O verdadeiro espírito de Natal

NATIVIDAd de jesus gifSabe o que eu acho mais interessante no Natal? É exatamente que essa estória do nascimento de Cristo em dezembro foi a maior jogada de marketing de todos os tempos! Afinal, não há registros de que o Salvador tenha nascido no frio mês de dezembro, sendo a época mais provável março ou abril…

Entretanto, para fazer frente às comemorações pagãs do solstício de inverno no hemisfério Norte, entre as quais a festa latina da Saturnália, os sábios da Igreja foram geniais em associar a festa do Sol, de Júpiter, do D’us Maior ao nascimento de Cristo! A coisa deu tão certo, pegou de um jeito, que hoje a atmosfera natalina preenche os corações de toda a cristandade nessa época do ano!

Com o século XX, a propensão natural do Natal para o marketing gerou a melhor data do ano para o comércio! Viva o capitalismo! Inventaram um Papai Noel simpático e bonachão (não que São Nicolau não o fosse) e instituíram a prática de dar presentes (que, em uma sociedade de consumo, gera um frenesi onde quer que haja algo a ser vendido!)! E tem muita gente que acredita que isso é assim desde sempre!

consumoBom, neste começo de século, interessante ver os homens (e as mulheres, claro!) celebrando o Natal. As catedrais modernas (os shopping centers) estão repletas de fiéis que ali vão entregar parte do fruto de seu trabalho para louvar o Salvador Moderno (o deus Consumo)! O culto a esse deus que vive e se renova a cada senha digitada na máquina de cartão de crédito é fascinante, e certamente será objeto de grandes estudos socioteológicos (é assim que se escreve, depois da reforma, presidente Lula?) daqui a alguns séculos…As orações também renovam esse espírito em que o “ter” dá lugar ao “ser” (“deus, me ajude a ganhar aquela calça nova… estou precisando um óculos para o verão… aquele sapato ia tão bem com o relógio de marca que está na vitrine… esperei tanto tempo por essa tv de tela plana!… até que uma megassena premiadas não ia mal…”)! E assim vivemos felizes, com as dívidas sendo deixadas para o ano que se inicia em uma semana!  Quem não gosta de ganhar presente que atire a primeira pedra!

fig14-natividadpierrexviiiO espírito de Natal preenche os corações! E os corações acabam tão cheios que não há espaço para pensar naqueles que nada têm. Na ceia da noite de Natal não há lugar mais para reflexões sobre os milhares que passam fome, que sofrem por doença ou pela miséria, que estão sem casa, enfim, para quem um gesto de caridade poderia garantir um pouco mais de vida. Nas festas de Natal, a grande maioria não se preocupa com os necessitados, necessitados de um apoio material ou espiritual. De fato, na ceia de Natal, há de se perguntar quem daria abrigo a uma pobre grávida prestes a dar à luz um filho de carpinteiro… Não, isso não é assunto para o Natal! Natal é festa, é presente, é beber e comer com os amigos e a família! Deixemos a caridade para outro dia…

Sinto falta de um Natal mais cristão… Não é demagogia, gosto de ganhar e dar presentes… Mas penso que precisávamos aproveitar esta época do ano para pensar um pouco mais na importância do nascimento daquele que foi o maior iniciado que já caminhou nesta terra! Penso que nesta época seria importante repensar na importância do amor, da caridade e da fraternidade… Afinal, não foi esse o grande legado daquele cujo aniversário se comemora em 25 de dezembro? O verdadeiro espírito de Natal passa muito longe dos shopping centers e do ter… passa, na verdade, pelo reconhecimento da centelha divina no próximo e na obrigação dos mais afortunados de ajudarem os que menos têm… Sei que soa estranho, mas era o que pregava o Cristo que será lembrado (será?) na ceia desta noite…

O verdadeiro espírito de Natal precisa ser recuperado… está quase desaparecendo diante das luzes das lojas, dos pacotes reluzentes de presente ou, simplesmente, do esquecimento devido à festa de celebração do… do que mesmo? E ele só pode ser reencontrado se cada um dedicar um pouco do seu (agitado) tempo a refletir sobre seu papel nessa sociedade de desigualdades e sobre a mensagem maior deixada pelo aniversariante desta noite: “amai-vos uns aos outros!”

Sei que muitos não vão gostar (pois prefeririam receber em pecúnia), mas como não devo dar presentes materiais para ninguém este ano (como o mundo ia acabar, resolvi não perder tempo combatendo por presentes nos shoppings), desejo a todos nossos leitores e amigos (e amigos leitores) meus sinceros votos de Paz, Saúde e Prosperidade! Que a Luz, a Vida e o Amor preencham os corações dos homens e que o Verdadeiro Espírito de Natal seja renovado pelos próximos 365 dias.

