Quando o Brasil foi Grande

cetro imperio Neste 15 de novembro, data que considero o dia da infâmia, gostaria de compartilhar com os amigos algumas de minhas razões de ser monarquista convicto. Esta a atualização de um texto que escrevi aqui em 2012.

Preliminarmente, convém registrar que não estou aqui a fazer proselitismo. Não quero convencer ninguém de que o regime monárquico é a melhor opção (apesar da profunda convicção de que é). Só o que desejo é expor minhas razões. Sou monarquista desde que me entendo por gente, e poderei dizer a meus netos que meu primeiro voto foi no parlamentarismo monárquico, por ocasião do plebiscito de 1993. Àquela época votei com convicção e segurança – vou o voto mais valioso e valorizado que já coloquei na urna.

Outra coisa: espero que este texto ajude ao menos a remover alguns preconceitos para com a alternativa monárquica. É irritante as pessoas acharem que somos monarquistas por excentricidade ou anacronismo. Incomoda a reação crítica a esse modelo quando é feita sem nenhum conhecimento do assunto, sob o único argumento (imbecil, desculpem a honestidade) de que “monarquia é coisa do passado” ou de que “o modelo republicano é mais democrático”. Para esses já respondo que a maior parte da população de países como o Reino Unido, o Japão, Suécia, Noruega, Holanda, Bélgica, Dinamarca (que, junto com Canadá, Austrália e Nova Zelândia constituem democracias modernas e desenvolvidas sob um regime monárquico) não pensa assim. Antes de criticarem a monarquia, as pessoas deveriam se informar mais…

Muito bem! Perguntam a razão de eu ser monarquista. Já disse, e repito, preliminarmente, que só vim a conhecer alguém da Casa Imperial do Brasil este ano de 2014, quando tive a feliz oportunidade de encontrar com Dom Bertrand de Orléans e Bragança. Príncipe Imperial do Brasil, com quem tive uma excelente conversa! Tampouco estou formalmente vinculado a qualquer organização monarquista (o que não significa que não o farei oportunamente). Sou monarquista, primeiro, porque creio que uma boa democracia se desenvolve em regimes parlamentaristas e, no Parlamentarismo, entendo que o melhor modelo é o monárquico, não o republicano. Repúblicas parlamentaristas são imperfeitas e o Presidente nunca consegue representar a totalidade da nação como o Chefe de Estado deve fazer (vide o recente caso alemão).

moeda imperioAdemais, parece-me que o único lugar onde o Presidencialismo realmente deu certo foi nos EUA, onde eles criaram o modelo, e no qual a instituição “presidência” é sagrada. Por aqui pela América Latina, o que se viu foram republiquetas instáveis, com caudilhos lutando pelo poder, golpes de Estado e instabilidade político-institucional marcada por aspirantes vorazes a ditador ou megalômanos que chegavam ao palácio presidencial sem estar realmente preparados para ocupar a posição de primeiro mandatário.

Outra razão pela qual sou monarquista é que acho que à época do Império tínhamos instituições mais sólidas e valores mais consistentes. A figura do monarca ajuda nisso – por mais que pessoalmente ele possa ser cheio de imperfeições (senão não seria humano), como figura pública é um símbolo nacional, com valores que devem ser seguidos, servindo de exemplo à população. O povo precisa de heróis, o povo precisa de referenciais, e um soberano é muito útil para compor positivamente esse imaginário. Ademais, aquela foi uma época em que o Brasil, com todos os seus problemas de desenvolvimento e atraso social, tinha uma Economia estável, um regime com liberdade de imprensa, grandes estadistas na vida pública, e era respeitado no concerto das nações, isso muito se devendo aos soberanos que aqui reinaram. Foi uma época, realmente, em que o Brasil era grande!

Antes que venham os comentários pacóvios: monarquias são menos suscetíveis à corrupção que repúblicas, a começar pelo próprio Chefe de Estado. Um monarca não precisa roubar do erário. Afinal, se o fizesse, estaria tirando do próprio bolso e não faria o menor sentido degradar um patrimônio que ele iria deixar para seus filhos. E se roubasse, qual seria o sentido? Onde, quando e como gastaria o butim? Presidentes, por outro lado, têm que fazer seu pé de meia, para quando deixarem o poder…

A monarquia, ao contrário do pensam alguns, é muito mais barata que uma República. Saibam que a Presidência de um país como o Brasil gasta muito mais que qualquer Casa Real. E, ainda que as despesas fossem mais altas para manter uma família real (melhor manter uma família permanentemente que várias famílias de presidentes por sucessivos anos), alguém já pensou no custo do presidencialismo em termos de gastos com campanhas eleitorais periódicas? Quanto dinheiro público não é gasto a cada quatro anos somente com as eleições presidenciais?

coroas (1)Não quero, repito, convencer ninguém para minha causa. Escrevi este texto porque quero compartilhar com meus leitores essa característica político-ideológica que para muitos me é tão marcante. Se você não gostar do que escrevi, paciência, não perca seu tempo tentando desconstruir meu discurso, vá cantar em outra freguesia. Escrevo para aqueles que, ao menos, tenham um mínimo de discernimento e sensatez para considerarem opiniões divergentes das suas, e que não sejam obtusos a ponto de simplesmente se fecharem a qualquer argumento que não tenham facilidade de compreender ou que pensem ser contrário a sua maneira de ver o mundo.

Monarquia é sinônimo de estabilidade. Refiro-me a monarquias constitucionais, que fique bem claro. É instituição moderna (ao contrário do que muitos pensam) e tem aspectos muito positivos.

