Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros…

Neste 17.08.2020, são comemorados os 75 anos do lançamento de “A Revolução dos Bichos” (Animal Farm), obra magistral de George Orwell.

O livro dispensaria qualquer apresentação, mas vale fazer alguns comentários, sobretudo para aqueles das novas gerações que, porventura, nunca tenham ouvido falar desse libelo contra o totalitarismo.

Em “A Revolução dos Bichos”, Orwell narra como ideias revolucionárias são difundidas entre os animais de uma granja, que acabam se unindo para “derrubar” o proprietário, expulsá-lo e transformar a quinta em uma “república”, governada pelos bichos sublevados. Na nova comunidade, normas e princípios são estabelecidos para que seus membros vivam na mais absoluta igualdade… Afinal, “o Homem é o nosso verdadeiro e único inimigo. Retire-se da cena o Homem e a causa principal da fome e da sobrecarga de trabalho desaparecerá para sempre”. Ou também “basta que nos livremos do Homem para que o produto de nosso trabalho seja só nosso”. E, ainda, “o que quer que ande sobre duas pernas é inimigo, o que quer que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo”.

O lema mais marcante é “todos os animais são iguais”. Só que, como já seria de se esperar, logo a realidade cobra seu preço, e um determinado grupo de animais da granja, os porcos, usam sua inteligência para chegar ao poder e subjugar os demais. Estabelecem um aparato repressor, controlar a produção (que acaba sendo comercializada com o inimigo humano), e seguem constantemente a manipular a narrativa sobre a derrubada proprietário e senhor do lugar, o estabelecimento da granja dos bichos e as normas originais… Em algum tempo, as regras mudam subrepticiamente… Os porcos conseguem uma série de privilégios, execuções de opositores do regime ocorrem, e a sociedade dos bichos é dividida em classes… Assim, “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros”. O desfecho é fascinante!

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Escrito como uma denúncia contra o que Orwell entendia como “a deturpação do socialismo”, “A Revolução dos Bichos” é uma brilhante analogia à União Soviética, da tomada do poder pelos bolcheviques ao terror stalinista (inclusive com o controle das mentes da população, os expurgos e a alteração da História). Note-se que, quando é lançado o livro, o mundo vivia o término imediato da II Guerra Mundial, o território europeu encontrava-se sob ocupação por 7 milhões de soldados do Exército Vermelho e o facínora Joseph Stálin estava no auge de seu poder. O Estado proletário dos sonhos de Orwell e de tantos outros socialistas não passava de uma utopia, e totalitarismo aterrorizava milhões de seres humanos sob o signo da foice e do martelo.

Não por acaso, “A Revolução dos Bichos” ficou proibida em todo o bloco socialista. Ainda hoje, o livro permanece na ilegalidade (no todo ou em parte) em alguns países. O autor ali é exitoso ao mostrar como as ideias comunistas não passam de ilusões e que, independentemente de qual seja a sociedade, haverá sempre dominadores e dominados.

A lição de “A Revolução dos Bichos” permanece, assim, atualíssima. Em uma época da pós-verdade, da ditadura do politicamente correto, e da manipulação da narrativa, a história de como os porcos, liderados pelo cachaço Napoleão (a representação do próprio Stálin), tornaram-se os senhores da granja e piores que o opressor humano, deveria servir de alerta aos milhões que bravejam contra o sistema que não compreendem e contra a ordem estabelecida, onde uma adolescente manipulada vira ícone do discurso por mudança, e é usada, com êxito, para formar a opinião de milhões de tolos iludidos…

Aniversário do Falecimento do Pai do Grande Líder

Bob Filho2Ainda no que concerne à agência de notícias da Coréia do Norte, chamou-me atenção uma referência à publicação, pela organização solidária brasileira Centro de Estudos da Ideia Juche (Brasil), que dispõe do blog Solidariedade à Coréia Popular, de um artigo em que se lembrava os três anos da morte do Grande Líder (Chico Cezar, pai de Bob Filho) e “ilustrada com um retrato do Líder sorridente”. Eis o inteiro teor da notícia:

