A Grande Guerra Patriótica

Às vésperas do Dia da Vitória (08/05 aqui no Ocidente, ou 09/05 para os russos e alguns povos das ex-URSS), o mundo celebrará o fim da II Guerra Mundial na Europa de maneira muito distinta daquela das últimas sete décadas. Afinal, eventos públicos estão cancelados ou proibidos pela maior parte do planeta. Eu mesmo pretendia comemorar os 75 anos do fim da Guerra em Londres, celebrando a derrota do nazifascismo na terra de Sua Majestade. Graças a outra coroa (o vírus), fiquei por aqui, em casa… – tudo bem! Será uma história bem diferente para contar para as próximas gerações.

Em comemoração ao Dia da Vitória, tenho feito alguns vídeos com recomendações de livros, que publico em meu canal do YouTube (youtube.com/joanisvalbsb). Quem se interessar pelo tema, por favor vá lá, faça-me uma visita e curta os vídeos! Agradeço muito se puder também se inscrever no canal.

Além dos livros, semana passada gravei uma “live”, intitulada “A Grande Guerra Patriótica: a URSS na II Guerra Mundial”. Foi uma conversa muito interessante (em português) com minha professora de russo, Yulia Mikheeva! Falamos da importância do conflito para os russos, de episódios da guerra e de situações inusitadas. Também respondemos a algumas questões dos participantes. Quem perdeu, perdeu! –  brincadeira, quem perdeu pode acessar o vídeo em nosso canal do Youtube. Vale a pena conferir.

A “live” deu tão certo que pediram mais! Então, hoje, 06/05 (quarta-feira), às 19h, teremos outra live para tratar de batalhas e pessoas na Grande Guerra Patriótica. Quem quiser participar é só procurar o perfil @yucursosdeidiomas no Instagram e entrar na conversa! Começaremos respondendo a algumas perguntas feitas na semana passada!

Então é isso! Nesta época de pandemia, vale conversar um pouco sobre outros temas! Espero meus 16 (dezesseis) leitores daqui a pouco. Abraço!

E, para conhecer nosso canal no Youtube, clique aqui!

Who was defeated in the Great Patriotic war? | The Vineyard of the ...

 

As primeiras gotas da Grande Tormenta

hitler_stalin_same2014 é um ano de grandes efemérides nos campos político e militar: 150 anos do início da Guerra do Paraguai e da Primeira Convenção de Genebra, 60 anos da morte de Getúlio Vargas, 50 anos do movimento de 31 de março de 1964, 100 anos do começo da Grande Guerra, 70 anos do Dia D (6 de junho) e da Conferência de Bretton Woods, só para lembrar alguns…

Não obstante, o dia 1 de setembro jamais será esquecido, em razão de um evento que em 2014 completa 75 anos: o início da II Guerra Mundial. Naturalmente, essa data não poderia ser esquecida em Frumentarius.

As origens do maior conflito por que já passou a humanidade podem ser encontradas no fim da guerra anterior, a Grande Guerra de 1914 a 1918: o Tratado de Versalhes e a responsabilização da Alemanha, que levariam à revolta dos alemães contra o que lhes fora imposto pelos vencedores; a inabilidade das Potências europeias em garantir a segurança coletiva por meio da Liga das Nações; o apaziguamento de britânicos e franceses diante dos anseios expansionistas de Adolf Hitler que, por sua vez, conseguira reerguer o país e recuperar o moral da população e desejava, a todo custo, o espaço vital para construir o império de mil anos… Tudo isso culminaria nos acontecimentos de 1 de setembro de 1939.

De fato, em 1939, a Política Exterior do III Reich parecia que conduziria a Alemanha a uma guerra avassaladora e definitiva contra seu maior rival, a União Soviética. Era o que esperavam franceses e britânicos, que sob a égide do discurso apaziguador, aguardavam ansiosos o momento em que, com seus movimentos expansionistas rumo ao Leste, Adolf Hitler entraria diretamente em choque com o outro grande ditador de seu tempo, Josef Stálin. Então aconteceria o tão esperado confronto entre os dois gigantes totalitários, o III Reich e a União Soviética, que culminaria na destruição de um e no enfraquecimento do outro, ou no colapso de ambos, o que beneficiaria sobremaneira as Potências ocidentais.

soviet_nazi_pact_1Mas Londres e Paris não contavam com o improvável: em 23 de agosto daquele ano, era assinado o Pacto Molotov-Ribbentrop, a aliança entre a Alemanha nazista e a União Soviética comunista, a inconcebível aproximação entre os dois inimigos tradicionais, o aperto de mãos (simbólico) entre os tiranos Hitler e Stálin. Aquele Tratado permitiria a expansão alemã para o Leste, a invasão, ocupação e partilha da Polônia. Aquele acordo deixaria atônitos britânicos e franceses.

