Manifesto Brasil 2022

Meus caros,

Manifesto_folha1É com imensa satisfação que informo a meus queridos leitores que, neste dia da Independência do Brasil, é lançado o Manifesto Brasil 2022.

Esse documento é o produto de meses de reflexão e debate sobre os problemas brasileiros e o futuro que queremos para o Brasil e seu povo. De fato, o Manifesto faz um diagnóstico da situação geral do País hoje e propõe alternativas que possam elevar o Brasil a um novo patamar de desenvolvimento, civilização e independência no bicentenário de sua Emancipação (7 de setembro de 2022).

ideia do Manifesto teve início há exatos nove meses, quando três amigos reunidos em um almoço, chegaram à conclusão que algo precisava ser feito para retirar o Brasil dessa rota em direção ao caos, à violência e ao atraso. Ao externarem seu pensamento, descobriram que muitos pensavam como eles. Perceberam, ainda, que sua geração, a dos nascidos entre meados dos anos sessenta e meados dos anos oitenta do século XX ainda não deixara qualquer contribuição ao progresso do País.

Assim, decidiram os três amigos começar a pensar em como poderiam contribuir para um Brasil melhor. E, após muitas reflexões e debates, chegaram à produção do Manifesto.

Certamente, o Manifesto Brasil 2022 é apenas um primeiro passo. Mas deve ser o documento propulsor de um movimento por mudanças no Brasil nos mais distintos campos. Os autores se inspiraram no Manifesto Antropofágico de 1922 que, no centenário da Independência, deu início a um processo de transformações cultura e nas idéias brasileiras.

Convido-os a conhecer o Manifesto. Vocês podem baixar seu texto integral em pdf aqui. Podem, ainda, acessar o sítio na internet dedicado ao documento: www.manifestobrasil2022.org. Podem difundi-lo, debatê-lo, criticá-lo, propor novas reflexões e, se concordarem com ele, juntar-se a seus idealizadores no movimento por um Brasil melhor em 2022.

Inaceitável é ficarmos inertes. Inaceitável é sermos meros expectadores enquanto o Brasil mergulha no caos, na violência e no atraso. Ou fazemos alguma coisa, ou as futuras gerações não nos perdoarão pelo legado que deixamos.

Vamos, então! Neste 7 de setembro de 2013, vamos dar o passo inicial rumo a uma nova Independência!

Viva o Brasil! Viva o Povo Brasileiro! Avante!

Manifesto Web

Não são mais vinte centavos…

protesto_maracana_vicenteseda-14É impressionante como, depois de dias de protestos, uma parte da mídia, sobretudo a televisiva (e em canais de notícia de grande envergadura), insiste em associar as manifestações por todo o Brasil ao aumento de alguns centavos nas tarifas de transporte em certas cidades. A única explicação para isso é a má-fé desses meios e a tentativa, ineficaz, de desviar o foco dos acontecimentos.

As pessoas não estão nas ruas de todo o Brasil pelos vinte centavos. É fato que o movimento não tem um foco claro e, muitas vezes, perde-se em reivindicações confusas e difusas, como é o caso das críticas à PEC 37. Pergunte a qualquer um nas ruas o que significa a PEC 37 e a grande maioria dos manifestantes demonstrará total ignorância sobre o assunto.

contra a corrupcaoPor que as pessoas estão nas ruas então? O que motivou cem mil pessoas a seguirem pela Avenida Rio Branco no Rio de Janeiro, e outras dezenas de milhares em diversas cidades do País gritando palavras de ordem? A motivação é evidente: chama-se insatisfação.

O brasileiro está insatisfeito com a situação atual do País, descontente com a maneira como os dirigentes têm conduzido os assuntos públicos. O grito nas ruas é um protesto contra o estado em que se deixou o Brasil: sem saúde, sem educação, sem segurança; investimentos em estádios de futebol, gastos com os caprichos de poucos, enquanto falta dinheiro para hospitais e escolas; a inflação que retorna e a coisa pública que é vilipendiada. Os brasileiros não aguentam mais essa carga tributária exorbitante sem qualquer contraprestação por parte do Estado. O descontentamento alcança o clientelismo, a corrupção e o assistencialismo que só aumentaram nos últimos anos. Lembro de um cartaz genial que dizia que “tem tanta coisa errada que nem cabe um cartaz”.

cartaz coisa errada

Ninguém aguenta mais o Brasil como está. As pessoas de bem estão cansadas… Certamente, a classe política e os dirigentes da nação têm grande responsabilidade sobre isso. As ruas clamam por mudanças, pois chegamos ao nosso limite. 

