Canhões de Agosto e a Invasão da Polônia…

Alguns dos meus 16 (dezesseis) leitores ficaram chateados porque perderam nossa primeira live no Instagram, que foi sobre o mês de agosto nas duas guerras mundiais. A boa notícia é que vocês não precisam ficar tristes! Consegui disponibilizar a conversa de domingo passado em nosso canal do youtube, que vocês já conhecem!

Então, para acessar a live sobre os Canhões de Agosto, basta clicar aqui. Por favor, inscreva-se no canal e muito me ajuda se também divulgar!

E como notícia boa não vem sozinha (sou um eterno otimista!), já divulgo aqui que teremos mais uma live, no próximo domingo, 30/08, às 17:00 (estou pensando em adotar esse bat-horário e essa bat-data para as lives, que acham?)! O tema será… “Por que invadir a Polônia? Como começar uma guerra mundial…”.

Então, não fique triste como o pessoal aqui da foto! Vá ao canal, veja a live e se inscreva! Ah! E divulgue, por gentileza! Abraço!

Os setenta anos da morte da Besta

hitler-Recorte-de-jornal-com-a-notícia-da-morte-de-HitlerO dia era 30 de abril. O ano, 1945. O local, Berlim, capital de uma nação completamente arrasada. De fato, a cidade em escombros testemunhara a ascensão e queda de um regime e de um país que, em 12 anos, saíra do caos da instabilidade política, econômica e social, tornara-se a nação mais poderosa da Europa, conquistara todo um continente, afrontara as grandes potências da época, matara milhões de seres humanos, tivera seu território invadido, ocupado e destruído, com perdas irreparáveis. E tudo isso, sob motivação da voz inigualável e do discurso de ódio de um homem, ao qual milhões de alemães chamariam de Líder.

Ele era naturalizado alemão (de fato, havia adquirido aquela nacionalidade apenas algumas semanas antes de chegar ao poder). Nascido na Áustria, filho do segundo casamento de um funcionário público de quinto escalão, órfão de pai ainda cedo, muito jovem se viu sozinho, vagando pelas ruas da Viena dos Habsburgos em busca de trabalho e de sucesso. Nada conseguiu em sua terra natal… Atravessou a fronteira e foi viver em Munique, onde permaneceu um excluído artista frustrado, sobrevivendo de bicos e fazendo crescer o ódio em seu coração.

129958-004-C9B8B89DTudo mudou com a Grande Guerra (ah, sempre a Grande Guerra!!!). Ele se alistou no regimento bávaro, e foi combater no front ocidental, lutando pelo Kaiser e pela pátria. Amadureceu muito naqueles quatro anos de terrível guerra, foi ferido em combate algumas vezes, tornou-se cabo, e ganhou a Cruz de Ferro de primeira classe, maior comenda do seu Exército, raramente concedida a não-oficiais. Nos estertores do conflito, sofreu um ataque de gás e caiu enfermo. Foi no hospital que soube da notícia da capitulação alemã. E chorou.

De volta à vida civil, não conseguia emprego. Acabou se infiltrando em um pequeno partido de trabalhadores e outras pessoas insatisfeitas com o resultado da Guerra. Era uma época de disputas ideológicas acirradas, de tentativas de revolução e golpe, de combates nas ruas, de hiperinflação, desemprego e miséria, de frustração pela derrota. Sua agremiação era apenas uma dentre as tantas que a Alemanha de Weimer viu florescer sob discursos radicais de direita e de esquerda. Porém, seria ali, reunido com alguns poucos nas cervejarias da capital bávara, que ele descobriria sua verdadeira vocação: não seria pintor ou arquiteto! Seria um homem público, um político, um líder.

Sob sua orientação direta, o partido ganhou novo nome e uma bandeira. A cruz gramada seria para sempre associada àquele homem, que a inseriu em um círculo branco sob fundo vermelho. Milhões jurariam fidelidade àquele pavilhão e a seu criador, e botas marchariam de norte a sul e de leste a oeste seguindo o símbolo e as idéias de ódio e superioridade racial, em busca do sonho de se tornarem senhores do mundo.

Em 12 anos, o pequeno partido se tornou poderoso e, no dia 30 de janeiro de 1933, o cabo austríaco, líder absoluto e inquestionável do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, seria convidado pelo velho Marechal Hindemburgo, outro herói de guerra, para se tornar o chefe de um novo governo, que levaria ao estabelecimento de um regime que não encontrou precedentes na história e que lançaria seu povo no meríodo mais rico e também mais obscuro até então.

O III Reich deveria durar 1000 anos. Durou apenas 12. Mas foram doze intensos anos, de progresso, desenvolvimento, recuperação do orgulho ferido…mas também de destruição, preconceito, ódio e morte. O que aconteceu naqueles anos tem sido objeto de estudo, reflexão e incompreensão nas últimas sete décadas, dando margem a obras nas mais diversas áreas sobre inexplicáveis 12 anos.

