As cortes europeias entre 1843 e 1944

IMG_20190810_194918_365Como hoje é o dia do livro, faço referência a uma interessante obra que estava a consultar dia desses… Chama-se Les Cours d’Europe – Histoire d’un Siècle, 1843-1944, e é uma publicação da Revista L’Illustration, um semanário fundado em 1843, e que marcou a França durante a Belle Époque e a primeira metade do século XX. L’Illustration foi o primeiro periódico francês a publicar uma fotografia (em 1891) e também o primeiro a publicar uma foto colorida (em 1908). Em 1957, após inúmeros problemas relacionados inclusive ao colaboracionismo de seus editores durante a Segunda Guerra Mundial, a revista foi à falência e encerrou definitivamente suas atividades.

A obra, portanto, reúne uma série de reportagens e publicadas por L’Illustration nos seus tempos áureos. Descreve um pouco da vida e da história das Casas europeias reinantes no período, dos Windsor (com uma bela foto da Rainha Victoria e três gerações de descentes que reinaram no trono britânico) à Casa dos Romanov (brutalmente executada pelos bolcheviques em julho de 1918).

O que gostei no livro foi de conhecer um pouco mais sobre os antepassados dos atuais soberanos europeus (para aqueles que acham que a monarquia é coisa do passado, lembro que entre as 10 nações mais desenvolvidas do planeta, a maioria é composta por monarquias, como o Reino Unido, a Espanha, a Suécia, a Noruega, a Holanda, a Bélgica, e o Luxemburgo, além, é claro, do Império do Sol Nascente, o Japão).

Fatos inusitados são ali narrados. Certamente, conhecer a história dessas pessoas é positivo para a causa monárquica. Dessa maneira, consegue-se entender muito do lado humano da realeza se percebe o quanto esses Casas, reinantes ou não, são nada mais que “famílias”, o que naturalmente as aproxima do povo. Quem conhece a vida de reis e príncipes modernos (de monarquias constitucionais, que fique o registro) bem sabe o quanto são pessoas simples, comprometidas com suas funções de Estado (dificílimas, por sinal), sem vida privada, patriotas e amantes de seu povo e seu país.

O livro é rico em histórias e em ilustrações, portanto. Nesse sentido, lendo sobre Dom Manuel II, de Portugal, descobri que o último monarca português nasceu exatamente no dia 15 de novembro de 1889, ou seja, na data do golpe de estado que pôs fim ao Império do Brasil. Coincidência? Não sei. Definitivamente, os Bragança nos surpreendem sempre!

Quando o Brasil foi Grande

cetro imperio Neste 15 de novembro, data que considero o dia da infâmia, gostaria de compartilhar com os amigos algumas de minhas razões de ser monarquista convicto. Esta a atualização de um texto que escrevi aqui em 2012.

Preliminarmente, convém registrar que não estou aqui a fazer proselitismo. Não quero convencer ninguém de que o regime monárquico é a melhor opção (apesar da profunda convicção de que é). Só o que desejo é expor minhas razões. Sou monarquista desde que me entendo por gente, e poderei dizer a meus netos que meu primeiro voto foi no parlamentarismo monárquico, por ocasião do plebiscito de 1993. Àquela época votei com convicção e segurança – vou o voto mais valioso e valorizado que já coloquei na urna.

Outra coisa: espero que este texto ajude ao menos a remover alguns preconceitos para com a alternativa monárquica. É irritante as pessoas acharem que somos monarquistas por excentricidade ou anacronismo. Incomoda a reação crítica a esse modelo quando é feita sem nenhum conhecimento do assunto, sob o único argumento (imbecil, desculpem a honestidade) de que “monarquia é coisa do passado” ou de que “o modelo republicano é mais democrático”. Para esses já respondo que a maior parte da população de países como o Reino Unido, o Japão, Suécia, Noruega, Holanda, Bélgica, Dinamarca (que, junto com Canadá, Austrália e Nova Zelândia constituem democracias modernas e desenvolvidas sob um regime monárquico) não pensa assim. Antes de criticarem a monarquia, as pessoas deveriam se informar mais…