Anniversary of Kim Jong Il’s Demise Observed by Brazilian Organization
December 18. 2014 Juche 103

Pyongyang, December 18 (KCNA) — The Brazilian committee for remembering leader Kim Jong Il posted an article on its website on Dec. 2, illustrated with a portrait of the smiling leader.
The article said:
Three years have passed since Chairman of the National Defence Commission Kim Jong Il passed away.
These days were characterized by the noble sense of moral obligation of the Korean people to remain loyal to the leader in boundless reverence for him.
The Korean people are holding him in high esteem as the eternal chairman of the NDC of the DPRK and are glorifying his exploits forever.
The article introduced in detail the cause of perpetuating the memory of the leaders being carried out in the DPRK including the renaming the Kumsusan Memorial Palace where President Kim Il Sung and Kim Jong Il lie in state as the Kumsusan Palace of the Sun, erection of their statues on Mansu Hill and institution of February 16, the birthday of Kim Jong Il, as the Day of the Shining Star.
It is the transparent faith and steadfast will of the Korean people to carry out the plan and last instructions of Kim Jong Il to the last, the article noted, and went on:
Precious seeds for prosperity sown by him are yielding fruits in the DPRK.
Rapid progress made in the drive of breaking through the cutting edge of science and technology resulted in modernizing many industrial establishments in various fields of national economy and speeding up the improvement of people’s living standard.
Great heyday is being ushered in the construction and eye-opening successes have been made in building a highly civilized socialist state.
Marshal Kim Jong Un is standing at the helm of the Korean people in their vigorous drive to successfully carry out the plan and desire of Kim Jong Il, guided by his last instructions.
(http://www.kcna.co.jp/item/2014/201412/news18/20141218-07ee.html)

É, assim, uma peça magistral do discurso socialista. Não consigo ler o artigo da agência de notícias da República Popular sem imaginar aquele “sotaque calelgado dos blavos helóis nolte-coleanos” falando inglês…

Fui conferir no já conhecido site… e não que estava lá!?! Publicado em espanhol, tudo bem – afinal, espanhol tem mais jeito de língua revolucionária latino-americana. Reproduzi aqui, para deleite dos meus leitores. Detalhe: o Grande Líder está líndio! Divirtam-se

Terceiro aniversário do falecimento do Dirigente Kim Jong Il

Desde que Kim Jong Il, Presidente del Comité de Defensa Nacional de la República Popular Democrática de Corea, falleció (17 de diciembre de 2011), transcurrieron tres años, tiempo para los coreanos de infinita añoranza por él y de constante cumplimiento de su noble obligación moral con lo mismo.
Los coreanos le honraron como eterno Presidente del CDN e hicieron todos los esfuerzos para glorificar sus méritos.
Desearon que sus restos con imagen que tenía cuando estaba vivo, lo mismo que los de Kim Il Sung, Presidente de la RPD de Corea y fundador de la Corea socialista fueran conservados en el Palacio del Sol Kumsusan, lo cual se ha hecho realidad. Sobre la colina Mansu en la capital Pyongyang y en varios otros lugares del país fueron colocados respetuosamente sus estatuas y retratos de mosaico, reproducciones de su imagen con amplia sonrisa y en las oficinas de los organismos, las empresas, en las viviendas del país, se ponen con respeto y veneración sus retratos con la misma imagen. Las personas se llevan en su pecho su efigie.
En la IV Conferencia del Partido del Trabajo de Corea y la V Sesión de la XII Legislatura de la Asamblea Popular Suprema de la RPD de Corea, todas efectuadas en abril de 2012, honraron a Kim Jong Il como el eterno Secretario General del PTC y perpetuo Presidente del Comité de Defensa Nacional de la RPD de Corea.