Este quase quarentão (faço aniversário daqui a 23 dias) pode afirmar com toda convicção que prefere ser súdito do Império do Brasil a cidadão desta (ou de qualquer outra) república… Viva o Império do Brasil! Pela restauração! 

brasilimp1822-1889

Um Império pela liberdade

princesaisabel1Neste 13 de maio, é importante que seja lembrado que a abolição ocorreu sob o regime monárquico, durante o Império do Brasil. Comum é a visão deturpada que aquela foi uma conquista das idéias republicanas, provavelmente  devido à proximidade dos acontecimentos com o fim da monarquia bragantina pelo nefasto golpe de 15 de novembro de 1889. Entretanto, só se sabe que ocorreu no canto do cisne do regime a partir de uma perspectiva de hoje, ou seja, não se imaginava, quando da Lei Áurea, que o Império desapareceria alguns meses depois.

Grandes abolicionistas eram também defensores da monarquia. Exemplo maior é Joaquim Nabuco. A própria família imperial sempre marcara sua posição contrária à escravidão, desde de Dom Pedro I, autor de alguns dos primeiros escritos criticando o modelo em uma época que tais idéias eram consideradas demasiadamente liberais (vide post anterior neste site). Essa conduta antiescravagista continuou em seus sucessores, que continuariam envidando esforços, muitas vezes em conduta contrária às elites brasileiras, para por a termo aquilo que se constituía na maior vergonha para nosso Império dos Trópicos. E sabiam que o preço a pagar poderia ser alto, muito alto.

Segundo-Reinado-SociedadeDe fato, cartas divulgadas recentemente revelam que a Princesa Regente tinha consciência de que estaria a sacrificar sua coroa e mesmo a dinastia dos Bragança ao decidir assinar a Lei Áurea. Mais interessante ainda foi a iniciativa de Dona Isabel, com o apoio de seu pai, Dom Pedro II, de indenizar os ex-escravos para lhes permitir tocar com dignidade a vida de libertos, o que, certamente, desagradaria os escravocratas.

Isabel, portanto, fez uma opção consciente: abriu mão do futuro de sua dinastia no Trono do Brasil, desafiando as oligarquias escravocratas, para garantir a libertação dos escravos e o fim dessa mácula em nossa sociedade. Sua memória deve ser cultuada e aclamada pelos brasileiros em geral e pelos descendentes desses libertos em particular. Incomoda-me o dia da consciência negra não ser comemorado no 13 de maio…

Segue artigo interessante sobre aquela grande mulher, que sacrificou o futuro de sua família pela libertação de milhares.

Viva o 13 de maio! Viva a Redentora Isabel! Viva o Império do Brasil!

Missa_17_maio_1888

Princesa D. Isabel e sua carta sobre a abolição da escravatura, segredos revelados.

Carta inédita, pinçada do acervo de 3 mil documentos do Memorial Visconde de Mauá, revela que defendia a indenização de ex-escravos, a reforma agrária e o sufrágio feminino.

“Fui informada por papai que me collocou a par da intenção e do envio dos fundos de seo Banco em forma de doação como indenização aos ex-escravos libertos em 13 de maio do anno passado, e o sigilo que o Snr. pidio ao prezidente do gabinete para não provocar maior reacção violenta dos escravocratas.” Lidas assim, como frases soltas extraídas de uma carta qualquer, que pela ortografia sabe-se antiga, essas poucas linhas dizem quase nada digno de nota para a historiografia brasileira. Mas, se colorirmos essa misteriosa preocupação com nome e sobrenomes, títulos e brasões, temos diante de nossos olhos algo capaz de reescrever um dos mais importantes capítulos da História do Brasil.

“Informada”, quem se diz, é ninguém menos do que Isabel Christina Leopoldina Augusta Michaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Orleans e Bragança, a princesa Isabel (1846 – 1921). O pai a que se refere é o imperador d. Pedro II (1825-1891). Os fundos doados para serem usados como indenização aos ex-escravos seriam recursos do Banco Mauá, que a monarquia usaria para assentar os ex-cativos em terras capazes de produzir seu sustento após a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888. Sim, a contar pelo texto, a monarquia tinha esse projeto. Continuar lendo

Uma reação nobre ao golpe republicano…

couto1Ao contrário de Deodoro e asseclas, que depuseram o soberano que lhes concedeu as patentes, Couto de Magalhães mostrou-se um verdadeiro nobre! Se Caxias, Osório e Tamandaré estivessem vivos, queria ver o macho que se envolveria na fatídica quartelada de 15 de novembro!

General Couto de Magalhães durante o golpe da República em São Paulo

Na época não havia internet, mas o telégrafo cumpria bem a sua função. Na tarde de 15 de novembro de 1889, o então presidente da província de São Paulo, General Couto de Magalhães, já tinha conhecimento do golpe militar ocorrido no Rio de Janeiro.

Nessa noite, a sede do Clube Republicano paulista fervilhava. Por aclamação, Prudente de Moraes, Rangel Pestana e o Major Souza Mursa deveriam governar o estado provisoriamente. Uma comissão formada por Campos Sales, Rangel Pestana, Martinho Prado Jr., entre outros, dirigiu-se para o Palácio do Governo, então no Pátio do Colégio, para dar conta da escolha do novo governo constituído. Pediram que Couto de Magalhães entregasse a administração da província, porém o velho militar, veterano da Guerra do Paraguai, recusou a solicitação. Havia sido empossado em seu cargo por um governo legalmente estabelecido e só por ordem de outro, igualmente legal, se retiraria. Achava que a “quartelada carioca” não vingaria. Continuar lendo