Luto pela Dama

Margaret-ThatcherDemorei a escrever sobre ela. A correria de ontem e de hoje me impediu de registrar com a clareza devida meu pesar pela transição (é assim que se referem os rosacruzes à morte) daquela que considero uma das grandes mulheres de seu tempo.

O que dizer de Lady Thatcher? Muito já foi dito nas últimas horas. Nada suficiente para que a atual geração entenda quem foi a Dama de Ferro. Junto com Ronald Reagan e João Paulo II, Thatcher compôs o grande triunvirato do mundo livre que, no último quartel do século XX, pôs abaixo a Cortina de Ferro e derrotou o comunismo. Isso já bastaria para tornar aquela senhora inesquecível.

Margaret Thatcher mostrou-se forte quando precisou ser forte. Quanto respondeu à agressão da ditadura argentina, com generais ansiosos por desviar a atenção de seu povo dos problemas domésticos e desafiar um Império que parecia distante e, na percepção machista latino-americana, governado por uma frágil mulher. A Primeira-Ministra era tudo menos frágil. E a senhora de voz firme mostrou-se firme também na defesa da soberania britânica sobre as Falklands.

Margaret-Thatcher2A filha de alfaiate mostrou-se forte também para reformar a economia e a sociedade de seu país. Diante da crise que ameaçava a estabilidade britânica, promoveu reformas que desagradaram a muitos, mas que, a seu ver, eram necessárias. Essas reformas, e a maneira singular com que conduziu o país por 12 anos, dariam origem ao termo “thatcherismo”. Indubitavelmente, a baronesa Thatcher não era uma mulher nada frágil.

A História da Grã-Bretanha é marcada por mulheres fortes. Elizabeth I, Rainha Victoria… ambas deram seus nomes a sua época… Também se pode falar de uma era Thatcher, de um período de grandes transformações no Reino Unido e que reverberaram pela Europa e pelo mundo!

A Grã-Bretanha teve dois memoráveis primeiros-ministros no século XX: Sir Winston Churchill… e Lady Margaret Thatcher… Aquele venceu o nazi-fascismo, esta o comunismo. Ambos foram líderes conservadores enérgicos e sagazes, tinham discurso incisivo, frases de efeito, enfrentaram guerras, encontraram em grandes presidentes dos EUA bons aliados… Churchill e Thatcher conduziram seu povo em horas difíceis, e combateram o bom combate. Churchill e Thatcher deixaram um grande legado!

Não sei mais o que dizer sobre Lady Thatcher… o que sei é que o mundo fica mais triste sem a Dama de Ferro. Eu ao menos fico.

Como não tenho eloqüência tampouco competência para expressar meu sentimento de pesar, concluo essa reflexão com as palavras de meu caro Paulo Kramer, que consegue com primor expor em algumas linhas o sentimento de muitos:

Descanse em paz, baronesa Thatcher! Ao lado de Ronald Reagan e João Paulo II, V. formou a trinca dos estadistas da segunda metade do século 20 que mais admirei. Simplesmente amo aquela sua frase: “A liderança é o oposto do consenso.” É preciso sacudir o conformismo, desafinar o coro dos contentes, denunciar o ‘mais do mesmo’, balançar o coreto — enfim, despertar a humanidade modorrenta para o fato de que a conquista da liberdade, o maior bem da vida individual e social, pressupõe responsabilidade, maturidade e muita coragem; não é coisa para fracotes, covardes, conformistas que só sabem se esconder atrás das plataformas choronas e imaturas dos eternos grupos-vítima. V., Margaret, combateu o bom combate e será sempre uma referência, uma inspiração para todos nós, liberais-conservadores.

Acordei hoje às 05:20 da manhã para uma ida e volta ao Rio de Janeiro. Peço perdão a meus oito leitores por essas linhas truncadas… Morfeu me chama…

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