Não havia comentado nada sobre o assunto até o momento, apesar de acompanhar a questão muito de perto. Entretanto, como alguns seguimentos da mídia parecem estar dispostos a patrocinar perseguições em nome da suposta “necessidade de revisar o passado”, resolvi apresentar aqui algumas reflexões.
1) Fiquei decepcionado (para não dizer coisa pior) com a parcialidade e o manejo de informações do programa de Miriam Leitão na Globonews sobre a morte de Marcelo Rubens Paiva. Aquilo não foi uma reportagem, mas um libelo ideologicamente orientado contra os militares brasileiros. Toda minha solidariedade a Rubens Paiva e seus familiares. Registro que o que aconteceu com ele é inaceitável – apesar de continuar ocorrendo em regimes ditatoriais como Cuba. Entretanto, o programa não contou a história do desaparecimento. Esta foi só a deixa para começar uma série de acusações aos militares e apresentar uma visão deturpada do período iniciado em 31 de março de 1964. A impressão passada pelo programa é que a luta armada no Brasil foi promovida por jovens combatentes da liberdade que pegavam em armas pela democracia contra os trogloditas sanguinários da ditadura… Não foi.
2) Com as últimas ações de representantes do primeiro escalão do governo, o que se vê é um revisionismo revanchista, que busca apurar meias verdades. Particularmente no que concerne à tal “Comissão da Verdade”, não sejamos cínicos, tem-se um movimento para perseguir, identificar e punir agentes estatais acusados de cometerem arbitrariedades durante o período militar. Só que ninguém fala em punir os terroristas, guerrilheiros e criminosos que mataram, roubaram e sequestraram sob o argumento de que “resistiam ao regime”. A situação é parecida com as famosa indústria das indenizações no Brasil: muitos dos que combateram o regime militar estão bem, obrigado, por gordas indenizações. Quem foi vítima da luta armada continua sem receber nada pelos danos causado pelos “combatentes da liberdade”.
3) Absurda é a contestação da Lei da Anistia. Não se pode comparar o processo de abertura brasileiro a qualquer outro pelo mundo. E a anistia, mais que um instrumento jurídico, foi mecanismo político que permitiu a conciliação e a abertura de forma pacífica e democrática, marcando um momento histórico e homologando um acordo pela abertura. A Lei de Anistia possibilitou, de fato, a redemocratização.
4) A ministra Maria do Rosário deixou claro, no programa de Míriam Leitão, que, ainda que não comece com o objetivo expresso de punir pessoas, essa será a conseqüência da Comissão da Verdade.
5) Surpreendeu a incompetência da assessoria da senhora Presidenta da República, ao não informá-la que ela não teria como punir os militares da reserva pelo exercício de seu direito de manifestar livremente o pensamento. Deixaram, assim, a Presidenta em situação desconcertante. Afinal, a não ser que fosse “membra” de algum dos clubes militares ou de suas diretorias, é que Sua Excelência ou o Ministro da Defesa teriam como questionar a manifestação dessas organizações. Era isso que os assessores deveriam ter explicado à Senhora Russeff.
6) A idéia de punir os militares da reserva só instigou a discórdia, pois gerou revolta no pessoal da ativa, em uma crise sem precedentes e a qual ainda não foi compreendida com clareza pelas autoridades brasileiras e pela sociedade.
7) Sinceramente, não vi nada de absurdo no Manifesto (reproduzido a seguir para que os leitores tirem suas próprias conclusões), tampouco afronta à autoridade da Presidenta ou de seu Ministro da Defesa.
8) A crise ainda não acabou. Novos capítulos dessa novela virão. E tudo porque alguém, movido por interesses revanchistas, resolveu proceder à exumação de esqueletos de mais de quarenta anos e perseguir pessoas…

MANIFESTO INTERCLUBES MILITARES
COMPROMISSOS…
“Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte, não haverá discriminação, privilégios ou compadrio. A partir da minha posse, serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.”
No dia 31 de outubro de 2010, após ter confirmada a vitória na disputa presidencial, a Sra Dilma Roussef proferiu um discurso, do qual destacamos o parágrafo acima transcrito. Era uma proposta de conduzir os destinos da nação como uma verdadeira estadista. Continuar lendo →
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