A exumação dos corpos de Dom Pedro I, Dona Leopoldina e Dona Amélia certamente trará grandes contribuições à História do Brasil. Ainda se estuda muito pouco sobre nosso período imperial e o que a grande maioria sabe a respeito do Império envolve informações desencontradas, entendimentos errôneos e até mentiras deliberademente plantadas para prejudicar a imagem de nossos soberanos e daquelas sete décadas áureas.
Achei interessante a matéria aqui reproduzida com os comentários de Dom Bertrand sobre os “historiadores malévolos”. Sua Alteza tem toda razão, já que, infelizmente, a maioria esmagadora de nossos historiadores pesquisa e produz não em busca da verdade, mas orientados por perspectivas ideológicas e até político-partidárias. No Brasil, assim como em diversos rincões do continente, a produção histórica mostrou-se notadamente submissa a desígnios políticos, sobretudo no contexto do enfrentamento dos anos da Guerra Fria e da bipolaridade. E o pior é que ainda vemos aqueles que mantêm essa perspectiva nas escolas e universidades. Fatos são deturpados por imperativos políticos. Isso não é História – ao menos não é a História que entendo como ciência.
Parabéns à equipe da USP por arregaçar as mangas e buscar a verdade nas fontes verdadeiramente primárias. Estão a fazer um trabalho muito mais valoroso que o de centenas de auto-intitulados “historiadores” que, por prequiça, negligência, imprudência ou até má-fé, preferem repetir o que outros disseram, trabalhar e inventar recorrendo a fontes secundárias, e contar estórias…
Um país sem memória é um país sem futuro.
Para príncipe, estudo desmente versão de ‘historiadores malévolos’
Para tetraneto de Dom Pedro I, pesquisa serve para ‘limpar a barra da boataria’ que envolve o imperador
19 de fevereiro de 2013 |- Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise – O Estado de S.PauloSÃO PAULO – “O estudo descarta hipóteses levantadas por historiadores malévolos.” A frase, do príncipe Bertrand Maria José Pio Januário Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragança e Wittelsbach, tetraneto de Dom Pedro I, mostra como a pesquisa repercutiu entre os descendentes da família imperial, talvez preocupados em “limpar a barra da boataria” que cerca principalmente Dom Pedro I – que carrega a fama de mulherengo.
“Só podemos elogiar a iniciativa da pesquisa”, afirmou Dom Bertrand. “Os resultados são muito interessantes porque confirmam aspectos históricos e desmentem outros.” As costelas quebradas de Dom Pedro, por exemplo, vistas por historiadores como decorrentes de ao menos duas quedas de cavalo, são avaliadas por Bertrand como resultado de uma vida de bravura.
O fato de a ossada de Dona Leopoldina não aparentar ter fratura também é visto com entusiasmo. “Ao contrário do que informam os historiadores malévolos, ela não morreu porque recebeu um pontapé do marido. A pesquisa prova que o aborto que sofreu foi espontâneo e a morte dela não foi decorrente de nenhuma violência.” Os médicos envolvidos na pesquisa são unânimes em dizer, entretanto, que é impossível descartar completamente a ocorrência de algum tipo de violência apenas analisando a ossada. Outro ponto enfatizado por Dom Bertrand foi que os exames não mostraram influência da sífilis na deterioração dos ossos do imperador. Mas exames sobre a doença serão ainda aprofundados.
A pesquisa teve o aval da família imperial, que autorizou as exumações. Dom Bertrand acompanhou a abertura dos caixões de Dom Pedro I e de Dona Amélia e o fechamento do de Dona Leopoldina. Ele disse que a família não possuía nenhum inventário dos itens enterrados. Os brincos de Dona Leopoldina, com gema sintética, são coerentes com a aversão da imperatriz por ostentação, segundo Dom Bertrand.