Muito bem! Perguntam a razão de eu ser monarquista. Já disse, e repito, preliminarmente, que só vim a conhecer alguém da Casa Imperial do Brasil este ano de 2014, quando tive a feliz oportunidade de encontrar com Dom Bertrand de Orléans e Bragança. Príncipe Imperial do Brasil, com quem tive uma excelente conversa! Tampouco estou formalmente vinculado a qualquer organização monarquista (o que não significa que não o farei oportunamente). Sou monarquista, primeiro, porque creio que uma boa democracia se desenvolve em regimes parlamentaristas e, no Parlamentarismo, entendo que o melhor modelo é o monárquico, não o republicano. Repúblicas parlamentaristas são imperfeitas e o Presidente nunca consegue representar a totalidade da nação como o Chefe de Estado deve fazer (vide o recente caso alemão).

moeda imperioAdemais, parece-me que o único lugar onde o Presidencialismo realmente deu certo foi nos EUA, onde eles criaram o modelo, e no qual a instituição “presidência” é sagrada. Por aqui pela América Latina, o que se viu foram republiquetas instáveis, com caudilhos lutando pelo poder, golpes de Estado e instabilidade político-institucional marcada por aspirantes vorazes a ditador ou megalômanos que chegavam ao palácio presidencial sem estar realmente preparados para ocupar a posição de primeiro mandatário.

Outra razão pela qual sou monarquista é que acho que à época do Império tínhamos instituições mais sólidas e valores mais consistentes. A figura do monarca ajuda nisso – por mais que pessoalmente ele possa ser cheio de imperfeições (senão não seria humano), como figura pública é um símbolo nacional, com valores que devem ser seguidos, servindo de exemplo à população. O povo precisa de heróis, o povo precisa de referenciais, e um soberano é muito útil para compor positivamente esse imaginário. Ademais, aquela foi uma época em que o Brasil, com todos os seus problemas de desenvolvimento e atraso social, tinha uma Economia estável, um regime com liberdade de imprensa, grandes estadistas na vida pública, e era respeitado no concerto das nações, isso muito se devendo aos soberanos que aqui reinaram. Foi uma época, realmente, em que o Brasil era grande!

Antes que venham os comentários pacóvios: monarquias são menos suscetíveis à corrupção que repúblicas, a começar pelo próprio Chefe de Estado. Um monarca não precisa roubar do erário. Afinal, se o fizesse, estaria tirando do próprio bolso e não faria o menor sentido degradar um patrimônio que ele iria deixar para seus filhos. E se roubasse, qual seria o sentido? Onde, quando e como gastaria o butim? Presidentes, por outro lado, têm que fazer seu pé de meia, para quando deixarem o poder…

A monarquia, ao contrário do pensam alguns, é muito mais barata que uma República. Saibam que a Presidência de um país como o Brasil gasta muito mais que qualquer Casa Real. E, ainda que as despesas fossem mais altas para manter uma família real (melhor manter uma família permanentemente que várias famílias de presidentes por sucessivos anos), alguém já pensou no custo do presidencialismo em termos de gastos com campanhas eleitorais periódicas? Quanto dinheiro público não é gasto a cada quatro anos somente com as eleições presidenciais?

coroas (1)Não quero, repito, convencer ninguém para minha causa. Escrevi este texto porque quero compartilhar com meus leitores essa característica político-ideológica que para muitos me é tão marcante. Se você não gostar do que escrevi, paciência, não perca seu tempo tentando desconstruir meu discurso, vá cantar em outra freguesia. Escrevo para aqueles que, ao menos, tenham um mínimo de discernimento e sensatez para considerarem opiniões divergentes das suas, e que não sejam obtusos a ponto de simplesmente se fecharem a qualquer argumento que não tenham facilidade de compreender ou que pensem ser contrário a sua maneira de ver o mundo.

Monarquia é sinônimo de estabilidade. Refiro-me a monarquias constitucionais, que fique bem claro. É instituição moderna (ao contrário do que muitos pensam) e tem aspectos muito positivos.

Este quase quarentão (faço aniversário daqui a 23 dias) pode afirmar com toda convicção que prefere ser súdito do Império do Brasil a cidadão desta (ou de qualquer outra) república… Viva o Império do Brasil! Pela restauração! 

brasilimp1822-1889