O mais inesperado do mais esperado

mauerAconteceu há exatos 25 anos, mas parece que foi ontem. Naquela noite fria de 9 novembro de 1989, a Alemanha estava dividida, e Berlim era a capital da República Democrática Alemã (RDA), a Alemanha Oriental, baluarte do comunismo fundado em 1949 e país mais desenvolvido do bloco soviético depois da própria União Soviética. A RDA era governada por um regime tão autoritário que os jovens de nem conseguem conceber. Uma ditadura sustentada no terror e na repressão, na qual os cidadãos eram apenas peças da estrutura do Estado, exatamente como os tijolos que compunham o extenso muro que cercava Berlim Ocidental, enclave de resistência capitalista no coração da Alemanha comunista.

Foram quarenta anos de ditadura que inesperadamente começaram a ruir naquele ano de 1989. Com as reformas produzidas por Gorbatchev na União Soviética, o controle da Superpotência sobre seus Estados satélites do Leste Europeu foi se esvaindo e o verão daquele ano testemunhou a abertura e o fim do comunismo nos países do bloco: Polônia, Hungria, Tchecoslováquia… E os ventos de mudança chegavam à RDA.

0,,17747092_303,00Nas semanas que antecederam o dia 9 de novembro, o que se viu foram protestos e passeatas de milhares de pessoas pelas cidades da Alemanha Oriental, com as pessoas desafiando o regime e clamando por mudanças. A partir do verão, outros milhares de alemães orientais atravessavam as fronteiras com os países comunistas que se abriam, para tentar escapar para o mundo livre. As pressões sobre o governo comunista cresciam assustadoramente: ninguém aguentava mais a experiência do “socialismo real” na terra de Goethe.

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Então, o inesperado aconteceu:  ao vivo na TV estatal, Günter Schabowsk, dava uma entrevista falando sobre o processo de abertura das fronteiras que o governo decidira que iria acontecer. E, perguntado de surpresa pelo entrevistador sobre quando isso aconteceria, Schabowsk, sob tensão, titubeou um pouco e disse, “Isso vale, pelo que sei…a partir de agora, impreterivelmente!” (queria de fato dizer que seria o mais brevemente possível).  Foi só o que precisavam ouvir milhares de alemães dos dois lados do muro que acorreram para aquela parede inglória clamando para que as fronteiras fossem liberadas… E o resto foi história. Os guardas de fronteira não conseguiram conter a multidão. Logo o muro estava cercado e marretas o punham abaixo. Emociono-me quando lembro dessa cena. O muro da infâmia, que separava um povo, e no qual muitos pereceram tentando escapar para a liberdade, simplesmente, ruiu, de forma rápida e inesperada. Em menos de um ano, a Alemanha estaria unificada e a RDA seria história. A liberdade triunfava.

queda-do-muro-de-berlimQueria registrar hoje essa lembrança que me é tão marcante. Parabéns aos alemães por essa grande conquista! E que nunca mais possamos testemunhar o retorno do comunismo ao Ocidente!

Seguem imagens muito marcantes daquela noite de 9 de novembro, com o relato dos jornalistas que testemunharam aquele acontecimento.

E um documentário sobre o Muro: