Participação nossa no Direito Sem Fronteiras sobre os 65 anos da OTAN. Com o fim da Guerra Fria, a organização teve que repensar seu papel. Ganharia uma sobrevida em razão desde o conflito do Afeganistão e novos contornos com os acontecimentos deste ano relacionados à segurança da Europa e do restante do mundo.
Arquivo da tag: Alianca atlantica
OTAN: agora tudo se resolve! (só que não)
Alguém na OTAN descobriu que a organização é uma aliança militar! Pois é, na cúpula realizada no País de Gales (com direito a show de aviõezinhos sobrevoando palanque e soltando fumaça colorida – quero ver fazer isso nos céus da Estônia, da Polônia ou próximo a Kaliningrado), os líderes decidiram pelo envio de uma “força de ação rápida” para garantir a defesa e a integridade territorial dos países-membros do Leste Europeu contra uma agressão externa (leia-se, da Rússia).
Há quem comemore essa atitude da Aliança Atlântica como um “ato de força que conterá o expansionismo de Moscou” e restabelecerá as boas relações no continente. Afinal, é a OTAN, né? Quem ousar se meter com ela terá uma resposta de 28 nações, com um potencial bélico significativo. Ok, só que não consigo acreditar nessa disposição de endurecer com a Rússia – será que Putin acredita? Será que os próprios líderes da OTAN acreditam?
A iniciativa aprovada hoje mais parece uma tentativa de se dissimular a incapacidade de ação. Entendi dois recados aí. O primeiro, para os países do Leste, particularmente os estados bálticos e a Polônia (sempre a Polônia), é uma mensagem para acalmar os nervos daquela gente (afinal, os líderes dali devem estar à base de Rivotril com o risco de “intervenção humanitária” russa): “Não se preocupem! Estamos juntos! Não vão atacar vocês porque sabem que estão sob nosso guarda-chuva! Acalmem-se!” – só que os poloneses já ouviram isso antes, há exatos 75 anos… e estonianos, letões e lituanos sabem o que são quatro décadas de ocupação russa.
O segundo recado foi para a Rússia: “A OTAN garantirá a defesa e integridade de seus países-membros! Temos garras (apesar de garras com unhas pintadas há algum tempo)! Não mexa conosco!” Só que o outro lado disso é que… a Ucrânia não é membro da OTAN. Portanto, para meio entendedor, fica claro que a Organização não vai dar passos mais largos do que esses contra o Urso. Seria temerário fazer alguma coisa mais incisiva…
Haveria um terceiro recado, este para a Ucrânia: “Vejam bem, a coisa não está boa para vocês. Damos apoio total a seu pleito… exceto apoio militar. Não esperem que encaremos a Rússia para defender russos (tá, ucranianos… mas vocês não são todos soviéticos?!?!?). E tratem logo de negociar a paz e aceitar os termos de Moscou. Tudo vai ficar bem!”.
Enfim, a incapacidade da OTAN para gerenciar essa crise me faz lembrar a habilidade da Liga das Nações nos momentos tensos dos anos 1930. E vai acabar com o mesmo destino: virar uma organização só para sustentar sua própria burocracia e com pouca ou nenhuma influência real no mundo. Não dá para desaparecer como o Pacto de Varsóvia. Será portanto, um morto-vivo errante pela política mundial…
É assim que vejo a crise da Ucrânia. Não há líderes ocidentais que tenham coragem de (juntos ou isoladamente) encarar Putin e conter suas pretensões… a não ser, claro, Frau Merkel. Aprendam com essa mulher. Ela é durona e uma boa interlocutora junto aos russos (que conhece bem). Gosto de Frau Merkel. Mas também gosto de Putin. Putin é KGB.
Otan aprova presença militar contínua no Leste Europeu
Deutsche Welle, 05/09/2014 – Link permanente http://dw.de/p/1D7mQDiante da atual ameaça representada pela Rússia, líderes acertam criação de nova força de reação rápida e manutenção de tropas nos países orientais da aliança.
Os líderes da Otan aprovaram nesta sexta-feira (05/09), durante cúpula no País de Gales, a criação de chamada força de reação rápida e a manutenção de uma presença contínua no Leste Europeu, onde alguns países-membros estão preocupados com os movimentos russos na Ucrânia. A nova “ponta de lança”, como também é chamada a força de reação rápida, deverá ser formada por milhares de soldados, prontos para entrar em ação em poucos dias.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, afirmou que a nova unidade enviará uma mensagem clara para potenciais agressores, como a Rússia. “Se você pensar em atacar um aliado, estará de frente com toda a aliança”, declarou ele durante o encerrameno do encontro de dois dias.
Amigos, amigos, negócios…
Reportagem da Spiegel sobre “indisposições” no seio da OTAN, algumas delas associadas à conduta dos EUA com relação a seus aliados… Recomendo a leitura, sobretudo a meus alunos de Relações Internacionais que ainda achem que o mundo é feito de flores..
Daqui a pouco Putin propõe uma aliança no estilo Pacto de Varsóvia para atrair os povos do Leste (claro que com todos sabendo quem manda e quem pode o quê)…

Whither NATO? Difficulties in the Trans-Atlantic Relationship
An Op-Ed by Secretary William Cohen and General James JonesRevelations about NSA spying and an unequal sharing of military burdens has cast a recent shadow over the trans-Atlantic relationship. But NATO remains just as important as ever. It is time for all alliance members to recognize that fact.
During the course of more than three decades, in our public service and private capacities, we have regularly attended the Munich Security Conference, formerly known as Wehrkunde.
The Conference initially consisted of a small group of military experts from the United States, Canada and Western Europe who discussed issues involving the threat posed by the former Soviet Union. Today, the Conference includes representatives from the business, diplomatic and military communities from all of Europe, Russia and Asia who examine the new threats posed by terrorists, religious extremists, nuclear proliferation, cyber warfare and organized crime.
Although the US delegation to the Conference included 15 members of Congress and a joint appearance by Secretary of State John Kerry and Secretary of Defense Chuck Hagel we detected the “brooding omnipresence” of a discontent for the United States that contained a whiff of anti-Americanism.
This dark overhang is due in part to Edward Snowden’s revelations about NSA’s collection activities, but it is coupled with a perception that the United States is withdrawing its interest from vast areas of the globe, including Europe, a feeling partly fueled by the “Pivot Towards Asia” declaration announced in Washington. While nothing could be further from the truth, perceptions can become reality when not effectively rebuffed by evidence to the contrary. There also seems to be a little too much enthusiasm to link this perception with the increasingly popular notion of a general “American decline”, something we have heard about in every decade since 1945. Continuar lendo