Obviamente que em nosso retorno não poderia deixar de tecer considerações acerca de meu caríssimo Bob Filho, sucessor de Chico Cézar, e seu parque de diversões em forma de Estado!
A Coréia do Norte é, indubitavelmente, um país fascinante (e não, não estou sendo irônico!)! Trata-se do último lugar do planeta onde se pode vivenciar a experiência estalinista. Da organização do Estado e da sociedade até as práticas de disciplina e culto ao líder, naquele interessante país milhões de pessoas vivem em outra realidade, a maioria delas completamente alheias ao que se passa no mundo exterior. Daí situações como a alteração nos resultados de jogos de futebol em que a seleção norte-coreana torna-se vencedora, a propagação de verdades como a de que o inventor do tablet foi o Grande Líder (apesar de maioria esmagadora da população não ter a mínima idéia do que seja um tablet) e, o lado mais nefasto, as execuções de “opositores” e os expurgos.
E, por falar em expurgo, a notícia mais recente foi da execução de Jang Song-thaek, tio de Bob Filho, e uma das principais autoridades do regime de Pyongyang. Além da execução, no melhor estilo da União Soviética de Joseph Stálin, o tio de Bob Filho foi “apagado” dos registros da Coréia do Norte – nunca existiu. O Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética gostava disso. Fazia seus opositores desaparecerem não só da vida mas também da lembrança das pessoas e da própria História do país. Expurgo sofisticado!
O acontecimento revela uma rachadura na estrutura do regime. A maneira como o Pequeno Grande Líder reagiu, entretanto, é sinal de que sabem lidar com o problema – ainda que por métodos inaceitáveis para qualquer espírito democrático (o que não é uma preocupação de Pyongyang). Pode-se acusar o rapaz de tudo, menos de inabilidade no trato com os opositores (claro que, novamente, sob o reprovável método das ditaduras). Stálin fez escola, Mao o copiou, Saddam idem. E, Bob Filho, no melhor estilo de líder de regime ditatorial, seguiu a cartilha.
Sem dúvida, laboratório vivo para qualquer cientista político é a Coréia do Norte! É o último baluarte do totalitarismo no planeta. Infelizmente, como todas essas experiências de engenharia social sob orientação ideológica tão cultuadas por intelectuais aqui no Ocidente, tem gente sendo oprimida, sofrendo e morrendo ali, de verdade. Mas, sinceramente, adoraria ir à Coréia do Norte para conhecer o funcionamento daquele admirável mundo novo! Iria apenas para visitar, claro.

Norte-coreanos juram lealdade após execução de tio de Kim Jong-un
Pyongyang organizou parada militar que envolveu dezenas de milhares de soldados para mostrar fidelidade das tropas ao ditador

Dezenas de milhares de soldados norte-coreanos mostraram nesta segunda-feira em Pyongyang sua lealdade a Kim Jong-un em um ato para reforçar a unidade em torno do ditador, dias depois da execução de seu tio Jang Song-thaek, acusado de traição. Os soldados carregavam uma faixa vermelha com letras brancas em coreano com o lema: “’Mantemos em alta estima o camarada Kim Jong-un como o único centro da unidade e da liderança”, segundo as fotografias publicadas pela agência estatal do regime, KCNA.
A concentração, que aconteceu em frente ao Palácio de Kumsusan, é um ato aparentemente destinado a proteger o líder e fortalecer a unidade do exército, um dos pilares do regime. O ato ocorre uma semana depois que o governo da Coreia do Norte executou Jang Song-thaek, ex-número dois do país e tio do ditador Kim Jong-un. De acordo com a imprensa estatal, Jang foi executado por vários crimes, entre eles tramar uma conspiração contra seu sobrinho. O meio de comunicação estatal também destacou que o tio do líder tinha criado uma facção política que discordava da linha majoritária do regime. Continuar lendo