Como votaram os britânicos

13510914_10154493307779305_7902161969528145005_nQue meus 8 (oito) leitores não se irritem com minha insistência no tema, mas é que percebo a saída do Reino Unido da União Européia como um evento de grande importância para as relações internacionais contemporâneas. Prometo que o próximo post será sobre outro assunto (ainda que volte a falar do BREXIT e dos britânicos mais adiante, hehehe)…

Achei interessante a página cujo link publico aqui e que traz o resultado da votação por região do Reino Unido. Importante destacar que a decisão pela saída ganhou com o apoio das áreas mais interioranas daquele país, onde está a população menos afeita à ideia de integração com outras nações e, talvez, mais conservadora e arraigada a costumes de uma Grã-Bretanha que existia até meados do século XX. Optaram por permanecer na União Europeia a grande maioria dos escoceses (62%) e dos irlandeses do norte (55,7%). Londres, capital cosmopolita e moderna, teve quase 60% de eleitores que disseram a favor da permanência no bloco.

De toda maneira, a crise só está começando. No Parlamento Escocês já se fala em “vetar” o Brexit sob o argumento da necessidade de “consentimento legislativo” dos escoceses para se efetivar a medida (vide interessante matéria no Estadão a respeito clicando aqui), e há um risco real de que o Reino Unido sofra nos próximos anos com o crescimento do separatismo na Escócia e na Irlanda do Norte (tudo de que os súditos de Sua Majestade não precisam).

O fato é que uma primeira análise do resultado dessa votação mostra um Reino Unido dividido, e com situações delicadas que poderão se agravar nos próximos meses em razão do processo de saída da União Européia. Continuo achando que todos os lados vão perder com a escolha desses 51,9% de votantes… Espero, sinceramente, que os britânicos consigam resolver essa situação com o talento e a sabedoria que fazem daquele um grande povo! God save the Queen! God save the UK!

Para a página com as estatísticas do BREXIT, clique aqui.

Um Reino Desunido e sem queijo com chucrute

FISH CHIPSEra uma vez um Reino muito bonito, de gente honrada, trabalhadora e ordeira, que comia peixe com fritas e onde vivia uma grande e sábia rainha… Como toda monarquia constitucional, quem governava eram representantes do povo, os políticos, escolhidos pela gente trabalhadora, honrada e ordeira comedora de peixe com fritas. Todos viviam felizes e gostavam de sua rainha, que apesar de não governar, representava com grande maestria aquele povo que usava chapéu, guarda-chuva e galochas. E, já havia alguns anos, o reino que era unido se uniu também a um continente onde se comia queijo, chucrute, spaghetti, presunto, azeitonas e também, na falta desses, peixe com fritas.

Certo dia, um político (que era quem realmente governava aquele reino) decidiu fazer uma consulta popular para saber se o reino continuaria unido a outras nações em um próspero bloco continental, onde se podia comer de tudo (inclusive peixe com fritas)… Chamou o povo, que resolveu colocar seu peixe com fritas de lado, pegar seu guarda-chuva e suas galochas, e ir decidir sobre o futuro antes de tomar uma cerveja quente na taverna (mesmo porque o que não falta naquele reino são tavernas onde se pode beber cerveja quente e comer peixe com fritas).

cheese frenchO político achava que todos iriam apoiá-lo na consulta aos comedores de peixe com fritas e permitir que o reino, que era unido, continuasse unido também ao continente onde se comia de tudo. Só que apareceram outros políticos que não queriam o reino unido aos comedores de chucrute e tampouco àquele povo do outro lado do canal que falava uma língua estranha e comia queijo, muito queijo. Também não acharam uma boa ideia dividir seu peixe com fritas com gente que gostava de azeitonas, de spaghetti e de presunto, apesar de se incomodarem mesmo era com aqueles de fora do continente que gostavam de tabule e de grão-de-bico (e que aportavam no reino aos montes fugindo da guerra e da fome).

