“O continente está isolado”

Illustration picture of postal ballot papers ahead of the June 23 referendum when voters will decide whether Britain will remain in the European UnionDeterminados acontecimentos nos dão a certeza de que estamos diante de um evento marcante da história da humanidade… Foi assim com o final das duas guerras mundiais, com a chegada do homem à Lua, com a queda do Muro de Berlim, com o discurso final de Gorbatchev no dia 25/12/1991 (seguido da extinção formal da União Soviética), com o início da circulação do Euro, com o 11 de setembro de 2001… Indubitavelmente, 24 de junho de 2016 também entra para a História como a data de mais um desses grandes eventos: o dia do resultado do plebiscito que decidiu que o Reino Unido (RU) deixará a União Européia (UE)…

Não pretendo aqui fazer qualquer grande digressão política, econômica, social, cultural, histórica, espacial, psicológica, sobrenatural no que concerne à saída dos britânicos do bloco europeu, nem sobre os impactos dessa saída para a UE ou para o próprio RU… Tampouco farei qualquer consideração sobre as consequências disso para o Brasil (haverá consequências para o Brasil, certamente). O que pretendo é dedicar algumas linhas a uma percepção inicial e bem pessoal desse evento marcante… Só divagações mesmo.

maxresdefaultComo internacionalista e alguém que vê com bons olhos o processo de integração europeu, fico triste com a saída do Reino Unido do bloco… Afinal, com todos os seus problemas étnicos, políticos, econômicos, jurídicos, com todos os males causados por um sistema muito burocrático e que se tem mostrado desequilibrado, sob influência de idéias utópicas e imposições corporativas, a União Européia continua uma grande referência de êxito integração. É bonito ver as quatro liberalidades funcionando naquele continente tão diverso. É bonito ver como os europeus conseguiram superar uma situação de guerra fratricida e hoje (com todas suas idiossincrasias) se mostram mais unidos e integrados. Claro que sempre haverá quem assuma um maior protagonismo naquela grande família de nações, e haverá irmãos mais complicados e com problemas, uns mais ricos que outros, uns mais iguais que outros… Entretanto, a ideia de união permanece, em especial junto às novas gerações… E cada vez mais o sentimento de cidadania européia ganha espaço nesse processo evolutivo… “Unidos somos mais fortes”, é a ideia central do bloco.

160515065043_boris_johnson_640x360_getty_nocreditOs britânicos, porém, parecem não compartilhar dessa percepção de que é melhor uma Europa integrada. Não tirarei suas razões, e há argumentos fortes por parte daqueles que defendem a saída do Reino Unido do bloco… Afinal, a Grã-Bretanha se veria muito engessada pelas instituições, normas e políticas de Bruxelas… Assustam também, argumentam os defensores da saída do bloco, as responsabilidades e os custos de pertencer à União Européia… Nesse sentido, a segunda economia da Europa precisaria estar livre (como sempre esteve) para alçar vôos próprios, com independência e de acordo com seus interesses… Ademais, há a preocupação com o aumento da imigração na Grande Albion (ainda que cheguem/tenham chegado às ilhas britânicas muitos imigrantes altamente qualificados, fluentes em inglês e contributivos para a Economia do país, ao mesmo tempo em que são abertos aos britânicos cerca de três dezenas de países onde eles podem viver, trabalhar, construir o futuro)… Interessante que a alternativa de saída da UE ganhou em regiões com pouca presença de imigrantes… Continuar lendo

A nova Questão Christie e mais pachouchadas de nossa Política Externa…

Brasil_Gra-BretanhaMuito bem! Depois das merecidas férias e, como diria o grande Roberto Carlos, eu voltei!

E volto comentando essa pachouchada em que estamos nos metendo com os britânicos por causa de uma bufonaria de um repórter e seu companheiro… Segue a nota que o Itamaraty publicou, revelando a “indignação” do governo brasileiro pelo ocorrido com David Miranda (por que a imprensa brasileira insiste em pronunciar “deivid”?) em Londres… como se as autoridades britânicas tivessem feito o maior dos absurdos!

Vamos analisar a situação: o sujeito entra em território britânico, portando documentos e arquivos fruto de espionagem e de crime de vazamento de informações, e querem que ele passe incólume pelas autoridades daquele país?!? O que é isso!?!

Outra coisa: autoridades de imigração têm o direito (e o dever) de reter um suspeito de conduta criminosa que passe por seu território (como, naturalmente, teriam feito com o Edward “Bocão” Snowden)… E se fosse aqui no Brasil? Estrangeiro declaradamente portando documentos resultantes de vazamento (conduta criminosa, segundo nossas leis) entra em nosso território e passa tranquilamente pelas autoridades de imigração… Pense nisso!

Ademais, evidentemente, o sujeito foi para a Grã-Bretanha com a intenção de provocar as autoridades britânicas e gerar o fato político! Afinal, desde quando para se ir de Berlim ao Brasil é necessário fazer escala na capital britânica??!?? Claro que é provocação! Queria produzir notícia e chamar a atenção!

Que a imprensa e os mais incautos “comprem” essa truanice é até aceitável… Porém, é inadmissível que o governo brasileiro caia nessa rede! Não se tem que pedir satisfações do Governo britânico coisa nenhuma! Não houve qualquer violação de soberania ou ameaça aos interesses brasileiros!

Será que vamos, em mais uma das já usuais pachouchadas de nossa Política Externa, entrar em atrito com o Governo de uma nação tradicionalmente amiga por causa de um jogo de cena de um jornalista estrangeiro e seu companheiro brasileiro? Afinal, já há quem fale em retaliação… e se nós começarmos com esse disparate de distratar cidadãos britânicos que venham ao Brasil, quem vai perder? Nós, pessoas comuns, cidadãos brasileiros que porventura decidamos ir ao Reino Unido e que acabaremos, no mínimo, chegando lá com a antipatia do amistoso e cordial povo daquelas ilhas!

Haja paciência! Como se precisássemos de uma nova “Questão Christie”!!!… Continuar lendo

Parcerias estratégicas… Welcome, Mr. Cameron!

Boa associação entre a sexta e a sétima economias do globo! Claro que não adianta imaginar que isso significa alguma possibilidade de conseguirmos um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Se um dia formos, realmente, uma grande potência, lá estaremos! Ou não…

Congratulations, Mr. Cameron! Tem-se aí um movimento, no mínimo, perspicaz, na Política Externa britânica… Os argentinos que se cuidem… De toda maneira, isso vai matar a Cristina de inveja (só por isso já valeu a visita, heheheheh)!

Cameron leads British hunt for business in Brazil

Reuters, 28SEP2012 – 6:30pm EDT

BRASILIA (Reuters) – British Prime Minister David Cameron had oil and sports on his mind when he visited Brazil this week seeking business opportunities in the South American nation that overtook Britain last year to become the world’s No. 6 economy.

With the European Union in a slump, Cameron has turned to emerging BRIC nations – Brazil, Russia, India and China – as alternative markets for British exports and investments, with little to show so far. Continuar lendo