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A Solidariedade Brasileira ao Grande Líder

North Korea RallyPasseava eu pela agência de notícias da Coréia do Norte quando me deparei com informações sobre um Comitê (ou Comissão, tradução mais adequada) Brasileiro de Lembrança ao Grande Líder King Jong Il. A notícia tratava do recente “trabalho” produzido pelo líder, intitulado “Aceleremos a construção da base pecuária na zona de Sepho e alcancemos uma nova mudança para o desenvolvimento da pecuária” (sempre títulos longos esses dos textos comunistas e que nada dizem). Reproduzo o inteiro teor da matéria norte-coreana:

Kim Jong Un’s Work Posted by Brazilian Organization on Its Website
February 17. 2015 Juche
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Pyongyang, February 17 (KCNA) — The detailed gist of Marshal Kim Jong Un’s work “Let Us Expedite the Construction of the Livestock Breeding Base in the Sepho Area and Bring about a New Turn in Developing Animal Husbandry” was posted by the Brazilian committee for remembering leader Kim Jong Il on its website on February 8.

The work, made public on January 28, indicates tasks and ways to be fulfilled in expediting the construction of the livestock breeding base in the Sepho area and bring about a new turn in developing animal husbandry.

Pois bem! Fui procurar a tal da organização… E não é que ela existe!?! É o “Centro de Estudos da Ideia Juche (Brasil)”, que tem o “blog de solidariedade à Coréia Popular”!!!! 

LOGO CEIJ2O objetivo do blog é, segundo eles mesmos, “divulgar informações sobre a Coréia Popular, criando assim um contraponto às mentiras e deturpações promovidas pela imprensa ocidental. Não pertence a nenhum partido político e dará espaço para todas as organizações e personalidades solidárias com a construção do socialismo na República Popular Democrática da Coreia.”

Comecei a explorar (como um porco burguês) o site da organização revolucionária proletária. Ali você encontra tudo que um aficionado gostaria de saber sobre a Democracia Popular Coreana e tinha medo de perguntar (perguntar e desaparecer…)! Há “obras” do Grande Líder (Bob Filho) e de seu finado (morreu para você, ingrato!) pai, Chico Cezar (que tinha o penteado mais fashion-trash da Ásia). Há também artigos de doutrina Juche, filmes e músicas e também uma “biblioteca” com uma série de (quatro) grandes obras, cuja mais recente é um artigo do fundador da Coréia do Norte (avô de Bob Filho) publicado em 1967 e intitulado “Reforcemos a Luta Anti-Imperialista e Anti-Yankee” (traduzido do Tomo IV das Obras Escolhidas de Kim Il Sung, publicado em 1975, em Pyongyang). E claro, também há a publicação mais recente do jovem Marechal Bob Filho “Aceleremos a construção da base pecuária na zona de Sepho e alcancemos uma nova mudança para o desenvolvimento da pecuária” (sim, repeti o título; é divertido!), para quem quiser conferir.

Em tempo: você também pode adquirir (sim, seu capitalista), por módicos R$ 60,00 (sessenta reais burgueses e opressores), o primeiro volume das “Memórias do Grande Líder Revolucionário Kim Il-Sung: No Transcurso do Século“. Ansioso para expandirem a lojinha…

Preciso escrever mais alguma coisa? Acho que não. Quem quiser acessar o site, por sua conta e risco, clique aqui.

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Piada soviética do dia…

090101 Stalin 4 jokerSe tem uma coisa que prolifera descontroladamente em regimes autoritários são as piadas! Não aquelas autorizadas pelo regime, mas as peças humorísticas que surgem como críticas ferrenhas e inteligentes ao sistema. Essas piadas circulam clandestinamente, e fazem o homem comum rir um pouco de sua triste condição e, ao mesmo tempo, permanecer crítico da situação que lhe é imposta e manter acesa a chama da esperança de que um dia aquilo acabará. Toda ditadura um dia acaba… o problema é quando esse dia demora a chegar.

