2 anos do grande terremoto do Haiti: tributo aos amigos que pereceram naquele desastre

Aconteceu há exatos dois anos. Lembro que chegava ao Chile, para uma conferência na área de Defesa e, no quarto do hotel, ao ligar a televisão, vi as notícias sobre o terremoto que acabara de acontecer. Pensei imediatamente nos amigos militares que estavam no Haiti… Claro que o lado racional se manifestou e concluí que deveriam estar bem… Afinal, seria um triste azar perder amigos em um sinistro como aquele…

No dia seguinte, pouco antes da minha apresentação, acessei a internet. Então veio a infeliz surpresa: militares brasileiros haviam perecido no terremoto sim! E entre eles, o primeiro nome da lista era o de meu caro amigo, o Coronel Emílio Carlos Torres dos Santos… Confesso que não foi fácil realizar a conferência. Emílio estava no Haiti com as forças de paz das Nações Unidas contribuindo para recuperação do país mais miserável do continente. Era um sujeito obstinado e sempre bem-humorado. Profissional competente, representava bem nossos militares. Estava no edifício do alto-comando, disseram. Quando ocorreu o terremoto, conseguiu saltar pela janela do prédio… e a parede caiu por cima dele, esmagando-o. Junto com Emílio, outros  17 militares brasileiros pereceram naquele terremoto. Estavam em missão, missão de paz.

Na semana seguinte, por ocasião da missa de sétimo dia dos mortos no terremoto, tive outra péssima notícia. Haviam identificado o corpo de mais um militar brasileiro, o Coronel João Eliseu Souza Zanin. Zanin também era um amigo. Calado, discreto, Zanin era profissional de alta competência, e o último contato que tivera com ele fora quando me havia dado a notícia que iria para um posto no exterior, aprovado em um difícil processo seletivo. O mais trágico: Zanin tinha acabado de chegar ao Haiti para uma missão de alguns dias apenas. Foi para morrer.

Na data de hoje, meu pesar pelos milhares de mortos naquele fatídico 12/01/2010 e minha homenagem aos brasileiros (e brasileira, pois Zilda Arns deve ser lembrada) que ali tombaram no cumprimento do dever. Também não posso deixar de saudar os brasileiros e brasileiras que estiveram e/ou estão no Haiti, na missão humanitária de (re)construir aquele país, especialmente nossos militares que lá se encontram. Sinto-me realmente muito honrado em conhecer alguns deles, civis e militares. Que saibam que representam muito bem o Brasil e, no caso do pessoal das Forças Armadas que lá se encontram, são o testemunho vivo do profissionalismo dos nossos militares, da grandeza dos brasileiros e do espírito solidário de nosso povo. Como disse em Halifax, em novembro último, nós nos orgulhamos muito dos homens e mulheres brasileiros que servem em missões de paz no exterior, pois cada soldado brasileiro no exterior é também um diplomata do Brasil.

Terremoto no Haiti

Por Fernando Rebouças

No dia 12 de janeiro de 2010, terça-feira, por volta das 19 horas e 50 minutos, o Haiti sofreu um terremoto de 7,0 na escala Richter. Houve temores de incidência de um tsunami na região do Caribe, que poderia atingir a República Dominicana, Cuba e Bahamas, mas logo foram negados.

Durante o terremoto além das casas, o Palácio Nacional, sede dos ministérios das Finanças, Trabalho, Comunicação e Cultura, o Palácio da Justiça e a Escola Normal Superior foram derrubadas pelos tremores.

A primeira agência de notícias a informar o ocorrido foi a TV Haitipal, situada na capital do país, Porto Príncipe, principal região atingida. Outras edificações como o do Parlamento e a Catedral de Porto Príncipe também desabaram.

Segundo o Instituto Geofísico Americano (USGS), o tremor ocorreu às 19 horas e 53 minutos (horário de Brasília) e às 21 horas e 53 minutos (horário de Porto Príncipe). O epicentro situou-se a 14 quilômetros da região de Carrefour, a 27 quilômetros de Petionville, na região sudeste do país.

Além das perdas materiais e institucionais, muitos haitianos morreram, e outros conseguiram sobreviver mesmo estando soterrados há mais de quinze dias sob os escombros. Além da missão de paz da ONU, liderada pelo exército brasileiro, várias nações do mundo enviaram ajuda humanitária, exército e profissionais de resgate para ajudar o país.

Nos primeiros dias após o terremoto, vários feridos aguardavam desesperados o atendimento médico  no meio das ruas de Porto Príncipe. O grande problema foi o acúmulo de cadáveres jogados pela cidade, causando mau cheiro e riscos de contaminação.

As instalações e sistemas de comunicação da sede da Missão de Estabilização das Nações Unidas em Porto Príncipe sofreram danos estruturais, vários funcionários e voluntários da Missão de Paz faleceram vítimas do terremoto, entre eles a médica brasileira Zilda Arns e mais de quinze militares brasileiros.

O hospital do subúrbio de Pétionville, subúrbio de Porto Príncipe, desabou. Os tremores também foram sentidos no território da República Dominicana, país que divide a ilha de Hispaniola com o Haiti, e no leste de Cuba.

Além da ajuda da missão de paz da ONU e do Brasil, vários países manifestaram o envio de ajuda humanitária ao Haiti, por meio do envio de exército, equipes de resgate, rede de comunicação, alimentos, água potável e remédios. O país recebeu ajuda da vizinha República Dominicana,  França, EUA, Inglaterra, Alemanha, Itália, Colômbia, Venezuela, Chile, China, entre outros.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) ofereceu um subsídio de emergência de 200 mil dólares para o fornecimento de alimentos, água, remédios e abrigos emergenciais aos haitianos.

O Haiti nunca havia sofrido um terremoto tão devastador, embora o maior terremoto já visto antes no país foi registrado em 4 de agosto de 1946, registrando 8,1 graus, segundo dados do Instituo Sismológico Universitário da República Dominicana.

http://www.infoescola.com/haiti/terremoto-no-haiti/

Fontes:
http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2010/01/12/ult1859u2185.jhtm
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2010/01/12/terremoto+devasta+haiti+9273234.html