Fallujah livre!

Notícia que chegou em boa hora: a cidade de Fallujah foi libertada das garras do Estado Islâmico. Cada vitória no guerra contra esses monstros deve ser celebrada! Não que o governo iraquiano seja muito gentil com seus cidadãos, mas qualquer coisa é melhor que estar sob o jugo do Daesh.

A guerra contra esses  facínoras está longe de acabar… ainda vai durar muito, para tristeza e desespero da população que vive sob a espada do ISIS ou é vítima dos conflitos no Iraque e na Síria. Diga-se de passagem, a responsabilidade do Ocidente, particularmente dos Estados Unidos, é grande nos dois casos: no Iraque, a coisa fugiu ao controle depois que George Walker Bush elegeu Saddam Hussein seu inimigo e resolveu apeá-lo do poder (às custas da destruição de um país inteiro); na Síria, o apoio de outro Hussein (o Barack Obama) a grupos insurgentes contra o (estável, ainda que tirano) regime de  Bashar al Assad, já ceifou centenas de milhares de vidas e gerou a maior crise de refugiados desde o fim II Guerra Mundial.

De toda maneira, o que conta agora é esmagar o Estado Islâmico. Se os ocidentais não conseguirem, espero que os russos sejam mais efetivos. E que essa corja seja riscada da face da terra…

Forças iraquianas anunciam libertação de Fallujah

DW, 26/06/2016

Militares afirmam terem recuperado último bairro ainda em poder do “Estado Islâmico”. Operação para reconquista começou em maio e obrigou 85 mil civis a deixarem a cidade.

Soldados iraquianos exibem bandeira do EI ao contrário em Falluja

As forças iraquianas anunciaram neste domingo (26/06) terem libertado totalmente Fallujah, uma cidade do oeste do Iraque nas mãos do grupo extremista “Estado Islâmico” (EI) desde janeiro de 2014.

 

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Unidos contra o Imperialismo

MaduroQuando a gente pensa que já viu de tudo… Na pátria bolivariana, Maduro estabelece o Dia do Antimperialismo na Venezuela! O pior é que as declarações do governo venezuelano são diretamente contra um outro país, os EUA. Certamente, Barack Obama (e muita gente em Washington) está sem dormir desde ontem, graças às declarações do líder venezuelano. Fico aqui imaginando a repercussão, sobretudo na América Latina, se um Presidente norte-americano fizesse declaração semelhante contra alguma nação desta parte do globo… Ainda bem que é o rato que ruge…

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Declarado el 9 de marzo como Día del Antiimperialismo Bolivariano en Venezuela

Publicado el 31 marzo, 2015

Nicolás Maduro, presidente de la República, anunció este martes que a partir del año 2016, cada 9 de marzo se conmemorará el Día del Antiimperialismo Bolivariano en Venezuela, para honrar la posición patriota del pueblo en contra de las acciones injerencistas de Estados Unidos.

“Los libros de historia lo recordarán presidente Obama, como el que pretendió amedrentar un pueblo y lo que hizo fue levantar el espíritu nacionalista, patriótico y Bolivariano de este pueblo”, puntualizó.

Durante la transmisión del programa “Contacto con Maduro” transmitido desde el estado Falcón, el Jefe de Estado destacó que el mes de marzo representó un tiempo de combate. “A Obama se le ocurrió pasar a la historia un 9 de marzo como el primer Jefe de un Imperio que declara a Venezuela como una amenaza”.

Fonte: http://www.rnv.gob.ve/index.php/declarado-el-9-de-marzo-como-dia-del-antiimperialismo-bolivariano-en-venezuela-audio

OTAN: agora tudo se resolve! (só que não)

nato_summit_2014_fightersAlguém na OTAN descobriu que a organização é uma aliança militar! Pois é, na cúpula realizada no País de Gales (com direito a show de aviõezinhos sobrevoando palanque e soltando fumaça colorida – quero ver fazer isso nos céus da Estônia, da Polônia ou próximo a Kaliningrado), os líderes decidiram pelo envio de uma “força de ação rápida” para garantir a defesa e a integridade territorial dos países-membros do Leste Europeu contra uma agressão externa (leia-se, da Rússia).

Há quem comemore essa atitude da Aliança Atlântica como um “ato de força que conterá o expansionismo de Moscou” e restabelecerá as boas relações no continente. Afinal, é a OTAN, né? Quem ousar se meter com ela terá uma resposta de 28 nações, com um potencial bélico significativo. Ok, só que não consigo acreditar nessa disposição de endurecer com a Rússia – será que Putin acredita? Será que os próprios líderes da OTAN acreditam?

A iniciativa aprovada hoje mais parece uma tentativa de se dissimular a incapacidade de ação. Entendi dois recados aí. O primeiro, para os países do Leste, particularmente os estados bálticos e a Polônia (sempre a Polônia), é uma mensagem para acalmar os nervos daquela gente (afinal, os líderes dali devem estar à base de Rivotril com o risco de “intervenção humanitária” russa): “Não se preocupem! Estamos juntos! Não vão atacar vocês porque sabem que estão sob nosso guarda-chuva! Acalmem-se!” – só que os poloneses já ouviram isso antes, há exatos 75 anos… e estonianos, letões e lituanos sabem o que são quatro décadas de ocupação russa.

Putin-em-desfile-militar-size-598O segundo recado foi para a Rússia: “A OTAN garantirá a defesa e integridade de seus países-membros! Temos garras (apesar de garras com unhas pintadas há algum tempo)! Não mexa conosco!” Só que o outro lado disso é que… a Ucrânia não é membro da OTAN. Portanto, para meio entendedor, fica claro que a Organização não vai dar passos mais largos do que esses contra o Urso. Seria temerário fazer alguma coisa mais incisiva…

Haveria um terceiro recado, este para a Ucrânia: “Vejam bem, a coisa não está boa para vocês. Damos apoio total a seu pleito… exceto apoio militar. Não esperem que encaremos a Rússia para defender russos (tá, ucranianos… mas vocês não são todos soviéticos?!?!?). E tratem logo de negociar a paz e aceitar os termos de Moscou. Tudo vai ficar bem!”.

nato_summit_2014Enfim, a incapacidade da OTAN para gerenciar essa crise me faz lembrar a habilidade da Liga das Nações nos momentos tensos dos anos 1930. E vai acabar com o mesmo destino: virar uma organização só para sustentar sua própria burocracia e com pouca ou nenhuma influência real no mundo. Não dá para desaparecer como o Pacto de Varsóvia. Será portanto, um morto-vivo errante pela política mundial…

É assim que vejo a crise da Ucrânia. Não há líderes ocidentais que tenham coragem de (juntos ou isoladamente) encarar Putin e conter suas pretensões… a não ser, claro, Frau Merkel. Aprendam com essa mulher. Ela é durona e uma boa interlocutora junto aos russos (que conhece bem). Gosto de Frau Merkel. Mas também gosto de Putin. Putin é KGB.

