Direito sem Fronteiras

Divulgo nossa participação no programa Direito sem Fronteiras, da TV Justiça. O tema foi a autodeterminação dos povos, disputas seculares por território, e alguns casos polêmicos, como a Crimeia e as Falklands/Malvinas.

Para acessar o link do programa, clique aqui.

Direito sem Fronteiras
Direito internacional tenta mediar disputas seculares por territórios

Desde o início da história do homem, a divisão do mundo entre os povos gerou tensões e conflitos e de outro lado estimulou, através dos tempos, a formulação de regras e acordos para impedir ou resolver essas disputas. Esse é o tema do programa Direito sem Fronteiras desta semana. Conflitos de séculos ainda sem solução, como no Oriente Médio, ou conflitos recentes como a crise entre a Ucrânia e a Rússia, são motivados por diferentes fatores, como recursos naturais, jazidas minerais, acesso a oceanos ou motivos religiosos e ideológicos.

A resolução desses conflitos passa pelo Direito Internacional, diplomacia, cortes internacionais, e bom senso. Esse conjunto de ações substituiu, há muito, o uso da força na resolução das disputas. Segundo o consultor legislativo do Senado Federal para Relações Exteriores e Defesa Nacional Joanisval Brito Gonçalves, “o que a gente está vivendo hoje é reflexo da Segunda Guerra Mundial”.

Para o advogado de Direito Internacional Tágory Figueiredo, após esse período o reconhecimento de um novo Estado também mudou, passou a ser um ato político. Ele destaca a posição da Corte Internacional de Justiça sobre o assunto. “É possível o reconhecimento de um Estado, mesmo que haja alguns territórios em situação de conflito, em situação de disputa, desde que aquele novo Estado que pleiteia status de soberania tenha pelo menos uma parte significante de seu território de maneira estável”, diz.

A carta de Cristina

Quando a gente pensa que já viu tudo (ou “todo“) da senhora presidenta da querida Nación Argentina, Cristina surpreende!

Não poderia deixar de comentar sobre essa carta, que já teve a devida resposta do Governo de Sua Majestade. Para quem não sabe sobre o que estou falando, foi uma carta aberta publicada por Kirchner nos jornais britânicos conclamando o Reino Unido a, em última análise, rever seu domínio sobre as Falklands (Malvinas, para os argentinos) e, decorridos 180 anos do início da ocupação (britânica) das ilhas, devolvê-las à Argentina… Só duas observações sobre a iniciativa da senhora dos pampas:

1) Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahhaahahahahahaha!

2) Espere as Falklands de volta, senhora Cristina! Mas espere sentada…

Kirchner não precisava submeter os argentinos a esse tipo de constrangimento…

Em tempo: abraço fraterno a todos os amigos argentinos! Torcendo por vocês, meus caros! Estejam seguros que dias melhores virão!

CAMERON-20120619-size-598

Grã-Bretanha rejeita carta de Kirchner sobre Malvinas

BBC Brasil – Atualizado em 3 de janeiro, 2013 – 07:48 (Brasília) 09:48 GMT

O governo da Grã-Bretanha rejeitou uma carta aberta da presidente argentina, Cristina Kirchner, exigindo que Londres inicie negociações para passar a Buenos Aires o controle sobre as Ilhas Malvinas. Continuar lendo

Thatcher e as Falklands

"Ela tem a boca de Marilyn Monroe e os olhos de Calígula". François Mitterand

“Ela tem a boca de Marilyn Monroe e os olhos de Calígula”. François Mitterand

Interessante a liberação de parte dos arquivos britânicos sobre a Guerra das Malvinas/Falklands. Bom para os que estudam processos decisórios das Grandes Potências.

Sobre a matéria aqui postada, algumas observações:

1) Lady Thatcher não foi “pega de surpresa” com a invasão argentina das Falklands”. A própria matéria registra que a inteligência (e sempre a inteligência) já vinha informando dos planos de Buenos Aires.

2) O comentário de Lady Thatcher ilustra bem a insanidade que foi a iniciativa de se atacar as ilhas: “I again stress, I thought that they would be so absurd and ridiculous to invade the Falklands that I did not think it would happen.” Nesse sentido, por melhor que fossem as informações fornecidas pela inteligência, a razão levaria o tomador de decisões a não conceber uma campanha tão “absurda e ridícula”.

malvinasO episódio das Malvinas/Falklands foi fundamental para o colapso da ditadura na Argentina. Também serviu para consolidar a imagem de Thatcher como Dama de Ferro. E os argentinos, que acharam que iriam anexar facilmente as ilhas, acabaram contribuindo para que não ocorressem cortes no orçamento de Defesa do Reino Unido e para implodir definitivamente a imagem dos militares na Argentina, com conseqüências, inclusive orçamentárias, que alcançam nossos dias.

Nesta segunda década do século XXI, as relações entre os dois países continuam delicadas. Para piorar, no aniversário do Conflito, Cristina (sempre Cristina!) começou a provocar Londres com um discurso nacionalista pela e retomada das Malvinas (que, desde o início do século XIX, não são argentinas… e são Falklands!)… Claro que se tem que dar um desconto para demagogia latino-americana, mas…

Em tempo: há pouco, no Jornal da Globo News, Ariel Palacios deu uma aula de História e Jornalismo (pela capacidade de síntese e clareza na exposição) ao falar daqueles acontecimentos de 1982. Considero Palacios um dos grandes correspondentes que temos.

Gosto muito de Lady Thatcher… Aquela foi uma grande mulher na política. Thatcher é coerente. Thatcher é decidida. Thatcher é sexy.

BlogMalvinasBelgrano_sinking

BBC UK 28 December 2012
 By Peter Biles BBC World Affairs Correspondent
Argentine soldiers in the Falkland Islands

Related Stories

The 1982 invasion of the Falkland Islands by Argentina took Margaret Thatcher by surprise, newly released government papers have shown.

The then-prime minister only saw it was likely after getting “raw intelligence” two days before the Argentines landed.

Papers released under the 30-year rule show Mrs Thatcher was acutely worried about retaking the islands. Continuar lendo

Menos, Cristina, menos…

Por ocasião dos trinta anos da Guerra das Malvinas, e como se não tivesse muito mais com o que se preocupar, Cristina Kirchner fez declarações fortes contra o Reino Unido.

Constatações:

1) Os britânicos estão nas Malvinas (Falklands) desde 1833 (portanto, há 179 anos).

2) A ilha é deles, sejamos realistas. As pretensões argentinas, ainda que tivessem alguma procedência, teriam ido por terra (ou por mar…) com a derrota na guerra de 1982. É assim que acontece…

3) O governo de Sua Majestade mandou um navio de guerra para lá agora (é o mínimo que deveria ser feito diante dos arroubos de Buenos Aires). Exagero falar em “militarização do Atlântico Sul”… 

4) Apesar dos cortes orçamentários na Defesa do Reino Unido, ainda assim um conflito contra a Argentina hoje seria arrasador para nuestros hermanos (mesmo porque ali eles acabaram com suas Forças Armadas).

Parece que a Casa Rosada está tentando desenterrar o passado, agora em Política Externa. Os argentinos teriam proposto, inclusive, estabelecer um bloqueio contra as Malvinas e impedir o único vôo do continente para as ilhas (um da LAN Chile, que, se não me engano, sai de Punta Arenas…). Isso não vai acabar bem…

Argentina denunciará na ONU “militarização” das Malvinas

Reuters – quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012 10:10 BRST

BUENOS AIRES, 8 Fev (Reuters) – A Argentina denunciará perante a ONU o que considera ser uma militarização do sul do Atlântico por parte da Grã-Bretanha, afirmou na terça-feira a presidente Cristina Fernández de Kirchner, em meio a uma escalada diplomática entre os dois países.

O anúncio foi feito pela presidente diante de veteranos da guerra em que a Argentina e a Grã-Bretanha se enfrentaram em 1982 pela posse das Ilhas Malvinas e vem depois da decisão do governo britânico de enviar um de seus barcos de guerra mais avançados, o destroier HMS Dauntless, para o sul do Atlântico.

As tensões por causa das disputadas ilhas aumentaram nas últimas semanas, com a aproximação do aniversário de 30 anos da guerra de 1982 e empresas britânicas buscando petróleo nas águas ao redor do arquipélago.

“Estão militarizando o Atlântico Sul mais uma vez”, disse Cristina, em um ato ao qual comparecem políticos de todos os partidos, empresários e sindicalistas.

“Eu instruí nosso chanceler (ministro de Relações Exteriores) para que apresente formalmente ao Conselho de Segurança da ONU e também à Assembleia Geral a militarização do Atlântico Sul, que implica um grave risco para a segurança internacional”, afirmou a presidente.

O governo britânico, que recusa a reclamação argentina de soberania sobre as ilhas, afirmou recentemente que a decisão de enviar o destroier HMS Dauntless para a região, para substituir outro navio, era uma medida que estava planejada desde antes e “totalmente de rotina”.

O príncipe William, segundo na linha de sucessão do trono britânico, está no arquipélago, situado a uns 500 quilômetros da costa argentina, realizando uma atividade temporária como piloto de busca e resgate.

(Por Guido Nejamkis e Magdalena Morales)

http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE81702020120208