4144912_x720Agora, em 30 de abril de 1945, tudo se tornara ruínas: as idéias, as conquistas, o país. Berlim sobre os escombros, sob o fogo constante e o barulho ensurdecedor da artilharia soviética, e com tropas inimigas conquistando suas ruas, era o símbolo de toda a destruição causada por aquele homem e seus seguidores.

Para ele, tudo estava consumado. Seu projeto de domínio do planeta encontrava-se agora sob os escombros de uma cidade arrasada, de um povo acabado, de um país exaurido. Como último ato daquela tragédia épica, consciente de que sua existência não seria mais cabível no inferno que ele mesmo criara, decidiu abandonar sua gente e tirar a vida. E assim o fez, com tiro na cabeça. Acabava ali o vagabundo que se tornara o homem mais importante de seu tempo.

Em poucos dias, a guerra na Europa também chegou a termo. Mas as marcas deixadas nos 12 anos em que estivera no poder, jamais serão removidas. Sob sua voz forte e seu olhar hipnótico, o mundo foi posto de ponta-cabeça, com o sacrifício de 100 milhões de vidas em seis anos.

Nada mais precisa ser dito sobre ele, que será sempre lembrado como a encarnação do mal. Neste 30 de abril de 2015, celebra-se (e esta é a palavra) os 70 anos de sua morte. E que nunca mais outro como ele caminhe sobre a face da terra!

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Mais sobre a FEB…

PracinhasAinda em memória dos nossos valorosos Pracinhas, reproduzo aqui matéria muito interessante de Hélio Guerreiro, intitulada “Lista detalhada dos mortos da FEB na Campanha da Itália“, e publicada em 15 de julho 2012, no blog de Henrique de Moura Paula Pinto (O RESGATE FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA). A propósito, recomendo esse blog, que traz significativas contribuições à História da participação brasileira na II Guerra Mundial.

Tenho enorme respeito pelos nossos Pracinhas. Quando penso no que passaram aqueles homens na Itália, há setenta anos, além da reverência a esses heróis, vem a indignação pelo total e absoluto desconhecimento que os brasileiros têm sobre sua história. Revolta o desprezo com que esses veteranos têm sido tratados por nossas autoridades civis. Não se vê homenagem, não se vê referência nem reverência, não se vê um pronunciamento da Chefe de Estado por ocasião de datas muito simbólicas como o 21 de fevereiro ou o 8 de maio (diga-se de passagem, com tanto feriado ridículo que se tem no Brasil, irrita-me que o 8 de maio não seja uma data celebrada como o dia da lembrança). O Brasil é essa vergonha.

Para a matéria, clique aqui. Para o blog sobre a FEB, clique aqui.

Pracinhas_hoje

domingo, 15 de julho de 2012

LISTA DETALHADA DOS MORTOS DA F.E.B NA CAMPANHA DA ITÁLIA

“Deus empresta-nos o corpo para que possamos aqui no plano terrestre nossos
espíritos continuem evoluindo, já que o corpo, ou seja, o uniforme, a farda
que nosso espírito usa, morre, mas o espírito JAMAIS. Quis a sabedoria Divina
que esses heróis voltassem à Sua companhia dessa forma, morrendo nesse
conflito.”( O autor )
O exposto acima só faz reforçar as palavras do ex-combatente, Capitão da Reserva
Alfredo Bertolo Klass em entrevista a RCP TV do Paraná, quanto à afirmação de
um historiador cujo nome preferimos omitir, que diz que o corpo do sargento Max
Wollf Filho jamais teria sido encontrado, mas como ele ganhou a estigma de herói
e realmente o foi, vendeu-se a ideia dos restos mortais dele estar no Monumento
dos Pracinhas no Rio de Janeiro: Diz o capitão: “ O corpo não vale nada. Deus nos
empresta para nós vivermos, então, o corpo do Max eu não sei, mas o espírito dele
está vivo! Tenham certeza!”
A palavra “baixa”, militarmente falando, não significa apenas as mortes; ela engloba
também feridos, doentes, acidentados, extraviados, presos por indisciplina e porque
não dizer, as deserções.. Durante o período em que esteve em ação na Itália, as
mortes, por exemplo, não foram só em ação; muitos dos nossos praças e alguns
oficiais morreram vítimas de acidentes, sejam de veículos, ou durante a instrução da
tropa, inclusive alguns depois do cessar fogo na Itália já que a FEB também foi tropa
de ocupação em território italiano. Continuar lendo

