Piada soviética do dia…

090101 Stalin 4 jokerSe tem uma coisa que prolifera descontroladamente em regimes autoritários são as piadas! Não aquelas autorizadas pelo regime, mas as peças humorísticas que surgem como críticas ferrenhas e inteligentes ao sistema. Essas piadas circulam clandestinamente, e fazem o homem comum rir um pouco de sua triste condição e, ao mesmo tempo, permanecer crítico da situação que lhe é imposta e manter acesa a chama da esperança de que um dia aquilo acabará. Toda ditadura um dia acaba… o problema é quando esse dia demora a chegar.

Em homenagem às vítimas de regimes autoritários, com destaque para aqueles que, sob a ideologia da igualdade, da solidariedade entre os povos, e do governo do proletariado, ceifaram milhões de vidas, publicarei aqui periodicamente piadas contadas clandestina mas amplamente na União Soviética e em outros países comunistas.

A de hoje é sobre a eficiência daquele modelo de produção:

Um gerente de fábrica [na União Soviética] mostra a empresários norte-americanos a linha de produção.
“Este é nosso produto de maior sucesso”, diz ele. “No primeiro ano. fizemos 500 unidades. No segundo, 5 mil, e no terceiro, 500 mil.”
“Uau”, diz um dos visitantes americanos. “O que você fabrica?”
O gerente lhe entrega uma chapa de metal.
O visitante vira a chapa e descobre que é uma placa dizendo: “Com defeito.”

Para ler e rir…

Nesses momentos tensos de crise internacional, com a situação econômica brasileira caminhando para um buraco nos moldes daqueles descobertos recentemente na Rússia, e recuperando-me de uma gripe neste forte inverno tropical, busquei descansar um pouco lendo algumas coisas agradáveis… Estou muito satisfeito com os dois livros escolhidos e gostaria de recomendá-los a meus 8 (oito) leitores.

O primeiro, que havia comprado e começado a ler ano passado quando estive na Alemanha, é uma obra de ficção do jornalista alemão (filho de refugiado húngaro), Timur Vermes, intitulada “Er ist wieder da” (ele está de volta). Trata-se de um romance divertidíssimo, no qual Adolf Hitler desperta na Berlim de 2011, em um terreno baldio próximo a seu antigo bunker e descobre-se na Alemanha moderna, unificada, e governada por Angela Merkel. Sendo simplesmente ele mesmo, logo Hitler atrai a atenção da mídia e é chamado a fazer um programa humorístico na televisão alemã, onde interpreta… Adolf Hitler! Detalhe: a estória é contada em primeira pessoa, com o autor narrando as impressões do líder nazista sobre este admirável mundo novo. É, de fato, uma sátira acerca da sociedade moderna e a influência da mídia sobre as pessoas comuns. Para quem lê em alemão, recomendo o texto original… muito agradável como Vermes brinca com algumas expressões e gírias, e com o jeito de falar das pessoas, por exemplo, dos berlinenses. E a boa notícia para quem não lê em alemão, mas gostaria de se divertir com um romance hilário, é que acabou de sair a versão em português: “Ele está de volta” (Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2014). E a tradução de Peterso Rissati está muito boa!

Outro livro hilário que também recomendo é “Foi-se o Martelo: a história do comunismo contada em piadas”, de Ben Lewis (Rio de Janeiro: Record, 2014; tradução de Márcio Luís Penteado Ferrari). O autor fez uma ampla pesquisa nos países do Leste Europeu e da antiga União Soviética sobre as piadas contadas à época dos regimes comunistas – algumas que rendiam àqueles que as propagavam e a seus ouvintes penas severas, como prisão, tortura e, em certos casos, até a morte. Lewis intercala a narração sobre o contexto em que eram contadas as piadas (e a resposta do Estado e de seu aparato repressor) com a transcrição de muitas delas. Já ri muito nesses últimos dias.

E, para finalizar, uma das piadas de “Foi-se o Martelo”, que se passa em um Gulag (campo de trabalhos forçados soviético) e ilustra bem a loucura daquela ideologia fundada nos devaneios de Marx, Engels e Lênin:

Um novo prisioneiro chega ao campo. Os internos começam a perguntar de quantos anos era sua sentença.

“Vinte e cinco anos”, respondeu o novato.

“Pelo quê?”

“Nada. Não fiz nada: sou inocente.”

“Não me venha com essa história. Os inocentes pegam só cinco anos.”

20140801_195849