Bandidos de spray e a imagem da nossa cidade

20140501_120438Passeando hoje pela minha cidade me dei conta do quanto Brasília tem sido vítima de um tipo de criminoso da pior espécie, bandidos ordinários, delinquentes que merecem punição exemplar: os pichadores. Não me refiro a grafiteiros, que fazem arte e embelezam a cidade; trato aqui de pichadores. Por onde a gente anda em Brasília encontra um cenário deprimente de muros, paredes, portões pichados com rabiscos feitos por esses vândalos!

Seguia pela W3 Sul e fiquei realmente enfurecido! Para onde olhava, havia pichação. Isso é revoltante! A pessoa tem seu imóvel, seu muro, sua casa, cuida dele. Aí vem um cretino e picha… pelo simples prazer de depredar, de destruir, de estragar o patrimônio alheio. Deve se sentir muito poderoso fazendo aquilo! Fraco, covarde, bandido.

20140501_120548Espaços públicos também não escapam da maldade desses cretinos: você já reparou que não há uma parada de ônibus na W3 que não esteja pichada? E o cenário se repete em outros lugares da capital federal, um cenário de violência…

Não aceito explicação sociológica para a conduta desses delinquentes. Não me venham dizer que são jovens inconsequentes que precisam de orientação, de educação. São bandidos, vândalos que precisam ser duramente reprimidos e punidos. E para esses criminosos a punição mais rigorosa, a tolerância zero, deve ser aplicada!

Sim, pichadores, como os que estão estragando Brasília, são bandidos. Bandidos de spray. Se não forem contidos, logo o spray passa para a arma, para o papelote e a vítima deixa de ser um muro e passa a ser uma pessoa.

20140501_120430Pichadores são bandidos. Quando cometem o crime, não o fazem só contra o patrimônio do cidadão de bem que é alvo do vandalismo. Cometem um crime contra a sociedade como um todo, contra a civilidade e contra a imagem da nossa cidade. É triste ver que estamos em uma Brasília toda pichada, violentada. E é essa Brasília pichada que o mundo vai ver, por exemplo, quando acontecer a Copa do Mundo. É essa Brasília pichada que fica como imagem e recordação para quem vem conhecer a capital do Brasil. Talvez essa triste imagem da nossa cidade revele o quando o Brasil está pichado, descuidado, desamparado. Pense nisso!

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ESTADO INERTE, CIDADÃO ACUADO, CRIMINOSO FELIZ

brasao_feiraAbril de 2013. Na vitrine do Brasil, um casal de turistas estrangeiros é brutalizado ao pegar um suposto transporte público. A moça foi violentada por três criminosos que já haviam estuprado outra mulher, em condições semelhantes, há alguns dias (só que, naquele caso, não houve qualquer repercussão). No Distrito Federal, em fevereiro foi alcançada a marca dos 100 homicídios desde o início do ano. Em São Paulo, policiais são alvejados por bandidos que atuam pagando dívidas de a organizações criminosas. Nas cidades brasileiras, grandes e pequenas, pessoas são executadas pelas razões mais fúteis, trabalhadores saem para sua lide diária sem a certeza de que voltarão para casa. A violência e a insegurança pública alcançam índices que fazem com que conflitos como o da Síria pareçam briga de criança. E o pior disso tudo é que o Estado se mostra cada vez mais inerte, e as autoridades públicas começam a adotar a política de recomendar ao cidadão que, simplesmente, fique em casa. Então, trancado em casa, esse cidadão só tem como opção rezar para que o criminoso não chegue a sua porta. Logo chegará.

Enquanto a onda de violência assola o País, cada vez mais nos acostumamos a “viver perigosamente”, em um ambiente onde a insegurança começa a ser percebida como algo natural. Não é. Alguma coisa precisa ser feita. Entretanto, no Brasil de 2013, a Segurança Pública não é tratada de forma profissional e racional, mas sim sob os efeitos de paixões, ideologias e utopias. E o discurso dominante inverte os valores, trata policiais como criminosos, cidadãos como culpados pela violência que sofrem, e criminosos como vítima da exclusão social. Ou mudamos essa percepção, ou a situação ficará insustentável.