Otan aprova presença militar contínua no Leste Europeu

Deutsche Welle, 05/09/2014 – Link permanente http://dw.de/p/1D7mQ

Diante da atual ameaça representada pela Rússia, líderes acertam criação de nova força de reação rápida e manutenção de tropas nos países orientais da aliança.

Os líderes da Otan aprovaram nesta sexta-feira (05/09), durante cúpula no País de Gales, a criação de chamada força de reação rápida e a manutenção de uma presença contínua no Leste Europeu, onde alguns países-membros estão preocupados com os movimentos russos na Ucrânia. A nova “ponta de lança”, como também é chamada a força de reação rápida, deverá ser formada por milhares de soldados, prontos para entrar em ação em poucos dias.

O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou que a nova unidade enviará uma mensagem clara para potenciais agressores, como a Rússia. “Se você pensar em atacar um aliado, estará de frente com toda a aliança”, declarou ele durante o encerrameno do encontro de dois dias.

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Kiev em duas semanas

Putin (1)A Rússia sempre teve sua História marcada por líderes fortes. Desde Ivã, o Terrível, passando por Pedro I, Catarina, a Grande, Alexandre II, Josef Stálin, para governar o maior país do globo parece que um punho de ferro tem sido o mais conveniente… Os fracos não têm muito espaço naquelas terras – vide o que aconteceu com Nicolau II, homem bom, mas que vacilou em um momento de extrema importância e sacrificou sua dinastia.

Nas últimas três décadas, certamente o nome forte que marcará a História russa é o de Vladimir Putin, ou Vlad, o Terrível. Jogando com ousadia e firmeza uma partida com as grandes potências, Putin tenta recuperar o prestígio da Grande Rússia, aí incluídos  territórios e pessoas que o perdidos desde o colapso da União Soviética. O alvo agora é a Ucrânia… mas, como assinala a reportagem da Deutsche Welle, os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) já colocam as barbas de molho (e devem colocar mesmo!).

“Se eu quiser, ocupo Kiev em duas semanas!” – essa frase, que teria sido dita por Putin ao Presidente da Comissão Européia, Durão Barroso, é bastante elucidativa do que está disposto a fazer o novo czar. E também do que ele pode fazer. Não acho que vá passear pelas ruas da capital ucraniana nos próximos dias… mas, com uma ameaça como essa, pode conseguir mais um pedaço daquele país… Isso é o que se chama “botar um bode na sala”. Claro que tudo vai depender de como reagem os ocidentais.

Putin está jogando. Está testando a União Européia e os EUA. Conhece as fraquezas e vulnerabilidades de seus antagonistas e as suas próprias. Sabe que a Europa continua atemorizada e divida e, realmente, pouco disposta a fazer alguma coisa mais firme pelos ucranianos (que, repetirei sempre, e por mais cínico que isso pareça, estão e sempre estiveram na zona de influência russa). Por outro lado, há sempre a paúra de que a Rússia continue sua expansão rumo a oeste – é um medo atávico, irracional. Não acredito que Putin fosse além das tradicionais fronteiras… soviéticas.

Continuando a análise sobre os antagonistas de Moscou, do outro lado do Atlântico, um líder que parece perdido, e que se revela surpreendentemente fraco e titubeante ao lidar com questões de política externa. Há muito não se via um Presidente dos EUA demonstrando tanta inabilidade ao lidar com os russos (talvez porque seja ela da geração pós-Guerra Fria). Claro que, diante desse quadro, Putin não vacila… e tenta abocanhar o quanto mais puder. Três décadas depois, parece haver uma inversão de papéis no temperamento dos líderes estadunidense e russo. Nos anos oitenta, Reagan era firme e Gorbatchev vacilante (gosto muito de Gorbatchev, que fique claro… e de Reagan).

Interessante que não há como não pensar na Europa do final dos anos 1930, quando britânicos e franceses conduziram uma malfadada política de apaziguamento diante das pretensões de um certo chanceler alemão. Deu no que deu. E, por falar em alemães, a solução para essa crise parece repousar cada vez mais na habilidade política da única entre os líderes europeus que ainda se mantém firme: Frau Merkel. Ainda bem que Frau Merkel está lá. Como alemã oriental, a Chanceler conhece bem os russos e conhece Putin. Sabe como Putin joga e, de fato, resta como a esperança do Ocidente para, como diria Garrincha, “negociar com os russos”. Se isso não acontecer, o tempo continuará nublado e cada vez mais sujeito a chuvas e trovoadas.

Gosto de Frau Merkel. Gosto de Putin. Putin é KGB.

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Putin: “Se eu quiser, ocupo Kiev em duas semanas

Líder russo teria feito ameaça ao presidente da Comissão Europeia durante telefonema momentos antes da cúpula da UE, segundo jornal italiano. Merkel adverte que não se pode confiar no Kremlin.

Philip Verminnen – Deutsche Welle, 01/09/2014 – Link permanente http://dw.de/p/1D52c

“Se eu quiser, ocupo Kiev em duas semanas.” Em meio ao agravamento da crise no leste ucraniano, a frase teria sido dita pelo presidente russo, Vladimir Putin, ao presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso, em conversa telefônica.

A informação é do jornal italiano La Repubblica. Barroso comunicou o ocorrido aos chefes de Estado e de governo presentes na cúpula da União Europeia, em Bruxelas, no último sábado (01/09). Continuar lendo

Melhor não…

kissingerNeste clima de antagonismo entre EUA e Rússia, fomos buscar um documento da década de 1970 a respeito da possibilidade de conflito entre Estados Unidos e União Soviética (para quem chegou há pouco, ou nasceu depois de 1991, a União Soviética era a Rússia com armadura vermelha do Homem de Ferro). Em um momento de grande tensão, o então assessor do Presidente Richard Nixon, o genial Henry Kissinger (ícone e patrono de todos nós realistas em Relações Internacionais) aconselhou o Governo redirecionar sua estratégia de guerra nuclear de uma política de retaliação massiva para ataques nucleares limitados, porém com efeitos militares decisivos para alcançar os objetivos políticos, ou seja, “fazer o inimigo parar”. Afinal, os soviéticos já dispunham de um poder de destruição total do planeta tão ou mais estupendo que o dos EUA, e um conflito direto entre os dois países sob uma perspectiva de um grande ataque em larga escala com os foguetões intercontinentais significaria um único resultado: a famosa destruição mútua assegurada (MAD em inglês).

