Por que ainda me irrito com essas coisas? Em mais uma de suas medidas para garantir a satisfação dos milhares de brasileiros que “optam” por voar pela Gol (afinal, a escolha da companhia aérea é uma opção do cliente! Sei…), a “companhia aérea mais moderna do Brasil” passou a cobrar até pela água que serve a bordo! Absurdo, absurdo, absurdo!
Esse pessoal trata quem tem que voar pelos céus do País como gado (não, não é bem assim… gado tem direito a beber água…)! Sob o argumento do low cost ou low fare, eles fazem com que viajar de avião seja uma experiência desganstante! E dizem que isso é uma tendência mundial! Alto lá!
Houve um tempo em que viajar de avião era glamoroso. As pessoas quase que faziam da viagem em si um evento! Chegava-se ao balcão para o check in e se era atendido por uma pessoa sorridente e que olhava no seu rosto! A bordo, as aeromoças tinham bons modos, eram gentis e atenciosas – gostavam do que faziam… E a comida!?! Sim! Houve um tempo em que se servia um lanche (ou até um almoço ou jantar dependendo da hora do vôo) que, ainda que não fosse um primor de gourmandise, era comível, era diferente! A mala, por sua vez, chegava, sã e salva, junto com o passageiro!
Aí veio a Gol! Sob o argumento de popularizar o uso do transporte aéreo, baixando os custos (hein?!) e repassando isso para o passageiro, deixaram de servir o lanchinho, que foi substituído pela famigerada barrinha de cereais (passei a detestar barrinha de cereal)… Para beber? Senhor, Coca, guaraná zero, manga (sim, existe suco de manga!), pêssego light… E é isso! Só isso! E só uma vez! Não adianta nem falar em suco de tomate!
Não vou nem falar do espaço entre os assentos (cada vez mais me vem à memória o ônibus da Transpiauí que eu pegava aqui em Brasília e que chegava a Teresina depois de 48, 53, 60 horas…)! E as simpáticas atendentes de bordo? A gente lê nos olhos delas: “ok, sou comissária de bordo! Você é passageiro! Não gosto de você! Atendo só porque tenho que fazê-lo! E vou passar só uma vez, entendeu?… Não espero nada a mais…” (Claro que o nível dos passageiros também despencou, mas não vou entrar no mérito…)
O pior é que as outras companhias gostaram da idéia. A TAM, por exemplo, parece que estabeleceu a política de “tratar mal o passageiro para testar-lhe os limites”, sendo a prioridade o desconforto, já começa a antipatia no check-in! Como o pessoal ali atende mal! E nem pense em pedir qualquer informação sobre o vôo ou outra coisa! “Aqui está seu cartão, senhor! Se não tiver o número do portão, procure no monitor da Ifraero, porque eu não estou com menor vontade de verificar isso para o senhor! Próximo!”
Para embarcar, aquelas pessoas gentis de terra da companhia tratam o passageiro como cachorro, enxotando-o para dentro do avião… Esses dias, voltado para Brasília por Guarulhos, o monitor no portão 1B marcava o vôo para “Brasília”… Só que estavam mandando o povo embarcar pelo 1C, que marcava “Campo Grande”… Claro que não havia fila ou a menor iniciativa dos funcionários da TAM de organizarem a multidão que se aglomerava sem saber onde embarcar! E, questionado sobre a confusão, a resposta do funcionário da TAM foi singela: “senhor, se a Infraero não atualiza os monitores isso não é problema meu!” Gentil, não?
Na aeronave, a TAM criou o “assento conforto”, aquele da saída de emergência, para o qual você tem que pagar algo mais para sentar, ainda que o vôo esteja vazio! E não adianta argumentar! Pagou, sentou! Não pagou, “senhor, o senhor não pode sentar aí…”
O atendimento também é de excelência quando eles trasportam sua mala… Só vou dizer uma coisa: experimente perder sua mala… Mas para que você quer viajar com mala? Para quê?
O que mais revolta é que fazem isso sob o argumento de que estão a reduzir os custos! Gentileza não tem custo, muito pelo contrário. E, diferentemente do que acontece com as empresas de low cost/low fare de outros países, nossas maravilhosas empresas nacionais continuam cobrando caro, e muito caro, pelo péssimo serviço que prestam!
Bom, isso foi um desabafo! O que fazer? Eu vou tentar voar o menos possível de Gol… Se todo mundo fizesse isso, eles aprendiam… E não porque a TAM é melhor (não é!)! É simplesmente porque foi a Gol que começou com a medida da cobrança da bebida! Já pensaram em “um dia sem voar Gol”?
