24. Universidade (21/11/2014)

A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.
Platão

Tinha acabado de completar 17 anos. A notícia da aprovação para o concorrido curso de Relações Internacionais ainda não fora plenamente assimilada. Afinal, começava uma nova e importante fase de minha vida: tornava-me universitário!

Pré-matrícula: chegávamos perdidos, éramos calouros. Gente diferente. Escolha de disciplinas. Pilhas de papel com ofertas de cursos. E o primeiro contato com os novos colegas.

Nossa turma era pequena, 23 calouros de diferentes pontos do país – como só havia Relações Internacionais na Universidade de Brasília e na Estácio de Sá, até meados da década de 1990 afluíam para a UnB estudantes interessados em se tornar internacionalistas (nem sabíamos que era assim que viríamos a ser chamados). E tínhamos os colegas estrangeiros, estudantes de todos os continentes – afinal, estávamos em um curso de Relações Internacionais!

Disciplinas: Introdução às Relações Internacionais, Ciência Política, Direito, Economia… Tínhamos muito a aprender, muito o que escolher. O curso, tremendamente interessante, ensinar-nos-ia a sobre a paz e a guerra, a influência das ideologias nos destinos da humanidade, o papel da Política entre as nações, a importância da Economia (“A Economia, estúpido!”), o Direito das Gentes… Aprenderíamos sobre as quase duas centenas de países, seríamos instados a analisar as condutas dos atores internacionais, a entender as “forças profundas”. Compreenderíamos o valor da História e os dilemas da Teoria… E acabaríamos descobrindo que o mundo é uma pequena e complexa aldeia, que os homens, apesar de suas diferenças, pertencem todos ao gênero humano, e que, no fim das contas, são ricamente iguais. Tudo isso aprenderíamos em Relações Internacionais. O curso nos traz um grande cabedal cultural e nos faz singulares.

Entretanto, as melhores memórias da universidade são as de fora da sala de aula. As festas, os encontros e as conversas na FA, as tardes e noites na biblioteca (e os cochilos nas caixas onde deveríamos estudar os volumosos conteúdos para as complexas provas), o almoço no Bandejão (com salitre, suco e gelatina de laranja, de vermelho, de verde…)… Episódios e momentos inesquecíveis, lembrados com clareza ainda hoje, duas décadas depois.

Obviamente, disso tudo, o que melhor guardamos em nosso coração foram as pessoas que conhecemos e os amigos que fizemos. Sim! Fiz boas e perenes amizades, algumas delas que se mantêm fortes e inabaláveis duas décadas depois. Alunos, professores, funcionários, colegas e amigos do Brasil e de outros países! Muito bom quando encontro pelo globo os amigos da UnB, com as consequentes alegres lembranças daqueles tempos que não voltam mais!

E, a 17 dias de meu aniversário, essas lembranças confirmam que o mais importante legado dos tempos da universidade foram os amigos que fizemos. Meu abraço carinhoso a todas aquelas pessoas que contribuíram com sua presença em nossa caminhada!

Unb