Em homenagem às vítimas de regimes autoritários, com destaque para aqueles que, sob a ideologia da igualdade, da solidariedade entre os povos, e do governo do proletariado, ceifaram milhões de vidas, publicarei aqui periodicamente piadas contadas clandestina mas amplamente na União Soviética e em outros países comunistas.

A de hoje é sobre a eficiência daquele modelo de produção:

Um gerente de fábrica [na União Soviética] mostra a empresários norte-americanos a linha de produção.
“Este é nosso produto de maior sucesso”, diz ele. “No primeiro ano. fizemos 500 unidades. No segundo, 5 mil, e no terceiro, 500 mil.”
“Uau”, diz um dos visitantes americanos. “O que você fabrica?”
O gerente lhe entrega uma chapa de metal.
O visitante vira a chapa e descobre que é uma placa dizendo: “Com defeito.”

As primeiras gotas da Grande Tormenta

hitler_stalin_same2014 é um ano de grandes efemérides nos campos político e militar: 150 anos do início da Guerra do Paraguai e da Primeira Convenção de Genebra, 60 anos da morte de Getúlio Vargas, 50 anos do movimento de 31 de março de 1964, 100 anos do começo da Grande Guerra, 70 anos do Dia D (6 de junho) e da Conferência de Bretton Woods, só para lembrar alguns…

Não obstante, o dia 1 de setembro jamais será esquecido, em razão de um evento que em 2014 completa 75 anos: o início da II Guerra Mundial. Naturalmente, essa data não poderia ser esquecida em Frumentarius.

As origens do maior conflito por que já passou a humanidade podem ser encontradas no fim da guerra anterior, a Grande Guerra de 1914 a 1918: o Tratado de Versalhes e a responsabilização da Alemanha, que levariam à revolta dos alemães contra o que lhes fora imposto pelos vencedores; a inabilidade das Potências europeias em garantir a segurança coletiva por meio da Liga das Nações; o apaziguamento de britânicos e franceses diante dos anseios expansionistas de Adolf Hitler que, por sua vez, conseguira reerguer o país e recuperar o moral da população e desejava, a todo custo, o espaço vital para construir o império de mil anos… Tudo isso culminaria nos acontecimentos de 1 de setembro de 1939.

De fato, em 1939, a Política Exterior do III Reich parecia que conduziria a Alemanha a uma guerra avassaladora e definitiva contra seu maior rival, a União Soviética. Era o que esperavam franceses e britânicos, que sob a égide do discurso apaziguador, aguardavam ansiosos o momento em que, com seus movimentos expansionistas rumo ao Leste, Adolf Hitler entraria diretamente em choque com o outro grande ditador de seu tempo, Josef Stálin. Então aconteceria o tão esperado confronto entre os dois gigantes totalitários, o III Reich e a União Soviética, que culminaria na destruição de um e no enfraquecimento do outro, ou no colapso de ambos, o que beneficiaria sobremaneira as Potências ocidentais.

soviet_nazi_pact_1Mas Londres e Paris não contavam com o improvável: em 23 de agosto daquele ano, era assinado o Pacto Molotov-Ribbentrop, a aliança entre a Alemanha nazista e a União Soviética comunista, a inconcebível aproximação entre os dois inimigos tradicionais, o aperto de mãos (simbólico) entre os tiranos Hitler e Stálin. Aquele Tratado permitiria a expansão alemã para o Leste, a invasão, ocupação e partilha da Polônia. Aquele acordo deixaria atônitos britânicos e franceses.

a74ccf7c57b9858192d4630c18f8531dE foi exatamente o que aconteceu: um semana depois, diante dos olhares perplexos do mundo, na madrugada de 1 de setembro, tropas alemãs cruzavam a fronteira da Polônia. Apesar da bravura e do empenho em conter o inimigo, os poloneses não resistiriam mais que seis semanas à máquina de guerra germânica, associada ao ataque maciço do Exército Vermelho, que cruzou a fronteira vindo do Leste alguns dias depois. Alemães e soviéticos se encontrariam em Brest-Litovskyi, exatamente onde fora celebrado o tratado de paz entre o Reich Alemão e o governo bolchequive, em março de 1918 (tratado que, verdadeiramente, era a humilhante capitulação da Rússia na I Guerra Mundial).

