Tambores de guerra

soldier russian crimeaPrimeiro-ministro da Criméia solicita proteção a Moscou. Soldados russos disfarçados de soldados russos estão em território ucraniano e ocupam posições-chave. O Senado russo já autorizou Putin a uma ação militar na Ucrânia. Kiev decreta mobilização geral das Forças Armadas. Ocidentais esbravejam, criticam o Kremlin, instam Putin a conter-se, mas estão realmente preocupados em não atiçar tanto o Urso que se movimenta em seu território, buscando a presa em sua área de caça (ou, como diriam os internacionalistas, em sua zona de influência)….

ukranian troops

Não estou dizendo que haverá guerra. Afinal, em pleno século XXI, em território europeu e envolvendo grandes potências – inclusive potências nucleares -, um conflito assim poderia ser realmente de consequências extremamente desastrosas não só para europeus, russos ou estadunidenses… Não estou dizendo que haverá guerra, pois o que se vê agora são as peças dispostas em um grande tabuleiro, com jogadores/oponentes habilidosos, experientes e pragmáticos – como deve ser.

Não estou dizendo que haverá guerra. Essa não seria a saída racional da crise. Entretanto, a História ensina que em situações de significativa tensão – e a presente é uma delas – por mais racionalmente que se opere, podem acontecer variáveis inesperadas e eventos secundários, de menor importância no grande jogo, mas que funcionam como estopim para um conflito. Sim, há sempre os insignificantes acontecimentos que podem servir de estopins, de gatilhos para o pior. O deus da guerra é muito habilidoso nesses assuntos e vela por seus filhos…

bandeiras rasgadas ucrania russiaNão estou dizendo que haverá guerra. Porém, como já comentei aqui em Frumentarius, o clima está muito semelhante àquele das semanas que antecederam a invasão da Polônia pela Alemanha, em 1º de setembro de 1939: interesses de grandes potências em xeque, territórios ameaçados, um país menor no meio do jogo, feras mostrando os dentes, mobilização de tropas, trocas de advertências… E isso aconteceu há 75 anos… Ademais, com as coincidências que fazem do mundo um lugar fascinante, 2014 é o ano do centenário do início da I Guerra Mundial, a Grande Guerra – que começou, por sinal, com um evento secundário…

O clima no planeta está tenso. No Brasil, é Carnaval. Ziriguidum…

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Autoridades da Crimeia pedem a Putin que garanta a paz

Voz da Rússia, 01MAR2014 – http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_03_01/autoridades-da-crimeia-pedem-a-putin-garantir-paz-7438/

Serguei Aksenov, primeiro-ministro da Crimeia, emitiu na manhã deste sábado uma declaração urgente. Ele apela ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, pedindo assistência para assegurar a paz e a estabilidade no território da república autônoma. Continuar lendo

Parcerias Estratégicas

Segue um artigo nosso, publicado no Inforel, em 16/11. Marcelo Rech, editor do Inforel (obrigado Marcelo, pelo apoio permanente), pediu-me para escrever algo por ocasião do Encontro de Estudos Estratégicos que ocorreu naquela semana, no Rio de Janeiro [e para o qual não fui convidado. Tudo bem, o Ministério da Defesa do Canadá e os demais organizadores do Halifax International Security Forum (clique no nome para acessar a página) acharam que seria interessante minha presença em terras canadenses para discutir segurança e defesa com especialistas internacionais e autoridades como Ehud Barack e John McCain. Aí eu fui…].

São algumas reflexões sobre o papel estratégico do Brasil em promover os interesses do Ocidente diante da crise das Potências tradicionais e do fato de que o centro de gravidade do poder internacional ter se deslocado do Atlântico para a Ásia-Pacífico. Espero que gostem!

Parcerias Estratégicas: o Brasil e os Três Triângulos

Inforel – 16/11/2011 – 20h54

No início da segunda década do século XXI, as mudanças na ordem internacional evidenciam profunda crise entre as tradicionais potências ocidentais.

Os Estados Unidos da América (EUA), ainda abalados pela crise financeira de 2008, encontram-se diante de sérios problemas estruturais e reformas em diversos setores mostram-se necessárias.

A situação não é diferente da Europa, na qual a integração encontra-se ameaçada por uma crise econômica que se propaga pelo continente como o foi Peste Negra, 700 anos antes.

E, diante desse cenário, parece cada vez mais evidente que o eixo de poder segue para a Ásia-Pacífico e que a influência no sistema terá que ser compartilhada com potências emergentes, com destaque para as que compõem os BRIC (Brasil, Índia, Rússia e China). Estaria o Ocidente definitivamente fadado a sucumbir diante da hegemonia do Oriente? Continuar lendo