16. Mães (13/11/2014)

MÃE…
São três letras apenas,
As desse nome bendito:
Três letrinhas, nada mais…
E nelas cabe o infinito
E palavra tão pequena
Confessam mesmo os ateus
És do tamanho do céu
E apenas menor do que Deus!

Mário Quintana

Há pessoas no mundo que nascem órfãs. Outras têm o privilégio de ter mais de uma mãe. Eu, felizmente, estou no segundo grupo. A 25 dias de comemorar minhas quatro décadas neste mundo, gostaria de apresentar a pessoa que me criou, que cuidou de mim enquanto minha mãe trabalha o dia inteiro e estudava à noite: a Rosa.

Roseni Alves da Silva é seu nome, mas todos a conhecem como Rosa. Maranhense, veio ainda mocinha para ajudar mamãe aqui em Brasília, em especial na criação de seu pequeno rebento (eu!). E fez um ótimo trabalho!

Incorporada rapidamente à família, Rosa cuidava de mim como de um filho. Conhecia os remédios e os telefones dos médicos (e me levava ao consultório, se necessário), fazia minha comida (cozinheira de mão cheia!), e me tratava com todo carinho e atenção!

Rosa era como uma segunda mãe para mim. Quantas vezes não comemorei meu aniversário com um bolinho caseiro, desses de caixa, feito por ela (com uns palitos de fósforo que serviam de vela)!?!? Quantas vezes, quando me machucava, era ela que me pegava nos braços, acalmava-me e passava remédio nos meus ferimentos? Quantas vezes ela não me levou para passear?

Rosa chegou menina lá em casa, cresceu, apaixonou-se, casou. Não foi feliz no casamento, mas teve quatro filhos, dos quais o único menino, o segundo filho, Eduardo, seria criado junto conosco, sendo afilhado de meus pais. Apesar de um período complicado na adolescência, Eduardo amadureceu, endireitou-se, entrou para a faculdade, formou-se, já concluiu Mestrado em Educação e hoje é professor. Por certo é motivo muito orgulho a sua mãe!

Devo muito a Rosa. E agradeço a ela publicamente no dia de hoje. Fica minha homenagem a todas aquelas pessoas que cuidam de nossa casa e de nossos filhos como se fossem delas! Vocês são tremendamente importantes!

Taí uma foto antiga, na qual eu, jovem de tudo, estou entre Dona Conceição e a Rosa. Só para registro: minha mãe preta não mudou nada todos esses anos!

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3. Mamãe e a herança maranhense (31/10/2014)

Deus não pode estar em todos os lugares e por isso fez as mães.
Ditado Judaico

Hoje, faltando 38 dias para minha celebração natalícia, contarei um pouco da história da mulher que me botou no mundo: Dona Conceição. Aqueles que conhecem mamãe logo identificam que herdei dela o bom humor, a maneira tranquila de encarar os problemas e, no campo profissional, a paixão pela docência. Sim! Mamãe sempre foi meu exemplo de professor.

Dona Conceição nasceu na cidade de Caxias do Maranhão, lugar que deu o título ao Duque, e terra do grande poeta Gonçalves Dias (o da terra com palmeiras onde canta o sabiá)! É a sétima de uma família de oito filhos (seis homens e duas mulheres), tendo durante muito tempo mantido a hegemonia de caçula até a chegada de meu tio Orlando. Vovô, funcionário dos correios, e vovó, dona de casa, conheci pouco, mas deles guardo ótimas lembranças (falarei de meus avós em publicação futura).

A família de mamãe era humilde, mas dos oito filhos saíram um padre, um médico e um juiz, além de um diretor dos correios em Caxias, uma funcionária daquela instituição, um diretor do banco do Brasil, e um professor. E minha mãezinha foi normalista e seguiu carreira como professora e diretora de escola em sua cidade natal, e depois professora da antiga Fundação Educacional em Brasília. Também dava duro em sala de aula de manhã e à tarde e ia à noite para faculdade. Essa é uma lembrança muito viva: papai e mamãe indo juntos para a faculdade, pegando ônibus de Sobradinho para estudar no Plano Piloto e voltando tarde, meia-noite (quando os filhos já dormiam, o que fazia com que visse meus pais às vezes só mesmo no fim-de-semana). Acho que a perseverança e a obstinação ficaram gravados na memória e no coração daquele garotinho e forjariam o homem que sou hoje…

Outra lembrança de mamãe é sempre o sorriso. De um rosto todo o tempo alegre a gargalhadas gostosas, Dona Conceição costuma encarar as adversidades com bom humor. E, a meu ver, mostrou-se guerreira ao deixar a casa de meus avós no interior do Maranhão para vir construir a vida com o marido aqui na Brasília do início dos anos setenta! Certamente foi difícil, mas ela também venceu.

Na condição de professor, acabo replicando a maneira de mamãe de lecionar. Fui seu aluno no ginásio e com ela percebi o quanto pode ser divertida e gratificante a sala de aula. Sim, porque não se leciona pelo salário (infelizmente, este país ainda não reconhece a mais importante das profissões, junto com a de agricultor e de empregada doméstica – e não estou brincando). A docência, ao menos como aprendi com mamãe, relaciona-se a um desejo intenso de aprender (porque são nossos alunos que mais nos ensinam) e de contribuir para a formação de outras pessoas! E essa alegria de ver um conhecimento transmitido bem assimilado não tem preço!

Ah! Também herdei de Dona Conceição a paixão por viajar e rodar o mundo. Gosto demais de viajar… mas minha mãe tem o bicho carpinteiro! Está sempre juntando suas economias para passear pelo Brasil e, de uns tempos para cá, pelo globo! Gosta de viagens com o pessoal da Igreja e vai para lugares de peregrinação católica (de Aparecida de Goiás ao Santuário de Lourdes, na França!). Divertido ouvir as aventuras de mamãe em seus giros pelo planeta!

Os rosacruzes sabem que nada acontece por acaso. Apenas a título de curiosidade, nasci no dia de Nossa Senhora da Conceição, sendo filho de uma Conceição de Maria! Detalhe: fui batizado e fiz minha primeira comunhão na Igreja Matriz de Caxias, a Igreja de Nossa Senhora da “Conceição”, onde meus pais se casaram! Talvez daí venha minha devoção a Nossa Senhora. Haja Conceição de Maria em minha vida!

A propósito, como ainda não tive tempo de encontrar fotos da infância, publico hoje algumas de Caxias, cidade de onde trago boas recordações das férias da infância. Além da Igreja Matriz (datada de 1735), onde fui batizado e fiz minha primeira comunhão, há imagens do Morro do Alecrim, lugar da Balaiada, e do busto do Duque, na praça onde restam canhões e ruínas do conflito. Minha infância não seria a mesma sem Caxias, que também mora no meu coração!

Caxias

Feliz Dia das Mães!

Neste dia festivo, gostaria de deixar meus votos de felicidades a todas as mães (inclusive à minha, que deve garantir ao menos 90% dos mais de 200 acessos diários deste site! Só não sei como ela consegue fazer isso a partir de distintos países… É por isso que mãe é mãe!)!