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Chegou finalmente o dia da votação naquele belo reino onde vivia uma sábia rainha. E 51,9% dos comedores de peixe com fritas que foram votar optaram por se separar do continente… Uma vez que 72% dos comedores de peixe com fritas foram votar, cerca de 37,4 % do total de eleitores optaram pela saída… Isso significa que aproximadamente 62% dos eleitores comedores de peixe com fritas ficarão sem poder se deliciar com queijos (muitos queijos), presuntos (pata negra), azeitonas, spaghetti (al pomodoro) e, claro, chucrute, por causa desses 38% que preferem continuar comendo só peixe com fritas…

bafea7d70aaf1fcd5f4740de03739a2fSou solidário aos 62% de comedores de peixe com fritas que não poderão mais comer outra coisa por causa dos 38% que adoram peixe com fritas! Dizem que é assim que funciona a democracia moderna. Só que democracia direta não é moderna, porque entrega ao povo questões complexas para que se decida de maneira simplória. Quando um político pergunta diretamente ao povo o que ele quer, corre o risco de fazer esse povo acreditar que não precisa de representantes para lhe governar… Aí há o perigo de decisões confusas e fatais… É o que aconteceu com o trabalhador, ordeiro e honrado povo do reino onde se come peixe com fritas… Vai ficar mais difícil comer queijo, presunto, spaghetti, azeitona e chucrute naquela ilha… Talvez se tivessem consultado a sábia rainha…

Plate, knife and fork on Union Jack

 

“O continente está isolado”

Illustration picture of postal ballot papers ahead of the June 23 referendum when voters will decide whether Britain will remain in the European UnionDeterminados acontecimentos nos dão a certeza de que estamos diante de um evento marcante da história da humanidade… Foi assim com o final das duas guerras mundiais, com a chegada do homem à Lua, com a queda do Muro de Berlim, com o discurso final de Gorbatchev no dia 25/12/1991 (seguido da extinção formal da União Soviética), com o início da circulação do Euro, com o 11 de setembro de 2001… Indubitavelmente, 24 de junho de 2016 também entra para a História como a data de mais um desses grandes eventos: o dia do resultado do plebiscito que decidiu que o Reino Unido (RU) deixará a União Européia (UE)…

Não pretendo aqui fazer qualquer grande digressão política, econômica, social, cultural, histórica, espacial, psicológica, sobrenatural no que concerne à saída dos britânicos do bloco europeu, nem sobre os impactos dessa saída para a UE ou para o próprio RU… Tampouco farei qualquer consideração sobre as consequências disso para o Brasil (haverá consequências para o Brasil, certamente). O que pretendo é dedicar algumas linhas a uma percepção inicial e bem pessoal desse evento marcante… Só divagações mesmo.

maxresdefaultComo internacionalista e alguém que vê com bons olhos o processo de integração europeu, fico triste com a saída do Reino Unido do bloco… Afinal, com todos os seus problemas étnicos, políticos, econômicos, jurídicos, com todos os males causados por um sistema muito burocrático e que se tem mostrado desequilibrado, sob influência de idéias utópicas e imposições corporativas, a União Européia continua uma grande referência de êxito integração. É bonito ver as quatro liberalidades funcionando naquele continente tão diverso. É bonito ver como os europeus conseguiram superar uma situação de guerra fratricida e hoje (com todas suas idiossincrasias) se mostram mais unidos e integrados. Claro que sempre haverá quem assuma um maior protagonismo naquela grande família de nações, e haverá irmãos mais complicados e com problemas, uns mais ricos que outros, uns mais iguais que outros… Entretanto, a ideia de união permanece, em especial junto às novas gerações… E cada vez mais o sentimento de cidadania européia ganha espaço nesse processo evolutivo… “Unidos somos mais fortes”, é a ideia central do bloco.

160515065043_boris_johnson_640x360_getty_nocreditOs britânicos, porém, parecem não compartilhar dessa percepção de que é melhor uma Europa integrada. Não tirarei suas razões, e há argumentos fortes por parte daqueles que defendem a saída do Reino Unido do bloco… Afinal, a Grã-Bretanha se veria muito engessada pelas instituições, normas e políticas de Bruxelas… Assustam também, argumentam os defensores da saída do bloco, as responsabilidades e os custos de pertencer à União Européia… Nesse sentido, a segunda economia da Europa precisaria estar livre (como sempre esteve) para alçar vôos próprios, com independência e de acordo com seus interesses… Ademais, há a preocupação com o aumento da imigração na Grande Albion (ainda que cheguem/tenham chegado às ilhas britânicas muitos imigrantes altamente qualificados, fluentes em inglês e contributivos para a Economia do país, ao mesmo tempo em que são abertos aos britânicos cerca de três dezenas de países onde eles podem viver, trabalhar, construir o futuro)… Interessante que a alternativa de saída da UE ganhou em regiões com pouca presença de imigrantes… Continuar lendo

Separar para quê?

scotland-flag-1_2103925cÉ sempre bom lembrar a meus alunos de Relações Internacionais que o separatismo não é uma exclusividade da Ucrânia na Europa de hoje… Há muitas regiões do continente que clamam por emancipação. Geralmente, no contexto atual de integração européia, o separatismo pode trazer mais prejuízos que benefícios para as novas nações que queiram surgir no Velho Mundo.

