office as chancellor of the Federal Republic of Germany.

The message wished the chancellor bigger success in her future work for the country’s prosperity, expressing expectation and belief that the relations between the two countries would develop favorably in conformity with the desire and interests of the two peoples.

Meanwhile, DPRK Foreign Minister Pak Ui Chun sent a congratulatory message to Frank-Walter Steinmeier on his appointment as foreign minister of Germany on the same day.

Fonte: http://www.kcna.co.jp

Bomba em Berlim

A notícia correu o mundo na semana passada. Quase sete décadas após o fim da II Guerra Mundial, uma bomba é encontrada próximo à estação central de Berlim (Berlin Hauptbanhof). É incrível como o conflito ainda está vivo no solo alemão – literalmente. Mas as seqüelas nos corações e mentes da população daquele grande país ainda são maiores. Outro aspecto a ser considerado relaciona-se à quantidade de bombas que ainda estão enterradas (para serem encontradas) nas principais cidades alemãs: um sinal da tentativa de genocídio dos aliados contra o povo germânico…

Em tempo: para um link com imagens relacionadas, clique aqui.

Bombenfund am Berliner Hauptbahnhof

Der Spiegel Online – 04/03/2013 08:58 AM

Rail Service Disruption – WWII Bomb Found Near Berlin’s Main Station

Train services to and from Berlin suffered delays and cancellations on Wednesday after a munitions experts set about defusing a 100-kilogram bomb from World War II found near the city’s main train station.

The discovery of a World War II bomb near the main train station of Berlin disrupted rail services to and from the German capital on Wednesday.

“Travellers should be prepared for delays and route changes in long-distance services,” a spokesman for rail operator Deutsche Bahn said.

A police spokesman said buildings in the vicinity of the bomb had already been evacuated in preparation for the disposal, which was likely to take place around noon. “At the moment we plan to defuse it by mechanically screwing out the detonator,” the spokesman said.

Some 1,100 trains and up to 700,000 passengers pass through the modern station each day. It was opened in 2006.

The bomb was found by munitions experts conducting a routine search of a site in preparation of construction work. Unexploded bombs from the Allied bombardment of Germany during World War II are still frequently found. The munitions are getting more difficult and dangerous to defuse because their fuse mechanisms have corroded and become less stable over time.

Bomb disposal experts have been warning that bombs will increasingly have to be exploded where they are found because moving them has become too risky. At least two such controlled explosions took place last year, in Munich and Viersen, causing damage to surrounding buildings.

cro — with wire reports

Os soviéticos na Berlim do Pós-Guerra

Para os que gostam de História da Guerra Fria, segue artigo muito interessante da Der Spiegel sobre a atuação soviética na capital alemã do imediato pós-guerra. Recomendo!

Soviet Police Checking Germans Entering US Sector

Der Spiegel Online – 12/05/2012 06:10 PM

Before the Wall: The Soviet Fight for Postwar Berlin

Although Berlin was split into four sectors in 1945, the Soviets were determined to see a unified city under their control. Their tactics for undermining the other occupying powers ranged from seductive to brutal, and a desperate blockade backfired into a 40-year divide.

Editor’s Note: Berlin is currently celebrating its 775th anniversary. In the coming days, SPIEGEL ONLINE International will be publishing a series of stories on the history of Germany’s capital. This is the fifth part of the series. The first, second, third and fourth parts can be read here. Continuar lendo

A perspectiva “do lado de lá”

Resolvi divulgar esta exposição com imagens da Berlim dividida feita por berlinenses que viviam na Alemanha Oriental. Pode ser acompanhada online.

É fundamental que as novas gerações conheçam mais sobre a época em que o mundo esteve dividido entre as democracias liberais e os regimes autoritários de esquerda. Preocupa-me o fato de formadores de opinião junto aos mais jovens divulgarem informações erradas ou “floreadas” sobre a realidade “do lado de lá da Cortina de Ferro”.

Aviso a meus alunos: o mundo comunista (sim, porque foi o que se conheceu do comunismo na prática – não me venham com eufemismos de socialismo real) era um inferno, com repressão e censura em distintos níveis, escassez de bens essenciais, violações constantes aos direitos humanos. Não, não era bom.

Graças à providência divina, o mundo livre venceu a Guerra Fria. E os regimes “de lá” caíram de podre, para a alegria dos milhões de seres humanos que ali viviam sob a bota autoritária das ditaduras do proletariado.

SPIEGEL ONLINE

07/13/2011 06:24 PM

Rare East German Photographs – The Other Side of the Berlin Wall

Concerned about security problems, the East German communist regime ordered border guards to snap photos of the Berlin Wall in the 1960s. The images, which were top secret, were lost in an archive for decades. Now a new exhibition will reveal hundreds of the photographs, digitally spliced to create remarkable panoramic views of the infamous landmark. Continuar lendo

Imagens de uma cidade dividida…

E já que o assunto de hoje é o Muro de Berlim, segue um site com imagens da época em que havia dua Alemanhas, e que as pessoas se viam divididas entre o “mundo livre” e o “os regimes autoritários do chamado socialismo real”…

http://www.cs.utah.edu/~hatch/berlin_wall.html