A partir daquele primeiro dia de setembro, os sinos seriam silenciados por longos seis anos nas igrejas da Europa. Dor, sofrimento, destruição e morte seriam infligidos a outros povos como nunca se vira. E o conflito iniciado em solo polonês se expandiria pelo continente e por todo o planeta, culminando na perda de algo como cem milhões de vidas humanas. O acontecimento de 75 anos passados seria o começo da maior e mais trágica tormenta da História…

Polen, Schlagbaum, deutsche Soldaten

Para ler e rir…

Nesses momentos tensos de crise internacional, com a situação econômica brasileira caminhando para um buraco nos moldes daqueles descobertos recentemente na Rússia, e recuperando-me de uma gripe neste forte inverno tropical, busquei descansar um pouco lendo algumas coisas agradáveis… Estou muito satisfeito com os dois livros escolhidos e gostaria de recomendá-los a meus 8 (oito) leitores.

O primeiro, que havia comprado e começado a ler ano passado quando estive na Alemanha, é uma obra de ficção do jornalista alemão (filho de refugiado húngaro), Timur Vermes, intitulada “Er ist wieder da” (ele está de volta). Trata-se de um romance divertidíssimo, no qual Adolf Hitler desperta na Berlim de 2011, em um terreno baldio próximo a seu antigo bunker e descobre-se na Alemanha moderna, unificada, e governada por Angela Merkel. Sendo simplesmente ele mesmo, logo Hitler atrai a atenção da mídia e é chamado a fazer um programa humorístico na televisão alemã, onde interpreta… Adolf Hitler! Detalhe: a estória é contada em primeira pessoa, com o autor narrando as impressões do líder nazista sobre este admirável mundo novo. É, de fato, uma sátira acerca da sociedade moderna e a influência da mídia sobre as pessoas comuns. Para quem lê em alemão, recomendo o texto original… muito agradável como Vermes brinca com algumas expressões e gírias, e com o jeito de falar das pessoas, por exemplo, dos berlinenses. E a boa notícia para quem não lê em alemão, mas gostaria de se divertir com um romance hilário, é que acabou de sair a versão em português: “Ele está de volta” (Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2014). E a tradução de Peterso Rissati está muito boa!

Outro livro hilário que também recomendo é “Foi-se o Martelo: a história do comunismo contada em piadas”, de Ben Lewis (Rio de Janeiro: Record, 2014; tradução de Márcio Luís Penteado Ferrari). O autor fez uma ampla pesquisa nos países do Leste Europeu e da antiga União Soviética sobre as piadas contadas à época dos regimes comunistas – algumas que rendiam àqueles que as propagavam e a seus ouvintes penas severas, como prisão, tortura e, em certos casos, até a morte. Lewis intercala a narração sobre o contexto em que eram contadas as piadas (e a resposta do Estado e de seu aparato repressor) com a transcrição de muitas delas. Já ri muito nesses últimos dias.

E, para finalizar, uma das piadas de “Foi-se o Martelo”, que se passa em um Gulag (campo de trabalhos forçados soviético) e ilustra bem a loucura daquela ideologia fundada nos devaneios de Marx, Engels e Lênin:

Um novo prisioneiro chega ao campo. Os internos começam a perguntar de quantos anos era sua sentença.

“Vinte e cinco anos”, respondeu o novato.

“Pelo quê?”

“Nada. Não fiz nada: sou inocente.”

“Não me venha com essa história. Os inocentes pegam só cinco anos.”

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Lindo demais!