Vale a pena conferir os documentos. A propósito, o memorando sobre a conversa com Kissinger pode ser acessado clicando aqui. Chamo atenção para os trechos que ainda permanecem protegidos pelo sigilo. Sempre falo sobre isso em minhas aulas. Vejam como eles são dispostos no texto. Só no Brasil que nós temos uma lei de acesso à informação que desclassifica tudo irresponsavelmente por decurso de prazo…

Nixon BreshnevAí você, meu caro leitor, me pergunta: e o que eu tenho a ver com isso? Se você for estudante ou estudioso de Relações Internacionais, História, Inteligência ou Estratégia, recomendo a leitura desses documentos, muitos deles desclassificados há pouco. Se você não liga para nada disso, ressalto que ao menos deveria estar atendo à situação do mundo e lendo nosso site (e curtindo nossa fanpage no Facebook, por favor), pois a notícia triste é que, apesar de estar sem a sua armadura de Homem de Ferro bolchevique, a Rússia continua com uma capacidade destrutiva espetacular e mantém seus arsenais nucleares… Se o mundo entrar em uma guerra nuclear, nós estamos nele (você, inclusive, caro leitor) e nossa batatinha literalmente irá assar… Melhor não brigar com a Rússia, porque senão sobra para o mundo. Ah, e quem governa o urso é Putin. Gosto de Putin. Putin é KGB.

“Ok, mas isso não me interessa!”, dirá você! Então não leia este blog, volte para dentro do formigueiro e vá se entreter com a Valeska Popozuda que você faz melhor…

Segue matéria da Federation of America Scientists sobre o tema, com um monte de links para documentos interessantes sobre Guerra Fria espionagem…

Ah! E curta nossa fanpage clicando aqui!

US President Barack Obama (R) listens to

SECRECY NEWS
from the FAS Project on Government Secrecy
Volume 2014, Issue No. 27
April 3, 2014
 

“TOO MILD A NUCLEAR OPTION”? NATIONAL SECURITY IN THE 1970s

U.S. nuclear weapons strategy evolved during the Nixon administration from a reflexive policy of massive retaliation against a Soviet attack to a diverse range of options for more limited nuclear strikes. The transition was not without some bumps.

A declassified 1974 memo recorded that National Security Adviser Henry
Kissinger at first needed some persuading about the efficacy of limited
strikes.

http://www.fas.org/man/eprint/frus-toomild.pdf

Kissinger “expressed concern that many of the options appeared to him as
too timid. He judged that nuclear use must have a decisive military effect
in order to achieve the desired political goal– convince enemy to stop.”

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Amigos, amigos, negócios…

Reportagem da Spiegel sobre “indisposições” no seio da OTAN, algumas delas associadas à conduta dos EUA com relação a seus aliados… Recomendo a leitura, sobretudo a meus alunos de Relações Internacionais que ainda achem que o mundo é feito de flores..

Daqui a pouco Putin propõe uma aliança no estilo Pacto de Varsóvia para atrair os povos do Leste (claro que com todos sabendo quem manda e quem pode o quê)…

Belgium NATO Ukraine

SPIEGEL ONLINE
03/06/2014 04:48 PM

Whither NATO? Difficulties in the Trans-Atlantic Relationship

An Op-Ed by Secretary William Cohen and General James Jones

Revelations about NSA spying and an unequal sharing of military burdens has cast a recent shadow over the trans-Atlantic relationship. But NATO remains just as important as ever. It is time for all alliance members to recognize that fact.

During the course of more than three decades, in our public service and private capacities, we have regularly attended the Munich Security Conference, formerly known as Wehrkunde.

The Conference initially consisted of a small group of military experts from the United States, Canada and Western Europe who discussed issues involving the threat posed by the former Soviet Union. Today, the Conference includes representatives from the business, diplomatic and military communities from all of Europe, Russia and Asia who examine the new threats posed by terrorists, religious extremists, nuclear proliferation, cyber warfare and organized crime.

Although the US delegation to the Conference included 15 members of Congress and a joint appearance by Secretary of State John Kerry and Secretary of Defense Chuck Hagel we detected the “brooding omnipresence” of a discontent for the United States that contained a whiff of anti-Americanism.

This dark overhang is due in part to Edward Snowden’s revelations about NSA’s collection activities, but it is coupled with a perception that the United States is withdrawing its interest from vast areas of the globe, including Europe, a feeling partly fueled by the “Pivot Towards Asia” declaration announced in Washington. While nothing could be further from the truth, perceptions can become reality when not effectively rebuffed by evidence to the contrary. There also seems to be a little too much enthusiasm to link this perception with the increasingly popular notion of a general “American decline”, something we have heard about in every decade since 1945. Continuar lendo

Mobilização e “Atos de Guerra”

ukranian presidentHá muito não vivíamos momentos de tamanha tensão… O Primeiro-Ministro ucraniano declarou mobilização total de suas (frágeis) forças armadas. Disse, ainda, que considera as ações de Moscou uma “declaração de guerra” – termos fortes, ainda mais em um momento de tamanha crise… 

A Crimeia já está ocupada pelos russos, e as lideranças locais declaram-se sob a proteção de Moscou (isso lembrou-me muito a situação em Dantzig, em agosto de 1939). Para complicar mais, o novo comandante da força naval ucraniana, empossado há dois dias, acabou de manifestar lealdade à Rússia e criou-se a “frota da Crimeia” com as naus que estavam em Sebastopol (ao lado da frota russa do Mar Negro) – ontem, eu disse aqui que isso logo poderia acontecer.

_73313166_76e8d616-6be8-4613-9a31-741d2fd20c38No Ocidente, a OTAN repudia a ofensiva russa… mas, por enquanto, fica só em palavras. O problema é que logo a Aliança Atlântica pode-se ver obrigada a agir, com fundamento no acordo de segurança firmado com Kiev há alguns anos. Situação muito parecida com a de Grã-Bretanha e França com relação à Polônia às vésperas da II Guerra Mundial. O apaziguamento tem limites…

Da parte de Washington, John Kerry também usou termos fortes, sobretudo quando vindos de um Secretário de Estado: falou em “atos de agressão” dos russos, dando sinal de que os norte-americanos já estariam considerando a tradicional justificativa “moral” para agir ou para pressionar Moscou mais ainda. O Kremlin, por sua vez, permanece inabalável na defesa dos interesses russos em sua natural área de influência. Parecem tempos de Guerra Fria… Só que Obama não é Kennedy, e tampouco Putin é Krushev. As próximas horas serão decisivas.

ukraine-crisisMobilização, ameaças, segurança coletiva, alianças militares, intervenções militares, atos de guerra, declaração de guerra. Na condição de historiador, fica difícil saber em que época estamos.