Publico aqui interessante artigo da DW sobre o separatismo escocês e o referendo de 18 de setembro, quando os escoceses decidirão se permanecerão no Reino Unido e se constituirão uma nação independente. Sei não, mas acho que seria um tiro fatal no pé essa separação da Escócia. A União existe há três séculos; a Grã-Bretanha é a sexta economia do planeta e os escoceses, apesar de suas diferenças e do sotaque, estão tão inseridos na sociedade britânica que é inconcebível imaginar o povo das terras altas constituindo outro país… Esqueçam separação… a coisa não vai acabar bem…

Os escoceses até poderiam se separar… só queria ver onde ficará a Pedra de Scone, ou Pedra do Destino, na coroação do sucessor de Elizabeth II (se algum dia Elizabeth II vier a falecer…). Para quem não sabe, é uma pedra sobre a qual os reis escoceses eram coroados e que foi tomada pelos ingleses quando conquistaram as terras altas. Desde então, durante séculos a pedra ficou em Londres, e todos os reis ingleses e britânicos a partir de então são coroados sobre essa pedra, que fica embaixo do trono… Recentemente ela foi transferida para Edimburgo, mas com a ressalva, sempre destacada, que continua a pertencer à Coroa Britânica… tradição é tradição.

Reino Unido acirra campanha contra a independência da Escócia

Deutsche Welle, 27/04/2014

Após mais de 300 anos de união, escoceses opinam sobre separação do Reino Unido em referendo marcado para setembro. Governo em Londres faz campanha para reverter o avanço nacionalista entre o eleitorado escocês.

Schottland Unabhängigkeit von Großbritannien

O governo britânico decidiu intensificar a campanha contra o referendo sobre a independência da Escócia, marcado para o dia 18 de setembro. Nesta semana, o secretário-chefe do Tesouro britânico, Danny Alexander, irá a Edimburgo tentar “desfazer mitos” que cercam as reivindicações feitas pelos defensores da separação.

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God save the Queen!

elizabeth IIApenas para lembrar, nesta data Sua Majestade celebra os sessenta anos de seu reinado, iniciado com a passagem súbita de seu pai, o Rei George VI. Nessas seis décadas, Elizabeth II  viu seu Império esfacelar-se em um processo de descolonização, viu uma guerra vencida contra um país distante, testemunhou mudanças na ordem interna e no campo internacional… Continuou porém, reinando altaneira e soberana, amada por seus súditos e mostrando ao mundo as vantagens de uma monarquia constitucional. O período passará à história do Reino Unido como a segunda era elisabetana. Compartilho o comentário a seguir da página Causa Imperial.

D’us Salve a Rainha!

A RAINHA: SEIS DÉCADAS DE SERVIÇO E DEVOÇÃO

Há exatos sessenta e dois anos, na manhã do dia 6 de fevereiro de 1952, um criado de Sandrigham House, em Norfolk, no Reino Unido, encontrou o Rei George VI, Soberano dos Domínios Britânicos e último Imperador da Índia, morto em sua cama. O Rei tinha apenas cinquenta e seis anos. Os tormentos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) haviam cobrado seu preço sobre a vida de Sua Majestade. Continuar lendo

A nova Questão Christie e mais pachouchadas de nossa Política Externa…

Brasil_Gra-BretanhaMuito bem! Depois das merecidas férias e, como diria o grande Roberto Carlos, eu voltei!

E volto comentando essa pachouchada em que estamos nos metendo com os britânicos por causa de uma bufonaria de um repórter e seu companheiro… Segue a nota que o Itamaraty publicou, revelando a “indignação” do governo brasileiro pelo ocorrido com David Miranda (por que a imprensa brasileira insiste em pronunciar “deivid”?) em Londres… como se as autoridades britânicas tivessem feito o maior dos absurdos!