Bravura, Heroísmo, Vitória

FEBFora dos meios militares e dos círculos de especialistas, a data de hoje é praticamente desconhecida. Junto à população em geral, ela é completamente ignorada. E, para a sociedade brasileira e seus formadores de opinião, não se vê o porquê dela ser comemorada. Afinal, os brasileiros cantam suas glórias dos campos de futebol, dos desfiles das escolas de samba (segundo alguns próprios componentes, natural e despudoradamente financiadas pela contravenção e até pelo crime), dos artistas que foram bem nos festivais. Heróis? Claro que temos: o jogador de futebol, o artista de TV, o cantor ou, pior, muito pior, o ladrão e o traficante… Esse é o triste retrato de um povo sem valores, sem nobreza, e sem vergonha… Esse é o triste retrato do que os brasileiros nos tornamos.

cm_montecastelo_09Mas não pretendo me estender para falar da degradação moral, política e social a que chegamos. Esta publicação de Frumentarius é para render as maiores homenagens e trazer efusivos aplausos a um grupo de brasileiros que podem, indiscutivelmente, ser chamados de heróis. Refiro-me, por certo, aos nossos Pracinhas, os combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutaram, em 1944 e 1945, nos campos de batalha da Itália, durante a II Guerra Mundial. Esses heróis, juntamente com os integrantes do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, e com os combatentes da Marinha do Brasil, devem ser sempre lembrados!

castelo3A data de hoje é muito simbólica para a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Foi nossa primeira vitória na II Guerra Mundial. Ocorreu em Monte Castelo, posição estratégica que foi tomada pelos nossos heróis de farda – a duras penas, e com o sacrifício de vidas brasileiras, que fique registrado.

Nenhuma descrição que fizesse aqui poderia retratar adequadamente o que passaram nossos pracinhas no teatro de operações da Itália em geral, e na tomada de Monte Castelo, em particular. Frio, neve, medo, dor, bombas e metralha do inimigo… essas eram algumas das adversidades que encontraram nossos inexperientes combatentes, que atravessaram o Atlântico e enfrentaram, durante o inverno europeu, as temidas tropas alemãs, que contavam com bravos soldados, muitos veteranos de campanhas terríveis como a da Rússia.

img1340O objetivo, Monte Castelo, mostrava-se uma fortaleza inexpugnável onde se acantonavam as tropas alemãs. Era uma posição estratégica, que deveria ser tomada a qualquer custo, como parte da ofensiva para o rompimento da chamada Linha Gótica germânica. Estratégica e realmente muito difícil, pois há três meses (desde 24 de novembro de 1944), as tropas aliadas buscavam a vitória em Monte Castelo. Estadunidenses, britânicos, sul-africanos e poloneses já haviam falhado em quatro tentativas que culminaram em baixas significativas para aquela campanha.

De toda maneira, o Monte deveria ser tomado, e essa missão caberia aos combatentes da FEB, estas sob comando do General Mascarenhas de Morais. Em 20 de fevereiro de 1945 teria início a última ofensiva desencadeada pelo V Exército estadunidense, do qual fazia parte o contingente brasileiro. Combates ferrenhos se deram naquele dia, mas os alemães permaneciam impassíveis em sua posição.

foto_pag_sub1Mas foi a 21 de fevereiro, às 6h da manhã, que começou o assalto final. Três batalhões brasileiros foram ali empregados: o Batalhão Uzeda, seguindo pela direita, o Batalhão Franklin, subindo pelo centro, e o Batalhão de Montanha Sizeno, na reserva (nomes dos comandantes). A defesa alemã estava muito bem posicionada no alto da encosta do Monte. Dali, durante o dia inteiro, vieram tiros e bombas. Atiradores furtivos (snipers) se posicionavam estrategicamente e abatiam os brasileiros. Peças de artilharia caíam sobre os atacantes, que tinham que subir o morro. Fogo, terror e morte. 

2-ataque-a-Monte-Castelo-2Tudo levava a crer que mais um ataque seria rechaçado. Entretanto, eram brasileiros que estavam ali a combater, eram os pequenos e parrudos guerreiros dos trópicos, eram os cearenses, mineiros, gaúchos, paulistas, enfim, os tais brasileiros, que tinham que tomar o Monte.

Então, às 17h40, daquele 21 de fevereiro, após intensos combates, o 1º Regimento Franklin alcançava o cume do Monte Castelo. Monte Castelo fora, finalmente, tomado! A batalha acirrada custara a vida de cerca de 70 soldados alemães e de 417 soldados brasileiros.

Naquele dia, a Força Expedicionária Brasileira alcançou a glória. E homens se fizeram heróis. E o solo da Itália estará para sempre consagrado pelo sangue daqueles guerreiros que vieram de longe, do morro, do Engenho, das selvas, dos cafezais, da boa terra do côco, da choupana onde um é pouco, dois é bom, três é demais… Que D’us abençoe nossos pracinhas! E que esses verdadeiros heróis sejam sempre lembrados!

Segue o link para um artigo do grande Joel Silveira, o maior correspondente de guerra que tivemos, ícone do jornalismo brasileiro, e cobriu a campanha da FEB: http://www.pitoresco.com/historia/guerra/guerra04.htm .

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