Segue matéria muito interessante da Reuters sobre o desenrolar da crise…

Ukraine mobilizes after Putin’s ‘declaration of war’

Photo
4:36pm EST
Reuters – By Natalia Zinets and Alissa de Carbonnel

KIEV/BALACLAVA, Ukraine (Reuters) – Ukraine mobilized for war on Sunday and Washington threatened to isolate Russia economically, after President Vladimir Putin declared he had the right to invade his neighbor in Moscow’s biggest confrontation with the West since the Cold War.

“This is not a threat: this is actually the declaration of war to my country,” Ukraine’s Prime Minister Arseny Yatseniuk said in English. Yatsenuik heads a pro-Western government that took power when the country’s Russia-backed president, Viktor Yanukovich, was ousted last week. Continuar lendo

A águia observa

Os EUA estão fazendo seu papel, instando a Moscou a retirar os soldados russos disfarçados de soldados russos da Crimeia e a buscar uma solução pacífica para a crise da Ucrânia. Poderia ser diferente? A alternativa é uma confrontação com o Urso, que não é a Líbia, a Síria ou mesmo o Iraque. De fato, a Rússia é a Rússia e, para os incautos, é governada por Vladimir Putin (gosto de Putin, Putin é KGB). Assim, Washington está em situação bastante delicada se considerar qualquer movimento mais incisivo… Não obstante, se não fizer nada, Obama passa a imagem de fraco e de incapaz de defender os interesses de aliados quando o adversário realmente importa.

Cedo demais para pensar em conflito? Naturalmente. Afinal, é a Administração Obama! São os democratas na Casa Branca (e pode ser com isso que o Kremlin esteja contanto e apostando suas fichas). Diante do quadro, não consigo deixar de lembrar que, se não estiver enganado (não fui conferir), nos últimos cem anos, das guerras em que os EUA participaram diretamente, ou acabaram envolvidos e tiveram que usar a força, à exceção das duas Guerras do Golfo, todas ocorreram em administrações democratas… Pois é…

Kerry, Hagel, Dempsey Testify on Use of Force in Syria

Crise da Ucrânia: EUA ameaçam Rússia

O secretário de Estado norte-americano John Kerry pediu a Rússia para retirar imediatamente suas tropas e a aceitar a intermediação internacional na Ucrânia. Continuar lendo

Tambores de guerra

soldier russian crimeaPrimeiro-ministro da Criméia solicita proteção a Moscou. Soldados russos disfarçados de soldados russos estão em território ucraniano e ocupam posições-chave. O Senado russo já autorizou Putin a uma ação militar na Ucrânia. Kiev decreta mobilização geral das Forças Armadas. Ocidentais esbravejam, criticam o Kremlin, instam Putin a conter-se, mas estão realmente preocupados em não atiçar tanto o Urso que se movimenta em seu território, buscando a presa em sua área de caça (ou, como diriam os internacionalistas, em sua zona de influência)….

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Não estou dizendo que haverá guerra. Afinal, em pleno século XXI, em território europeu e envolvendo grandes potências – inclusive potências nucleares -, um conflito assim poderia ser realmente de consequências extremamente desastrosas não só para europeus, russos ou estadunidenses… Não estou dizendo que haverá guerra, pois o que se vê agora são as peças dispostas em um grande tabuleiro, com jogadores/oponentes habilidosos, experientes e pragmáticos – como deve ser.

Não estou dizendo que haverá guerra. Essa não seria a saída racional da crise. Entretanto, a História ensina que em situações de significativa tensão – e a presente é uma delas – por mais racionalmente que se opere, podem acontecer variáveis inesperadas e eventos secundários, de menor importância no grande jogo, mas que funcionam como estopim para um conflito. Sim, há sempre os insignificantes acontecimentos que podem servir de estopins, de gatilhos para o pior. O deus da guerra é muito habilidoso nesses assuntos e vela por seus filhos…

bandeiras rasgadas ucrania russiaNão estou dizendo que haverá guerra. Porém, como já comentei aqui em Frumentarius, o clima está muito semelhante àquele das semanas que antecederam a invasão da Polônia pela Alemanha, em 1º de setembro de 1939: interesses de grandes potências em xeque, territórios ameaçados, um país menor no meio do jogo, feras mostrando os dentes, mobilização de tropas, trocas de advertências… E isso aconteceu há 75 anos… Ademais, com as coincidências que fazem do mundo um lugar fascinante, 2014 é o ano do centenário do início da I Guerra Mundial, a Grande Guerra – que começou, por sinal, com um evento secundário…

O clima no planeta está tenso. No Brasil, é Carnaval. Ziriguidum…

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Autoridades da Crimeia pedem a Putin que garanta a paz

Voz da Rússia, 01MAR2014 – http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_03_01/autoridades-da-crimeia-pedem-a-putin-garantir-paz-7438/

Serguei Aksenov, primeiro-ministro da Crimeia, emitiu na manhã deste sábado uma declaração urgente. Ele apela ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, pedindo assistência para assegurar a paz e a estabilidade no território da república autônoma. Continuar lendo

De volta…

Depois de cerca de dois meses inativo aqui no site (exatamente devido aos inúmeros compromissos do mundo real), estamos de volta para comentar sobre “um pouco de tudo”! Sei que não é positivo ficar tanto tempo sem escrever em Frumentarius, e que isso provoca redução no número de leitores [não tenho como calcular, mas talvez se tenha reduzido pela metade… de toda maneira, ainda se mantêm 4 ou 5 de nossos caríssimos e fiéis leitores! (+ a NSA e o Obama)]…

Vamos ver se consigo retomar o ritmo de outrora! Afinal, o mundo continua interessante de ser comentado! Em termos internacionais, voltaremos a tratar da Síria (pois é, ainda está lá, sabiam?), da Venezuela surreal, das relações entre grandes potências, como a Mãe Rússia e seu Czar (gosto do Putin; Putin é KGB), das desventuras de seu colega menos poderoso (hehehehe) em tentar justificar a espionagem contra outros líderes mundiais, e os problemas dos BRICS…

Apesar de não tratar de política interna, também pretendo trazer alguns comentários sobre a maneira como Pindorama é impulsionado para o fundo do poço (Gramsci explica) e, expressamente, sobre o descaso com que nossa Defesa, nossa Segurança e, sobretudo, nossa Inteligência são tratadas por aqueles que deveriam gerir a coisa pública.