Bob Filho2Depois dizem que é implicância minha com o menino – ou com o regime autoritário por ele liderado!… A notícia, se não fosse trágica, seria cômica. Porém, é cruelmente verdadeira, e revela como funciona (?) o país em que venceram os ideais socialistas. E o pior é que, tão surreal quanto a determinação “do corte” a ser adotado pelos homens da Coréia do Norte (nos moldes estilosos de Bob Filho, o pequeno notável), era a regra dos 28 cortes [18 femininos e 10 (!) masculinos] pelos quais os norte-coreanos poderiam optar!!! Sim, há pessoas vivendo sob um regime assim no século XXI.

Quando vejo no Brasil discussões acaloradas, especialmente nos meios acadêmicos e junto à pseudintelectualidade artística e cultural (o que Constantino chama de “esquerda caviar”), e as defesas eufóricas da alternativa “de esquerda” pelas viúvas do socialismo/comunismo, sinceramente fico na dúvida se é ingenuidade, má-fé, ou idiotice pura. Penso na Coreia do Norte e lembro, automaticamente, do romance “1984”. E há quem ainda simpatize por ditaduras como aquela…

26/03/2014 13h21 – POR ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE

KIM JONG UN DETERMINA QUE TODOS UNIVERSITÁRIOS DA COREIA DO NORTE TENHAM O MESMO CORTE DE CABELO QUE ELE

NO ANO PASSADO, O GOVERNO JÁ HAVIA RESTRINGIDO OS CORTES DOS HOMENS EM APENAS ’10 OPÇÕES’

Até o início desse mês, os cidadãos da Coreia do Norte podiam cortar os seus cabelos de acordo com um dos 28 cortes (sendo 18 para as mulheres e 10 para homens) definidos e aprovados pelo governo. Se o fato já soa estranho, agora, o governo coreano limitou ainda mais as opções dos homens, especialmente os estudantes. Segundo a BBC, todos os universitários coreanos serão obrigados a cortar os cabelos no mesmo ‘estilo’ e corte do líder do país, Kim Jong-Un.

A rede de notícias informou que as autoridades do país instituíram a regra há duas semanas, mas só agora a notícia saiu da Coreia.  Além de restringir os cortes, os coreanos parecem não ter gostado nada da única opção que lhes restou. Segundo a BBC – citando um jornal coreano – um cidadão que vivia na capital do país, Pyongyang, e agora mora na China, afirmou que o corte de cabelo de Kim Jong-Un é impopular por aparentemente lembrar o “estilo dos contrabandistas chineses”. De acordo com a BBC, não há a confirmação de que a medida seria estendida a todos os homens da Coreia do Norte.  Continuar lendo

O mundo perdido do Comunismo – O Paraíso Socialista

crimes comunismoInteressante a quantidade de jovens que vemos em redes sociais defendendo uma “alternativa socialista” (porque ninguém tem mais coragem de falar em comunismo nesses termos) e condenado a “sociedade capitalista exploradora” (condenam, apesar dos benefícios que usufruem dela, como a própria tecnologia de hardware e software por meio da qual protestam e rede social em que operam). Irritante como qualquer discurso contrário às idéias dessas pessoas é chamado de “fascista” (o termo voltou à moda no Brasil e em alguns lugares do mundo, como nos bons tempos da Guerra Fria e da Cortina de Ferro) ou de autoritário. Tudo isso tomando-se como ícones pensadores de esquerda e “heróis da luta dos trabalhadores” (como o famigerado Guevara, sobre o qual muito pouco verdadeiramente conhecem).

Impressiona-me, realmente, como as gerações atuais são iludidas com o discurso do “paraíso socialista”, ou de como as idéias que construíram regimes autoritários e genocidas são um ideal de “liberdade, democracia e fraternidade entre os povos” – não são. De fato, sob o signo da foice e do martelo foram perpetradas grandes atrocidades nos últimos cem anos. O socialismo trouxe dor e sofrimento a muita gente. Liberdade não houve, tampouco democracia.

anticomunismoEssas reflexões me vieram quando revia um documentário muito interessante da BBC (cujo título é o deste post) sobre a maneira como as pessoas viviam sob os regimes socialistas. Tenho estudado o tema, mesmo. Em visita a países do Leste Europeu, sempre busco a oportunidade de conversar com pessoas que viveram sob os regimes socialista que imperavam naquela parte do mundo até o fim da década de 1980. A maioria absoluta das pessoas com quem conversei tinha histórias e lembranças ruins daquela época e repudia o socialismo/comunismo.

