A cousin is a little bit of childhood that can never be lost.
Marion C. Garrety
Para a maioria das pessoas, a convivência com os primos é algo rotineiro. Nas grandes famílias, é muito comum que primos se reconheçam como irmãos nascidos do ventre de outra mãe. Laços estreitos são estabelecidos e, em alguns casos, até matrimônios acabam acontecendo, o que pode garantir mais coesão nos vínculos familiares. Afinal, o clã se preserva na união entre seus membros.
Claro que os primos também podem estar associados a situações não tão agradáveis. Se houvesse estatísticas a respeito, certamente o primo, depois do cunhado, seria aquela referência complicada da família. Todo mundo tem um primo, próximo ou distante, que já se meteu em alguma confusão, que fez algo de errado, ou sobre o qual se tem alguma história inusitada para contar… Claro que é sempre com um primo que essas coisas ocorrem… E assim se constroem as anedotas familiares!
Sempre que penso em primos, não consigo deixar de lembrar das casas reais europeias… Fascinante como as grandes famílias nobres da Europa são compostas por primos, descendentes de um ancestral comum ou fruto dos casamentos dinásticos. Certa feita, só por curiosidade e para passar o tempo, fiz as correlações genealógicas entres os monarcas europeus do início do século XX, antes da Grande Guerra (tá, não é uma coisa que muita gente faça para passar o tempo… fazer o quê?!?)… Interessante como, graças à descendência da Rainha Victoria (a “grande mãe” das casas reais da Europa), todos eram primos! Jorge V, da Grã-Bretanha, e o Kaiser Guilherme II, da Alemanha, eram primos próximos, que, por sua vez, também tinham laços de parentesco com o Czar Nicolau II, da Rússia (há uma foto de George V e Nicolau II que mostra a semelhança entre os dois), cuja esposa, Alexandra, também era prima dos três (e fora disputada por Nicolau e George na juventude, dizem)! Por isso me encanta o lema da Casa de Habsburgo, da qual nosso soberano Pedro II era descendente direto: “Bella gerant alii; tu, felix Austria, nube” (“que outros guerreiem enquanto tu, feliz Áustria, celebras casamentos”). Pelo matrimônio, os Habsburgos se mantiveram como a principal Casa europeia durante séculos. (Fim das curiosidades monárquicas)
Eu, particularmente, e apesar de provir de família nordestina, nunca tive a felicidade de conviver de perto com meus primos. Havia a distância espacial e temporal que nos afastava! Afinal, tanto papai quanto mamãe viviam praticamente sem família aqui em Brasília. Daí que meu contato com tios e primos só se dava quando viajava para o Nordeste! Ainda em termos espaciais, nunca fui ter na infância com os primos do interior do Ceará, porque papai não retornara à caatinga de onde viera no início dos anos cinquenta. Assim, só houve contato durante minhas duas primeiras décadas de vida com a família de mamãe (à exceção de uma breve incursão feita aos oito anos ao Rio de Janeiro, onde visitei os irmãos de Seu Jacob que lá viviam).
De toda maneira, ao menos uma vez por ano ia para a casa de meus avós e de meus tios no Maranhão. Lá podia encontrar meus primos, que eram muitos, e aproveitar um pouco desses vínculos de sangue. E como gostava disso! Mas aí vinha a limitação temporal: eu era sempre o mais novo dos netos de Seu Sother e Dona Sidoca, o que muitas vezes atrapalhava as brincadeiras com os primos e primas. Vivia sempre sob a perspectiva do menorzinho do grupo, com os ônus e bônus desse posto. À medida que crescíamos, essa distância diminuía, mas o limite espacial se reforçava… O tempo passou, cada um seguiu sua vida, e hoje continuamos distantes fisicamente, mas mantendo bons contatos pela Internet. E viva as redes sociais!
Faltando 22 dias para meu aniversário, deixo meu abraço carinhoso a todos os primos e primas que, mesmo distantes fisicamente, têm um espaço reservado no coração. Afinal, sangue é sangue!
Seguem algumas fotos da tenra infância em companhia dos primos e primos no Maranhão. Eu sou o pequenininho no centro de uma das fotos e emburrado em outra. Pequeno, mas bravo!