Como hoje é dia de falar de viagens, atenderei esta semana aos pedidos de alguns de meus 16 (dezesseis) leitores e tratarei um pouco mais sobre o Rio de Janeiro. Prometo que retorno à Rússia na próxima quinta…
Bom, no Rio de Janeiro resolvi fazer uma coisa que seria muito difícil em Brasília – ou ao menos não teria o mesmo charme na minha amada cidade do Planalto Central: fui tomar café em uma tradicional padaria de Copacabana!
Copacabana tem essa aura de Rio Clássico! Sem dúvida, não há como falar de Rio de Janeiro sem a referência automática a “Côpa-ca-bena”, como diriam os milhões de turistas anglófonos que há décadas passam por aqui. Charmosa, com algum ar decadente, e ao mesmo tempo blasé e se renovando… Essa é Copacabana.
Gosto de andar pelo bairro – sempre atento a eventuais ameaças vindas de nativos, claro -, ver os nomes das ruas em seus cruzamentos, olhar as pessoas indo e vindo apressadas ou contemplativas, admirar os edifícios, com arquitetura dos anos 50 e 60… Acho muito bacana mesmo, um passeio também pelo tempo, retornando a época do rio glamouroso e da praia mais famosa do planeta! Sim, porque sempre que penso no bairro, as imagens que me chegam à mente são em preto-e-branco… Outros tempos, sem dúvida, mas uma memória marcante! E, para registro, achei Copacabana mais tranquila e segura que no passado recente.
Mas vamos ao que interessa! Resolvi não tomar café no hotel e fui explorar o entorno. Por indicação da recepcionista, segui para a “padoca” ali perto. E foi aí que descobri a “Panificação e Confeitaria Tupan”, ou, simplesmente, “Padaria Tupan”, localizada na Av. Nossa Senhora de Copacabana, 1375. Trata-se de uma tradicionalíssima padaria de bairro, com bolos, pães e as mais diversas guloseimas fresquinhas, feitas ali mesmo e para o dia! Como li em um comentário na internet (sim! há comentários sobre a Tupan na internet!), “seu charme é não querer ser uma padaria sofisticada. Eles lá sabem muito bem o que fazem/vendem de bom e do melhor”- descrição excelente!
Outro aspecto bacana da Tupan é a clientela. Perece-se logo de cara que são fregueses tradicionais, clientes que há muitos anos começam seu dia com um desjejum no balcão da padaria ou comprando pães quentinhos ou outros produtos de trigo açucarados para comer em casa! Do trabalhador que chega cedo para fazer uma boquinha antes da lida à senhorinha aposentada que por ali passa para ver quais são as “novidades” (que, por óbvio, ela já conhece há décadas, como o bolinho com doce de leite ou o panetone da casa), a freguesia da Tupan é um caleidoscópio de tipos que revelam um pouco do bairro mais populoso do Brasil… E todo mundo se conhece!
Mas o ponto alto da Tupan é o Seu Antônio de Souza (Seu Souza, como ele gosta de ser chamado), o português (típico, não?), que é o proprietário do estabelecimento há exatos 59 (cinquenta e nove!) anos! Pois é! Há quase seis décadas Seu Souza toca a padaria, sempre muito atencioso com os clientes e disposto a uma boa conversa!
Assim foi que no balcão pedi, no primeiro dia, um misto quente (que veio no pão francês prensado) e, no dia seguinte, outro misto e depois um pão com ovo! Claro, café com leite para completar o típico pequeno almoço em Copacabana! Experiência rica e por menos de vinte reais, em uma padaria que descobri começou a funcionar em 1927! Excelente!
Gente boa o Seu Antônio! Ganhei de cortesia uns bolinhos, um pão de sal quentinho e ainda um cafezinho “com cheirinho” (que é uma garapa de uva que ele mistura no café preto). Tudo isso acrescido de uma ótima conversa! Seu Antônio sabe realmente como fidelizar os clientes!