Movimento reúne manifestantes contra tarifas no Rio

O protesto do povo nas ruas e a resposta autoritária… Em Berlim, há 60 anos.

berlin_17june1953Os acontecimentos dos últimos dias por todo o Brasil e os protestos de ontem, 15 de junho de 2013, têm-me levado a algumas reflexões, as quais pretendo partilhar com meus leitores nos próximos dias. Pensando sobre o levante nas ruas de Brasília, com protestos, em sua maioria pacíficos, sendo reprimidos pelas autoridades públicas, lembrei de algo que aconteceu em Berlim, exatamente no dia 16 de junho de 1953 (portanto, há exatos sessenta anos).

Berlim 1953_2Sim, foi naquele 16 de junho, na Berlim do imediato pós-Guerra, ocupada pelas potências aliadas, que, no setor soviético, o mundo viu uma multidão de 2.000 pessoas se dirigindo à sede do Governo da Alemanha Oriental, para protestar contra o regime e as condições de trabalho impostas à população sob o Estado comunista. Cartazes, palavras de ordem e uma grande insatisfação entre trabalhadores e demais cidadãos… logo o movimento conclamou o povo a se levantar e sua revolta contagiou milhares de alemães, que ansiavam por mais liberdade, melhores condições de vida e democracia… Uma greve geral foi marcada para o dia seguinte. Naquela época não havia internet nem redes sociais, mas a notícia conseguiu espalhar-se de tal maneira que, em 17 de junho, milhares de pessoas foram às ruas protestar em diversas cidades e vilas alemãs.

Em Berlim, por volta das 9:00 do dia 17/06, 25 mil pessoas já se aglomeravam em frente à sede do Governo da República Democrática Alemã (RDA). Outras milhares seguiam rumo ao centro da cidade para se juntar aos manifestantes. E os protestos, que haviam se iniciado em reação a um aumento na carga de trabalho do pessoal da construção civil (como seria o aumento nos preços das passagens de ônibus nas cidades de outro país sessenta anos depois), em pouco tempo assumiram conotação política. O levante agora era contra o regime comunista ali estabelecido sob a égide dos soviéticos. “Morte ao comunismo!” e “Abaixo o regime autoritário!”, eram palavras de ordem. Isso o Governo não poderia tolerar.

Berlim 1953A decisão das autoridades da RDA foi de usar a força para conter o levante. E solicitaram ajuda de seus “aliados” soviéticos. Em pouco tempo, o distrito governamental de Berlim já estava cercado por 20 mil soldados do Exército Vermelho e cerca de 8 mil policiais militares alemães. Para dispersar a multidão, as forças do Governo usaram blindados, cães e atiraram contra os manifestantes. Não havia bombas de efeito moral ou balas de borracha. A munição era real. E a multidão realmente foi dispersada. Isso custou mais de 500 vidas entre os manifestantes (na estimativa mais modesta). E pôs fim ao sonho de liberdade naquele país.

Depois das manifestações de junho de 1953, o regime endureceu. O governo buscou razões para o estabelecimento de uma ditadura da pior espécie sob um modelo que alcançava o totalitarismo. Milhares foram presos, torturados, executados sob o argumento da garantia da ordem. A fuga para o Oeste intensificou-se. Até a construção do Muro de Berlim, em agosto de 1961, mais de 3 milhões de alemães orientais (de um total de 19 milhões de pessoas) fugiriam para a Alemanha Ocidental. E o terror estatal perduraria até 1990, quando se dissolveu em suas próprias contradições.

Para os alemães, o dia de 17 de junho de 1953 é uma data marcante. Durante anos, o 17 de junho foi celebrado como o Dia da Unidade Alemã (alterado para o 3 de outubro, data oficial da reunificação em 1990). E será sempre lembrado como a ocasião em que um protesto algumas dezenas de trabalhadores tornou-se um levante das massas pela democracia e pela mudança, levante duramente reprimido por um regime que se dizia representar os trabalhadores.

No ano da Alemanha no Brasil, difícil não comparar os acontecimentos de 1953 com os eventos de 2013 por aqui. Preocupa como tem sido e será a reação do governo que também se diz representar os trabalhadores. A democracia é uma planta muito frágil e precisa ser cuidada. A solução autoritária pode ser muito sedutora…

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