França, Turquia e genocídio

É Natal! É Natal! Nesse clima de comunhão entre os povos, o Primeiro-Ministro turco declarou que os franceses cometeram genocídio na guerra da Argélia. Trata-se de resposta à aprovação, pelo Parlamento francês, de uma lei que reconhece o genocídio armênio cometido pelos turcos em 1915-1916. E esse é só um movimento da escaramurça diplomática entre Paris e Ankara (ou Angorá, na forma tradicional).

É certo que a ocupação e a guerra de independência da Argélia produziram grande quantidade de mortos entre os nativos. Ninguém discorda da violência com que os franceses trataram a população argelina, sobretudo quando perceberam que perderiam seu território do outro lado do Mediterrâneo. As táticas de contrainsurgência e técnicas de tortura dos franceses serviram de modelo para muitas ditaduras em diversas partes do globo, inclusive por aqui ao sul do Equador.

Entretanto, o que os turcos fizeram com os armenos foi o primeiro dos trágicos genocídos que marcariam nefastamente o século XX, incluindo o holocausto judeu e o extermínio dos ciganos na II Guerra Mundial, e os massacres de Ruanda e da Ex-Yugoslávia no final do milênio.

Uma parte significativa da população armena do planeta, que vivia sob o Império Otomano, foi sumariamente massacrada: homens, mulheres e crianças, idosos e bebês de colo. As atrocidades cometidas pelos turcos contra os armenos são quase que inecreditáveis, mas realmente aconteceram… infelizmente aconteceram… ali se começou a conceber a idéia de “crime contra a humanidade”…

Para um link armeno (em inglês) sobre o genocídio, clique aqui. E para a página do Armenian National Institute, clique aqui.

Quase um século depois, a França reconhece que houve um genocídio armeno. Foi tarde, muito tarde…

Em tempo: o Brasil até hoje não recenheceu o genocídio armeno.

BBC News – 23 December 2011 

Turkey accuses France of genocide in colonial Algeria

The Turkish prime minister has accused France of committing genocide during its colonial occupation of Algeria.

Recep Tayyip Erdogan was speaking after French MPs passed a bill making it a criminal act to deny that Ottoman Turks committed genocide in 1915-16 Armenia.

He accused President Nicolas Sarkozy of using the bill to fan hatred of Muslims and Turks for electoral gain.

He said Mr Sarkozy should “ask his father, who served in the French Legion there” about the Algerian “massacre”.

Year in jail

Ankara has already recalled its ambassador to France and frozen political visits and joint military projects over the bill.

And Mr Erdogan has warned he will take further unspecified steps.

“In Algeria from 1945, an estimated 15% of the population was massacred by the French. This is a genocide,” he said. “The Algerians were burned en masse in ovens. They were martyred mercilessly.”

He added: “The vote in the French parliament has shown how dangerous racism, discrimination and Islamophobia have become in France and Europe.”

If passed into law, Thursday’s bill would mean anybody who publicly denied the Armenian “genocide” would face a year in jail and a fine of 45,000 euros (£29,000; $58,000).

Mr Sarkozy has hinted the bill has his approval, though his Foreign Minister, Alain Juppe, has described it as useless and counter-productive.

There are some 500,000 voters of Armenian descent in France and they are seen as a key source of support for Mr Sarkozy.

Armenians say up to 1.5 million people were killed by the Ottoman Turks in 1915-16.

Ankara says closer to 300,000 people died, and that Turks were also killed as Armenians rose up against the Ottoman Empire when Russian troops invaded eastern Anatolia, now eastern Turkey.

More than 20 countries have formally recognised the killings as genocide.

France invaded Algeria in 1830 and it remained under French rule until independence in 1962.

The number of people killed in the eight-year independence war from 1954-1962 varies widely according to different sources, ranging from 300,000 to more than one million.