França ameaça atacar Kadafi… E tem alternativa?

O Sarkô se viu diante do que poderíamos chamar de “sinuca de bico”: foi um dos primeiros líderes a se pronunciar contra o regime de Kadafi, logo que o Levante chegou à Líbia; retirou seu embaixador de Trípoli e reconheceu as lideranças rebeledes; e encabeçou a Resolução do Conselho de Segurança da ONU que autoriza o uso da força contra Kadafi… Enquanto o Levante estava vencendo, tudo parecia bem. Agora que as forças leais ao coronel-apreciador-de-música-pop-ocidental estão virando o jogo, a França terá que agir.

De fato, o Governo francês não tem alternativa… necessita que Kadafi deixe o poder. Se o clone do Cauby continuar a mandar na Líbia, a França terá um grande problema de política externa, em uma região muito sensível para os interesses franceses. Daí a justificativa para um eventual recurso à força…

Por enquanto, os franceses se restringiriam a ataques aéreos… sei não, mas acho que quando o primeiro avião francês cair (sendo abatido ou por “problemas técnico-operacionais”), a popularidade do marido de Carla Bruni vai cair mais que Rafale no Mediterrâneo…

Enquanto isso, a sexta foi marcada por manifestações e confrontos em vários países árabes, tendo chegado à Síria. O Levante não acabou… Continuar lendo

Líbia: suspensão das operações militares contra o Levante

A coisa virou novamente… Mas agora não há justificativa para uma ação militar ocidental, né? Kadafi estaria ganhando tempo? Ou a suspensão dos ataques aos rebeldes é só para inglês ver (literalmente)?

BBC – B R A S I L
Atualizado em  18 de março, 2011 – 10:22 (Brasília) 13:22 GMT.

Líbia anuncia suspensão de operações militares contra oposicionistas

O governo da Líbia anunciou nesta sexta-feira a suspensão imediata de sua ofensiva militar contra os oponentes do regime do líder Muamar Khadafi.

O ministro do Exterior líbio, Moussa Koussa, disse que a medida foi tomada para proteger civis, de acordo com a resolução tomada pelo Conselho de Segurança da ONU na noite da última quinta-feira, que aprovou uma zona de exclusão aérea no país.

“Decidimos por um cessar-fogo imediato e uma imediata paralisação de todas as operações militares”, disse o ministro a jornalistas.

Na quinta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução que estabelece uma zona de exclusão aérea na Líbia e autoriza “todas as medidas necessárias” para “proteger civis e áreas habitadas por civis” de ataques das forças do coronel Khadafi. Continuar lendo

Yankees, Welcome!

Artigo nosso publicado no Inforel.

Yankees, Welcome!

Joanisval Brito Gonçalves*, 18/03/2011 – 14h48

É grande a expectativa em torno da visita ao Brasil do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Fala-se no aumento da cooperação nas áreas econômica, energética, de segurança e, também, em matéria de meio ambiente, educação e cultura. Com a agenda a ser divulgada apenas no último momento, há especulações das mais diversas, até mesmo sobre o fim da exigência de vistos de turismo e negócios para cidadãos dos dois países. Entretanto, mais que todos esses aspectos práticos da viagem de Obama, é importante que se perceba o caráter simbólico dessa visita.

A decisão do Presidente dos Estados Unidos de, ao visitar a América do Sul, eleger Brasil e Chile como destino, envolve mais que grandes acordos econômicos ou energéticos. Especificamente, no caso Brasil, é sinal da importância crescente do País não só em termos regionais, mas, sobretudo, globais. Também evidencia o interesse de aproximação entre duas grandes economias, países com valores coincidentes e parceiros que têm muito a ganhar retomando laços tradicionais.

O Brasil que Obama encontrará é muito diferente daquele com que seus antecessores se depararam quando aqui estiveram. Já somos a sétima economia do planeta, nossa democracia está consolidada, uma classe média se estrutura e ganha força, assim como melhoram as condições gerais de vida da população, aumentando sua capacidade de consumo. O País também se mostra mais aberto ao mercado externo e, portanto, atraente parceiro comercial: de fato, o comércio de mão dupla entre Brasil e Estados Unidos mais que dobrou na última década, chegando a US$ 80 bilhões em 2010, e somente no referido ano, as exportações estadunidenses para o Brasil cresceram 35% em relação a 2009. Outro dado importante: nossas exportações para lá incluem commodities, mas também bens de valor agregado, como aviões e peças. Empresas brasileiras estão presentes no mercado estadunidense. E o Brasil já é o décimo parceiro comercial da Superpotência, com infinitas possibilidades de parceria e cooperação nos mais distintos setores que não podem ser descartadas. Certamente, Obama tratará desses assuntos em sua vinda ao Brasil.

Não obstante, repita-se, se nada disso fosse tratado, a visita de Barack Obama ao Brasil já seria de importância capital por seu simbolismo. O evento demonstra o interesse dos estadunidenses em tratar o Brasil em nova relação, como parceiro. Ainda que condições de igualdade sejam difíceis, ao menos as relações entre Brasil e Estados Unidos passam a se constituir como relações entre potências mundiais, e não mais sob uma ótica regional. Note-se que é no Chile, outro parceiro importante para os estadunidenses na América Latina, onde Obama anunciará sua política para a região. A política externa para o Brasil não será a mesma para o restante do subcontinente, o que é natural. Em outras palavras, com o Brasil a conversa é distinta, exatamente devido às novas dimensões de nosso país.

Passa da hora de reatarem-se os laços entre Brasil e Estados Unidos, as duas principais economias das Américas. Passa da hora desses países, com muito mais semelhanças que diferenças, com valores compartilhados, e grandes possibilidades de cooperação, fomentarem uma relação mais harmônica e produtiva. O discurso “yankees, go home!” é anacrônico e sem sentido para o Brasil de hoje. Nada o justifica, sobretudo porque país nenhum do mundo tem condições de submeter o Brasil a uma política imperialista. A idéia agora deve ser de aproximação com os Estados Unidos e qualquer outra Potência que queira nos tratar com o devido respeito: “yankees, welcome!”.

* Joanisval Brito Gonçalves. Os conceitos e opiniões aqui emitidos são exclusivamente do autor e não refletem necessariamente as posições de entidades às quais esteja eventualmente vinculado. E-mail para contato: joanisval@gmail.com. Website: www.joanisval.com.