O homem faz de si a imagem de seus sonhos.
Helena Petrovna Blavastky
Com a modernidade de nossos dias (não me venham com reflexões de pós-modernidade que minha mente limitada não alcança essas coisas!), a fotografia tornou-se absolutamente comum entre as pessoas das mais distintas origens e classes. Isso, associado ao fenômeno das redes sociais, gerou a banalização da fotografia. Do daguerreótipo de 1839 às câmeras digitais da atualidade, o que se pode perceber é uma revolução comportamental na sociedade: todo mundo fotografa de tudo… e posta no Face, no Instagram (não mais no Orkut) e em outras tantas redes sociais internet afora!
Com a epidemia da fotografia digital e a proliferação de selfies e das redes sociais, é verdade que há muita imagem bacana sendo divulgada, mas há também imagens catastróficas! E não vou nem falar daquelas com objetivos políticos, ideológicos ou comerciais! Refiro-me à fotografia privada, feita pelas pessoas comuns dispostas a registrar e difundir imagens do quotidiano… Como tudo que é demasiadamente popularizado, o mundo virtual acaba infestado de coisa ruim: selfies que nunca deveriam ter sido tirados, imagens de prato de comida (ou, pior, de meio prato de comida), de momentos desagradáveis e muito mais. As pessoas parecem ter perdido a noção de que melhor seria privar o mundo dessas coisas! Fazer o quê?! Deixemos o povo fotografar! Assim caminha (e fotografa) a humanidade!
Gosto de fotografia. Sempre gostei. Gosto de captar a imagem de lugares e pessoas. Quando viajo, por exemplo, faço uma média de trezentas fotos por dia (que, naturalmente, só eu tenho a esperança e a paciência de ver). Mas cada uma das fotos que faço tem uma razão de ser e um significado (ainda que eu nunca vá descobrir qual). Cada foto é única, pensada e apreciada – por isso que geralmente sou eu mesmo que as tiro, inclusive quando estou sozinho… Como? Carrego sempre comigo meu precioso e estimado tripé (assim não preciso incomodar ninguém pedindo para me fotografar e faço as fotos como bem entendo, sem depender da habilidade de outrem)! Sim, recomendo efusivamente um tripé para todo viajante solitário.
Vejo a foto como algo sagrado, que deixa registrado para sempre um momento, uma situação, congelando no tempo um acontecimento. Daí que já houve época que me ofendi um pouco com a banalização da fotografia… Hoje, porém, mudei minha perspectiva. “Cidadãos do mundo, fotografai-vos uns aos outros!” Com isso, talvez se consiga mais derrubar barreiras e aproximar os homens, diminuindo-se as diferenças e fazendo com que se perceba que, no final das contas, temos mais pontos em comum que divergências e que fazemos parte de uma mesma humanidade (humanidade esta que adora fotografar).
Nos últimos quarenta anos, portanto, sempre tive um caso de amor com a fotografia. Da minha primeira foto no colo de papai, ao selfie que fiz hoje com o João (meu filho), são quatro décadas dos dois lados dessa caixinha mágica que capta uma parte de nossa existência! Ainda arranjarei um tempo para montar meu próprio estúdio e para me especializar nesse hobby. Enquanto essa hora não chega, sigo com minhas câmeras bem simples (se cair, quebrar ou roubarem, não terei grandes prejuízos), sempre duas, além da do celular, clicando sistematicamente e registrando, para a posteridade, esta modesta e fascinante vida…
Duas fotos hoje para este 35º dia antes de meu aniversário: a minha primeira fotografia, com alguns dias de vida, junto com meu pai; e a mais recente, um selfie bem espontâneo com meu pequeno João (disfarçados de portugueses, claro!). Um Joanisval e dois João, o João pai e o João filho…
PS: A foto com meu pai está um pouco danificada porque, quando criança, minha irmã Joanicy (papai também não perdoou minhas irmãs com sua implacável criatividade para dar nome aos filhos, hehehe!), com raiva e inveja de minha beleza desde a mais tenra infância, antecipando-se aos talibãs que destruíram imagens sagradas, tentou riscá-la com caneta…