Como votaram os britânicos

13510914_10154493307779305_7902161969528145005_nQue meus 8 (oito) leitores não se irritem com minha insistência no tema, mas é que percebo a saída do Reino Unido da União Européia como um evento de grande importância para as relações internacionais contemporâneas. Prometo que o próximo post será sobre outro assunto (ainda que volte a falar do BREXIT e dos britânicos mais adiante, hehehe)…

Achei interessante a página cujo link publico aqui e que traz o resultado da votação por região do Reino Unido. Importante destacar que a decisão pela saída ganhou com o apoio das áreas mais interioranas daquele país, onde está a população menos afeita à ideia de integração com outras nações e, talvez, mais conservadora e arraigada a costumes de uma Grã-Bretanha que existia até meados do século XX. Optaram por permanecer na União Europeia a grande maioria dos escoceses (62%) e dos irlandeses do norte (55,7%). Londres, capital cosmopolita e moderna, teve quase 60% de eleitores que disseram a favor da permanência no bloco.

De toda maneira, a crise só está começando. No Parlamento Escocês já se fala em “vetar” o Brexit sob o argumento da necessidade de “consentimento legislativo” dos escoceses para se efetivar a medida (vide interessante matéria no Estadão a respeito clicando aqui), e há um risco real de que o Reino Unido sofra nos próximos anos com o crescimento do separatismo na Escócia e na Irlanda do Norte (tudo de que os súditos de Sua Majestade não precisam).

O fato é que uma primeira análise do resultado dessa votação mostra um Reino Unido dividido, e com situações delicadas que poderão se agravar nos próximos meses em razão do processo de saída da União Européia. Continuo achando que todos os lados vão perder com a escolha desses 51,9% de votantes… Espero, sinceramente, que os britânicos consigam resolver essa situação com o talento e a sabedoria que fazem daquele um grande povo! God save the Queen! God save the UK!

Para a página com as estatísticas do BREXIT, clique aqui.

“O continente está isolado”

Illustration picture of postal ballot papers ahead of the June 23 referendum when voters will decide whether Britain will remain in the European UnionDeterminados acontecimentos nos dão a certeza de que estamos diante de um evento marcante da história da humanidade… Foi assim com o final das duas guerras mundiais, com a chegada do homem à Lua, com a queda do Muro de Berlim, com o discurso final de Gorbatchev no dia 25/12/1991 (seguido da extinção formal da União Soviética), com o início da circulação do Euro, com o 11 de setembro de 2001… Indubitavelmente, 24 de junho de 2016 também entra para a História como a data de mais um desses grandes eventos: o dia do resultado do plebiscito que decidiu que o Reino Unido (RU) deixará a União Européia (UE)…

Não pretendo aqui fazer qualquer grande digressão política, econômica, social, cultural, histórica, espacial, psicológica, sobrenatural no que concerne à saída dos britânicos do bloco europeu, nem sobre os impactos dessa saída para a UE ou para o próprio RU… Tampouco farei qualquer consideração sobre as consequências disso para o Brasil (haverá consequências para o Brasil, certamente). O que pretendo é dedicar algumas linhas a uma percepção inicial e bem pessoal desse evento marcante… Só divagações mesmo.

maxresdefaultComo internacionalista e alguém que vê com bons olhos o processo de integração europeu, fico triste com a saída do Reino Unido do bloco… Afinal, com todos os seus problemas étnicos, políticos, econômicos, jurídicos, com todos os males causados por um sistema muito burocrático e que se tem mostrado desequilibrado, sob influência de idéias utópicas e imposições corporativas, a União Européia continua uma grande referência de êxito integração. É bonito ver as quatro liberalidades funcionando naquele continente tão diverso. É bonito ver como os europeus conseguiram superar uma situação de guerra fratricida e hoje (com todas suas idiossincrasias) se mostram mais unidos e integrados. Claro que sempre haverá quem assuma um maior protagonismo naquela grande família de nações, e haverá irmãos mais complicados e com problemas, uns mais ricos que outros, uns mais iguais que outros… Entretanto, a ideia de união permanece, em especial junto às novas gerações… E cada vez mais o sentimento de cidadania européia ganha espaço nesse processo evolutivo… “Unidos somos mais fortes”, é a ideia central do bloco.

160515065043_boris_johnson_640x360_getty_nocreditOs britânicos, porém, parecem não compartilhar dessa percepção de que é melhor uma Europa integrada. Não tirarei suas razões, e há argumentos fortes por parte daqueles que defendem a saída do Reino Unido do bloco… Afinal, a Grã-Bretanha se veria muito engessada pelas instituições, normas e políticas de Bruxelas… Assustam também, argumentam os defensores da saída do bloco, as responsabilidades e os custos de pertencer à União Européia… Nesse sentido, a segunda economia da Europa precisaria estar livre (como sempre esteve) para alçar vôos próprios, com independência e de acordo com seus interesses… Ademais, há a preocupação com o aumento da imigração na Grande Albion (ainda que cheguem/tenham chegado às ilhas britânicas muitos imigrantes altamente qualificados, fluentes em inglês e contributivos para a Economia do país, ao mesmo tempo em que são abertos aos britânicos cerca de três dezenas de países onde eles podem viver, trabalhar, construir o futuro)… Interessante que a alternativa de saída da UE ganhou em regiões com pouca presença de imigrantes… Continuar lendo