Vamos analisar a situação: o sujeito entra em território britânico, portando documentos e arquivos fruto de espionagem e de crime de vazamento de informações, e querem que ele passe incólume pelas autoridades daquele país?!? O que é isso!?!

Outra coisa: autoridades de imigração têm o direito (e o dever) de reter um suspeito de conduta criminosa que passe por seu território (como, naturalmente, teriam feito com o Edward “Bocão” Snowden)… E se fosse aqui no Brasil? Estrangeiro declaradamente portando documentos resultantes de vazamento (conduta criminosa, segundo nossas leis) entra em nosso território e passa tranquilamente pelas autoridades de imigração… Pense nisso!

Ademais, evidentemente, o sujeito foi para a Grã-Bretanha com a intenção de provocar as autoridades britânicas e gerar o fato político! Afinal, desde quando para se ir de Berlim ao Brasil é necessário fazer escala na capital britânica??!?? Claro que é provocação! Queria produzir notícia e chamar a atenção!

Que a imprensa e os mais incautos “comprem” essa truanice é até aceitável… Porém, é inadmissível que o governo brasileiro caia nessa rede! Não se tem que pedir satisfações do Governo britânico coisa nenhuma! Não houve qualquer violação de soberania ou ameaça aos interesses brasileiros!

Será que vamos, em mais uma das já usuais pachouchadas de nossa Política Externa, entrar em atrito com o Governo de uma nação tradicionalmente amiga por causa de um jogo de cena de um jornalista estrangeiro e seu companheiro brasileiro? Afinal, já há quem fale em retaliação… e se nós começarmos com esse disparate de distratar cidadãos britânicos que venham ao Brasil, quem vai perder? Nós, pessoas comuns, cidadãos brasileiros que porventura decidamos ir ao Reino Unido e que acabaremos, no mínimo, chegando lá com a antipatia do amistoso e cordial povo daquelas ilhas!

Haja paciência! Como se precisássemos de uma nova “Questão Christie”!!!… Continuar lendo

Luto pela Dama

Margaret-ThatcherDemorei a escrever sobre ela. A correria de ontem e de hoje me impediu de registrar com a clareza devida meu pesar pela transição (é assim que se referem os rosacruzes à morte) daquela que considero uma das grandes mulheres de seu tempo.

O que dizer de Lady Thatcher? Muito já foi dito nas últimas horas. Nada suficiente para que a atual geração entenda quem foi a Dama de Ferro. Junto com Ronald Reagan e João Paulo II, Thatcher compôs o grande triunvirato do mundo livre que, no último quartel do século XX, pôs abaixo a Cortina de Ferro e derrotou o comunismo. Isso já bastaria para tornar aquela senhora inesquecível.

Margaret Thatcher mostrou-se forte quando precisou ser forte. Quanto respondeu à agressão da ditadura argentina, com generais ansiosos por desviar a atenção de seu povo dos problemas domésticos e desafiar um Império que parecia distante e, na percepção machista latino-americana, governado por uma frágil mulher. A Primeira-Ministra era tudo menos frágil. E a senhora de voz firme mostrou-se firme também na defesa da soberania britânica sobre as Falklands.

Margaret-Thatcher2A filha de alfaiate mostrou-se forte também para reformar a economia e a sociedade de seu país. Diante da crise que ameaçava a estabilidade britânica, promoveu reformas que desagradaram a muitos, mas que, a seu ver, eram necessárias. Essas reformas, e a maneira singular com que conduziu o país por 12 anos, dariam origem ao termo “thatcherismo”. Indubitavelmente, a baronesa Thatcher não era uma mulher nada frágil.

A História da Grã-Bretanha é marcada por mulheres fortes. Elizabeth I, Rainha Victoria… ambas deram seus nomes a sua época… Também se pode falar de uma era Thatcher, de um período de grandes transformações no Reino Unido e que reverberaram pela Europa e pelo mundo!

A Grã-Bretanha teve dois memoráveis primeiros-ministros no século XX: Sir Winston Churchill… e Lady Margaret Thatcher… Aquele venceu o nazi-fascismo, esta o comunismo. Ambos foram líderes conservadores enérgicos e sagazes, tinham discurso incisivo, frases de efeito, enfrentaram guerras, encontraram em grandes presidentes dos EUA bons aliados… Churchill e Thatcher conduziram seu povo em horas difíceis, e combateram o bom combate. Churchill e Thatcher deixaram um grande legado!