Passa da hora do passageiro, do usuário do transporte aéreo, do “cliente” da Gol ou da TAM, protestar contra a maneira como as companhias aéreas nos tratam! Outra medida seria encher os e-mails dessas companhias com reclamações! Ou ainda, como cidadão, exigir dos legisladores o fim das restrições a companhias aéreas estrangeiras para operarem no Brasil! Sim, talvez se não tivéssemos esse oligopólio Gol-TAM, se tivéssemos outras empresas concorrendo, a situação melhoraria… Eu preferiria viajar pelo Brasil de Air Canada, TAP (gosto da TAP! Espero que não seja privatizada!), KLM ou a LAM! Isso sem falar das asiáticas que dizem que são muito boas!
Enquanto nada é feito, permanecemos reféns dos senhores dos céus do Brasil! Seremos maltratados nos aeroportos, a bordo e até no teleatendimento! Pagaremos cada vez mais caro por um serviço que piora em progressão geométrica! E teremos que pagar (e caro!) para beber um copo d’água nas alturas!
Gol passa a cobrar pelo refrigerante e pela batatinha
Empresa reforça o modelo de baixo custo e baixa tarifa e cobra dos passageiros pelos alimentos e bebidas oferecidos a bordo
Depois de anunciar o corte de dezenas de voos e desligar mais de 200 tripulantes, a Gol resolveu acabar com o lanche gratuito em diversas rotas. Em cerca de 250 dos 900 voos diários da companhia, os passageiros não recebem mais amendoim ou batatinhas.
Quem tiver sede durante a viagem terá de desembolsar R$ 5 por uma lata de refrigerante ou, então, se contentar com um copo de água. O mesmo valor é cobrado por um pacote de batatas chips de apenas 30 gramas.
Segundo a companhia, o lanche gratuito foi suspenso no começo do mês apenas nos voos com duração superior a uma hora e meia. Dias antes do fim de março, porém, o Estado verificou que já não havia nenhuma opção de refeição sem custo para o passageiro em um voo entre o aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, e Porto Alegre.
A medida não afeta a ponte aérea Rio-São Paulo, informou a Gol. De acordo com a empresa, os voos de maior duração terão apenas o serviço de venda a bordo, que oferece refeições um pouco mais elaboradas, como sanduíches. Para a aérea, o lanchinho gratuito já não atendia mais a demanda do passageiro de viagens mais longas.
Um consultor que acompanha as empresas aéreas diz que a suspensão do lanche é uma clara estratégia da Gol para recuperar margens.
Uma guerra tarifária com a TAM em um momento de aumento do preço do querosene de aviação resultou em um prejuízo líquido de R$ 710 milhões.
Em um setor marcado por operar com margens muito estreitas, cortes mínimos de custo são vistos como medidas importantes para manter as operações rentáveis.
A Ryan Air, companhia irlandesa conhecida por levar ao extremo o conceito de low fare, low cost (baixa tarifa, baixo custo) anunciou na semana passada que reduzirá o tamanho das páginas de sua revista de bordo. Anualmente, a medida resultará em uma economia de € 500 mil.
Com o corte do lanche grátis, a Gol segue a mesma estratégia adotada pela Webjet, empresa que comprou em 2011. Em 2010, a companhia controlada pela família Constantino deixou de distribuir alimentação a bordo e passou a cobrar até pela água.
Um ano antes, a Gol já tinha iniciado seu serviço de venda de alimentos nos voos, porém manteve uma opção básica para quem não estivesse disposto a colocar a mão no bolso para comer ou beber durante a viagem.
Tendência. O corte desse tipo de serviço é uma tendência que deve ser mantida no setor, avalia o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Elton Fernandes, especialista no setor aéreo.
“Ninguém deixa de viajar por causa do lanchinho. As companhias já perceberam que esse não é um fator de diferenciação significativo”, afirma.
Apesar de a Gol se intitular uma empresa low fare, low cost, o especialista avalia que a empresa não se enquadra nessa categoria. “O custo da Gol não tem muita diferença do da TAM. As pessoas costumam chamar a Gol de low cost (baixo custo), mas ela não é. Nem low fare (baixa tarifa) ela é mais.
Hoje o preço da passagem está caro. As ofertas de preços mais baixos foram feitas apenas durante um período”, diz Fernandes.
O fim do lanche grátis, porém, aproxima a companhia desse modelo de negócios, que busca reduzir ao máximo os custos por meio de cobranças de itens opcionais a parte. Na hora de cortar custos, nem a clássica barrinha de cereal foi poupada