Triste e inadmissível como pessoas permanecem iludidas por aqui, em Pindorama. Preocupante como muitas defendem essas idéias, inclusive na estrutura do Estado e no governo. Aterrorizante como tem gente que acha que aquilo era uma coisa boa e prega uma guinada cada vez mais à esquerda para o Brasil.

muro de berlimO sonho socialista/comunista mostrou-se um pesadelo. Não quero, de forma alguma, essa alternativa para o Brasil. Alguém precisa esclarecer as novas gerações de que não existe bem maior que a liberdade e regime mais valoroso que a democracia (apesar de todos os seus defeitos).

Recomendo o documentário “O mundo perdido do Comunismo – O Paraíso Socialista“. Para acessá-lo, clique aqui.

portao de brandenburgo queda do muroE, para quem quiser conhecer mais a respeito das atrocidades sob o signo da estrela vermelha, indico “O Livro Negro do Comunismo” (Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999), editado por Stéphane Courtois, obra coletiva de professores e pesquisadores europeus, e lançado originalmente na França, em 1997. Trata-se de trabalho sério e científico, que faz um inventário da repressão política conduzida nos regimes socialistas/comunistas. A primeira referência que tive sobre esse livro foi do saudoso Roberto Campos. Logo comentarei um pouco mais aqui sobre a obra…

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O fim dos “campos de reeducação” na China

_71224703_016869870No escopo de uma série de importantes reformas promovidas pelo Governo chinês nas últimas semanas, está o fim dos famigerados “campos de reeducação”. Herança dos regimes autoritários de esquerda, para esses locais de martírio eram (são) mandados os “opositores” do regime. Ainda que o pessoal da esquerda champanhe daqui se ofenda e venha me criticar e dizer que não é nada disso, “campos de reeducação” é o termo comunista para os “campos de concentração” nazistas (não falo aqui dos campos de extermínio, apesar de muitos dos Gulags se aproximarem bem desse modelo).

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“Opositor do regime” poderia ser qualquer um que alguém na estrutura estatal considerasse uma ameça, fosse em razão da possibilidade de liderar algum movimento de resistência, fosse por se pronunciar em discordância do que estabelecia o Governo, fosse por pensar contrariamente ao discurso dominante (isso lembra algum lugar?), fosse simplesmente por alguma querela pessoal contra um burocrata ou alguém importante do partido… Aí o terror se implantava, com perseguições, agressão física e psicológica e, em muitos casos, execuções sumárias ou lentas por trabalhos forçados e péssimas condições de encarceramento. 

A policeman leads inmates as they walk along a road with their wrists tied together to a rope at Emei Mountain regionConvém olhar para a China. O país passa por transformações interessantes. Conta com uma burocracia estatal muito bem preparada e se preocupa em identificar e capacitar suas lideranças. A consequência são bons frutos. Cerca de 35 anos após as reformas de Deng, que contribuíram para impulsionar o país para a posição que ocupa hoje, a liderança do Partido Comunista Chinês (PCCh) promove mais ajustes no modelo. Isso é bom, ao menos para a China e para os chineses.

Infelizmente, campos de reeducação continuam existindo em alguns outros países onde prosperam as ditaduras de esquerda, tão caras para certas “elites” aqui no Brasil…

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Folha de São Paulo – 25/12/2013 – 06h19

Assembleia Nacional chinesa aprova abolição dos campos de reeducação

DA EFE

A Assembleia Nacional Popular (ANP), principal órgão legislativo da China, aprovou a abolição dos campos de reeducação, estabelecidos há mais de meio século, alegando que “já cumpriram seu propósito”.