a74ccf7c57b9858192d4630c18f8531dE foi exatamente o que aconteceu: um semana depois, diante dos olhares perplexos do mundo, na madrugada de 1 de setembro, tropas alemãs cruzavam a fronteira da Polônia. Apesar da bravura e do empenho em conter o inimigo, os poloneses não resistiriam mais que seis semanas à máquina de guerra germânica, associada ao ataque maciço do Exército Vermelho, que cruzou a fronteira vindo do Leste alguns dias depois. Alemães e soviéticos se encontrariam em Brest-Litovskyi, exatamente onde fora celebrado o tratado de paz entre o Reich Alemão e o governo bolchequive, em março de 1918 (tratado que, verdadeiramente, era a humilhante capitulação da Rússia na I Guerra Mundial).

A partir daquele primeiro dia de setembro, os sinos seriam silenciados por longos seis anos nas igrejas da Europa. Dor, sofrimento, destruição e morte seriam infligidos a outros povos como nunca se vira. E o conflito iniciado em solo polonês se expandiria pelo continente e por todo o planeta, culminando na perda de algo como cem milhões de vidas humanas. O acontecimento de 75 anos passados seria o começo da maior e mais trágica tormenta da História…

Polen, Schlagbaum, deutsche Soldaten

A culpa dos inocentes

??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????Entrevista na Spiegel com psicanalista que foi criança na Alemanha durante a II Guerra Mundial.

Sinceramente, parece-me que os alemães ainda têm muita dificuldade de lidar com o III Reich… A culpa pelo passado permanece e é muito intensa, inclusive nas gerações que não tiveram qualquer responsabilidade pelo nazismo. Nesse sentido, a impressão que tenho é que os alemães conseguem tratar melhor de quatro décadas de ditadura comunista que de treze anos de nacional-socialismo. E olha que o regime era muito duro na República Democrática Alemã e tão totalitário quanto aquele estabelecido há exatos oitenta anos…

BRANDENBURGER TOR

Der Spiegelonline – 03/28/2013 01:19 PM

Nazi Childhood Memories – ‘It’s All Still Very Present’

The miniseries “Our Mothers, Our Fathers” has sparked widespread discussion in Germany about memories of WWII, both first-hand and inherited. In a SPIEGEL interview, war survivor and psychoanalyst Hartmut Radebold talks about guilt, war trauma and his own fraught memories of growing up in the Third Reich.

SPIEGEL: Mr. Radebold, you have researched the impact of traumatic war experiences. Now, in the wake of the three-part TV miniseries “Unsere Mütter, unsere Väter” (Our Mothers, Our Fathers), which was broadcast on March 17, 18 and 20 on Germany’s ZDF public television network, the newspapers are full of accounts of what life was like during World War II. Why is that? We have been dealing with Germany’s Nazi past for decades, and just when we feel we know practically everything about this period of history, it starts making headlines again.

Radebold: It wasn’t talked about much within families themselves, which is regrettable, as is the fact that this film wasn’t made earlier. The protagonists were born shortly after 1920. Very few members of that generation are still alive — and many of those who have survived suffer from dementia. The film actually deals with individuals who are no longer with us. Continuar lendo

Herança Maldita

Spiegel 25MAR2013E por falar nas lembranças da II Guerra, a Spiegel de 25 de março de 2013 trouxe um dossiê especial sobre o legado do último conflito mundial para os alemães. São matérias primorosas acerca da maneira como os descendentes daqueles que viveram o III Reich e guerra lidam com a história de sua família e de seu país. A revista também trata da percepção dos alemães sobre a guerra do presente e a participação das Forças Armadas germânicas nos conflitos do século XXI.

A título de exemplo, segue reportagem sobre um filho e sua relação com o pai que teria servido sob a suástica.

Der Spiegelonline – 03/29/2013 04:18 PM

A Son’s Quest for Truth – The Last Battle of a German WWII Veteran

By Jürgen Dahlkamp

Heinz Otto Fausten, a German soldier who fought in World War II, saw things no one should ever have to see. After that, the high school teacher just concentrated on the future. But then his son started asking questions to find out whether he was a murderer.

EU; DEU; Deutschland; Sinzig: der Wehrmachtssoldat Heinz Peter Fausten.Ottoooo..! That scream, that horrible scream, the scream that has echoed and reverberated in his head for the last 71 years. That scream, shrill and terrible, that only he can hear now, as he sits at his dining table in a small house at the end of a quiet, dead-end street, in a quiet living room with a vase of tulips and a gingerbread heart on the shelf, with the words “Opa is Fantastic” written on it with icing.

Ottoooo..!

The scream transports Heinz Otto Fausten back 71 years to a trench in Kalikino, Russia, 2,240 kilometers (1,400 miles) away. The journey takes him a fraction of a second. Suddenly he is 21 again, and caught in a ruthless, violent world where life is about nothing but survival.