Deixo, como presente, a História do Natal e, para reflexão, uma das mais belas orações, aquela cuja autoria é atribuída a Francisco de Assis, o criador, segundo a tradição, do presépio:

Senhor,

Fazei de mim um instrumento de Vossa Paz
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão
Onde houver Discórdia, que eu leve a União
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando, que se recebe.
Perdoando, que se é perdoado e
é morrendo, que se vive para a vida eterna!
Amém

 Boas Festas! Feliz Natal!

NATAL JESUS

O Natal tem História…

Durante os três  primeiros séculos da nossa Era os cristãos não celebravam o Natal. Na Bíblia,  não há referências sobre o dia do nascimento de Jesus Cristo, nem recomendações  para esse dia fosse celebrado, como seriam seus aniversários de morte e ressurreição.

Portanto, ao contrário do que muitos acreditam, a origem do Natal não está no nascimento de Jesus. A festa natalina tem origem pagã, associada às comemorações denominadas Saturnália e Brumália.

A Saturnália, festa em homenagem ao deus romano Saturno, ia de 17 a 24 de dezembro. Era uma comemoração alegre, com muita dança, em que ricos e pobres conviviam igualmente, com os senhores servindo os servos, numa inversão de papéis.

No dia 25 de dezembro, imediatamente após a Saturnália, comemorava-se a Brumália, o nascimento do deus-sol, ou “o nascimento do Sol Invicto”. A data, para eles, no Hemisfério Norte, coincidia com o solstício de inverno, dia “mais curto do ano”, com menos horas de luz. A partir do solstício de inverno, as noites começam a diminuir, e os dias a aumentar.

Em tempos remotos, os persas também tinham seus deuses inspirados no sol, e comemorações nos dias 24 e 25 de dezembro.

No dia que corresponde ao nosso 24 de dezembro, os persas queimavam o seu deus Agni, construído a partir de um tronco de árvore, e colocavam outro, novo, em seu lugar.

Com o novo deus, os dias começavam a aumentar porque, segundo supunham, o seu deus jovem estava cheio de vigor para produzir dias maiores. Adoravam-no então com diversas solenidades aparatosas e sacrifícios humanos.

No dia seguinte celebravam um estranho ritual: no templo onde ficava o deus Agni, havia uma fresta na cortina do lado oriental, por onde penetrava o sol ao amanhecer. Os raios iam incidiam na parte posterior da cabeça do sacerdote, que era dotado de uma careca espelhada. Ao refletirem-se nela projetavam-se num espelho em forma de sol, e daí incidiam no deus feito de madeira.

Já a festa germânica pagã do solstício do inverno, a Yule, tinha como costumes principais os grandes banquetes, a folia, a troca de presentes, os enfeites e as árvores.

E como da comemoração da Saturnália e da Brumália chegamos ao Natal cristão?

Veja o que conta a “Nova enciclopédia de conhecimento religioso de Schaff-Herzog” (The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge):

“As festividades pagãs de Saturnália e Brumália estavam demasiadamente arraigadas nos costumes populares para serem suprimidas pela influência cristã. Essas festas agradavam tanto que os cristãos viram com simpatia uma desculpa para continuar celebrando-as sem maiores mudanças no espírito e na forma de sua observância. Pregadores cristãos do ocidente e do oriente próximo protestaram contra a frivolidade indecorosa com que se celebrava o nascimento de Cristo, enquanto os cristãos da Mesopotâmia acusavam seus irmãos ocidentais de idolatria e de culto ao sol por aceitar como cristã essa festividade pagã.

Recordemos que o mundo romano havia sido pagão. Antes do século IV os cristãos eram poucos, embora estivessem aumentando em número, e eram perseguidos pelo governo e pelos pagãos. Porém, com a vinda do imperador Constantino (no século IV), que se declarou cristão, elevando o cristianismo a um nível de igualdade com o paganismo, o mundo romano começou a aceitar este cristianismo popularizado e os novos adeptos somaram a centenas de milhares.

Tenhamos em conta que esta gente havia sido educada nos costumes pagãos, sendo o principal aquela festa idólatra de 25 de dezembro. Era uma festa de alegria [carnal] muito especial. Agradava ao povo! Não queriam suprimi-la.”

Extraído de: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/folclore/0015_01.html