Tudo indica que Hugo Chávez já morreu… “Estável dentro de seu quadro delicado” significa, na linguagem de regimes ditatoriais, que o líder passou desta para uma melhor.
A cúpula do governo venezuelano está em Cuba. Nos bastidores, uma guerra silenciosa pela sucessão do tenente-coronel está em curso… Para os latino-americanos da minha geração, é a primeira vez que vemos de tão próximo um processo sucessório em uma ditadura… Interessante acompanhar os embates e a disputa de poder… O regime ditatorial venezuelano, ao contrário de outros como o chinês, é personalista, sendo difícil dizer como ficará o país (e o governo) após a morte de Chávez. Será que o chavismo se sustenta? Não creio… Quem vem no lugar do coronel? Maduro não é o sucessor natural… e os vários grupos rivais na cúpula chavista já estão organizados para o conflito… Aguardemos.
Opera Mundi – 03/01/2013 – 16h10 | Marina TerraAlta cúpula chavista se reúne em Cuba a uma semana da posse na Venezuela
O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, viajou a Havana, onde está o vice-presidente, Nicolás Maduro
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O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, partiu para Havana nesta quarta-feira (02/01) e se juntou ao vice-presidente Nicolás Maduro e a outros membros do governo, publicou o jornal venezuelano Últimas Noticias. “Não se sabe qual motivo levou Cabello a fazer a visita”, afirmou o diário. Maduro havia dito que retornaria a Caracas ontem, mas permaneceu na ilha caribenha. Também viajou nesta quarta-feira a Havana o governador do Estado de Barinas e irmão de Chávez, Adán.
Fontes próximas ao governo venezuelano consultadas por Opera Mundi indicam que um acordo para a postergação da data da posse está sendo costurado com a oposição venezuelana. De fato, membros de partidos reunidos em torno da MUD (Mesa de Unidade Democrática) acenaram positivamente à ideia em declarações públicas recentes.
O governador reeleito do Estado de Miranda e ex-rival de Chávez Henrique Capriles admitiu em 24 de dezembro do ano passado a possibilidade de a posse ser adiada. “Se o presidente da República não puder se apresentar no dia 10 de janeiro para tomar posse diante da Assembleia Nacional, a própria Constituição tem as respostas. Aí se aplicaria inicialmente uma ausência temporária e, depois, o que estabelece a Constituição para a falta absoluta”, afirmou.
A Constituição venezuelana prevê novas eleições dentro de 30 dias se o presidente eleito não for capaz de assumir o poder na data da posse. E, sob a Constituição, nesta condição, o presidente da assembleia se torna o presidente interino.
Neste sábado (05/01), o parlamento venezuelano irá abrir as sessões de 2013 com a eleição da Junta Diretiva – presidente, vice-presidente, secretário e sub-secretário – pelo período de um ano. Resta saber se Cabello será reeleito presidente da assembleia, cuja maioria dos deputados pertence ao PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) e a partidos aliados ao chavismo.
Relatórios
Preocupados com o surgimento de rumores sobre a saúde do presidente venezuelano, membros do governo pediram à população para que confie nas informações que chegam por meio de comunicados oficiais e entrevistas.
Nesta terça-feira (01/01), o vice-presidente conversou em Havana com a rede multiestatal TeleSur, onde fez um chamado ao povo para que “se vacine” contra “rumores e mentiras” que circulam em redes sociais e meios de comunicação da oposição. Ele garantiu que todos os detalhes sobre a recuperação do líder venezuelano estão sendo transmitidos. “[Chávez] está consciente, absolutamente, da complexa recuperação pós-operatória e nos ordenou (…) que informassemos o povo da situação, por mais dura que fosse”, disse o também chanceler.
Mais recentemente, nesta quinta-feira, o ministro de Ciência e Tecnologia e genro de Chávez, Jorge Arreaza, disse por meio de sua conta no Twitter (@jaarreaza) que o presidente segue “estável dentro de seu quadro delicado” e continua “batalhando duro” pela vida.