Não sei mais o que dizer sobre Lady Thatcher… o que sei é que o mundo fica mais triste sem a Dama de Ferro. Eu ao menos fico.

Como não tenho eloqüência tampouco competência para expressar meu sentimento de pesar, concluo essa reflexão com as palavras de meu caro Paulo Kramer, que consegue com primor expor em algumas linhas o sentimento de muitos:

Descanse em paz, baronesa Thatcher! Ao lado de Ronald Reagan e João Paulo II, V. formou a trinca dos estadistas da segunda metade do século 20 que mais admirei. Simplesmente amo aquela sua frase: “A liderança é o oposto do consenso.” É preciso sacudir o conformismo, desafinar o coro dos contentes, denunciar o ‘mais do mesmo’, balançar o coreto — enfim, despertar a humanidade modorrenta para o fato de que a conquista da liberdade, o maior bem da vida individual e social, pressupõe responsabilidade, maturidade e muita coragem; não é coisa para fracotes, covardes, conformistas que só sabem se esconder atrás das plataformas choronas e imaturas dos eternos grupos-vítima. V., Margaret, combateu o bom combate e será sempre uma referência, uma inspiração para todos nós, liberais-conservadores.

Acordei hoje às 05:20 da manhã para uma ida e volta ao Rio de Janeiro. Peço perdão a meus oito leitores por essas linhas truncadas… Morfeu me chama…

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A carta de Cristina

Quando a gente pensa que já viu tudo (ou “todo“) da senhora presidenta da querida Nación Argentina, Cristina surpreende!

Não poderia deixar de comentar sobre essa carta, que já teve a devida resposta do Governo de Sua Majestade. Para quem não sabe sobre o que estou falando, foi uma carta aberta publicada por Kirchner nos jornais britânicos conclamando o Reino Unido a, em última análise, rever seu domínio sobre as Falklands (Malvinas, para os argentinos) e, decorridos 180 anos do início da ocupação (britânica) das ilhas, devolvê-las à Argentina… Só duas observações sobre a iniciativa da senhora dos pampas:

1) Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahhaahahahahahaha!

2) Espere as Falklands de volta, senhora Cristina! Mas espere sentada…

Kirchner não precisava submeter os argentinos a esse tipo de constrangimento…

Em tempo: abraço fraterno a todos os amigos argentinos! Torcendo por vocês, meus caros! Estejam seguros que dias melhores virão!

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Grã-Bretanha rejeita carta de Kirchner sobre Malvinas

BBC Brasil – Atualizado em 3 de janeiro, 2013 – 07:48 (Brasília) 09:48 GMT

O governo da Grã-Bretanha rejeitou uma carta aberta da presidente argentina, Cristina Kirchner, exigindo que Londres inicie negociações para passar a Buenos Aires o controle sobre as Ilhas Malvinas. Continuar lendo

Thatcher e as Falklands

"Ela tem a boca de Marilyn Monroe e os olhos de Calígula". François Mitterand

“Ela tem a boca de Marilyn Monroe e os olhos de Calígula”. François Mitterand

Interessante a liberação de parte dos arquivos britânicos sobre a Guerra das Malvinas/Falklands. Bom para os que estudam processos decisórios das Grandes Potências.

Sobre a matéria aqui postada, algumas observações:

1) Lady Thatcher não foi “pega de surpresa” com a invasão argentina das Falklands”. A própria matéria registra que a inteligência (e sempre a inteligência) já vinha informando dos planos de Buenos Aires.

2) O comentário de Lady Thatcher ilustra bem a insanidade que foi a iniciativa de se atacar as ilhas: “I again stress, I thought that they would be so absurd and ridiculous to invade the Falklands that I did not think it would happen.” Nesse sentido, por melhor que fossem as informações fornecidas pela inteligência, a razão levaria o tomador de decisões a não conceber uma campanha tão “absurda e ridícula”.

malvinasO episódio das Malvinas/Falklands foi fundamental para o colapso da ditadura na Argentina. Também serviu para consolidar a imagem de Thatcher como Dama de Ferro. E os argentinos, que acharam que iriam anexar facilmente as ilhas, acabaram contribuindo para que não ocorressem cortes no orçamento de Defesa do Reino Unido e para implodir definitivamente a imagem dos militares na Argentina, com conseqüências, inclusive orçamentárias, que alcançam nossos dias.

