O Babuíno da Grande Guerra

Jackie2A participação dos outros animais nos conflitos armados é tão antiga quanto a dos próprios humanos. Cavalos, cães, elefantes, falcões, pombos… Exércitos sempre recorreram a esses meios para alcançar a vitória nas batalhas! Pouca gente sabe, entretanto, que na I Guerra Mundial um inusitado combatente foi… um babuíno!

Jackie era o nome dele! E símio-soldado foi incorporado às forças do 3º Regimento de Infantaria Sul-Africano (Transvaal), que combateu junto das tropas britânicas nas trincheiras da Grande Guerra. Era o bichinho de estimação (coisa mais inusitada ainda!) de Albert Marr, sulafricano que, ao se apresentar como voluntário para ir combater na França, pediu a seus superiores para levar junto sua mascote! (Devia ser um tipo estranho também esse Albert!). Para a surpresa de todos, a autorização foi concedida, e lá foram  Albert, seu Regimento, e Jackie para o front. 

Foi assim que Jackie tornou-se a mascote oficial (se me permitem o trocadilho) do Regimento! Tinha uniforme completo, bolachas (badges) e até um quepe. Dizem que acompanhava a tropa nas marchas e aprendeu os comandos de ficar em pé, descansar e até a prestar continência (coisas que alguns esquerdopatas nunca aprenderiam a fazer por aqui cem anos depois)!

O babuíno participou de diversas batalhas no Norte da África e em solo Europeu durante três longos anos. Devido a sua visão e sua audição aguçadas, Jackie tinha condições de antecipar os ataques inimigos melhor que qualquer sentinela humana. Graças a isso, salvou muitas vidas em seu regimento.

Em abril de 1918, o até então invicto Jackie acabou sendo vítima do poder de fogo inimigo. Na sangrenta batalha de Passchendelle, enquanto bombas caíam sobre seu regimento, um Jackie assustado tentou construir uma barreira de pedras à sua volta, mas um projétil explodiu próximo a ele, ferindo-lhe gravemente um braço e uma perna.

chateauwood-741x568Evacuado do campo de batalha, severamente ferido, os médicos não sabiam o que fazer com o pobre babuíno – não tinham experiência com atendimento a animais. Diante dos apelos de Marr, os cirurgiões anestesiaram Jackie e amputaram sua perna, tratando das suas feridas.

A Providência permitiria que Jack sobrevivesse. Mas era o fim da guerra para ele e para Marr. Depois do conflito, os dois viajariam pelo Reino Unido, onde Jackie seria tratado como celebridade, inclusive participando de campanhas de arrecadação de fundos para os soldados doentes e os mutilados de guerra.

Tendo voltado para a África do Sual, Jackie e Marr foram desincorporados do Exército. O babuíno foi condecorado pelos três anos de serviços prestados a seu país e, também em sua terra natal virou estrela.

Mas a Guerra não havia causado apenas feridas físicas aos dois combatentes. Ambos voltaram para casa com severos traumas psicológicos, sofrendo de Distúrbios Pós-Traumáticos: Jackie particularmente entrava em desespero ao som de trovoadas, que por certo lhe traziam memórias ruins das explosões do front.

No dia 22 de maio de 1921, diante de uma grande tempestade na fazenda de Marr, Jackie não resistiu: o estrondo dos trovões levou o babuíno a ficar em choque e um ataque cardíaco arrancou-lhe a vida. Apesar de uma curta existência, Jackie entraria para a história como o único babuíno a ter lutado na Grande Guerra.

A história de Jackie é contada com maiores detalhes em Wacko But True: The Baboon Who Served in WW1.

 

 

Uma resposta em “O Babuíno da Grande Guerra

  1. Olá Professor Joanisval!
    Que bom ter voltado a enviar seus artigos, são sempre interessantes, valeu ter esperado a sua volta.
    Professor, gostaria de saber se poderia dar umas dicas, indicar algum material de estudo para o cargo
    no qual trabalha, Consultor do Senado Federal. E tbm sobre mesmo cargo na Câmara dos Deputados.
    Eu sempre acompanho a Comissão de Relações Internacionais e Defesa Nacional do Senado, seria muito profícuo se aqueles ciclos de palestras que ocorriam continuassem.
    Abs,
    Áttila

    Enviado do meu iPad

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