E, claro, retomaremos nossos posts sobre assuntos tremendamente interessantes e positivos, como a causa monárquica, as descobertas da ciência e a História mundial e do Brasil. 

Agradecendo novamente a minha querida mamãe (que me garantiu, provavelmente, 80% dos cerca de 150 acessos diários nesses meses parado) e ao conjunto dos meus queridos 6 leitores, retomo as atividades de Frumentarius! Avante!

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El viaje de la Presidenta

Noticia acerca de la decisión de nuestra Presidenta, Dilma Rousseff, de cancelar el viaje a los Estados Unidos, con mis comentarios acerca de lo que considero más un gran error de la política externa brasileña…

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El Colombiano – Internacional | Publicado el 18 de septiembre de 2013

Desplante de Rousseff es un acto político

La decisión de congelar el viaje a E.U. es un duro golpe para las relaciones entre las dos mayores economías de América.

Este año el presidente Barack Obama no brindará con un aliado en una cena de Estado en la Casa Blanca. La única cita de esta envergadura que estaba planeada para el 2013 fue pospuesta por la invitada de honor y presidenta de Brasil, Dilma Rousseff, en un histórico desplante que marca el momento más difícil en la relación entre las dos mayores potencias políticas y económicas del hemisferio en años.

Las razones de la presidenta son contundentes: según ella, Washington no ofreció respuestas satisfactorias a informaciones de la prensa que revelaron que la Agencia de Seguridad Nacional (NSA) espió a ciudadanos brasileños, incluyendo a la mandataria. 

“Las prácticas ilegales de interceptación de las comunicaciones y datos de ciudadanos, empresas y miembros del Gobierno brasileño constituyen un hecho grave, que atenta contra la soberanía nacional y los derechos individuales, y es incompatible con la convivencia democrática entre países amigos”, dice la líder en el comunicado oficial. 

El documento también sostiene que “en ausencia de una investigación de lo ocurrido, con las correspondientes explicaciones y compromiso de cesar la interceptación, no están dadas las condiciones para la realización de la visita”, prevista para el 23 de octubre.

La decisión de Rousseff se suma a las secuelas internacionales que han dejado en Obama las revelaciones de los programas de espionaje y que también le han costado, hasta hoy, persecuciones intensas en Europa, donde son celosos de la privacidad. 

Y es que documentos secretos filtrados por el exanalista estadounidense de inteligencia Edward Snowden también mostraron que la NSA intervino la red informática de la petrolera estatal brasileña Petrobras y que recabó datos de millones de correos electrónicos y llamadas telefónicas hechas en Brasil, un importante nodo de conexiones de fibra óptica trasatlánticas. Las revelaciones se suman a un añejo recelo en el país sudamericano sobre el gobierno estadounidense. 

Después de conocer el descontento de la presidenta Rousseff, la Casa Blanca señaló que Obama “entiende y lamenta” la decisión brasileña y que ordenó una investigación sobre las acciones de los aparatos de inteligencia, la cual tomará varios meses para ser concluida. 

El texto divulgado por el gobierno estadounidense plantea que Obama espera recibir a Rousseff en una fecha que sería decidida en forma conjunta y que otros mecanismos de cooperación continuarán, como los diálogos bilaterales sobre política, energía y defensa. 

Aunque analistas brasileños consideraron que dejar la visita en pie, sin llegar a cancelarla, le da a Rousseff la oportunidad de mantener abierto el diálogo con Estados Unidos y discutir con Obama las preocupaciones por el espionaje, Joanisval Brito Goncalves, asesor del Senado en asuntos internacionales, afirmó que lo más conveniente es que Rousseff haga la visita.

“Hace 20 años no tenemos un jefe de Estado en Estados Unidos para una visita como esa, es el momento para fortalecer el diálogo, no para cerrar las puertas”, dijo el analista.

Una visita de Estado es la mayor acogida diplomática que un líder extranjero puede recibir en Washington, con más categoría que una visita oficial común. La de Rousseff era la única prevista por Obama este año, la primera de un presidente brasileño en casi dos décadas. 

En lo que lleva en la Presidencia, Obama ha ofrecido seis cenas de Estado: a la India en 2009, a México en 2010, a China, Alemania y Corea del Sur en 2011 y a Gran Bretaña el año pasado. Con estos antecedentes, Brito Goncalves dijo a The Associated Press que Brasil “no puede enterrar la cabeza en la arena” y evitar el contacto con Estados Unidos. Continuar lendo

A que foi sem nunca ter ido…

dilma obamaReportagem que saiu em vários jornais e sites pelo mundo (feita pela AP), com um trecho em que comento o cancelamento da viagem da Presidente Dilma aos Estados Unidos. A meu ver, erro crasso de política externa… Logo escreverei um artigo sobre o assunto…

RIO DE JANEIRO (AP) — Brazilian President Dilma Rousseff on Tuesday postponed a state visit to the U.S. to protest an American spy program that has aggressively targeted the Latin American nation’s government and private citizens alike.

Rousseff was to be honored with a state dinner next month, an event meant to highlight strengthening ties between the Western Hemisphere’s two biggest nations.

Instead, revelations of the National Security Agency’s spy program and Rousseff’s dissatisfaction with the U.S. response to questions about the espionage made it impossible to continue with that trip for now, her office said in a statement.

“Given the proximity of the scheduled state visit to Washington and in the absence of a timely investigation … there aren’t conditions for this trip to be made,” the statement read. “The Brazilian government is confident that when the question is settled in an adequate manner, the state visit can quickly occur.”

The decision comes after a series of reports on Brazil’s Globo TV gave details about the NSA program’s efforts in Brazil.

American journalist Glenn Greenwald, who is based in Rio de Janeiro and broke the story of the NSA espionage program after obtaining leaked documents from Edward Snowden, has worked with Globo on its reports.

They have included revelations that Rousseff’s communications with aides were intercepted, that the NSA hacked the computer network of state-run oil company Petrobras, and that the NSA scooped up data on billions of emails and telephone calls flowing through Brazil, an important hub for trans-Atlantic fiber optic cables.

Rousseff has crafted a pragmatic foreign policy more in line with U.S. views than that of her predecessor and political mentor Luiz Inacio Lula da Silva,

She has distanced Brazil from sticky issues such as the Middle East peace process and the Iranian nuclear program, and has shown renewed interest in making a lucrative fighter jet purchase from Boeing rather than the company’s French or Swedish rivals.

