Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá.
Êxodo, 20:12
Para as crônicas de meus 40 anos, neste 37º dia que antecede o aniversário, contarei a história da união que culminou em meu nascimento.
É interessante como a Providência faz com que pessoas que estão em diferentes pontos do mundo se encontrem e comecem a se relacionar. Afinal, somos mais de 7 bilhões de almas espalhadas pelos cerca de 70 milhões de km2 de terras emersas no planeta! E, em meio a tanta gente e tanta área, duas pessoas têm seus caminhos cruzados e passam a caminhar, juntas, em uma única jornada.
Como rosacruz, já dediquei muito de minhas reflexões exatamente aos vínculos que o “destino” estabelece entre as pessoas. E, pensando sob uma perspectiva mística, ciente de que o acaso não existe, tento compreender qual a importância de cada ser humano que passa por minha vida (do seu Maurílio, que com tanto esmero cuida da limpeza lá no escritório, aos seres mui preciosos que optaram por encarnar em minha família).
Todo aquele que conosco se encontra não o faz por acaso, estando lá para participar de nosso processo evolutivo e nós do dele. Portanto, cada pessoa é importante, e aquilo que fazemos um com o outro, o modo como nos tratamos, as experiências que compartilhamos, e as lembranças que deixamos, reverberam por todo o universo, ao longo das eras, de modo que, nesta ou em outra encarnação, acabamos por nos reencontrar. A roda gira, a caravana passa, e a evolução acontece… É assim que entendo a vida. Nesse sentido, a minha vida começou graças, em última instância, a Juscelino Kubistchek, que tornou o sonho de Dom Bosco realidade em 1960, e inaugurou a amada Brasília, para onde confluiriam milhares de brasileiros, inclusive meus pais. Só estou aqui hoje porque Brasília foi sonhada, construída e inaugurada. Obrigado, JK!
Pois bem! Voltemos à história deles! No início dos anos 1970, Seu Jacob vivia em Brasília. O cearense que havia nascido durante uma das maiores secas do século, crescido em família humilde na caatinga, começado a trabalhar aos 7 (isso mesmo, sete) anos de idade, tocando gado no interior, saído sozinho da casa de seu pai para tentar a vida no Rio de Janeiro, onde, aos 25 anos, começara a aprender as primeiras letras, depois de quase vinte anos vivendo na Cidade Maravilhosa, resolveu largar tudo (não que tivesse muita coisa) e se mudar para a Nova Capital, terra de sonhos, em que construiria sua nova vida.
Dona Conceição, por sua vez, professora formada no Colégio São José de Caxias, MA, tocava a vida em sua cidade natal como diretora de escola, sem imaginar que sairia da casa de seus pais para terras distantes. Casamento não estava entre as prioridades. O que Ceiça gostava mesmo era de viajar: destinava parte de seu salário para “tours” pelo Brasil. Em um desses passeios, veio para Brasília (“neste País lugar melhor não há!”).
E foi casualmente, passeando com uma tia pela nova capital da república, que Conceição conheceu Jacob, um amigo de sua zelosa acompanhante. Olhares foram trocados, algumas palavras ditas, fez ele alguns gracejos prontamente correspondidos. Em outro momento, papai, que de bobo não tinha nada, perguntou à tia de mamãe: “Sinal verde ou vermelho?”. Pronto, resposta positiva lhe fora dada e já se encontrava em plenas condições para desencadear a corte.
Conversa vai, conversa vem, começaram a trocar cartas e flertes (ao melhor estilo dos romances de outras épocas). Passados alguns meses, ele a pede em casamento e se prontifica a ir a Caxias para se apresentar à família e buscá-la para viver consigo. Mamãe aceita, dando prosseguimento à história de união dessas duas almas.
Já disse que uma das palavras que definem meu pai é obstinação. Obstinadamente, Seu Jacob se deslocou de Brasília para Caxias do Maranhão, para se casar com Dona Conceição. Na Toca do Lobo (a casa de meu avô materno), o cearense de cabeça chata conquistou, com seu jeito simpático, honesto e obstinado, os futuros sogros e toda a família. E foi assim que, em julho de 1973, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José (a mesma em que eu seria batizado e faria minha primeira comunhão), meus pais se casaram. A cerimônia reuniu muita gente e foi celebrada por meu tio, Padre Vicente (que também me batizaria e me daria a primeira comunhão), irmão mais velho de mamãe. Selava-se a união que permaneceria até nossos dias, por mais de quatro décadas. E, cerca de dezoito meses depois, chegaria eu a este plano, em mais uma encarnação para aprender e evoluir.
Resumidamente, essa é a história do início de minha família. Publico hoje algumas fotos de mamãe e papai na juventude (ela em sua formatura como professora, ele discursando em algum evento no Rio de Janeiro dos anos sessenta – esse gosto por falar em público e participar da vida da polis herdei de papai). Também coloquei algumas imagens do casamento deles, dentre as quais uma feita a pedido de meu pai, com toda a família de mamãe (a única que tenho de vovô e vovó juntos).
A pesquisa sobre minhas origens segue com algumas fotos antigas que publicarei nos próximos dias.
Amanhã falarei de minha primeira foto e, como é domingo, vou revelar o significado de meu nome! Abraço a todos!