A ANP confirmou esta medida, já anunciada após o Plenário do Partido Comunista chinês (PCCh) do último mês de novembro, durante a sessão que realiza esta semana e que terminará no próximo dia 28, informou nesta quarta-feira a agência oficial Xinhua.

“Os legisladores reconheceram a importância que os ‘liajiao’ (campos de reeducação) tiveram em salvaguardar a segurança pública, manter a ordem social e corrigir os delinquentes”, disse a agência. Continuar lendo

Поздравляем с Днем рождения, Господинa Горбачёвa!

Como em anos anteriores, lembro a data natalícia de um dos homens mais importantes do século XX: Mikhail Serguéievich Gorbatchev! Graças a ele, reformas foram implementadas na União Soviética, que conduziram ao fim do bloco socialista e à libertação de dezenas de povos do jugo autoritário. Gorby pôs fim à Guerra Fria e trouxe uma nova perspectiva de abertura e liberdade a milhões de pessoas! A História lhe será honesta.

Поздравляем с Днем рождения, Господинa Горбачёвa! (não sei se meu russo está passável, mas acho que me fiz compreender…).

Mikhail Gorbachev completa 82 anos

Gorbachev 80th Birthday Gala - ArrivalsA Voz da Rússia, – 2.03.2013, 12:25, hora de Moscou

O famoso político soviético e russo, figura pública e primeiro presidente da URSS Mikhail Gorbachev celebra hoje seu aniversário. Ele completou 82 anos.

O político irá festejar seu aniversário com a família. O presidente da Rússia Vladimir Putin já desejou-lhe seus parabéns. A mensagem de saudação destaca a participação ativa de Gorbachev – que agora chefia o fundo de estudos sócio-econômicos e políticos – dos projetos beneficentes e educacionais, bem como a sua contribuição para o fortalecimento do prestígio da Rússia na arena internacional.

Cartazes Soviéticos: Не болтай!

Esta encontrei na página de Delmo Arguelhes no Facebook. Muito interessante e uma fantástica aula de História! Os nazistas podem até ter inventado a propaganda, mas os soviéticos também não ficavam para trás com seus cartazes e palavras de ordem! 

Gosto, particularmente, daqueles feitos durante a II Guerra Mundial (ou Grande Guerra Patriótica para os soviéticos)… Tenho curiosidade para saber como eram os cartazes da época que nazistas e soviéticos eram aliados (entre 1939 e 1941).

Outros que me chamaram a atenção são o do bebezinho (de 1936) com os dizeres: “os felizes nascem sob a estrela soviética!”. Isso no auge dos expurgos! E também há aquele com o retrato de Lênin e os dizeres “o homem mais humano” (de quem estão falando?)… Mas os melhores são os de Stálin: um dizendo que ele é a “luz do comunismo” e o outro com o camarada Stálin botando um papel numa urna e os dizeres “pela felicidade do povo” (três coisas incompatíveis: Stálin, urna e felicidade do povo)! Vale a pena ver todos!

Há um que não está na relação, mas que reproduzo aqui com os dizeres “Não Tagarele!” (Не болтай!), feito à época da II Guerra. 

* * *

A Rede Histórica selecionou 50 posters e pediu para que Irina Starostina traduzisse para o português. Confira o resultado!

A Pátria-Mãe chama!

Para o alto a bandeira do internacionalismo proletário! Continuar lendo

O decálogo de Lênin

Como em uma de minhas aulas de hoje conversávamos sobre os riscos de determinados seguimentos de esquerda no poder, segue o decálogo de Lênin, que teria sido escrito pelo terrorista bolchevique em 1913, e que durante décadas vem orientando muitos daqueles que pregam a “democracia popular”…

Note-se que qualquer semelhança com o que tem ocorrido em alguns países da América Latina NÃO É MERA COINCIDÊNCIA! Depois não digam que não avisei!

O DECÁLOGO DE LÊNIN

   1. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;
   2. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa; Continuar lendo