However, Rousseff is facing a re-election fight next year that became more competitive after nationwide anti-government protests in June, with Rousseff drawing much of the demonstrators’ ire. She has since bounced back in the polls, but cannot afford to look weak in the face of a U.S. spy program that has angered Brazilians and added to longstanding suspicions about the American government here.

“The main objective (of Dilma’s decision) is political and involves her re-election next year,” said David Fleischer, a political scientist at the University of Brasilia. “By standing up to the U.S. cyber-espionage, it’ll help her popularity and increase her standing in the polls.”

Fleischer said he doesn’t think the longer-term relationship between Brazil and the U.S. is in serious danger because of the spying and Rousseff’s decision to delay her visit, but it will affect a series of decisions.

Perhaps the most pressing is a long-delayed decision by Brazil’s government on a $5 billion fighter jet purchase, a decision that will bolster military ties between Brazil and whichever nation’s plane is chosen.

Former Brazil leader Silva reportedly favored buying the 36 fighter jets from France’s Dassault company, but Rousseff had shown more favor for the Boeing’s F-18 Super Hornet. Brazil is also considering Sweden’s Saab AB for its Gripen NG jet.

Aides to Rousseff have told local media that it would now be hard to justify choosing the Boeing jets in the wake of espionage revelations.

However, Joanisval Brito Goncalves, a foreign affairs assistant to Brazil’s senate, said Rousseff is missing an opportunity by not making the trip to the U.S, even if only to ratchet up pressure on Obama.

“It’s been 20 years since we’ve had a head of state in the U.S. for a visit like this, it’s the time to strengthen dialogue, not to close doors,” Goncalves said. “This would’ve been a good opportunity to speak with Obama about (the spying).

He added that the Brazilian government “cannot bury its head in the sand” and avoid dialogue with the U.S., and that “it’s foolhardy not to recognize the importance of this trip.”

The White House portrayed the postponement as a joint decision reached by Obama and Rousseff and finalized Monday evening in a phone call.

White House spokesman Jay Carney said both Obama and Rousseff agree that no single issue should overshadow the important relationship between the U.S. and Brazil.

“They both look forward to that visit, which will celebrate our broad relationship,” Carney said. “We’re certainly acknowledging the concerns that these disclosures have generated in Brazil and other countries.”

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Bradley Brooks on Twitter: http://www.twitter.com/bradleybrooks

http://www.usnews.com/news/world/articles/2013/09/17/brazil-leader-postpones-trip-to-us-over-spying

Moscou salva reputação de Obama

Estava para publicar essa notícia aqui desde quarta. Divirto-me com as manchetes da Voz da Rússia. Gostei muito desta que segue…

Reitero, Grande Potência é Grande Potência. E é muito interessante, para qualquer um que goste de relações internacionais, acompanhar como se dá esse jogo entre as Potências. Isso é alta política.

Pelo visto, os EUA perderam essa rodada. Gosto dos EUA. Mas também gosto de Putin. Putin é KGB.

Iniciativa de Moscou salva reputação de ObamaRússia, EUA, Síria

 © Colagem: Voz da Rússia

Depois da divulgação de provas irrefutáveis sobre a inocência de Assad relativamente ao ataque com armas químicas, Barack Obama foi obrigado a considerar a proposta da Rússia de as armas químicas sírias ficarem sob supervisão internacional. Obama declarou a sua intenção de aguardar os resultados da investigação da ONU e pediu ao Congresso para que este adie a sua votação. Mas ele mantém, contudo, a sua opinião que “um ataque contra a Síria é do interesse nacional dos EUA”. Isso foi afirmado por Obama no seu discurso aos americanos. Continuar lendo

Feliz Aniversário, Bashar!

Como já havia assinalado no post anterior, lembro que 11 de setembro é aniversário do líder sírio. A vida é feita de coincidências, diriam uns. Só espero, sinceramente, que os Estados Unidos não resolvam enviar um presente a Assad. Ninguém ganhará com isso e muitos perderão.

Assad aniversario

Exame.com – 11/09/2013 09:04

Assad celebra aniversário sem afastar perspectiva de ataque

O presidente sírio, Bashar al-Assad, completa 48 anos nesta quarta-feira sem ter conseguido afastar a perspectiva de ataques militares

Damasco – O presidente sírio, Bashar al-Assad, completa 48 anos nesta quarta-feira sem ter conseguido afastar a perspectiva de ataques militares, defendidos por Estados Unidos e França, que o acusam de ter utilizado armas químicas contra civis.

Um site pró-regime pediu aos moradores de Damasco que demonstrem apoio ao chefe Estado em um cortejo de veículos que partirá do bairro de Mazeh e prosseguirá até o centro da cidade. Continuar lendo

Rugidos do rato…

11 de setembro, entre outras coisas, é aniversário de Bashar Al-Assad.

Em meio à crise síria, uma manifestação do Extremo Oriente certamente fará Obama repensar suas ações na região… Depois dessa não há mais qualquer possibilidade de guerra… (Só que não…)

Kim Jong-un felicita Bashar Assad pelo seu 48º aniversário

A Voz da Rússia, 11/09/2013
 
Kim Jong-un felicita Bashar Assad pelo seu 48º aniversário

 

O povo da Coreia do Norte “continuará a apoiar e expressar solidariedade com o governo e o povo da Síria, que estão lutando, de modo justo, em defesa da soberania e da segurança do país”, diz-se em um telegrama de felicitações enviado hoje pelo presidente da Comissão de Defesa Nacional, Kim Jong-un, ao presidente sírio, Bashar al-Assad, por ocasião do seu aniversário.

O chefe de Estado sírio completa hoje 48 anos. O líder supremo da Coreia do Norte desejou-lhe “boa saúde e sucesso em seu importante trabalho”.

http://portuguese.ruvr.ru/news/2013_09_11/Kim-Jong-un-felicita-Bashar-Assad-pelo-seu-48-anivers-rio-1471/

Jogada de Mestre!

Apenas uma expressão para definir a última manobra russa na crise da Síria e diante da ameaça franco-estadunidense de atacar o país árabe: ‘”aula de Política Externa!”

Bem que podíamos aprender com Moscou como atua uma Grande Potência! Pazdravliayu, Tavarich Putin! Pazdravliayu, Tavarich Lavrov!