Nesta segunda década do século XXI, as relações entre os dois países continuam delicadas. Para piorar, no aniversário do Conflito, Cristina (sempre Cristina!) começou a provocar Londres com um discurso nacionalista pela e retomada das Malvinas (que, desde o início do século XIX, não são argentinas… e são Falklands!)… Claro que se tem que dar um desconto para demagogia latino-americana, mas…

Em tempo: há pouco, no Jornal da Globo News, Ariel Palacios deu uma aula de História e Jornalismo (pela capacidade de síntese e clareza na exposição) ao falar daqueles acontecimentos de 1982. Considero Palacios um dos grandes correspondentes que temos.

Gosto muito de Lady Thatcher… Aquela foi uma grande mulher na política. Thatcher é coerente. Thatcher é decidida. Thatcher é sexy.

BlogMalvinasBelgrano_sinking

BBC UK 28 December 2012
 By Peter Biles BBC World Affairs Correspondent
Argentine soldiers in the Falkland Islands

Related Stories

The 1982 invasion of the Falkland Islands by Argentina took Margaret Thatcher by surprise, newly released government papers have shown.

The then-prime minister only saw it was likely after getting “raw intelligence” two days before the Argentines landed.

Papers released under the 30-year rule show Mrs Thatcher was acutely worried about retaking the islands. Continuar lendo

Parcerias estratégicas… Welcome, Mr. Cameron!

Boa associação entre a sexta e a sétima economias do globo! Claro que não adianta imaginar que isso significa alguma possibilidade de conseguirmos um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Se um dia formos, realmente, uma grande potência, lá estaremos! Ou não…

Congratulations, Mr. Cameron! Tem-se aí um movimento, no mínimo, perspicaz, na Política Externa britânica… Os argentinos que se cuidem… De toda maneira, isso vai matar a Cristina de inveja (só por isso já valeu a visita, heheheheh)!

Cameron leads British hunt for business in Brazil

Reuters, 28SEP2012 – 6:30pm EDT

BRASILIA (Reuters) – British Prime Minister David Cameron had oil and sports on his mind when he visited Brazil this week seeking business opportunities in the South American nation that overtook Britain last year to become the world’s No. 6 economy.

With the European Union in a slump, Cameron has turned to emerging BRIC nations – Brazil, Russia, India and China – as alternative markets for British exports and investments, with little to show so far. Continuar lendo

Pronunciamento de Cristina Kirchner sobre as Malvinas

Segue o pronunciamento da senhora presidenta… Sem maiores comentários.

PALABRAS DE LA PRESIDENTA DE LA NACIÓN CRISTINA FERNÁNDEZ EN UN ACTO EN EL SALÓN DE LOS PATRIOTAS LATINOAMERICANOS, CASA ROSADA.

Muy buenas tardes a todos y a todas: creo que – sin lugar a dudas – hoy más que nunca sí la Presidenta de los 40 millones de argentinos, porque creo que también la presencia del conjunto de la sociedad argentina, expresada por los distintos partidos políticos, por las fuerzas del trabajo; expresada también por las organizaciones de derechos humanos, por los integrantes de las fuerzas armadas, por los representantes de las empresas argentinas, por los representantes de cada uno de nuestros Estados Federales, más los jóvenes, más los hombres y mujeres, más los combatientes de Malvinas revela claramente que estamos ante un hecho de política de Estado, de política nacional. Continuar lendo

Mais Malvinas…

Nota da Presidencia de la Nación Argentina sobre o pronunciamento da senhora Cristina Kirchner acerca da Guerra das Malvinas. Desculpe, senhora presidenta, mas dizer que “Malvinas ha dejado de ser una causa sólo de los argentinos, para transformarse en una causa de los americanos, de Latinoamérica, y en una causa global” é um pouco pretensioso e fora da realidade, não?

