Meus queridos leitores que resistitiram brava e perseverantemente a três semanas sem nenhum post,
Desculpem a demora em atualizar o Frumentarius. Próxima semana, prometo, retornamos ao ritmo normal…
Entretanto, das terras teutônicas (se é que a Baviera pode ser considerada teutônica…), alguns comentários sobre minha ida hoje a Dachau (o primeiro campo de concentração criado pelos nazistas). Dachau começou a funcionar em 1933, logo que os nazistas chegaram ao poder. Para láforam enviados, primeiramente, opositores do regime. A esses seguiram-se todos os “indesejáveis” – criminosos comuns, comunistas, homossexuais, testemunhas de Jeová, prisioneiros de guerra e, claro, judeus).
O campo surpreende pelas dimensões: somente a visão dos trinta barracões enormes onde se amontoavam centenas de pessoas permite que se tenha uma idéia (ainda que limitada) do sofrimento dos mais de 200.000 prisioneiros que passaram por lá nos 12 anos de governo nazista… Destes, mais de trinta mil foram exterminados (apesar de Dachau não ser, tecnicamente, uma campo de extermínio).
O lugar onde fica o campo é lindíssimo. A beleza do local é proporcional ao sofrimento dos que por lá passaram. Se não fosse pela atmosfera pesada (que permanece mesmo depois de sete décadas), a área do campo poderia facimente ser usada para atividades das mais bucólicas…
As exposições sobre a vida no campo e a condição dos prisoneiros merecem horas de atenção – o que não se consegue com um tour guiado (para isso, recomendo uma primeira visita guiada e um retorno a Dachau com mais calma para conhecer melhor o campo – desde que você tenha estômago, claro).
Há, ainda, os monumentos aos que por ali passaram e as capelas de vários cultos. Estes já dizem muito por si. A propósito, lembro que Dachau continuou funcionando até 1960 (isso mesmo que você leu!), sendo, depois da guerra, campo de concentração de prisioneiros de guerra alemães e membros das SS e, ainda, um pouco mais tarde, residência temporária para alemães dos Sudetos que haviam fugido do regime comunista de Praga.
Você pode terminar sua visita a Dachau indo até o crematório e a câmara de gás do campo… A câmara, diga-se de passagem é pequena, nada comparável ao que havia em campos de extermínio como Auschwitz. Se tiver estômago, pode mesmo entrar na câmara – fiz isso.
Lugares como Dachau são importantes para se conhecer e entender o passado e se pensar na condição humana. Recomendo a todos que tiverem a oportunidade de vir por estas terras…