Russia Siria

RIA Novosti

Russia, Syria Back Call for International Control of Syrian Chemical Weapons

21:47 09/09/2013

Russia on Monday threw its backing behind a proposal that Syria’s chemical weapons be put under international control, leading Damascus to say it “welcomes the … initiative” if it would indeed help prevent a US strike on the war-torn country – a suggestion floated by Washington earlier in the day.

 MOSCOW, September 9 (RIA Novosti) – Russia on Monday threw its backing behind a proposal that Syria’s chemical weapons be put under international control, leading Damascus to say it “welcomes the … initiative” if it would indeed help prevent a US strike on the war-torn country – a suggestion floated by Washington earlier in the day.

Russian Foreign Minister Sergei Lavrov told reporters in Moscow that “if putting chemical weapons in that country [Syria] under international control would prevent strikes, we’re immediately beginning to work with Damascus,” and that a proposal had already been passed on to Syria’s Foreign Minister Walid Muallem. Lavrov and Muallem had met earlier on Monday, though it was not clear when or whether they discussed the proposal.

Muallem, in turn, said that Syria “welcomes the Russian initiative” and is “confident in the wisdom of the Russian leadership, which is trying to prevent American aggression against our people,” according to a Russian translation of the Arabic.

Earlier in the day, US Secretary of State John Kerry said Washington could refrain from attacking Syria if Damascus turns over “every single bit” of its chemical weapons to the international community within a week.

 However, a US State Department spokesperson later said Kerry was “making a rhetorical comment,” Reuters reported.

The text of the Russian proposal was not made public, but Lavrov said: “We are calling on the Syrian leadership not only to agree to the placement of chemical weapons storage sites under international control, but also to [their] eventual destruction, and to full accession to the Organization for the Prohibition of Chemical Weapons.”

The United States has accused the regime of Syrian President Bashar Assad of using chemical weapons against civilians.

Most recently, Syrian rebels said the Assad regime was behind an August 21 chemical attack in a Damascus suburb that killed between 355 and 1,700 people; the United States has backed that allegation and is contemplating a retaliatory attack on Syrian government targets.

Assad has said the use of chemical weapons was a provocation by the insurgents, a stance supported by Moscow.

Syria is one of five UN member states that have not signed the 1993 Chemical Weapons Convention outlawing chemical weapons. The other four are Angola, Egypt, North Korea and South Sudan. (Israel and Myanmar have signed but not ratified the convention.)

Forcas ocidentais ataque siria

Razões para a guerra…

Depois da brilhante jogada russa no tabuleiro global envolvendo a questão síria (os dirigentes de Moscou estão-se revelando grandes estrategistas!), o Presidente Obama parece continuar buscar motivos para derrubar o regime de Assad. Isso não é nada bom… Ainda tentando entender o ímpeto do Mandatário estadunidense para desencadear o conflito…

De toda maneira, seria no mínimo irônico um presidente dos Estados Unidos com nome muçulmano e ganhador do Nobel da Paz (lembram disso?) desencadear uma ofensiva militar contra um país árabe por volta do 11 de setembro… Pergunto-me o que George W. Bush estaria pensando disso tudo…

Continuo sem a convicção de que o ataque com armas químicas (se realmente aconteceu) se deu a mando de Assad…

Obama_discurso_Siria

RIA Novosti

Obama Argues for Force in Syria, Says Russian Plan Still in Play

07:28 11/09/2013

In a nationwide televised address Tuesday night, US President Barack Obama argued for a punitive military strike against Syria over its alleged use of chemical weapons, though he said he is working with Russia on a proposal to defuse the situation by securing Syria’s chemical weapons stockpiles.

 WASHINGTON, September 10 (RIA Novosti) – In a nationwide televised address Tuesday night, US President Barack Obama argued for a punitive military strike against Syria over its alleged use of chemical weapons, though he said he is working with Russia on a proposal to defuse the situation by securing Syria’s chemical weapons stockpiles.

“If we fail to act, the Assad regime will see no reason to stop using chemical weapons,” Obama said in his 15-minute speech from the ornate East Room of the White House. “As the ban against these weapons erodes, other tyrants will have no reason to think twice about acquiring poison gas and using them.” Continuar lendo

Não provoquem o Urso…

putin_medvedev_0229Apenas para corroborar o que disse sobre o papel de Moscou na crise síria. Se os EUA realmente decidirem por derrubar o regime de Assad, terão que contar, no mínimo, com a simpatia russa… Porém, ao dizer que pretende consultar o Congresso, Obama poderia estar demonstrando que não tivera grandes êxitos em um contato de bastidores com o Kremlin… Será que Washington ousaria desencadear uma ação militar contra Damasco à revelia de Moscou? Sempre bom lembrar quem governa a Rússia…

RIA Novosti

US Strike on Syria Inadmissible, Even if ‘Limited’ – Moscow

03:39 31/08/2013
A military strike on Syria not sanctioned by the UN Security Council would be inadmissible no matter how “limited” it is, the Russian Foreign Ministry said on Friday.

 MOSCOW, August 31 (RIA Novosti) – A military strike on Syria not sanctioned by the UN Security Council would be inadmissible no matter how “limited” it is, the Russian Foreign Ministry said on Friday.

US President Barack Obama said earlier in the day that a potential military strike on Syria would be a “limited” operation aimed at punishing the Syrian government for achemical weapons attack it allegedly carried out last week.

“Any unilateral military sanction bypassing the UN Security Council, no matter how “limited” it is, will be a direct violation of the international law, [it will] undermine the possibility to solve the conflict in Syria by political and diplomatic means, [and] bring about a new round of confrontation and casualties,” Russian Foreign Ministry Spokesman Alexander Lukashevich said in a statement late on Friday. Continuar lendo

Apocalipse Now… in Syria

assad_obamaMuita gente tem-me perguntado sobre a crise na Síria e a provável intervenção estadunidense no país do Oriente Médio. Desde que começou o Levante (como sempre chamei a tal da “Primavera Árabe”), há dois anos, tenho dito que a Síria é muito distinta dos demais Estados que passaram pelas revoltas populares, seja a Líbia de Kadafi, seja o Egito de Mubarack… Tanto por sua posição geográfica, quanto pelas características do regime e de seu líder, ou ainda pelos seus estreitos vínculos com grandes potências como Rússia e China e aliados como o Irã e o Hesbollah, o caso sírio é bem mais complexo do que muitos “experts” têm dito.