Se me recordo bem, a última vez que se tentou usar a questão das Malvinas para se desviar dos problemas internos da Argentina, o resultado foi a queda do regime… Muita calma nessa hora, Senhora Presidenta…

PS: No site há o link para o vídeo com pronunciamento de Sua Excelência, a quem interessar possa…

Martes, 07 de Febrero de 2012

“Le quiero pedir al primer ministro británico que alguna vez le den una oportunidad a la paz”, afirmó la Presidenta

La presidenta Cristina Fernández anunció que la República Argentina denunciará formalmente ante la Organización de las Naciones Unidas la “militarización del Atlántico Sur”, por parte de Gran Bretaña. Fue durante el acto en el que firmó el decreto por el que se resuelve la desclasificación del Informe Rattenbach, en el que se denunciaban los delitos e irregularidades cometidos durante la Guerra de Malvinas, en 1982. Además, informó que en los próximos días se habilitará el Hospital de Salud Mental Islas Malvinas destinado a los ex combatientes del conflicto bélico.La presidenta Cristina Fernández firmó hoy, durante un acto en la Galería de los Patriotas Latinoamericanos de la Casa de Gobierno, el decreto por el que se desclasifica el Informe final de la comisión encabezada por el general Agustín Rattenbach, sobre las irregularidades y delitos cometidos durante la Guerra de Malvinas, en 1982. Mediante el decreto se forma una comisión integrada por un miembro del Ministerio de Defensa, uno del Ministerio de Relaciones Exteriores y el coronel Agustín Rattenbach, hijo del militar que presidió la comisión que redactó el informe. Dicha comisión deberá aconsejar a la Presidenta de la Nación sobre los puntos que pueden ser desclasificados para su difusión al país y al resto del mundo. Continuar lendo

Menos, Cristina, menos…

Por ocasião dos trinta anos da Guerra das Malvinas, e como se não tivesse muito mais com o que se preocupar, Cristina Kirchner fez declarações fortes contra o Reino Unido.

Constatações:

1) Os britânicos estão nas Malvinas (Falklands) desde 1833 (portanto, há 179 anos).

2) A ilha é deles, sejamos realistas. As pretensões argentinas, ainda que tivessem alguma procedência, teriam ido por terra (ou por mar…) com a derrota na guerra de 1982. É assim que acontece…

3) O governo de Sua Majestade mandou um navio de guerra para lá agora (é o mínimo que deveria ser feito diante dos arroubos de Buenos Aires). Exagero falar em “militarização do Atlântico Sul”… 

4) Apesar dos cortes orçamentários na Defesa do Reino Unido, ainda assim um conflito contra a Argentina hoje seria arrasador para nuestros hermanos (mesmo porque ali eles acabaram com suas Forças Armadas).

Parece que a Casa Rosada está tentando desenterrar o passado, agora em Política Externa. Os argentinos teriam proposto, inclusive, estabelecer um bloqueio contra as Malvinas e impedir o único vôo do continente para as ilhas (um da LAN Chile, que, se não me engano, sai de Punta Arenas…). Isso não vai acabar bem…

Argentina denunciará na ONU “militarização” das Malvinas

Reuters – quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012 10:10 BRST

BUENOS AIRES, 8 Fev (Reuters) – A Argentina denunciará perante a ONU o que considera ser uma militarização do sul do Atlântico por parte da Grã-Bretanha, afirmou na terça-feira a presidente Cristina Fernández de Kirchner, em meio a uma escalada diplomática entre os dois países.

O anúncio foi feito pela presidente diante de veteranos da guerra em que a Argentina e a Grã-Bretanha se enfrentaram em 1982 pela posse das Ilhas Malvinas e vem depois da decisão do governo britânico de enviar um de seus barcos de guerra mais avançados, o destroier HMS Dauntless, para o sul do Atlântico.

As tensões por causa das disputadas ilhas aumentaram nas últimas semanas, com a aproximação do aniversário de 30 anos da guerra de 1982 e empresas britânicas buscando petróleo nas águas ao redor do arquipélago.

“Estão militarizando o Atlântico Sul mais uma vez”, disse Cristina, em um ato ao qual comparecem políticos de todos os partidos, empresários e sindicalistas.

“Eu instruí nosso chanceler (ministro de Relações Exteriores) para que apresente formalmente ao Conselho de Segurança da ONU e também à Assembleia Geral a militarização do Atlântico Sul, que implica um grave risco para a segurança internacional”, afirmou a presidente.

O governo britânico, que recusa a reclamação argentina de soberania sobre as ilhas, afirmou recentemente que a decisão de enviar o destroier HMS Dauntless para a região, para substituir outro navio, era uma medida que estava planejada desde antes e “totalmente de rotina”.

O príncipe William, segundo na linha de sucessão do trono britânico, está no arquipélago, situado a uns 500 quilômetros da costa argentina, realizando uma atividade temporária como piloto de busca e resgate.