He is crouched on the ground next to his friend Ekkehardt. They are cowering in the trench, the entire company, one man next to the other. The trench is their only protection. Suddenly the company commander in front shouts to the soldiers behind him: “Fausten group to the front.” Fausten doesn’t move, sensing that whoever heeds the command is a dead man. “Don’t say anything, Ekkehardt,” he tells his friend, but Ekkehardt calls out: “We’re coming.” Continuar lendo

Feliz Natal! Setenta anos depois…

Notícia simpática para este dia de Natal… Cartões de Natal de soldados entregues depois de sete décadas… São os Correios alemães funcionando, hehehe!

Deutsche Soldaten/ Jersey/ Post

Spiegel Online -12/19/2012 01:34 PM

Seasons Greetings from 1941: World War II Christmas Cards Finally Delivered

By Annette Langer

This year, a handful of Germans are getting special, though extremely late, seasons greetings. Hidden for more than seven decades after they were stolen in defiance of the Nazi occupation of Jersey, cards written by German troops are finally being delivered. Continuar lendo

Prisioneiros do passado…

Nada tem a ver com o post anterior, apesar dos títulos. Achei interessante essa entrevista da Spiegel sobre como os alemães ainda são reféns dos acontecimentos da primeira metade do século XX. O engraçado é que vi a matéria logo depois de assistir novamente Berlim 36 e O Triunfo da Vontade (para treinar meu alemão…). Recomendo leitura e também os dois filmes. Sem maiores comentários…

Spiegel.com 06/22/2012 05:31 PM

Interview with Daniel Barenboim: ‘The Germans Are Prisoners of Their Past’

World-famous Argentine-Israeli conductor Daniel Barenboim is noted for his strong views on the Middle East peace process and for performing Wagner’s music in Israel. In a SPIEGEL interview, he explains why the Israeli antipathy toward Wagner is grotesque and argues that Israel shouldn’t depend too much on Germany and the US for support.

SPIEGEL: Mr. Barenboim, why are you fighting to perform the music of Richard Wagner in Israel? No other composer is as hated there as this anti-Semitic German composer. Continuar lendo

Fundação do Partido Nazista

Foi no dia 5 de janeiro de 1920. O acontecimento é histórico pois, 13 anos depois, esse pequeno partido chegaria ao poder na Alemanha (da fracassada República de Weimar) e em pouquíssimo tempo estabeleceria uma ditadura e um dos regimes totalitários do século XX. Seu líder, o mebro número 7 do partido, torna-se-ia uma das figuras mais importantes da História e seu nome para sempre associado à tirania, ao ódio absoluto, a oitenta milhões de mortos, à destruição, à guerra total, e a atrocidades que deixariam uma chaga no que o ser humana entende por civilização.

Quem conhece a história de Adolf Hitler e do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) sabe que se deve estar sempre atento a partidos de massa e a líderes que avocam para a si a condição de salvador da pátria. O nazismo surgiu em uma democracia falida, em um modelo em que a ideologia ditava as regras e fazia com que o povo acreditasse que precisava de alguém para liderá-lo para o desenvolvimento.

98 anos após a fundação do Partido Nazista, as ditaduras continuam uma realidade. Também continua uma realidade a idéia errônea de que democracia é o governo da maioria e que nada se pode colocar contra a vontade desta maioria, na verdade, a massa amorfa e sem vontade, que é manobrada pelos demagogos. E isso pode acontecer no Norte e no Sul, no Leste e no Oeste.

Preocupo-me com partidos de massa (que dizem representar os trabalhadores – o que quer dizer isso?- ou a classe proletária ou camponesa). Preocupo-me com líderes personalistas, que fazem sua a cara do partido e que querem ser os salvadores ou pais da nação. E, como costumo lembrar a meus alunos, preocupa todo político que se diz representante maior do povo e que declara governar em nome do povo – afinal, qualquer um que se colocar contra esse político estará contra o “povo”, e isso é muito perigoso. Ficam as reflexões e segue um artigo sobre o Partido Nazista, pois aqueles acontecimentos da primeira década do século XX devem ser lembrados, para que erros não se repitam…

Nazi Party (NSDAP)

 In 1919 Anton DrexlerGottfried Feder and Dietrich Eckart formed the German Worker’s Party (GPW) in Munich. The German Army was worried that it was a left-wing revolutionary group and sent Adolf Hitler, one of its education officers, to spy on the organization. Hitler discovered that the party’s political ideas were similar to his own. He approved of Drexler’s German nationalism and anti-Semitism but was unimpressed with the way the party was organized. Although there as a spy, Hitler could not restrain himself when a member made a point he disagreed with, and he stood up and made a passionate speech on the subject. Continuar lendo