Assad_quadroNestes dois anos tenho assinalado que Bashar Hafez-al-Assad não é um simples ditadorzinho de país em desenvolvimento, e que dificilmente deixaria a Presidência da Síria pelas manifestações da oposição. Assad estaria mais para déspota esclarecido.  Seu pai assumiu o poder na Síria quanto ele tinha cinco anos de idade – natural que desde cedo já houvesse a possibilidade de ser preparado para uma sucessão. Estudou em Londres, conhece o Ocidente, e muito distante está de um líder beduíno que ocupa o palácio de dia e à noite vai para sua tenda, ou de um coronel que herda o poder de outros coronéis. É, verdadeiramente, uma liderança em seu país e conta com apoio de parte da população.

Ademais, contra Assad se rebelaram grupos distintos, inclusive alguns associados à Al-Qaeda. Ou seja, ele é, ao menos, a opção conhecida no governo do país. Difícil identificar quem poderia assumir o poder em seu lugar ou mesmo se os rebeldes não continuariam a luta fratricida, permanecendo a instabilidade.

assad putin Também desde cedo assinalo que qualquer investida militar contra a Síria teria que contar com a aquiescência de Moscou. O país é área de influência russa – vale lembra que a maior base naval russa em águas quentes é na Síria – e está muito próximo do território da antiga União Soviética para que Putin deixe de acompanhar muito de perto e com grande interesse os acontecimentos e muito menos uma ação militar ocidental. Tenho comentado, ainda, que Assad cairá quando perder o apoio de Moscou.

Falando ainda da Rússia, interessante tem sido a orientação do Kremlin na crise. Sempre manteve o apoio a Damasco, apoio esse que se evidenciou nas últimas declarações sobre os ataques com armas químicas e nas intervenções no Conselho de Segurança da ONU. Nesse ponto, conta com o apoio de Pequim que, no mínimo, não tem interesse em ver aumentada a influência ocidental na região.

Note-se, além disso, que a relação entre Washington e Moscou tem-se mostrado mais tensa nos últimos meses. Algumas vezes se falou sobre uma nova Guerra Fria (ao menos em certos discursos do Governo russo isso foi expressado). O caso Snowden contribuiu para o aumento da tensão, inclusive com o cancelamento de reuniões de cúpula entre Obama e Putin. Os russos aumentaram a presença na Síria e continuam fornecendo armas a Assad. O recado de Moscou, claro desde sempre, mas somente agora percebido por muitos “especialistas” é: “não brinquem no meu quintal sem me consultar”.

syria protest1Entretanto, apesar dos avisos, Obama parece particularmente interessado em uma ação militar contra a Síria e em tirar Assad do poder – ou isso, ou tem-se aí um grande blefe por parte de Washington! E o pior é que encontra resistência em casa, e também entre seus aliados tradicionais. David Cameron, por exemplo, já retrocedeu na ideia de tomar parte diretamente na intervenção na Síria. Até mesmo Israel não se mostra entusiasmado com os tambores de guerra – claro! além do primeiro alvo de contra-ataques, os israelenses já conhecem (e bem) o atual governo Sírio e seu líder, e temem quem poderia sucedê-lo (no Egito, como também já havia assinalado aqui neste site, a experiência não foi das mais felizes).

Bom, alguns diriam, a intervenção militar conta com o apoio de Hollande… Do social-democrata Hollande? Do líder forte e altivo Hollande? Alguém pode me dizer quantas guerras a França venceu nos últimos 150 anos?

Mas, e se os EUA, contrariando seus principais aliados, desafiando Moscou e Pequim, e provocando Teerã, resolverem atacar a Síria? Bom, um conflito tradicional, como na invasão do Iraque, acho improvável. O país sofrerá ataques aéreos e aumentar-se-á o apoio aos rebeldes, mas não acho que Obama arriscaria mandar soldados estadunidenses para este novo teatro de operações. Se, contra todas as expectativas, assim o fizer, pode correr o risco de encarar o que dois democratas que o antecederam tiveram que enfrentar quando decidiram por incursões militares na Ásia – a total surpresa e o desgaste com um conflito prolongado. Falo de Truman na Coréia e Lindon Johnson no Vietnã.

Uma característica da guerra – e qualquer polemólogo iniciante sabe disso – é que se conhece muito bem como ela começa, mas como terminará é sempre uma incógnita. No caso da Síria, se os russos mantiverem o apoio a Assad, o conflito pode se prorrogar… E, havendo a intervenção por terra, será que poderia ocorrer uma nova Coréia (com soldados iranianos e libaneses combatendo ao lado dos sírios) ou um novo Vietnã? Interrompo aqui minhas reflexões para pensar um pouco mais…

Diante de todo esse cenário, a única certeza é que uma intervenção militar estadunidense na Síria será a pior das possibilidades. Mas Obama deve saber disso. Truman e Lindon Johnson também deviam sabê-lo, não?

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Snowden, NSA e as eleições na Alemanha

Os vazamentos promovidos pelo senhor Edward Snowden continuam afetando governos, organizações e pessoas pelo mundo. No último mês, as notícias sobre o relacionamento entre a National Security Agency (NSA) e o serviço de inteligência externa alemão, o BND (Bundesnachrichtendienst), têm sido constantes nos jornais germânicos… O assunto ganha fôlego à medida que as eleições se aproximam. Há a efetiva possibilidade da oposição vencer em setembro nas urnas e um dos temas em debate é exatamente essa cooperação entre Berlin e Washington para invadir a privacidade dos cidadãos (!). Como se Frau Merkel não tivesse mais nada com que se preocupar…

Segue interessante matéria do Der Spiegel sobre o tema…

Image: Barack Obama, Angela Merkel

Der Spiegel – 08/19/2013 05:16 PM

Merkel and the NSA: A Scandal That Just Won’t Die

As the election approaches, Chancellor Angela Merkel is working hard to dissipate anger over controversial surveillance by German and US intelligence agencies. But every time Berlin assures voters that all is well, its claims are discredited.
 

Monday, August 5, was the day that the German government hoped would finally provide some relief in the ongoing surveillance scandal. That morning, a member of the Bundesnachrichtendienst (BND), Germany’s foreign intelligence agency, stationed at the embassy in Washington picked up four German officials at a local hotel. Driving in two dark sedans, they headed for Fort Meade in the state of Maryland, the headquarters of the National Security Agency (NSA), which gathers military intelligence for the US Department of Defense.

The four were part of a high-ranking delegation that had landed in the US capital a day earlier. It included: Gerhard Schindler, the BND chief; Hans-Georg Maassen, his counterpart from the Cologne-based Federal Office for the Protection of the Constitution (BfV), Germany’s domestic intelligence agency; Klaus-Dieter Fritsche, a state secretary at the German Interior Ministry; and Günter Heiss, intelligence coordinator for German Chancellor Angela Merkel. Continuar lendo