Fala-se muito em Educação para resolver o problema da violência. Certamente, investimento em educação é de suma importância para fazer um Brasil mais seguro. Porém, investimento em Educação garantirá um amanhã melhor para Brasil. Mas, e hoje? O que fazer quando temos criminosos invadindo nossas casas, nos atacando nas ruas, cometendo todas as formas de violência contra o cidadão de bem? Não é com Educação (que forma os futuros cidadãos) que se solucionará o problema da criminalidade hoje. Medidas enérgicas devem se tomadas para neutralizar aqueles que promovem a violência.

grc3a1fico-da-violc3aanciaTambém não é possível que a sociedade brasileira continue se orientando por um discurso que defende o criminoso como vítima. As vítimas são outras. As vítimas são o chefe de família que sai de madrugada para o trabalho e é assaltado, agredido, assassinado; é o pai ou a mãe que vê seu filho sendo executado friamente por alguns reais; é a mulher ou a criança violentada por monstros que não podem ser chamados de humanos; é o policial morto no cumprimento do dever por bandidos que saem impunes. Essas são as verdadeiras vítimas.

Passa da hora de se pôr abaixo o discurso da “culpa social e da vitimização do delinquente” e tratar o criminoso como criminoso: aqueles que puderem ser reabilitados devem sê-lo. Para isso, uma ampla reforma prisional se faz necessária. Os criminosos devem ser colocados sob condições dignas no cárcere, mas sem os benefícios que negaram a suas vítimas. Devem ser obrigados a trabalhar no cumprimento de sua pena, tanto para ressarcir as vítimas, quanto para pagar o Estado pelo custo de seu confinamento e, ainda, para que, por meio do trabalho, possam ser reabilitados. É inaceitável que os criminosos passem o dia em nossas prisões sem absolutamente nada para fazer a não ser a se organizarem para cometer novos crimes, inclusive a partir da própria penitenciária. O trabalho árduo durante o dia deve servir para fazer com que o criminoso use suas noites para pensar no erro que cometeu.

a-crime-organizado-violencia-rioHá, entretanto, aqueles delinqüentes cuja reabilitação é impossível. Esses devem ser considerados inimigos da sociedade, e tratados como tal. Alguém realmente acredita na recuperação de criminosos de alta monta, de homicidas seqüenciais, de bandidos com inúmeras passagens pelo crime? Monstros são irrecuperáveis. Devem ser confinados, alijados do convívio social e obrigados, mais que qualquer um, a passar o resto de seus dias sob o mais rígido regime carcerário e, naturalmente, a trabalhar para pagar suas dívidas.

Precisamos, enfim, de uma mudança de paradigma. Temos um problema a ser resolvido, e já. A sociedade brasileira precisa se mobilizar para cobrar dos governantes medidas enérgicas e realistas para resolver o problema da violência. Caso contrário, a coisa só vai piorar, e o Estado se mostrará cada vez mais inerte, o cidadão mais e mais acuado, e o criminoso mais livre e feliz.

Joanisval Gonçalves

Por dentro da Máfia…

Boa matéria da Spiegel sobre a máfia calabresa. As organizações criminosas transnacionais são um fenômeno marcante neste início de século. Informação importante: cada vez mais, essas máfias se especializam e cooperam entre si. E não reconhecem fronteiras nacionais. Isso significa que para combetê-las é necessário um esforço de cooperação internacional, inclusive na área da inteligência…

Como digo em minhas aulas, se os criminosos cooperam entre si, as autoridades públicas também devem fazê-lo para combater a criminalidade.

Der Spiegel – 04JAN2012

Encounters with the Calabrian Mafia – Inside the World of the ‘Ndrangheta

By Andreas Ulrich

The shadowy Calabrian mafia, the ‘Ndrangheta, has become one of the most powerful criminal organizations in the Western world through its dominance of the European cocaine trade. For the first time, local syndicate bosses described their business model to SPIEGEL. It’s a mixture of entrepreneurial talent, skillful management and deadly ruthlessness. Continuar lendo