(Por Guido Nejamkis e Magdalena Morales)

http://br.reuters.com/article/worldNews/idBRSPE81702020120208

The Queen and the Government

A última da noite para não saturar os leitores não-monarquistas (mesmo porque os monarquistas não se cansam…). Artiguinho sobre a relação entre a rainha e o governo.

O mais interessante é a lista dos primeiro-ministro que serviram sob o reinado de Elizabeth II: só 12, incluindo Winston Churchill (em minha humilde opinião, depois de Churchill, o premier mais memorável desde a II Guerra Mundial foi Lady Thatcher, só para constar…)!

The Queen and Government

As Head of State The Queen has to remain strictly neutral with respect to political matters. However, Her Majesty does have important formal and ceremonial roles in relation to the Government of the UK Continuar lendo

O papel do soberano

Segue texto sobre o papel do soberano na monarquia britânica (extraído do sítio do jubileu de diamante de Elizabeth II). Talvez ajude a entender a beleza do regime monárquico constitucional…

E para aqueles que pretendem criticar o modelo (sempre há quem não tolera opinião divergente), não percam seu tempo! Procurem coisa mais útil para fazer e fiquem com seu republicanismo… Respeito seu republicanismo. Respeitem meu direito de preferir a opção monárquica! É assim que se faz em uma democracia…

Deus salve a Rainha!

The role of the Sovereign

What is the role of The Queen and what part does she play in the life of the nation? Find out about Her Majesty’s official duties and working life

The British Sovereign can be seen as having two roles: Head of State and ‘Head of the Nation’.

As Head of State, The Queen undertakes constitutional and representational duties which have developed over one thousand years of history. Continuar lendo

God save the Queen!

O tempo foi escasso, por isso não consegui postar nada durante o dia. Entretanto, nos últimos minutos deste dia 6 de fevereiro, gostaria de prestar minha homenagem a Elizabeth Alexandra Mary, ou Elizabeth II, soberana do Reino Unido e outros 15 Estados, pelo seu glorioso Jubileu de Diamante! 60 anos de reinado austero realmente é para pouquíssimos! Este é um dia de júbilo para os monarquistas de todo o mundo.

Deus Salve a Rainha! 

Para a página oficial do jubileu de diamante de Sua Majestade, clique aqui. Recomendo.

Segue biografia dessa nobre filha da Casa de Windsor (ou Hannover, para os mais tradicionalistas…).

Elizabeth II

From Wikipedia, the free encyclopedia
For other uses, see Elizabeth II (disambiguation).
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Elizabeth II
Elderly Elizabeth with a smile
Elizabeth II in 2007
Reign 6 February 1952 – present
Coronation 2 June 1953
Predecessor George VI
Heir apparent Charles, Prince of Wales
Prime Ministers See list
Spouse Prince Philip, Duke of Edinburgh (m. 1947)

Issue

Prince Charles, Prince of Wales
Princess Anne, Princess Royal
Prince Andrew, Duke of York
Prince Edward, Earl of Wessex
Full name
Elizabeth Alexandra Mary
House House of Windsor
Father George VI
Mother Elizabeth Bowes-Lyon
Born 21 April 1926 (age 85)
Mayfair, United Kingdom
Religion Church of England
Church of Scotland

Elizabeth II (Elizabeth Alexandra Mary; born 21 April 1926[note 1]) is the constitutional monarchof 16 of the 54 sovereign states within the Commonwealth of Nations, and Head of the Commonwealth. In order of foundation, the 16 independent Commonwealth realms are the United KingdomCanadaAustraliaNew ZealandJamaicaBarbadosthe BahamasGrenadaPapua New Guinea, the Solomon IslandsTuvaluSaint LuciaSaint Vincent and the Grenadines,BelizeAntigua and Barbuda, and Saint Kitts and Nevis. As the British monarch, she is theSupreme Governor of the Church of England. Continuar lendo

A grande ameaça à segurança nacional britânica

“Nenhum país conseguirá se defender se estiver na bancarrota”… O problema é que quando vem a crise financeira, um dos primeiros cortes orçamentários é na área de Defesa…

Euro crisis main security threat: military chief

LONDON — The ongoing eurozone crisis is the single greatest threat to Britain’s national security, the head of its armed forces warned Wednesday.

Chief of the defence staff General Sir David Richards also told the Royal United Services Institute, a defense think tank, that the Arab Spring uprisings could trigger Islamist unrest in Britain. Continuar lendo